domingo, 29 de junho de 2014

O Físico – Noah Gordon

 

The PhysicianO drama turbulento e, por vezes, divertido, de um homem dotado do poder quase místico de curar, que tem a obsessão de vencer a morte e a doença, é aqui contado desde o obscurantismo e a brutalidade do século XI na Inglaterra ao esplendor e sensualidade da Pérsia, detalhando a idade de ouro da civilização árabe e judaica.
A história começa quando Rob Cole, órfão, aprendiz de um barbeiro-cirurgião na Inglaterra, toma conhecimento da existência de uma escola extraordinária na Pérsia, onde um famoso físico leciona. Decidido a ir a seu encontro, descobre que o único problema estava no fato de que cristãos não tinham acesso às universidades muçulmanas durante as Cruzadas. A solução era Rob assumir a identidade de um judeu, ao mesmo tempo em que se envolvia com uma avalanche de fatos verdadeiramente impressionantes. ´Mais que uma recriação histórica magistral, aqui está também a história fantástica de uma vocação para a medicina. O romance de Noah Gordon recria o século XI de maneira tão eloquente que o leitor é levado em suas centenas de páginas por uma onda gigantesca de autenticidade e imaginação´, como se referiu o Publishers Weekly a "O Físico", de Noah Gordon, autor festejado como um dos maiores nomes do mundo literário norte-americano e presente em todas as listas dos livros mais vendidos.

Já fazia tempo que eu estava para ler este livro, e explico logo de cara pelo título. Totalmente errado. The Physician no original, e quem manja de inglês já sacou o absurdo do título em português. Para quem não entende, physician = médico. Físico = physicist (confira aqui e aqui). E além desse absurdo, ouvi dizer que a versão em português tem diversos erros de digitação, concordância… ou seja, revisão nula. Mas não é que uma semana antes de estrear o filme baseado no livro, eu achei uma edição linda em inglês? E resolvi devorar ler logo.

Rob Cole é um garoto inglês que aos nove anos de idade, perde seus pais. Não só isso, mas ao mesmo tempo ele descobre um dom muito interessante: ele consegue sentir quando a morte está iminente ao tocar as mãos de uma pessoa. Sozinho e com uma renca de irmãos pequenos para cuidar, Rob acaba sob os cuidados de um cirurgião-barbeiro, enquanto seus irmãos se perdem, cada um sob os cuidados de uma pessoa diferente.

Rob então parte com o Barber, e começa a aprender o ofício de um cirurgião-barbeiro, além de malabarismos e entretenimento em geral. Naquela época, isso era normal, e os barbeiros-cirurgiões também eram um tanto picaretas. Mas Rob aprende muita coisa, porque é determinado e disciplinado. Só que somente ser barbeiro-cirurgião não é suficiente para ele. Ele quer entender as doenças, e mais que isso, aprender como driblar a morte. E, durante suas andanças, ele ouve falar de uma academia no Oriente, comandada por Avicenna (ou, em árabe, Ibn Sina), que é a melhor do mundo. E, depois que mais uma tragédia se abate sobre ele, Rob decide ir estudar medicina na Pérsia.

Só tem um problema: na academia, cristãos como Rob não podem estudar. Então, ele decide se passar por judeu. Assim, com o mesmo afinco, ele observa os judeus de sua caravana, e aprende seus costumes e a língua persa.

E durante a longa jornada, Rob conhece Mary, uma escocesa que viaja com seu pai, e a atração é imediata. Mary é uma mulher forte e inteligente, um tanto turrona, e entende muito bem os desejos de Rob, e o acompanha em sua trajetória.

Há muitos outros personagens bacanas no livro, como Mirdin, um judeu amigo de Rob em Inspahan, médico como ele, e com placidez, ele ensina Rob mais sobre sua cultura. Karim, árabe, aprendiz que também se forma médico junto com Rob, atlético e de personalidade mais aberta.O próprio Ibn Sina, o idoso mestre de Rob, sábio e paciente, e Ala, o xá em Ispahan, que como todo governante, manipula e adula quando lhe interessa, e descarta pessoas como bem quiser.

