domingo, 13 de março de 2016

Novembro de 63 - Stephen King

A vida pode mudar num instante, e dar uma guinada extraordinária. É o que acontece com Jake Epping, um professor de inglês de uma cidade do Maine. Enquanto corrigia as redações dos seus alunos do supletivo, Jake se depara com um texto brutal e fascinante, escrito pelo faxineiro Harry Dunning. Cinquenta anos atrás, Harry sobreviveu à noite em que seu pai massacrou toda a família com uma marreta. Jake fica em choque... mas um segredo ainda mais bizarro surge quando Al, dono da lanchonete da cidade, recruta Jake para assumir a missão que se tornou sua obsessão: deter o assassinato de John Kennedy. Al mostra a Jake como isso pode ser possível: entrando por um portal na despensa da lanchonete, assim chegando ao ano de 1958, o tempo de Eisenhower e Elvis, carrões vermelhos, meias soquete e fumaça de cigarro. 

Após interferir no massacre da família Dunning, Jake inicia uma nova vida na calorosa cidadezinha de Jodie, no Texas. Mas todas as curvas dessa estrada levam ao solitário e problemático Lee Harvey Oswald. O curso da história está prestes a ser desviado... com consequências imprevisíveis.

Em Novembro de 63, livro inédito de Stephen King, a viagem no tempo nunca foi tão plausível... e aterrorizante. 


Já faz um tempo que eu terminei esse livro. Durante o carnaval, mais exatamente, mas ando tão ocupada que não tive tempo de comentar antes. 

O livro começa com Jake Epping, um professor de escola secundária no interior do Maine, nos Estados Unidos em 2011.Abandonado pela esposa alcoólatra, que o trocou por um cara que conheceu no AA, Jake leva uma vida pacata, dando suas aulas e comendo na lanchonete do amigo Al.

Até que um dia, corrigindo as redações dos alunos adultos, Jake se depara com a história de Harry, o zelador da escola, que tem uma séria deformidade, resultado de ter sobrevivido ao massacre que o próprio pai executou na família. E esse fato vai mudar a vida de Jake de um modo que ele nunca imaginou possível.

Vendendo hambúrgueres a preços inacreditavelmente baixos, a lanchonete de Al não tem um fama lá muito boa, sendo que seus sanduíches são conhecidos como Gatobúrguer. Mas acontece que a lanchonete não é um local comum. Escondido dentro do freezer há um buraco de minhoca que leva o viajante diretamente a 1958. E, diante dessa possibilidade, Al convence Jake a ir para o passado para tentar salvar o presidente Kennedy do assassinato por Harvey Lee Oswald, e assim mudar definitivamente o rumo da história. Para melhor ou pior, só lendo para saber.

E, como cada vez que se entra pelo buraco de minhoca (ou a toca do coelho, como Al gosta de chamar), há um novo começo, e isso possibilita que possam ser feitas tentativas, caso a primeira não dê certo. E, abalado com a história de Harry, Jake decide experimentar e tenta primeiro salvar seu aluno. Só que tudo que alguém faz no passado tem repercussões no presente, e o passado é persistente, ele não quer ser mudado. Então, ao viajar para o passado, Jake vira George, e agora é um homem bem diferente.

Enquanto Jake tem a mentalidade de uma pessoa na casa dos 30 anos em 2011, e leva essas ideias para o passado, ele se assombra com a segregação, as ideias racistas e o tabagismo. Já George, apesar de ter os mesmos valores de Jake, é implacável, e não tem pudores na hora de fazer o que precisa ser feito para poder mudar o futuro. E quero mesmo dizer o necessário, mesmo que isso sejam atos impensáveis a Jake.

Mas como ele chega em 1958, e JFK só morre em 1963, Jake passa 5 anos no passado, como George, e chega um ponto em que um se confunde com o outro. E, claro, ele não fica esse tempo todo parado em um só lugar, mesmo porque ele volta para o Maine, e JFK morre no Texas. Então, depois de cuidar da família de Harry, ele parte para uma cidadezinha pequena chamada Jodie, no interior do Texas, próxima o suficiente de Dallas para continuar com seus planos de salvar o presidente e ficar de olho em Oswald.

Lá, ele arruma emprego de professor na escola secundária local, onde conhece Sadie, uma moça de 28 anos, saindo de um casamento abusivo, e tentando fugir do marido dominador. Jake se apaixona de cara por Sadie, e a história deles se desenrola de forma natural, e é forte o bastante para fazer Jake pensar seriamente se vai cumprir mesmo sua missão. 

Sadie é uma mulher forte, simpática, inteligente, mas com sérios traumas devido ao casamento conturbado. E, de certa forma, é o complemento ideal para Jake/ George. Ambos são muito queridos pelos alunos, e tem muita química. Cada um é para o outro a cura dos traumas do passado.

Mas Jake é tão persistente quanto o passado, e mesmo amando Sadie com toda a sua alma, ele persiste no objetivo de parar Oswald. Para isso, ele o mantém sob vigilância constante. Oswald é mirrado, tem o QI um tanto limitado, e é facilmente influenciável por outros mais insidiosos que ele. E sofre de um complexo de inferioridade enorme, tudo cuidadosamente alimentado pela mãe dominadora, tanto que ele acredita piamente que seu destino é ser famoso e que JFK é o culpado pelo seu estado de pobreza e constante má sorte. E, tendo passado muito tempo na Rússia, Oswald sofreu uma lavagem cerebral profunda, e acredita que o socialismo é a solução para tudo no mundo. Assim, ele se torna peça facilmente manipulável no jogo de poder, e, sob a influência de "amigos" poderosos e ricos, ele vai lentamente elaborando seu plano de matar JFK. E como se isso não fosse suficiente, Oswald ainda é um marido abusivo para sua esposa russa, Marina.

Assim, depois de conhecer Oswald, Jake se convence de que está no caminho certo. Afinal, se JFK vive, a guerra no Vietnã não acontece, e muitos soldados americanos deixam de morrer no conflito. O Reverendo Martin Luther King não será assasinado em Memphis em abril de 68, e a marcha pelos direitos civis teria tomado outros rumos. A segregação acabaria mais cedo... mas será? Quais as possíveis consequências de salvar JFK? Uma coisa é salvar um aluno de uma tragédia terrível, outra muito diferente, é salvar o homem mais poderoso do mundo, cujas ações repercutem muito além de seu tempo. E não custa lembrar que JFK não foi um presidente assim tão bom. Os Estados Unidos sob seu governo sofria uma crise econômica grave para a época, e sua política externa era um desastre. Veja bem o fiasco da Baía dos Porcos. Mas, como sempre acontece, depois de morto, ele foi endeusado e todos se perguntam se não teria sido melhor se ele vivesse. Um professor de história meu dizia que a melhor coisa que JFk fez foi morrer. Assim como Getúlio qui no Brasil.

Um livro cheio de reviravoltas, numa narrativa deliciosa e fluida, que envolve a gente em cada palavra, e que dá para ler bem rápido, mesmo para suas mais de 700 páginas. E, claro, sendo de Stephen King, o livro ainda tem detalhes pra lá de aterrorizantes. As consequências dos atos de Jake em 2011 são devastadoras, e o final é inesperado e leve. Uma viagem deliciosa pelo tempo.

Trilha sonora

It´s the end of the world as we know it, do REM; We didn´t start the fire, Billy Joel (uma aula de história americana em 4 minutos, confira a letra); e, claro, não podemos falar de viagem no tempo sem incluir essa música:Back in time, clássico do Huey Lewis and the News.

