sábado, 2 de março de 2013

O Condenado – Bernard Cornwell

 

O CondenadoNesta obra, Cornwell constrói um thriller de mistério que o consagra como um dos principais escritores históricos da atualidade. Sua descrição dos enforcamentos é impressionante, assim como os detalhes da crueldade nas prisões inglesas pós-Napoleão. Por meio de criteriosa pesquisa histórica e da narrativa envolvente com a qual disseca a vida de seus personagens, o autor acompanha o fim da guerra entre Inglaterra e França. Rider Sandman - um dos heróis de Waterloo - volta para casa e encontra um país corrupto, pobre, repleto de conflitos sociais e onde o cadafalso se tornou sinônimo de justiça. A decepção de Sandman com a terra natal empalidece quando descobre que o próprio pai se matou, deixando uma fortuna em dívidas de jogo. Sandman - hábil com a espada e exímio jogador de críquete - precisa sustentar mãe e irmã e, além disso, liberar a noiva do compromisso de casamento. Enquanto luta contra várias dificuldades, aceita investigar o assassinato da condessa e as declarações de inocência do pintor. A apenas sete dias do enforcamento e com a pressão para corroborar as acusações, Sandman descobre pontos obscuros na história oficial. Mesmo pedida uma investigação do caso pela própria rainha - o acusado é filho de sua costureira -, Sandman acredita que alguém não quer que a verdade venha à tona.

Já faz tempo que eu queria ler esse livro. Finalmente tomei vergonha na cara e resolvi ler. Para quem está acostumado com o estilo de Bernard Cornwell, este é um pouco diferente. Ainda é realista, e as descrições dos enforcamentos (aliás, o livro já começa com isso) são minuciosas, mas não há batalhas e nem muito derramamento de sangue. Por outro lado, ele cria um ótimo thriller, que prende até o final.

Veterano de Waterloo, Rider Sandman agora tem que lidar com a falta de dinheiro, resultado das dívidas de seu pai. E, sem dinheiro, ele não pode se casar com Eleanor, já que não tem como sustentá-la. Por isso, ele resolve pegar o caso do assassinato de uma condessa e provar a inocência de Charles Corday, o pintor que a retratava. Acreditando que não passava de um trabalho simples, já que Corday já fora considerado culpado, e precisando do dinheiro, Sandman parte para a investigação. E, logo na primeira visita a Corday, sua culpa já é posta em dúvida. E começa aí uma trama de conspirações e interesses que comprometem pessoas influentes na sociedade da Londres de 1817 e pode colocar a vida de Sandman em risco.

Sandman é um homem duro, prático e, como todos os protagonistas de Cornwell, muito honrado. Uma vez que percebe que Corday é inocente, faz de tudo para descobrir quem é o verdadeiro culpado. Sandman também é exímio jogador de críquete, inteligente e dono de um senso de humor mordaz, tipicamente britânico:

“ O senhor acha que estamos tentando suborná-lo? – Lorde Skavadale tinha visto a mudança de expressão de Sandman e fez a pergunta ansiosamente.

- Não espero esse tipo de gentileza da parte de lorde Robin – disse Sandman secamente.

- Todos os membros do Clube Serafins contribuíram – disse o marquês –, e meu amigo Robin juntou os fundos. Claro que é um presente e não um suborno.

-Um presente? – Sandman repetiu as palavras acidamente – Não um suborno?”(p. 165)

Sandman também é um homem ponderado e na medida do possível, tenta resolver as coisas de modo pacífico. Mas volta e meia sua placidez dá lugar à raiva, e daí é melhor sair do caminho. Ele tem plena consciência desse traço de sua personalidade e sabe que quando sua raiva toma conta, é muito difícil controlar, por isso tenta sempre manter o controle.

Sandman não age sozinho. Durante a história, ele recebe a ajuda de Sally Hood, modelo vivo aspirante a atriz, que além de posar para o mentor de Corday também é vizinha de quarto na taberna onde Sandman vive. Sally não é de levar desaforo para casa, tem a língua afiada, é independente e também tem um senso de humor apurado. É inteligente e perspicaz e muito da investigação de Sandman parte dela. Em certo sentido, ela é o oposto de Sandman: onde ele é duro, ela é mais sensível e consegue as coisas com delicadeza e astúcia.

E além dela, Sandman também conta com o sargento Berringan, um empregado do Clube Serafins mencionado ali em cima, descontente com seu trabalho. Ele também é um veterano de Waterloo, é um cínico e um dos muitos pretendentes de Sally. Também tem a língua afiada, e é aquele tipo folgado e beberrão que só quer saber de curtir a vida. Mas é bom de briga e acaba sendo um bom amigo de Sandman.

E falando nisso também vale destacar o melhor amigo de Sandman, lorde Alexander. Ele é um reverendo que não segue lá muito bem a s regras da Igreja, e também cai de quatro por Sally. É bem-humorado, está sempre tentando fazer com que Sandman volte a jogar críquete (ele só participa de partidas limpas, sem apostas sujas) e na verdade, apesar de ajudar Sandman, me parece meio avoado e alienado de tudo que acontece a seu redor.

Cheio de intrigas e conspirações, o livro é rápido e bem detalhado, mas sem ser cansativo. O realismo típico de Bernard Cornwell está presente, bem como seu humor refinado. O final é meio previsível, mas não tira o prazer da leitura. E, como eu disse, Bernard Cornwell foge um pouco do seu estilo neste, e embarca num thriller ao melhor estilo Sherlock Holmes, de pura dedução.

Trilha sonora

Só consegui pensar nessas: Baba O´Reilly, Who are you? e Won´t get fooled again, todas do The Who e cada uma abertura de uma CSI.

Se você gostou de O condenado, pode gostar também de:

  • As Crônicas de Artur – Bernard Cornwell;
  • A busca do Graal – Bernard Cornwell;
  • As aventuras de Sharpe – Bernard Cornwell;
  • Stonehenge – Bernard Cornwell;
  • As Crônicas Saxônicas – Bernard Cornwell;
  • Azincourt – Bernard Cornwell;
  • Sherlock Holmes – Sir Arthur Conan Doyle;
  • Os Miseráveis – Victor Hugo.

4 comentários:

Nadia Viana disse...

Oi, Fê. Eu gostei bastante desse livro. Não tanto como as Crônicas de Artur (incomparáveis), mas gostei.
Faz muito tempo que li e foi legal ler sobre ele e relembrar um pouco da trama.
Beijos.

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Nádia!

Eu também gostei bastante, Concordo, As Crônicas de Artur são incomparáveis, mas é Bernard Cornwell, então vale.

Beijos!

Anônimo disse...

Esse livro é otimo! Tudo do Cornwell é otimo! hehehe

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Concordo. Mesmo o livro mais fraquinho dele é sensacional :)

Beijos!