A leitura é fluida, e passa rápido. Os capítulos são na sua maioria curtos, o que faz a leitura ainda mais fácil. A narrativa é em terceira pessoa, principalmente centrada em Rob, mas há alguns capítulos sob o ponto de vista de outros personagens, como Ibn Sina, Mary e Barber. Misturando ficção e realidade, o livro faz uma fascinante viagem pelo mundo persa (me deu uma vontade monstro de assistir O Príncipe da Pérsia enquanto lia), e do estudo da medicina da época, e uma coisa bem bacana é tentar adivinhar as doenças que Rob trata só pelos sintomas. Leitura recomendada.

Trilha sonora

A única que me veio na cabeça, e que tem tudo a ver, é a lindíssima Healing hands, do Marc Cohn.

Curiosidade

Como eu disse, o livro mescla ficção e realidade. Ibn Sina, latinizado para Avicenna, realmente existiu, e viveu na Pérsia entre 980 e 1037. Escreveu diversos livros, entre eles tratados em medicina e filosofia, e sua obra teve grande influência nas universidades medievais. (fonte: Avicenna).

Se você gostou de O Físico, pode gostar também de:

  • Os Pilares da Terra – Ken Follett;
  • Mundo Sem Fim – Ken Follett.

sábado, 28 de junho de 2014

Citação do Mês

 

“Não existe triunfo sem perda, não há vitória sem sofrimento, não há liberdade sem sacrifício”.

TLOTR

J. R. R. Tolien – O Senhor dos Anéis.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

GoT 4x10 – The Children

 

Mais um ano se passou, mais uma temporada terminada, de novo com aquela sensação que foi rápido demais. E depois de Mhysa, que encerrou a temporada passada de forma bem morna (e isso é colocar de forma educada), eu confesso que nem esperava muita coisa desse season finale. Foi melhor do que eu esperava, embora ainda longe de ser um season finale digno de ser chamado assim.

GoT 3

ATENÇÃO! SPOILERS DOS LIVROS! Você foi avisad@!

O episódio começa exatamente onde The Watchers on the Wall terminou. Jon caminha ao norte da Muralha, indo ao encontro de Mance parlamentar (se você não sabe o que é isso, assista Piratas do Caribe – A Maldição do Pérola Negra que Jack Sparrow explica). E isso só cabe mesmo a ele, já que Thorne foi-se, e Slynt sabe-se lá. Esqueci de mencionar na resenha do episódio anterior que eu entendo que todas as mudanças em torno de Jon e como ele agiu na batalha foram para deixar claro para quem não leu os livros que Jon será o novo Lorde Comandante. Porém, ressalto que ele ainda não é, ainda há todo o processo de eleição, e a manipulação de Sam, e com o sucesso de Jon em liderar a batalha, não sei se essa alteração foi uma boa coisa ou não. O que valeu nessa cena foi Jon passar pela devastação deixada pela luta. E ele chegando no acampamento de Mance foi bem feito, deixou clara a tensão.

Jon   Mance 4x10

E tenho que admitir que, embora errado, a cena entre Mance e Jon foi muito boa, se mais nada porque temos dois ótimos atores. E que pena que Ciarán Hinds não apareceu mais nessa temporada. Uma observação: mesmo ao Norte da Muralha, e sem recurso nenhum, a chapinha de Mance se mantém. Ou foi escova japonesa? Muito digno lembrarem-se de Ygritte, Grenn e Mag. Visível a apreensão de Jon o tempo todo, de olho em cada movimento, a hesitação antes de beber e gostei muito de Mance falando que não mataria Jon com veneno. Remete novamente ao que o Cão disse, que veneno é a arma de uma mulher.Também palpável o medo de Mance dos WW, e o desespero para mandar sua gente para o sul da Muralha. E Mance mostra que entende Jon perfeitamente. Como Dumbledore, Mance vê através de Jon. Será que isto está relacionado ao fato de Ciarán Hinds ter interpretado Aberforth? Smiley mostrando a língua

Mas é bem aqui que soa a trombeta anunciando a chegada de Stannis. E retomando o que eu havia ficado de comentar em The Watchers on the Wall, errado. Porque neste momento não há mais luta, então a chegada triunfal e oportuna de Stannis à Muralha fica sem graça. Ele chegou para salvar quem? OK, mostrou o exército enorme e bem organizado, mas impressionando quem? Botando medo em quem? Mais uma vez a HBO erra feio no timing. E além disso, se nos livros Stannis é o rei que não projeta sombra, na série projeta menos ainda. Deu uma de Frey, o rei que sempre chega atrasado ás batalhas.