Se você gostou de Novembro de 63, pode gostar também de:


  • Under the Dome - Stephen King;
  • trilogia do Século - Ken Follett.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

A Revolução dos Bichos - George Orwell

Verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século 20, "A Revolução dos Bichos" é uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos
Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista.
De fato, são claras as referências: o despótico Napoleão seria Stálin, o banido Bola-de-Neve seria Trotsky, e os eventos políticos - expurgos, instituição de um estado policial, deturpação tendenciosa da História - mimetizam os que estavam em curso na União Soviética.
Com o acirramento da Guerra Fria, as mesmas razões que causaram constrangimento na época de sua publicação levaram A Revolução Dos Bichos a ser amplamente usada pelo Ocidente nas décadas seguintes como arma ideológica contra o comunismo. O próprio Orwell, adepto do socialismo e inimigo de qualquer forma de manipulação política, sentiu-se incomodado com a utilização de sua fábula como panfleto.


Com tanta baboseira que li na escola, por quê NENHUM professor recomendou esse livro? Acho que é um livro obrigatório em todas as escolas. E por quê, POR QUÊ, só li agora? Mas, como diz o ditado, antes tarde do que nunca, e ainda bem que li antes de morrer.

Não vou ficar falando muito do livro, um dos motivos porque já é um clássico, muito já foi dito dele. E também porque o foco dele é realmente a sátira ao sistema comunista da antiga União Soviética. Mais precisamente, a ditadura stalinista. E que crítica George Orwell faz.

Depois de anos de exploração na Granja do Solar, os bichos, guiados por um sonho de Major, um porco muito velho que habitava a granja, se revoltam e expulsam Jones, o proprietário humano. E logo eles mudam o nome para Granja dos Bichos e implantam um sistema onde todos trabalham para um bem comum, compartilhando toda a sua produção. Os porcos, sob liderança de Bola-de-Neve e Napoleão, são os governantes, e no começo tudo é lindo. Alguns bichos aprendem a ler, as porções são divididas em partes equivalentes, e os animais trabalham menos do que trabalhavam quando Jones estava no topo da cadeia de comando. 

Mas não demora muito e surgem divergências entre Bola-de-Neve e Napoleão, resultando na expulsão do primeiro. E o que resulta daí é que Napoleão instala uma ditadura onde qualquer divergência é punida com execuções públicas. E tudo justificado com alterações sutis nas regras que haviam sido estabelecidas no princípio. E como nem todos os animais sabiam ler, acabavam aceitando tudo sem muitos questionamentos.

E logo, alguns poucos bichos, em especial os porcos e alguns outros privilegiados por estes, acabam tendo mais privilégios que outros. De "Quatro pernas bom, duas pernas ruim" e "Todos os bichos são iguais", logo o lema da Granja passa a ser "Todos os bichos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros." No fim, sendo humano ou porco, a moral da história é que a ganância e a ambição é que vão suplantar as melhores das intenções. 

E é incrível como, mesmo depois de mais de sessenta anos, o livro continua atual, e pode ser aplicado não somente ao socialismo, mas também ao Brasil de hoje, e a muitos outros países mundo afora. Como eu disse ali em cima, é um livro obrigatório. 

Trilha sonora

Revolution, dos Beatles; Demons, Imagine Dragons (no matter what we breed, we still are made of greed...); Everybody wants to rule the world, Lorde.

Se você gostou de A Revolução dos Bichos, pode gostar também de:


  • 1984 - George Orwell;
  • Jogos Vorazes - Suzanne Collins;
  • Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O Último Comando - Trilogia Thrawn #3 - Star Wars Legends - Timothy Zahn

A batalha final se aproxima. Enquanto Han Solo e Chewbacca buscam montar uma parceria com antigos contrabandistas, Leia continua com seus esforços diplomáticos a fim de manter a Aliança unida. No entanto, há outras grandes ameaças iminentes: Mara Jade, com seus planos assassinos, e o terrível Jedi Sombrio Joruus C´baoth, com planos de aliciar não apenas Leia, mas também seus filhos gêmeos.

Mas o maior perigo para a galáxia continua sendo o Império, com seu numeroso exército e sua potente frota. A única esperança da Nova República parece estar em encontrar e destruir  fábrica de clones dos inimigos. Luke Skywalker será o líder dessa importante missão, tentando impedir, definitivamente, os propósitos do grão-almirante Thrawn.

O grandioso desfecho da Trilogia Thrawn, que fez história no Universo Expandido de Star Wars, traz alianças inusitadas, muita ação e grandes revelações, na aventura final para salvar uma galáxia muito, muito distante.

Depois de perder a Frota Katana para o Império no final de Ascensão da força sombria, Luke, Han, Leia e cia, se contentam pensando que levará anos para que o Thrawn consiga os milhares de tripulantes para completar a frota. Mas eles acabam levando um tremendo balde de água gelada (e não pelo desafio Ice Bucket) na cabeça ao descobrir que o Império colocou as mãos em uma fábrica de clones do tesouro secreto do Imperador (uma digressão - já vi em algum lugar que Palpatine teria criado um clone de si mesmo em segredo, e que ele aparece no final de Retorno do Jedi, sendo um daqueles vermelhinhos que ficam guardando o elevador.). E assim, eles conseguem montar seu exército.

Só que o que Thrawn não sabe é que acelerar o processo de clonagem resulta em clones loucos, pois suas mentes não tiveram tempo de se ajustar. Coisa que Thrawn está começando a perceber com C´baoth. Já falo mais dele. Mas Thrawn continua determinado a restabelecer o Império, com ele no comando, óbvio. Aparentemente sem ser afetado por C´baoth e sua loucura e sede de poder, Thrawn planeja seus ataques e consegue colocar um cerco em Coruscant. Só muito mais tarde Thrawn começa a se preocupar de verdade com C´baoth. E isso é o que pode ser sua derrocada. E, para tentar contornar o desastre, Thawn tranca C´baoth na montanha que guarda o tesouro secreto do Imperador.

E C´baoth fica cada vez mais delirante, mais egomaníaco e sedento de poder. Só que, como já apontei antes, diferente de Palpatine, C´baoth não tem disciplina para controlar bem seus poderes. E estes também vão crescendo a cada página. Ele fica provavelmente até mais poderoso que Palpatine. E se de um lado Thrawn faz pouco da ameaça dele, por outro C´baoth despreza Thrawn e se afirma cada vez mais como  o verdadeiro governante da galáxia, com Luke, Mara, Leia e os gêmeos ao seu lado.

Enquanto isso, Luke espera que Mara se recupere para que possa ir atrás do tesouro do Imperador a fim de destruir a fábrica de clones. E sendo agente do Imperador, Mara sabe a localização desse tesouro. Luke mais uma vez enfrenta medo e insegurança, porque sabe que terá que enfrentar novamente C´baoth. E as lembranças da última luta com Vader e o Imperador são ainda muito fortes. E já falei isso antes, mas acho isso ótimo, essa humanização dele. E também aqui ele já começa também a treinar Mara (awwwwnnnnn!!!!!!!) e faz a gente amar ainda mais
é que ele sabe muito bem que Mara planeja matá-lo (de novo, talvez. Já falo mais dela), mas ainda assim prefere assumir o risco e treiná-la mesmo assim. Porque ele também sabe que sozinho não pode enfrentar C´baoth, e o mesmo vale para ela. Ela precisa precisa da Força para não ficar vulnerável ao Jedi dementado. Ou talvez seja um insight da Força dizendo a ele que Mara vai estar em sua vida, de um modo ou de outro (fato que Han menciona, e que Luke rapidinho ironiza) Ele mesmo tendo passado por tudo o que passou (e vamocombiná que não deve ser nada fácil descobrir que seu pai é o seu maior inimigo e ainda por cima ter uma crush pela irmã gêmea...haja terapia! :D), ele consegue ver o bem, ou o potencial para o bem, nas pessoas. E tem um senso de humor leve e brincalhão, até um pouco irônico, como eu havia mencionado antes. Uma amostra:

"(...) pode parar com esse negócio de "consorte da Lady Vader". Me chame de Han, ou Solo. Ou de capitão. Ou praticamente qualquer outra coisa.