Davos   Stannis 4x10

Mas se o timing foi errado, a interação entre os atores foi ótima. De novo, o mérito da cena não ser um total desperdício é de Stephen Dillane, Liam Cunnigham, Ciarán Hinds e Kit Harington. E aliás, gostei de Jon defendendo Mance, dizendo que ele foi prisioneiro de Mance, e que este poderia tê-lo matado, mas que não o fez. Com certeza isso vai contar pontos com o Rei Além da Muralha. E também gostei da postura de Mance, de não se ajoelhar. Irritante foi a devoção canina de Sor Davos, the one true king, mimimi. Sim, esse é Sor Davos, mas enche a paciência. Pelamordossete, homem, você é Mão do Rei, mostre um pouco menos de servitude e um pouco mais de liderança!

Qyburn 4x10Cortando para King´s Landing, um adiantamento de ADWD, Qyburn “trata” do Mountain, enquanto Cersei observa, e Maester Pycelle só critica. Dá para praticamente ver as engrenagens rodando na cabeça de Cersei. E depois de encomendar o tratamento de Clegane, ela vai falar com o pai, novamente sobre o seu futuro casamento com Loras. Gostei de ver ela enfrentando o pai. Lena Headey linda, fantástica. A hora que ela joga na cara de Tywin como sua família realmente é, dizendo que seu pai é obcecado pela ideia de família, e finalmente revelando seu incesto, foi sensacional. A cara de triunfo dela é fantástica, e a expressão de incredulidade dele é maravilhosa. Charles Dance, para variar, manda muito bem.

Cersei 4x10E lá vai ela, divando, contar a Jaime. E enquanto Jaime mostra um certo desprezo por Cersei pela condenação de Tyrion, ela não está nem aí e o manipula direitinho. E esse foi um dos momentos WTF? da série. Assim, o cara que estava desprezando a irmã/amante antes simplesmente aceita o que ela diz, que ela quer ficar com ele? O Jaime que todo mundo estava começando a gostar, de repente, se rende por sexo. Oi? Vale lembrar que em nenhum momento temos Tyrion dizendo para Jaime: “she´s been fucking Lancel, the Kettleblacks and Moon Boy”, mantra que Jaime não se cansa de repetir depois, e que influencia em seu afastamento de Cersei nos livros. Em termos de atuação, em compensação, a cena foi muito boa. Nikolaj Coster-Wardau e Lena Headey excelentes.

Daí vamos para Meereen, e Missandei enunciando os trocentos títulos de Dany, só isso já cansa.E Dany já enfrenta as consequências de suas ações, o desejo de um escravo idoso de voltar a ser escravo, para ter uma filha melhor. Sério, Dany, você acha que pode chegar em um lugar e mudar em um dia o que já foi estabelecido em séculos? Dany se mostra visivelmente desconfortável, insegura. Realmente só uma criança. E vem o segundo pedinte. E, pelo recap de antes de começar o episódio, eu já sabia o que viria. Muito comovente o homem relatando como Drogon atacou sua filha. E mais o choque de saber que seus dragões agora atacam crianças. De novo, sério, é surpresa? E eu pergunto, Dany: você não consegue controlar seus dragões, como espera controlar a Baía dos Escravos? Mas certo, a Dany que encantou todo mundo antes, agora só vai mesmo fazer burrada, então eu já esperava isso. O que não quer dizer que não me partiu o coração vê-la trancafiando os dragões. A imagem que me veio na cabeça é a de quem abandona um cachorro, e não tem coisa que eu mais desprezo no mundo do que quem abandona um animal. Certo, ela não está abandonando seus filhos, mas a imagem é a mesma. E, finalmente, Emilia Clarke tem uma performance mais digna da personagem, não demonstra tédio e exprime alguma emoção. Ela deixou muito a desejar nesta temporada.