- Han do clã Solo, talvez - murmurou Luke. 

O rosto de Ekrikhor se iluminou.

- Isso é bom - disse ele - Pedimos seu perdão, Han do clã Solo.

- Acho que você foi adotado - disse Luke, lutando contra a vontade de rir." (p. 385)

Como eu disse, isso o torna humano. E tenho que admitir que achei megafofo ele treinando Mara, e depois mais no final, mas não vou contar. Essa vocês tem que ler pra descobrir.

E Mara, por sua vez, é cada vez mais assombrada por visões de Luke e Vader matando o Imperador, e com o último gritando VOCÊ VAI MATAR LUKE SKYWALKER! em sua cabeça. E só isso já seria suficiente para deixá-la desconfiada dele. Antes, deixa eu esclarecer algumas coisas sobre Mara: ela foi arrancada de sua família pelo Imperador, de forma que ele é tudo o que ela conhece por mentor. Desde pequena foi ensinada a ter a visão de mundo de Palpatine, e a adorá-lo como um ídolo. Claro que para ele, ela sempre foi mais uma peça em seu tabuleiro, uma arma a ser usada (e descartada) no momento certo. Mas ela não sabe disso. Para ela, ele é a figura paterna. E ele ainda iniciou-a na Força, mas creio que apenas o suficiente para que ela tenha controle sem se prejudicar. E Mara não estava na Estrela da Morte quando Vader jogou Palpatine pelo fosso. Só que de algum modo, há uma distorção da Força no local onde Palpatine morreu em Endor. Leia sente isso quando passa por lá no anterior. E é Leia que percebe que as visões e sonhos de Mara começam depois de ela passar pelo mesmo local. Logo, Leia conclui que elas sejam visões plantadas por alum resquício de Palpatine que está lá ainda. Tal como a caverna em Dagobah onde Luke falha em O Império Contra-ataca. E isso fica também na cabeça de Mara, que começa a ser questionar se matar Luke é mesmo seu desejo, ou o de Palpatine. Como eu disse antes, Mara é uma personagem complexa, cheia de camadas, que vão se revelando aos poucos. Particularmente, eu queria muito ler mais algum livro do Universo Expandido com ela (de preferência, dando sequência a este), só para poder passar mais tempo com ela.

E em Coruscant, Leia acabou de dar à luz seus gêmeos, Jaina e Jacen (de boa, acho que Ben é muito melhor, tem muito mais peso), e enfrenta o cerco com Mon Mothma e o Almirante Ackbar. Além de investigar a fonte de vazamento de informações para o Império. Ela tem poucos em quem confiar, e seus esforços diplomáticos podem não surtir muito efeito. Mas Leia tem uma grande habilidade de ler as pessoas (ou talvez seja também um insight da Força), e encontra em Ghent, um dos homens de Karrde, um grande aliado. E no próprio Karrde.

Karrde está ainda tentando formar uma aliança de contrabandistas, e como ele é perspicaz, ele sabe que essa aliança deve mais cedo ou mais tarde escolher um lado na guerra. E ele trabalha para trazer os contrabandistas para a Nova República. Só que entre eles há um espião de Thrawn, que faz de tudo para desacreditar Karrde. Mas Karrde é esperto, e consegue se sair bem das enrascadas, com muito papo.

Han, Chewie e Lando também participam da missão em Wayland (esqueci de mencionar que é neste planeta que o Imperador guardava seus tesouros), mas eles são essencialmente os mesmos dos filmes. E esqueci de comentar nos anteriores que Wedge Antilles também participa das aventuras nesta trilogia, agora como capitão do Esquadrão Rogue, que são uma espécie de pilotos de elite da Nova República. E ele é absolutamente fiel a Luke, Leia e cia.

Novamente, o livro tem muita ação, bem dosada com política e romance, com pitadas de humor. E como conclusão, ele funciona muito bem, fechando alguns pontos, e abrindo novas possibilidades. E, interessante, notei que algumas das bases do Episódio VII estão aqui, mesmo que a trilogia não seja considerada mais cânone em Star Wars. Dá para fazer a ligação entre alguns eventos desta trilogia com o filme de J. J. Abrams. Só tenho uma reclamação do livro, e não é de cunho da história, que é muito bem desenvolvida e escrita, tornando a leitura fluida, nem de tradução, que está boa. Minha reclamação é quanto à revisão. Há diversos erros do tipo "todos aquelas naves" (p. 505), ou com palavras repetidas, que são claramente erros de digitação e que passaram pela revisão, pelo menos nesta edição que eu tenho, mais recente. Fora isso, essa trilogia é obrigatória para qualquer fã da saga.

Trilha sonora

Star Wars theme e Imperial March, óbvio. Breath of Life (escolhi esse vídeo por motovos de: o Caçador... suspiro...) e Seven Devils, de Florence and the Machine, são perfeitas para Mara. Everybody wants to rule the world, da Lorde (ou Everybody wants to rule the galaxy, mas daí não rima ;))

Se você gostou de O Último Comando, pode gostar também de:


  • Kenobi - John Jackson Miller;
  • O Senhor dos Anéis - J. R.R. Tolkien;
  • Harry Potter - J. K. Rowling;
  • As Crônicas do Gelo e do Fogo - George R. R. Martin.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Ascensão da Força Sombria - Trilogia Thrawn #2 - Star Wars Legends - Timothy Zahn

No segundo volume da consagrada Trilogia Thrawn, a luta de Luke, Han e Leia em defesa da Nova República continua. Mais uma vez, eles enfrentarão as tropas imperiais dissidentes, comandadas pelo poderoso grão-almirante Thrawn. 

Quando Talon Karrde é capturado por forças inimigas, Mara Jade relutantemente recorre à ajuda de Luke Skywalker, que é forçado a interromper seu treinamento com um curioso mestre para ampliar o domínio da Força. 

Enquanto isso, Han Solo e Lando Calrissian seguem com suas investigações, afim de descobrirem um possível traidor da Nova República. E, cumprindo a promessa feita a Khabarakh, Leia Organa viaja a Honoghr em busca de novos aliados contra a tirania de Thrawn.



O segundo livro da Trilogia começa pouco tempo depois do término do anterior, Herdeiro do Império. Depois de descobrirem um vazamento de informações dentro do  antigo Palácio Imperial da Nova República, Lando e Han partem em investigação para tentar descobrir sua fonte.E acabam descobrindo todo um esquema incriminando o general Ackbar em corrupção e enriquecimento ilícito. e no meio desta investigação, eles descobrem os planos do grão-almirante Thrawn: há muito tempo, durante as Guerras Clônicas, existia uma frota composta de 200 naves dreadnaughts, com poder de fogo impressionante. Mas os tripulantes dessa frota, a Katana, também conhecida por Força Sombria, acabaram morrendo todos vítimas de um vírus, e as naves se perderam em algum lugar. E quem detiver o poder da Katana pode potencialmente governar a galáxia. E, claro, Thrawn tem grande interesse em recuperar essa frota. 