Dany 4x10

E voltamos para a Muralha, e aqui eu quase chorei, com Maester Aemon fazendo o discurso sobre os irmãos da Patrulha que morreram. And now their watch has ended. Foi uma das coisas mias lindas do episódio. Atenção para Melisandre olhando para Jon através das chamas. Não vou dar esse spoiler, mas quem leu os livros já deve ter juntado as coisas.

E logo após, Jon vai ver Tormund, e acho que já está claro que, se não tivemos Rattleshirt nesta temporada, é muito provável que Tormund tome seu lugar. Me pergunto o que será dos bebês. O de Gilly já está na Muralha, mas será que teremos Val na próxima temporada? E eu nem acho que Tormund como prisioneiro seja tão ruim, entendo que alguns personagens tem que incorporar outros. Em sequência, Jon leva o corpo de Ygritte Além da Muralha, onde ele mesmo a queima. Achei bom que mantiveram pelo menos isso, e admito que quase chorei de novo. Era tocante assim que a morte dela deveria ter sido.

Jon   Ygritte 4x10 

E indo ainda mais par ao norte, reencontramos Bran e cia. Jojen ainda mais debilitado, incapaz de continuar. Mas, eles finalmente chegaram ao represeiro, a jornada acabou, infelizmente sem Cold Hands. Só que nem tudo está a salvo ainda. Eis que quando eles estão chegando, os esqueletos atacam, e apesar de não serem estas as criaturas descritas no livro, eu gostei. Os efeitos foram muito bons, os esqueletos se movem com fluidez, e sua velocidade só contribui para a cena ficar ainda mais assustadora e aflitiva. Afinal, como se mata uma coisa dessas? A resposta vem em breve, com Folha atirando as bolas de fogo. Nem todo mundo curtiu isso, mas eu achei bem legal, e bem feito também. Que cena mais comovente Meera mostrando a Jojen misericórdia! E como eu sempre achei que Jojen ia morrer, nem me incomodo de ser antes dos livros.

weirwood 4x10

E dentro do represeiro, a cena é também muito assustadora, a sensação é de claustrofobia. Me lembra muito a toca da Laracna em TLOTR, e essa é a parte do filme que mais me aflige (no livro então, é ainda pior). E finalmente somos apresentados a Bootstrap Bill Brynden. Não era exatamente assim que eu imaginava Brynden, mas confesso que eu tenho dificuldade de imaginá-lo quando leio, então gostei da caracterização, mesmo diferente. E vamos lembrar que a série é cara, e caracterizar Brynden com fidelidade seria ainda mais dispendioso, e isso significaria menos dragões e direwolves, e isso ninguém quer. E apesar de ser legal conhecer Brynden, eu até votaria por não tê-lo nesta temporada em favor de outra coisa que vou mencionar daqui a pouco.

Brynden 4x10

Partimos então para o meio do nada, onde Arya treina com sua Agulha. Só que o treino é interrompido pela chegada de Brienne. Mais uma mudança em relação ao livro, já que Arya não encontra Brienne, mas eu gostei bastante dessa sequência. A admiração de Arya por Brienne é visível, e como as duas se identificam. E que lindo Brienne conhecendo Arya, e dizendo que está a serviço de Catelyn, que gostaria de estar presente e protegê-la. E quando o Cão é identificado por Pod, e depois fica estabelecido que Brienne foi enviada por Jaime, é aí que as coisas dão uma vira para o pior, porque a desconfiança e a teimosia de Arya falam mais alto, e o Cão, também ressabiado em relação com qualquer um que se alie aos Lannister, também acha que Brienne está atrás da recompensa por sua cabeça. E é quando os dois começam a lutar, e de igual pra igual. Aqui, o Cão incorporou outro personagem, que agora eu não lembro quem é. e isso não foi ruim, de forma alguma, porque a sequência toda foi sensacional. E Brienne sai vitoriosa.

Brienne   Hound 4x10

Hound 4x10Só que nesse meio tempo, Arya aproveitou para se esconder, e assim, Brienne a perdeu. O desespero na voz de Brienne é palpável. Gwendoline Christie, mais uma vez, brilha. E depois é a vez da baixotinha Maisie Williams, ao deixar o Cão pra morrer, sem conceder a mesma misericórdia que Meera  mostrou a Jojen. Exatamente como no livro. E que desespero que deu o Cão pedindo: “here´s the heart! Go on, kill me!”. Juro que até quis que Arya fizesse isso mesmo. Mas o tempo todo ela só olha, impassível, não importa o que o Cão diga, e ele usa de todas as justificativas que ele tem a seu dispor para tentar fazer com que Arya mude seu pensamento: relembra como matou Mycah, que deveria ter levado Sansa e estuprado a menina, mas nada disso adianta. Arya dá as costas e vai embora.

Shae 4x10E chegamos à parte mais esperada do episódio. Jaime vai libertar o irmão, e quem leu os livros já sabia o que viria depois. E como foi linda a despedia dos dois. Nikolaj Coster-Wardau e Peter Dinklage em mais uma cena memorável. Só que o anão não segue o caminho direto, faz o seu desvio, e sabemos exatamente onde ele vai. E dito e feito, lá  vai ele para o quarto de Tywin, onde encontra Shae na cama do pai. Ela toda meiga, pensando que quem se aproxima é Tywin, e a realização de Tyrion de que Shae no fundo sempre foi a prostituta que ele contratou para sua companhia durante a batalha lá na primeira temporada. Vai dizer que não deu mais raiva ainda, depois de a série ter feito de tudo para mostrar que ela realmente amava o anão? Venho falando isso desde o começo! Quem aí não teve vontade de pegar aquela corrente e estrangular Shae com as próprias mãos? Principalmente depois de ver o sofrimento estampado na cara de Tyrion.

Tyrion 4x10

E, sabendo exatamente o que fazia, lá vai Tyrion atrás da fonte de todo seu desgosto. E, como no livro, ele encontra o pai na latrina. E aqui somos brindados mais uma vez com uma cena lindíssima entre Peter Dinklage e Charles Dance. Um embate maravilhoso. Peter Dinklage especialmente sensacional. Mais uma vez, se ele não ganhar o Emmy ano que vem, vai ser a maior injustiça do universo. E, como um Lannister sempre paga suas dívidas, Tyrion não falha ao atirar em Tywin depois que este último ousou chamar Shae de prostituta pela segunda vez. Vocês repararam no detalhe que a besta usada por ele é a mesma de Joffrey? E ainda o som de The Rains of Castamere ao fundo, na despedida de Charles Dance. Esta sim, uma despedida digna.

Tywin 4x10

Feito isso, Tyrion se encontra com Varys, que o despacha num caixote para o outro lado do Mar Estreito. Só que Varys sabe muito bem que ao descobrirem o corpo de Tywin e a fuga de Tyrion, seu destino é o mesmo de Ned, então, ele também parte para o exílio. O semblante desolado de Varys é de partir o coração. Ele está deixando para trás tudo aquilo porque lutou, e isso não pode ser fácil. Mas ele é uma criatura que se adapta em qualquer lugar, então minha gente, podem sossegar, que ainda vamos ver mais da Aranha por aí.

Arya 4x10Finalmente, corta para Arya chegando em Saltpans. E lá, ela encontra um barco, e lá vai ela pedir para embarcar em um dele. A princípio o capitão se mostra relutante, mas ao descobrir que o barco vai para Braavos, Arya se lembra da moeda de Jaqen, e, “Valar morghulis.” “Valar dohaeris.” Lá vai Arya para Braavos, onde iniciará seu treinamento. Fim. The end. A série acaba com Arya olhando Westeros pela última vez em muito tempo. Assim, sem graça, sem nenhum grande cliff-hanger para a próxima temporada. Nada épico como Sam encurralado pelo exército de WW. E errado. A série deveria ter acabado como no livro, com Lady Stoneheart, e aí sim seria um cliff-hanger maravilhoso, daqueles que deixariam a gente em crise de abstinência pela espera de um ano. Mas novamente, a HBO decide acabar a série de forma morna. Admito que foi melhor que Dany sendo carregada pelos escravos (gente, aquilo foi breguíssimo!), e que eu esperei tanto que alguém da Irmandade aparecesse enquanto Brienne lutava com o Cão, mas não. Ficamos só na espera, e desapontados no final.