E quem descobre a existência dessa poderosa frota é Talon Karrde, o contrabandista amigo de Han. Só que Karrde não quer participação na guerra. Como todo contrabandista, é mais vantajoso para ele se manter neutro, pois assim pode fazer negócios com os dois lados do conflito. Karrde é esperto e perspicaz, e muito cuidadoso com seus negócios. Mas quando cai nas mãos de Thrawn, Mara se vê obrigada a pedir ajuda para Luke, o homem que ela tem que matar. Pode haver mais nisso do que simplesmente ódio, mas não posso falar ainda. Cada vez mais gosto de Mara. Ela sabe muito bem o seu dever, e é totalmente fiel a Karrde. Explica-se: ele foi o único que a aceitou sem reservas depois da queda do Império. Não comentei no anterior, para evitar spoilers, Mara era uma agente do Império, muito próxima ao Imperador, e era chamada de mão do Imperador me pergunto se foi daqui que o Santa From Hell, também conhecido como George R. R. Martin, tirou essa ideia, ou vice-versa). E como mão do Imperador, ela tinha acesso a muitas informações secretas. E, quando Vader jogou Palpatine no fosso, seu mundo acabou. Por isso ela carrega esse ódio (será?) por Luke. Como eu disse, pode haver mais aqui, mas só vou comentar mais a respeito quando terminar o terceiro. 

Como eu já havia dito, Mara é mais uma personagem feminina forte no universo de SW. E ela deixa todo esse ódio aparente de lado quando sabe que precisa de ajuda, seja de quem for. E, como uma outra personagem do universo, ela tem a Força, mas está destreinada, e aprende tudo sozinha, por observação. E é extremamente solitária. Não confia em quase ninguém, mas estranhamente ela confia em Luke, ainda que relutantemente. 

Acho que esqueci de comentar a presença de Lando no anterior. Mas ele já participa, estando presente quando Luke conhece Mara. E uma coisa legal é que os livros mostram mais do lado comerciante dele. Ou, nas palavras dele mesmo, mais respeitável. Mas, sempre que seus amigos precisam, Lando parte em sua ajuda. 

E também é bem legal ver até que ponto chega a dívida de vida de Chewie. Para quem não sabe, Han libertou Chewie da escravidão, e por isso o wookie tem uma dívida com ele. E essa dívida se estende muito além de Han, abrangendo toda a sua família, no caso, Leia e os gêmeos. E esqueci também de dizer que Leia passou um tempo no planeta de Chewie (eu sei o nome, mas não sei escrever). E foi bacana descobrir um pouco mais da cultura wookie. 

No meio disso tudo, Luke vai de encontro ao mestre Jedi C´baoth. Ele é um dos últimos existentes. Só que há um detalhe que Luke desconhece: C´baoth é um clone, e por isso mesmo é louco. Como eu já disse antes, tem mania de grandeza, e é errático. Seu treinamento é rude e implacável. Ele não liga para as vidas que pode afetar, da forma que for, desde que ele mantenha poder. Lembra alguém? Se você pensou em Palpatine, acertou onde eu queria chegar. Mas diferente do Imperador, C´baoth não tem disciplina, e é imediatista, quer tudo para o aqui e agora. E também é dado a chiliques quando não consegue o que quer. 

E Leia parte em uma missão perigosa. Depois de prometer a Khabarakh, um alienígena de um povo que foi escravizado por Vader e pelo Imperador, e agora serve a Thrawn. Seu povo idolatra Leia e Luke por serem filhos de Vader, mas são ingênuos demais para perceber as verdadeiras intenções deles. Esse povo serve como guarda-costas, matando com eficiência assustadora. Leia aqui mostra um traço de seu caráter pouco explorado: ingenuidade e teimosia. Leia insiste em continuar com a missão, mesmo contra todos os avisos. 

Aliás, isso é uma coisa bem bacana do livro, e que Timothy Zahn desenvolveu bem: ele humanizou os personagens, dando falhas a todos, o que com personagens tão consagrados como Leia, Luke, Lando e Han, poderia ser desastroso. Mas não. Uma das coisas mais legais no livro é ir removendo as camadas de cada um, descobrindo coisas novas a respeito de cada um deles. Por exemplo, Luke mantém um pouco daquele frescor de Uma Nova Esperança, com um humor leve e irônico; Leia como eu apontei ali em cima, Chewie com seu senso de honra, etc. 

Mais uma vez, o livro é ação o tempo todo, com capítulos bem encadeados uns nos outros, deixando a leitura fluida. Aqui há ainda o elemento de mistério: afinal, quem é a fonte de vazamento de informações? E também há uma revelação tensa no final. 

Trilha sonora

Star Wars Theme e Imperial March, obviamente. Mas também não poderia deixar me mencionar estas duas paródias hilárias: Hello (from the Dark Side) (essa já tem uns dez dias que está martelando na minha cabeça...nem sei mais a letra original - risos) e Let it flow ( Let it go parody), Morro de rir com as duas!

Se você gostou de Ascensão da Força Sombria, pode gostar também de:


  • Kenobi - John Jackson Miller;
  • O Senhor dos Anéis - J. R. R. Tolkien;
  • As Crônicas do Gelo e do Fogo - George R. R. Martin;
  • Harry Potter - J. K. Rowling.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Herdeiro do Império - Trilogia Thrawn #1 - Star Wars Legends - Timothy Zahn

O Primeiro Volume Da Consagrada Trilogia Thrawn.
Luke, Han e Leia enfrentam uma nova ameaça. Cinco anos após a destruição da Estrela da Morte, a ainda frágil República luta para restabelecer o controle político e curar as feridas deixadas pela guerra que assolou a galáxia. O Império, porém, parece não ter morrido com Darth Vader e o imperador. Habitando os confins da galáxia, o grão-almirante Thrawn, gênio militar por trás de diversas ações imperiais, ainda luta para reconquistar o poder perdido. A bordo do destroier estelar Quimera, ele descobre segredos que lhe darão a chance de destruir definitivamente o que restou da Aliança Rebelde, para assim retomar o domínio da galáxia e controlar os últimos dos Jedis. Herdeiro do Império é considerado um dos mais importantes marcos do universo expandido de STAR WARS. Desde seu lançamento, tem sido aceito pelos fãs da franquia como a verdadeira continuação da trilogia original. Além disso, a obra foi usada como base criativa para vários outros produtos da série, incluindo elementos de jogos, filmes e animações.


Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante...Nem tanto, mas realmente fazia muito tempo que eu queria ler esta trilogia. Desde pequena eu me perguntava o que teria acontecido na galáxia após a queda do Imperador e a vitória da Aliança Rebelde. Eu já sabia de algumas coisas a respeito, porque li em algum lugar, já havia lido algumas coisas, mas todas soltas, não sabia dos detalhes, e nem tinha certeza delas. Então é até difícil achar palavras para começar esta resenha. Mas vamos lá.

A história começa cinco anos após a morte de Palpatine. A antiga Aliança Rebelde não existe mais, dando lugar à Nova república. Mas essa não é uma tarefa fácil, e Luke, Leia, Solo e cia. estão trabalhando muito para que a transição corra sem problemas. Sob o comando de Mon Mothma e General Ackbar, eles tem muito a fazer. Eles estão tão ocupados que não sabem que secretamente, u grão-almirante do Império planeja a volta do mesmo. Além disso, algumas forças (sem trocadilho) fiéis ao Império ainda resistem ao novo governo. E é aí que entra Leia e suas habilidades em diplomacia.

Agora casada com Solo e grávida de gêmeos (já comentei este fato aqui. mas cuidado! Spoilers do filme!) e aprendendo a manipular a Força com Luke. Mas ela não tem muito tempo para isso porque Mon Mothma a mantém bastante ocupada com missões diplomáticas aqui e ali, reuniões do conselho... Leia mantém o espírito independente e lutador dos filmes, mas agora, por estar grávida, está um pouco mais cuidadosa. E é bem bacana acompanhar ela em suas tentativas de usar seus recém descobertos poderes. 

Solo, por outro lado, me surpreendeu no livro. Sim, no fundo ele ainda é o contrabandista do começo de Uma Nova Esperança, mas achei bonito sua preocupação com Leia, e como ele a ama. No filme isso não fica muito evidente. E como ele detesta as reuniões e o trabalho que Mon Mothma lhe deu:ir atrás de outros contrabandistas para ver se consegue alguns para se juntarem à Nova república. Trabalho que ele sabe muito bem que é ingrato, e que não terá resultados, por exatamente já ter sido contrabandista. Qual deles vai querer receber uma mixaria do governo quando pode ganhar mais com o contrabando. Mas é exatamente aqui que entra em cena uma personagem muito importante, mas vou falar dela daqui a pouco. 

Luke acho que é, dos três, o mais humano. Sofre com inseguranças, não sabe direito o que significa ser um Jedi ainda, e tem sim medo. Medo de treinar alguém e seu padawan se voltar para o Lado Negro. Carrega um peso grande, por acreditar ser o último Jedi. Sim, ele está treinando Leia, mas ela ainda está muito longe de ser chamada de Jedi. E no livro, Timothy Zahn humanizou muito Luke. O que é bom. Ele não tem aquela aura de infalível e ser místico que o filme deixa. Luke é apenas um ser humano comum, que tem senso de humor, e toma chocolate quente, mas que tem poderes que permitem que ele seja extraordinário. E adorei isso. Luke passou a ser um personagem com que podemos nos indentificar facilmente.

Os três partem em uma missão diplomática, mas o que eles não sabem é que o grão-almirante Thrawn mandou um time de assassinos para pegá-los. Ele tem especial interesse especial em capturar Luke, Leia e os gêmeos, para convertê-los ao Lado Negro. E para isso ele conta com a ajuda de Talo Karrde, um contrabandista amigo de Solo, para conseguir uns bichinhos chamados ysalamiri, que criam uma bolha onde a Força não funciona. Na equipe de Karrde está Mara Jade.

Já falei de Mara um pouquinho. Mara é uma Jedi, ou pelo menos, tem poderes da Força, mas não tem treinamento. Acredito que ela seja tão poderosa quanto Luke, ou quase. Mara é durona, e, incrivelmente, ela odeia Luke com todas as forças de seu ser. Sua maior ambição é matar Luke, alegando que ele destruiu sua vida. Mas não vou falar porquê ainda. Mara é independente, forte (sem trocadilho), tem iniciativa e não tem medo de recomeçar sempre que necessário, e não foge de uma briga. Mas ela sabe quando tem que deixar suas ambições de lado e favor de algo maior. 

E Thrawn. Thrawn não e humano. Ou melhor, é humanoide: tem a aparência humana, exceto que tem a pele azulada. com cabelos e sobrancelhas negro-azulados. Thrawn se auto proclamou o herdeiro do Império, e é quem dita todas as regras. Ele é muito inteligente, e perspicaz. Consegue antecipar todos os movimentos de seus inimigos, o que o torna um inimigo perigoso. É daquele tipo que mantém a voz glacial e sem expressão definida no rosto mesmo quando está furioso, fazendo dele um cara assustador. 

O livro também é dividido em capítulos curtos, bem encadeados, fazendo com que a leitura flua facilmente. Os pontos de vistas se alternam entre os personagens, narrados em terceira pessoa. O livro é ágil, ação do começo ao fim, e a gente se envolve muito com a trama. É difícil largar. 

Trilha sonora

Star Wars theme, óbvio. Imperial March também. 

Se você gostou de Herdeiro do Império, pode gostar também de:


  • Kenobi - John Jacjson Miller;
  • O Senhor dos Anéis - J. R. R. Tolkien;
  • Harry Potter - J. K. Rowling;
  • As Crônicas do Gelo e do Fogo - George R. R. Martin.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Star Wars - Episódio VII - O Despertar da Força - parte 2

Eu sei que já escrevi sobre o filme (veja aqui), depois de assistir novamente (claro, e sepa vejo mais uma), volto para fazer uma postagem mais à altura. Mas antes...

AVISO! SPOILERS! Leia sob sua conta e risco...

Sim, porque aqui não vou somente comentar o filme, mas especular um bocado sobre a saga.

Vou começar pelo mais óbvio. A verdadeira identidade de Rey. Eu sei que é clichê, óbvio demais, e por isso mesmo muita gente já está descartando essa possibilidade de cara. Mas devo dizer que sempre, desde que vi o teaser 2...



... eu sempre achei que Rey é filha de Luke. E vou dar muitas pistas para isso. Só lamento não poder citar fontes, pois se trata de um filme, então quem assistiu preste atenção nos detalhes.Vou até traduzir o que Luke diz aí em cima:

"A Força é forte (ai! Eita expressão ingrata!) em minha família. Meu pai a tem. Eu tenho. Minha irmã a tem. Você tem esse poder também."

Você argumenta: mas ele não fala que ela é filha dele. Ok, não mesmo. Mas por que falar "minha irmã" em vez de "sua mãe". Porque esse fraseado pode também significar que Rey é filha de Han e Léia, portanto irmã de Kylo Ren. Agora vou entrar na Trilogia Thrawn, que estou lendo. Segundo essa trilogia, Han e Léia tem dois filhos, gêmeos. Um menino (Ben Solo) e uma menina. Agora, acabei de começar o segundo, e Léia ainda está mais ou menos na metade da gestação, então não sei o nome da menina. E no filme, não há menção, reação ou qualquer outra coisa partida de Léia ou Solo que indique que eles tenham outro filho. Solo reconhece o nome, Ren também, mas até aí, nada de errado no tio reconhecer o nome da sobrinha, ou o primo reconhecer a prima. São todos uma família só, afinal.



E então, pegando carona nesse pensamento, quem é a mãe de Rey? Mara Jade. Também no livro, mas ainda não cheguei nesse ponto, Luke conhece Mara, que é também Jedi. E mais para a frente, ela muda seu nome para Mara Jade Skywalker. Agora, pelo que lembro que li anos atrás em algum lugar, portanto sem confirmação, Luke e Mara tiveram um filhO. Mas até aí, nada impede de o filme, por liberdade criativa, trocar o sexo da criança. E mesmo para surpreender quem já leu a trilogia e sabe mais do universo expandido. É o que eu faria.

OK. Sendo filha de dois Jedi poderosos, é claro que Rey também tem poder. E muito. E, sendo muito observadora, ela aprende a usar esse poder, pelo menos em nível de conseguir sobreviver, somente por observação, e pelo que ela sabe da história da galáxia. E ela mostra que sabe muito, mesmo que acredite que tudo não passa de lenda. E também, como uma amiga me falou, é possível que ela tenha tido um treinamento rudimentar na infância, que foi depois bloqueado de alguma forma, para sua proteção. Tenho certeza que um Jedi do calibre de Luke conseguiria fazer isso. E aos poucos ela vai se lembrando do treinamento. Especulação, eu sei, mas plausível.

Mais outra coisa. Quando Rey entra em sua casa improvisada dentro de um AT-AT, a câmera passeia pelo interior do "aposento" e mostra, em uma estante, uma bonequinha de pano, provavelmente feita por ela mesma. A tal boneca na verdade é uma figura masculina, e vestida com os trajes de voo de Luke:



Então, quando Rey tem seu flashback de quando foi deixada em Jakku, sabemos que ela foi deixada lá por um membro da família. E, sendo esse membro Luke, nada mais natural que ela reproduzisse em um boneco a última lembrança que tem do pai. Detalhezinho que só percebi quando vi pela segunda vez. E mais uma coisa: repararam nas cores de BB-8, seu fiel companheiro? Um pouco de viagem minha, mas não existem coincidências em sagas assim.