No geral, a temporada foi a melhor até agora, com exceção dos dois últimos episódios, que na minha humilde opinião, deixaram bastante a desejar. E agora as coisas realmente vão começar a ficar mais interessantes, como desenvolvimento de outras tramas mais densas, como Jon na Muralha, e Dorne, que sim, teremos na quinta temporada. E um aviso a você que não leu ainda os livros: corra! Corra muito, aproveita que tem um ano para colocar a leitura em dia, porque já neste episódio várias coisas do quinto livro apareceram, e a série está bem depressa chegando ao final do quinto livro.

É isso. In the meantime, our wait is long and full of spoilers and theories!

sexta-feira, 20 de junho de 2014

GoT 4x9 – The Watchers on the Wall

 

Famoso nono episódio. E, como já meio que virou tradição com a série, o episódio mais fodástico da temporada, Ou era o que eu achava. Só por se tratar do nono episódio, minhas expectativas já estavam um tanto elevadas. Some-se a isso o fato de que ele tratava de uma das minhas partes favoritas, e mais bem escritas em ASoS, depois do RW, e que os produtores fizeram a maior propaganda, dizendo que seria ainda mais sangrento que o RW, e daí que eu esperava muito, mas muito mesmo do episódio.

GoT 3

ATENÇÃO! SPOILERS DOS LIVROS! Você foi avisad@.

E talvez este tenha sido o meu erro: esperar muito. Deixem-me explicar. Técnica e visualmente o episódio foi sim perfeito. As atuações foram exemplares, e a escolha de se concentrar em um único núcleo, semelhante a Blackwater, foi muito acertada. O quê, então, deu errado? Deu errado que criaram muitas expectativas em torno desse episódio, e no fim achei que não chegou nem perto de The Rains of Castamere como disseram, mudaram coisas que não deveriam ter mudado (e nem tinham necessidade disso, daqui a pouco eu explico melhor), e principalmente, o episódio não me passou o sentimento de imediatismo e urgência que o capítulo no livro me causou. Quer dizer, tratava-se de 100 000 selvagens contra 105 patrulheiros, e fui só eu, ou por acaso mais alguém achou que no final os patrulheiros levaram a melhor de forma muito fácil? Com muitas perdas, sim, perdas significativas, mas fácil.  Mas, vamos pelo princípio, e eu vou explicando todos os meus pontos de vista ao longo da postagem.

Jon 3 4x9Vocês repararam no detalhe de Kit Harington vir em primeiro nos créditos de abertura? Por aí a gente já vê o destaque de Snowy Goodness no episódio, e não foi sem merecimento. Logo depois aparecem John Bradley e Hannah Murray, que também terão seus bons momentos, e finalizando Rose Leslie e Kristopher Hivju. E de cara uma injustiça. Por que Mark Stanley e Josef Altin não foram creditados? Ambos fizeram seus papéis com perfeição, e mereciam pelo menos este reconhecimento. Muito mais que Rose Leslie, se vocês querem saber.

Tudo começa com Jon e Sam, que fazem sua vigília no topo da Muralha, e Sam pergunta a Jon sobre Ygritte. Muito válido isso, porque mostra o quanto Jon realmente amou Ygritte. Interessante a interpretação acertada de Sam sobre o juramento, que ele não diz especificamente que os patrulheiros devem ser celibatários. Não podem se casar ou ter filhos, mas nada impede o sexo. Jon está visivelmente desconfortável com o assunto, mas lembrem-se que ele foi criado por Ned, e é honrado demais, como Ned, para simplesmente transar com uma garota e depois abandoná-la. Sem contar que num lar conservador como Winterfell, o sexo com certeza é um tabu (lembram que Sansa ficou surpresa quando menstruou pela primeira vez, porque sua mãe nunca tinha conversado com ela sobre isso?). Porém, meu ponto é que essa conversa pra mim pode ter sido mais do que mostrar o sentimento de Jon pela ruiva, mas também que Sam, sendo o amigo que é, percebe que Jon está mal e tenta conversar com ele.