Outra evidência forte é que o antigo sabre de luz de Luke chamou Rey. O sabre que passou de geração em geração: de Anakin, para Luke e agora para Rey. E Rey sente uma conexão muito forte, dessa vez sem trocadilho, com o sabre.Tanto que se assusta. Repare também como os trajes de ambos são parecidos:



E aquela cena final, em que Rey finalmente encontra Luke na ilha (mais uma coisa: quando Ren lê sua mente, ele vê uma ilha, sempre que se sente solitária à noite. Por quê, já que ela mora em um planeta desértico, e provavelmente não se lembra de alguma vez ter visto uma ilha? A explicação das core memories de Divertida Mente me vem à cabeça...), mesmo sem fala alguma, é muito forte. A troca de olhares entre os dois é muito intensa, mostra reconhecimento, raiva, frustração, dor, saudade... Sem contar que foi um belo exemplo de atuação de ambas as partes. E outras semelhanças entre os dois: ambos foram deixados pela família em um planeta desértico, remoto, ambos são ótimo pilotos, instintivos.

Li aqui que ela poderia ser descendente de Obi-Wan. Possível, sim. Plausível? Também. Mas acho muito pouco provável. Já falei em Kenobi que naquelas veias correm mais que midi-chlorians. Também há hormônios ali. E não creio que Ben passou 20 anos em Tatooine sozinho, só meditando. Mas também ficou claro que ele não sucumbiu, pelo menos no período coberto pelo livro, aos desejos. Não que ele não possa ter quebrado seus votos depois.

Continuando. Finn poderia ser um Jedi? De novo, possível, mas acho pouco provável. Mas acho ,sim, que ele pode ser sensível à Força. Por que, dentre milhares de stormtroopers, somente ele se rebelou? Como ele conseguiu driblar seu condicionamento desde criança de matar sem questionar? E como ele consegue manejar o sabre de luz? Bom, para esta última, eu ressalto que ele somente manipula o sabre para se defender, o que provavelmente vem de seu treinamento como stormtrooper. Ele deve ter tido pelo menos o básico em esgrima. E quanto ao resto, ele pode simplesmente ter uma natureza mais curiosa que os outros de seu batalhão. E até aí, Han também usou o sabre de Luke para abrir o tonton e salvar Luke de virar picolé de Jedi. Portanto, saber manejar o sabre de luz é uma coisa, teoricamente qualquer um pode fazer isso. Mas deixar a Força guiar suas mão para isso, aí é outra coisa bem diferente.


Mencionei na postagem anterior que foi um acerto colocar um stormtrooper desertor na trama. Foi mesmo. Num mundo de aliens virtuais inexpressivos, droides, vilões mecanizados e stormtroopers que se escondem sob um capacete igual a todos os outros. ver Finn deserdando é um sopro de ar puro. As únicas vezes que somos lembrados que eles são na verdade pessoas são nos episódios II e III, mas aí são clones, com a mentalidade alterada para obediência absoluta e sem emoções verdadeiras. São, em outras palavras, droides com uma roupagem humana. E Finn nos lembra que eles são mais que isso. São pessoas de carne e osso, que respiram, sentem. Humanizou muito o personagem. E John Boyega mostra isso com uma atuação contundente. Finn tem camadas. De desertor ele passa por covarde (não acho que ele seja, mas me refiro ao fato dele querer se manter longe da Primeira Ordem a todo custo, E não sei mais como dizer isso) até chegar a herói. Sim, pois foi preciso muita coragem, e muita lealdade, para inventar um esquema de infiltração na maior fortaleza inimiga como ele fez. Estou torcendo para que ele acorde bem no próximo.



Na outra postagem esqueci de falar de um personagem muito bacana: Poe Dameron. Poe é simplesmente o melhor piloto da Resistência, e é aquele cara com quem você simpatiza da cara. Amei, achei mega fofa a cena em que ele reencontra BB-8. E sofri quando Finn foi atrás dele no TIE e não achou. E fiquei feliz quando ele apareceu salvando o dia no palácio de Maz Kanata. Boa parte dessa simpatia que a gente sente é por causa da atuação de Oscar Isaac. E, já que falei de Maz Kanata, adorei o personagem, mas adoraria que ela aparecesse na pele de sua intérprete: Lupita Nyong'o. E estou aqui com a pulguinha atrás da orelha para saber como ela conseguiu o sabre de Luke... quem foi pegar ele lá nas profundezas da Cidade das Nuvens? Juro que ainda não consegui nem especular a respeito. Mas que essa anãzinha sabe mais do que vimos agora, com certeza. Também, vivendo mil anos, ela já testemunhou muita coisa.


E Ren. Já falei dele, e sim, Adam Driver está excelente no papel. Arrisco dizer que ele colocou Kylo Ren lá em cima junto com Darth Vader e o Coringa de Heath Ledger na lista dos meus vilões favoritos ever. Eu sabia que ele era filho de alguém importante, mas eu achava que ele era filho de Luke, e não Han Solo. E, como John Boyega fez com Finn, Adam Driver humanizou o personagem. Sim, ele é sádico, mas também é temperamental, não tem controle total de suas emoções e dá pitis épicos quando algo não acontece como ele quer. Achei bem interessante que ele tem inseguranças e dúvidas. Mas as dele são pela tentação pela luz. Há conflito nele sim, mas diferente de Vader, que no final conseguiu a redenção e voltou a ser Anakin, não creio que Ren tenha salvação. E, sinceramente, eu nem quero isso. Porque isso sim será repeteco, em vez da linda homenagem que o filme faz, com as inúmeras referências e semelhanças à trilogia original, em especial os episódios IV e V.

Porque sim, mimizeiros de plantão, há sim muitas semelhanças entre estes filmes, várias referências. Mas isso porque o filme foi feito por um fã, para fãs, e que respeita mais a saga que, me desculpem, o próprio criador. Porque por mais que eu ame a prequel (ou melhor, os episódios II e III), ela não manteve muito do espírito da original.

Só falta eu falar de um personagem de destaque: General Hux. Domhnall Gleeson (também atende por Bill Weasley) está sensacional. Mostra que puxou o pai, Brandon Gleeson (ou Prof. Moody). Hux é o cara que chegou muito cedo em um cargo de liderança, apoiado no seu sucesso de criar um exército de stormtroopers que não são clones, mas que tem o mesmo tipo de lavagem cerebral. E, com essa arrogância, ele acha que tem muito poder dentro da Primeira Ordem, e que então está a salvo por causa de suas contribuições. Claro que isso é só na cabela dele, tanto Ren como o Líder Supremo Snoke podem se desfazer dele assim que acharem que ele não é mais útil, ou que fez uma besteira (pra não dizer outra coisa) grande demais. Ele consegue escapar, portanto acho que ainda vamos ver mais dele.



Enfim, Star Wars - O Despertar da Força, é um filme que aprofundou o universo da saga. Trouxe términos, mas também novos começos. Foi a passagem do bastão para a nova geração, mas manteve a nostalgia da trilogia original, sem perder frescor. Nem vigor. E que venham os episódios VIII e IX. E muitos outros. E que a Força esteja com J. J. Abrams.


segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Kenobi - Star Wars Legends - John Jackson Miller

A República foi destruída, e agora a galáxia é governada pelos terríveis Sith. Obi-Wan Kenobi, o grande cavaleiro Jedi, perdeu tudo... menos a esperança. Após os terríveis acontecimentos que deram fim à República, coube ao grande mestre Jedi Obi-Wan Kenobi a missão de proteger aquele que pode ser a última esperança da resistência ao Império. Vivendo entre fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine, nos confins da galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores do local. No entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Ben Maluco”, como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na luta pela sobrevivência dos habitantes de um oásis esquecido no meio do deserto e em seu conflito contra o perigoso Povo da Areia.