E o tempo todo a coruja do thenn ali, espionando. E é para o acampamento dos wildlings que vamos, onde Tormund conta como foi teve relações com uma ursa, para impaciência de Ygritte, que logo corta a história do cara, com ódio do mundo. Cara, sério, esse estado de constante TPM dela é irritante. E olha que a minha não é bolinho! E como o thenn já sacou ela de cara: sim, pessoas, ela é só palavras. Sempre foi, e não iria mudar agora. UI, fiquei morrendo de medo quando ela falou “Jon Snow is mine!”. Nossa, tremendo. Não me convenceu nem um pouco. Ou talvez eu que já esteja cansada dessa atitude de menininha bravinha dela.

Sam   Aemon 4x9Voltando a Castle Black, vemos Sam na biblioteca, e achei bem legal mostrarem a biblioteca, porque é consenso geral que ali está guardado algum conhecimento sobre os WW, e possivelmente mais. E daí chega o fofo do maester Aemon. Gostei muito desse diálogo, porque mostra o maester como ele era antes de ser patrulheiro. É, minha gente, ele já teve um passado, com Dunk, e até já teve uma namorada. E a menção de que ele é Targaryen, um dos últimos vivos, e como ele ainda guarda carinhosamente a lembrança da moça que roubou seu coração. E, mais uma vez, maester Aemon mostra que mesmo cego, enxerga longe, e que já percebeu o que Sam sabe, mas não quer admitir.

E pronto, lá vem Gilly, procurando refúgio depois do massacre em Mole´s Town. E a forma como Sam xingou quando Pyp não quis abrir o portão, não porque tem algum coisa contra Gilly, mas por estar seguindo ordens, foi demais. E como Pyp também notou, se Sam xingou, é porque a coisa é séria. Hannah Murray linda, desesperada e com medo. Perfeita. E que coisa mais fofa o Sam: “From now on, wherever you go, I´ll go.” Sam, você não sabe como está certo! Sim, meu fofíssimo amigo, você vai mesmo onde ela for. E é nessa hora que a corneta soa. Duas vezes. Wildlings.

thorne 4x9

E não é que Mance cumpriu a promessa e acendeu mesmo a maior fogueira que o Norte já viu? A tensão começa a aumentar. E o desespero bate nos patrulheiros, que começam a se preparar freneticamente para o inevitável. Mais alguém aí deu pulinhos de alegria ao ver Alliser Thorne admitir que deveria ter escutado Jon? Mas tenho que admitir, que com o tempo que Thorne teve na batalha, ele até que fez um bom trabalho. Foi mesmo um bom líder.

Enquanto isso, Sam esconde Gilly e mais uma vez, o desespero na voz de Hannah foi palpável. E daí, Sam dá o primeiro beijo! Que fofo! Adorei que adiantaram isso do livro. E gostei também da postura de Sam, mais determinado e seguro. Ele não é mais o mesmo menino gordo que chegou à Muralha. E já na cena seguinte mostra que realmente mudou.

Sam   Gilly 4x9

Pyp se apronta, arrumando as flechas. E que lindo as mãos dele tremendo. Josef Altin fez um ótimo trabalho. E o desespero que ele mostra ao se dar conta de que não está preparado, que nunca atirou uma lança. Mais um ótimo diálogo entre ele e Sam. Sam explicando como pode ter matado o WW, e que quando ele o fez, não era nada, e assim, não há razão para ter medo. Mas que agora ele não é mais um nada, e por isso tem medo. Deixa eu citar uma coisa que Ned falava a seus filhos: “Não há vergonha no medo, o que importa é como você o enfrenta.” (ACOK, p. 96) Isso foi Jon relembrando sei pai, mas serve para Sam aqui também. E Pyp, e todos os outros patrulheiros.