Já nem sei falar há quanto tempo eu queria ler sobre o Universo Expandido. Mas eu sempre parava em dois problemas: 1. eu não sabia por onde começar; e 2. eu não encontrava. Ou melhor, até encontrava alguns em inglês, mas daí eu esbarrava no problema  número 1. Mas com o lançamento da coleção Legends, pela Editora Alef, meu problema foi em parte resolvido. Em parte porque ainda restava o problema de por onde começar. Então, até por recomendação de vendedores tão aficionados como eu, escolhi começar pelo mestre. 

E o bom de Kenobi é que ele é independente, não precisa nada além de assistir os filmes para entender. Ele começa exatamente no final de A Vingança dos Sith: Obi-Wan acabou de chegar em Tatooine, com Luke a tiracolo, a fim de entregá-lo aos tios. E, mesmo com o pequenino Luke nos braços, Obi-Wan já arruma confusão (acho que mais precisamente, confusão o encontra), e kicks ass com uma mão no sabre de luz e a outra segurando o bebê Luke. Esperar o quê dele? (parêntese para um desabafo: que ordenzinha de m... é essa dos Jedi! Quer dizer que de todos eles, somente Obi-Wan e Yoda escapam do massacre? E todos os outros?: Nenhum deles teve os mesmos reflexos? Oi? Isso só me ocorreu agora, assistindo novamente os filmes. Bom, tem um... mas isso é assunto para a próxima resenha, que sai em uns 2, 3 dias - wink, wink).

O que achei bem legal neste livro é que ele joga uma luz neste que é um dos personagens mais fodásticos do universo Star Wars, ao mesmo tempo calmo e letal, e ver que ele erra sim. E muito. A princípio, Ben se aloja nas montanhas de Tatooine, numa casa abandonada há sabe-se lá quanto tempo, e sua intenção é passar totalmente - ou quase - despercebido. Ele tem seus motivos, sendo que o mais urgente é evitar ser descoberto pelo Império, e assim revelar não só seu paradeiro, como o de Luke e falhar na missão a ele confiada. Mas o que Ben não sabe é que num lugar remoto como Tatooine, onde todos os locais conhecem praticamente todos, ficar isolado no meio do deserto é o mesmo que colocar um farol de LED em cima da cabeça e sair por aí. E, nisto, ele falha miseravelmente. Claro que sua presença não passa despercebida, alvoroçando a curiosidade local. Fora o que já mencionei ali em cima sobre ser um verdadeiro íma para encrencas. 

Outra coisa bem bacana foi ver que Obi-Wan é, por baixo daqueles metros e quilos de roupas e mantos Jedi, homem. E digo isso assim: HOMEM. Ou seja, como qualquer um, ele também tem hormônios, e já sofreu com eles algumas vezes. E está sofrendo por causa deles de novo. Spoilerzinho sem importância: não, padawans, ele é muito forte (sacou? - wink, wink) e resite às tentações. O que, sinceramente, eu acho uma pena. Como ressaltou uma amiga minha recentemente, se você parar para analisar a trilogia original, não há menção, em momento algum, que Jedi são proibidos de amar, seja em qual sentido for. E vem cá, essa é uma lei bem idiota. Pense: se a Força é transmitida pela linha genética ...



...então por que privar os Jedi de constituir família? Por desapego, certo, mas então, face it: a Ordem estava fadada a desaparecer desde sua fundação. E não há ninguém a culpar além dos próprio Jedi. Vader só acelerou as coisas.

Me desviei. de volta ao livro, não só Obi-Wan tem lá seus desejos, como também desperta paixões. Mas, como bem disse minha irmã, considerando-se que Obi-Wan é assim...



... alguma de vocês, meninas (e alguns meninos também) pode questionar o por quê? Fora toda a aura de mistério que ronda o cara. Forasteiro, misterioso, lindo, com esses olhos azuis penetrantes...precisa mais? E, falando em mistério, o livro não tira essa aura dele.Se possível, acrescenta mais. Levanta outras questões sobre ele, que eu adoraria descobrir.

E quem é a sortuda mais ou menos da vez responde pelo nome de Annileen. Annie, como é conhecida, é a dona do armazém local. E por armazém eu quero dizer Wal-Mart, com tudo que você precisa para sobreviver no desértico mundo de Tatooine. E quero dizer tudo mesmo. O armazém é na verdade um complexo com bar, oficinas, loja... Viúva já aos 37 anos, mãe de dois filhos adolescentes, Annileen luta para manter o negócio que herdou do marido funcionando todos os dias do ano. Forte e independente, ela tem muito trabalho com o filho rebelde, e no fundo nutre uma boa dose de frustração por não ter conseguido o que planejava para sua vida: estudar, se formar e sair de Tatooine. Mas, como toda batalhadora, ela não reclama pelo que poderia ter sido e foca no que é. E sua atração por Ben, se bem que justificada, é na verdade um reflexo da solidão que a ronda. 

Annileen não está sozinha. Ela conta com a ajuda de Orrin Gault. Amigo de seu falecido marido, Orrin comanda o grupo de segurança local e ajuda na administração do armazém. Orrin é p típico homem de negócios, vendedor nato, sempre com um sorriso no rosto e não perde uma oportunidade de negócio. Orrin parece todo prestativo e preocupado com a segurança de todos, agindo como paizão, mas na verdade sua mente está sempre na próxima oportunidade de serviço e lucro. E, claro, ele gosta muito do posto de chefão (ou isso ele pensa).

O armazém ainda conta com outros personagens pitorescos, como Wyle Ulbreck, um fazendeiro de umidade meio paranoico e que não bate muito bem da cabeça, Leelee Pace, melhor amiga de Annileen e artesã local e Erbaly Nap'tee, uma alien idosa e meio gagá. Além dos filhos de Annileen, Kallie (que também arrasta um trem por Ben, aliás) e Jabe, e de Orrin, Veeka e Mullen. Fora Kallie, os outros são só problemas. 

E, claro, o que seria de Tatooine sem a ameaça do Povo de Areia? e eles tem hierarquia organizada, liderados por A'Yark, também chamado de Olho de Rolha. E não se engane: os Tusken são sim implacáveis. Não se deixe levar pela imagem tosca deles em Uma Nova Esperança. E sua sociedade é complexa, tem religião própria, mitos e heróis. E, antes que você pergunte, sim, eles mencionam o massacre perpetrado por Anakin, além de outros. A'Yark tem determinação e nutre um ódio pra lá de justificado de humanos. Mas não posso revelar mais que isso sem dar spoiler. 

O livro é todo ambientado em torno do armazém, ou Lote, e o livro é ação do começo ao fim. Em uma comparação meio tosca, é um mix de western e ficção científica. A leitura é fluida, e vai fácil. Os pontos de vista se intercalam entre os personagens principais, e os capítulos são curtos e bem encadeados entre si, de forma que é difícil parar. Aponto ainda um capricho da editora: veio com um marcadorzinho na forma do sabre de luz de Ben. Se eu tenho uma reclamação sobre o livro é que ele se chama KENOBI, então poderia ter uma participação maior dele, pois ele aparece relativamente pouco. E também acho que Luke e sua família poderia aparecer mais, pois afinal todo o propósito de Obi-Wan se exilar em Tatooine foi proteger o garoto. O livro também poderia abranger um período maior, em vez do pouco menos de um ano que descreve. Mas daí também abre a possibbilidade de começar toda uma série, não só de livros, mas também para ver (ouviu bem, Netflix?). Afinal, Obi-Wan ficou quase 20 anos em Tatooine, e não creio que ele tenha passado todo o tempo forever alone, meditando.

"Se eu tiver de seguir em frente, e ambos sabemos que terei de fazer isso, preciso de alguma maneira parar de me martirizar por causa do que acontece. A dor existe, mas grande parte dela tem sido infligida por mim mesmo, nos últimos tempos." Ben Kenobi (p. 263)

Trilha sonora

Boulevard of Broken Dreams, do Green Day, é perfeita (I walk alone, I walk alone);
 Never let me goSeven DevilsBreath of Life e Shake it Out, Florence and the Machine e, claro, Star Wars theme. A gente abre o livro e ela vem imediatamente na cabeça ;)

Se você gostou de Kenobi, pode gostar também de:


  • O Senhor dos Anéis - J. R. R. Tolkien;
  • Harry Potter - J. K. Rowling;
  • As Crônicas do Gelo e do Fogo - George R. R, Martin.

domingo, 3 de janeiro de 2016

O Rebelde - Corações Valentes #1 - Jack Whyte

Um dos maiores heróis da Escócia em um romance à altura de sua lenda. Algumas horas antes do amanhecer do dia 24 de agosto de 1305, na prisão Smithfield em Londres, o fora da lei William Wallace, se prepara para uma execução ao raiar do dia. É diante desse cenário que recebe a visita de um padre escocês para ouvir suas últimas confissões. A história de Wallace nos leva a conhecer as suas várias faces – como um fora da lei e um fugitivo, um herói e patriota, um rebelde e uma lenda. Ele foi a primeira figura heroica das guerras da Independência da Escócia e traz vida para a trilogia de Jack Whyte, seguido por dois compatriotas: Robert Bruce – o rei dos escoceses e o verdadeiro Coração Valente, e Sir James Douglas, que carregou o coração de Bruce em um recipiente de chumbo em direção à Terra Santa. O comportamento desses três guerreiros, suas atitudes lendárias e narrativas de fuga, empenho, honra e selvageria medieval formam a alma e o conteúdo de uma novela épica sobre homens dispostos a tudo para colocar novamente de pé um país ajoelhado.

"I shall tell you of William Wallace". 

Pois é. Para quem viu o filme, era assim que esse livro deveria começar. Mas...

"Para mim é doloroso ouvir as pessoas dizerem que William Wallace morreu um rebelde, um patriota heroico com um grito de liberdade nos lábios, porque isso é mentira." (p. 11)

E assim, em poucas palavras Jack Whyte acaba com a beleza do mito de William Wallace. Pelo menos neste primeiro - e por enquanto único, pelo menos aqui no Brasil - volume da trilogia Corações Valentes. 

Neste primeiro volume, quase não se reconhece o William Wallace que conhecemos. Ainda crianças, ele e seu primo Jamie conhecem de perto a crueldade e o ódio pelos ingleses. Fugindo de sua aldeia, onde eles testemunharam o assassinato de toda a sua família, bem como foram vítimas de estupro, eles acabam conhecendo Ewan Scrymgeour, um arqueiro que também já sofreu horrores nas mãos dos ingleses, e que vai ajudá-los em sua criação. 

Agora na casa do tio, William e Jamie vão para o mosteiro local p0ara receber sua educação formal, mas o tempo todo treinando combate com Ewan. Will logo se mostra bem à vontade com o arco e com o bastão, mas Jamie tem mais inclinação às letras. Desde já fica traçado o destino dos dois. Will se tornará o líder de homens, lutando pela liberdade, e Jamie seguirá no clero, mas acompanhando de perto as atividades de seu primo. 

Will aqui ainda não é exatamente um líder, apesar de inspirar nos outros simpatia. É inteligente, perspicaz e decidido. Também é muito determinado, e não esquece nunca o que lhe aconteceu tantos anos antes. Ele tenta evitar a todo custo complicações com os ingleses, que já andam pela Escócia, ,as ainda não como vemos no filme. Mas, depois de um incidente com um padre inglês, Will é declarado fora da lei, e é obrigado a viver com sua família na floresta de Selkirk. Ele se estabelece como o líder de um bando de homens que, como ele, acabaram entrando em conflito com os ingleses. Ele lidera vários saques aos carregamentos ingleses, no maior estilo Robin Hood. Isso até que Mirren (você deve conhecê-la como Murron) tem seu primeiro filho. Daí, ele se conforma em ficar nos bastidores, e jura só lutar se e quando aparecer um rei, ou nobre, que realmente inspire confiança e por quem valha a pena lutar. Mas todo mundo sabe como isso acaba, certo?

Assim, neste primeiro, Will ainda não é o William Wallace que conhecemos. É um homem mais plácido e comedido. E com um humor e entusiasmo que envolvem qualquer um a seu lado. Pelo menos é assim que seu primo Jamie, que narra a história, o descreve. Na verdade, isso às vezes beira a adoração, e às vezes irrita. Jamie, como eu disse, segue na carreira religiosa, e, para m aluno relativamente inteligente, ele demora para entender algumas coisas. Ou, mais precisamente, não tem a perspicácia de Will. Na verdade, acho que às vezes ele inveja seu primo. A liberdade de viver na floresta, a mulher, a liderança... Jamie é mais diplomático e serve de ponte entre o bispo Wishart, patriota, e Will. O bispo é quem fornece muitas informações a Will. Gosto muito do bispo, mas Jamie não tem aquele charme de Derfel narrando a história de Arthur. Já volto nisso. 

E Mirren é uma mulher forte e decidida também. Mas ela não aparece muito no livro, fica mais em segundo plano. Ela também é ´perspicaz, e entende tudo o que Will faz. Muitas vezes, é ela quem joga uma luz para Jamie. E, como eu disse, ela tem poder de decisão suficiente sobre Will para convencê-lo a deixar a luta para outros. 

"De pé ao lado de Will, mal chegando à metade de seu braço inchado e olhando para todo o mundo como uma criança fraca e pequena - embora não fosse nada disso -, a garota Mirren erguia os olhos para ele, vendo seu rosto com um olhar profundamente reflexivo. À medida que eu me aproximei a jovem se afastou dele para abrir espaço para mim. Estava consciente de seus olhos azuis brilhantes me examinando da cabeça aos pés, os lábios sorrindo gentilmente.Mas, sendo quem sou, ignorei o olhar dela e me virei para Will, alegremente inconsciente de que no curto tempo em que estivera olhando para outro lugar, a vida de William Wallace, e todo o destino da Escócia, haviam mudado para sempre." (p. 101)

A nobreza escocesa ainda briga entre si, e francamente, me confundo toda com todos os nobres e quem está apoiando quem. Faz falta neste livro uma relação dos personagens no começo (ou no final). A narrativa é fácil, mas a parte política às vezes cansa. Há muita semelhança com a narrativa de Bernard Cornwell com as Crônicas de Arthur, mas Jamie não tem o mesmo humor refinado (aliás, isso falta completamente) de Derfel. Apesar de amar a história (como já disse aqui, Coração  Valente é um dos meus filmes preferidos. Morro um pouquinho toda vez que vejo William Wallace gritando Freeeeeedom!!!!!!!!!!!!!! no final), e acho mesmo, pelo menos por enquanto, que o filme supera em muito o livro, ainda que não seja historicamente preciso, mas o livro ainda não me empolgou muito. É provável, pelo final deste, que o segundo, se um dia eu conseguir ler, me empolgue mais. Agora é manter os dedinhos cruzados para que a Fantasy publique.

Trilha sonora

Não tem outra: Braveheart Theme Song.

Se você gostou de O Rebelde, pode gostar também de:


  • As Crônicas de Arthur - Bernard Cornwell;
  • As Crônicas Saxônicas - Bernard Cornwell;
  • A Busca do Graal - Bernard Cornwell;
  • 1346 - Bernard Cornwell;
  • Azincourt - Bernard Cornwell;
  • Os Pilares da Terra - Ken Follett;
  • Mundo Sem Fim - Ken Follett;
  • Trilogia do Século - Ken Follett.