Daí, a primeira vez que Rose Leslie me despertou alguma coisa nessa temporada que não fosse irritação. Antes de ir atacar, a cara dela foi de apreensão.

mamute 4x9Começa a batalha. Vem os mamutes, e os gigantes, e os patrulheiros na Muralha visivelmente aterrorizados. E tenho que reconhecer que gostei de ver Alliser Thorne tomando a liderança, foi digno de William Wallace. E a batalha em si foi digna de Bernard Cornwell. Flechas incendiárias voam, barris de óleo são derramados, e o caos se instala. Não vou elaborar muito na batalha em si, porque são muitos detalhes. E como eu disse ali em cima, a batalha em si foi muito bem executada, os efeitos especiais dos mamutes e dos gigantes foram lindos, o discurso de Thorne motivando os patrulheiros foi sim emocionante. Mas como eu disse, me faltou o sentimento de imediatismo. Jon nas ameias do castelo, atirando flecha atrás de flecha (atenção para este detalhe do livro) e o desespero de não ter flechas suficientes, e que não há reposição. Só de escrever me lembrando me dá desespero. E senti muita falta disso no episódio.

Giant 4x9

Ok, foi engenhoso como os wildlings usaram os mamutes para derrubar os portões, e como os patrulheiros soltaram a âncora para derrubar os wildlings que escalavam a Muralha. De novo, esteticamente foi lindo, efeitos de primeira. Mas quando Jon mandou Grenn segurar o portão, já pensei que isso ia dar m…Porque eu sei quem deveria morrer ali, e não era Grenn. E não estou recriminando a atuação de Mark Stanley, que foi linda. Ele recitando o juramento foi emocionante, muito comovente. Mas errado.

Grenn gate 4x9

Do mesmo modo, Pyp morrendo foi lindo, comovente, Josef Altin mais uma vez fez um ótimo trabalho, mas de novo, errado. Para mim, poderiam fazer a batalha exatamente como ela foi mostrada, mas sem matar as pessoas erradas. E o único que efetivamente morre no livro, é quem fica vivo. E assim, metade dos aliados de Jon, que vão ser importantes mais tarde, morre. (SPOILER) Se você pensa que Jon vai ter uma liderança fácil devido a seu desempenho nesta batalha, está bem enganado. E com essas mortes, como fica? Não sei que rumo isso tomará na série. OK, no livro eles também não tem tanto destaque como na série, mas as participações deles são importantes, inclusive pelo papel que Jon lhes dá depois de assumir o comando da Patrulha. Sem contar a sacanagem de matar Grenn quando Mark Stanley vinha ganhando mais destaque, e mais que isso, mostrando uma bela atuação.

Sam   Pyp 4x9

Jon 2 4x9E daí que Jon desce da Muralha, e se junta à luta corpo a corpo. Sim, foi lindo ele lutando como o diabo, e acabando com a raça daquele thenn maldito, não vou negar. E é quando Ygritte o vê, percebe que não consegue matar Jon, como vinha espalhando para todo mundo, e daí as coisas vão todas por água abaixo. Porque o que deveria ser triste, não foi. Eu entendi porque a HBO decidiu matar Ygritte através de Olly, foi para dar ao menino senso de vingança (Valar morghulis). Mas, de novo, foi da forma errada, Eles poderiam até manter isso, mas ter Jon ali presenciando tudo foi um erro fenomenal. Sim, ela morreu nos braços dele, como no livro, mas uma coisa que isso matou do livro foi que Jon não encontra Ygritte até a batalha estar terminada. Sim, ela ainda está com vida, mas pouca coisa lhe resta, parece até que ela só estava esperando por ele, e uma coisa que atormenta Jon é justamente não saber se foi uma de suas flechas que a matou. Mais tarde ele percebe que não. E da mesma forma, a cena que eu falei ali em cima, de Grenn no portão, poderia ser igualzinha, mas com Edd no lugar de Grenn. Tenho certeza de que Ben Crompton iria dar conta do recado com a mesma competência de Mark Stanley. Certo, não sei as motivações de matar esses dois personagens, mas não gostei. E olha que eu tenho levado as mudanças que a série tem de boa. Até muito melhor que a maioria dos fãs.

Jon   ygritte 4x9

E essa cena em particular de Ygritte morrendo, ficou bonita esteticamente, mas falhou porque aqui, neste contexto, não funciona. Quer dizer que o pau está comendo ali atrás e Jon tem tempo de chorar a namorada morta? E nenhuma flecha o acerta, nenhum inimigo o ataca? Oi? Sim, foi bonito o silêncio da cena, o isolamento, como se nada mais existisse no mundo. Mas enquanto isso funcionou muito bem quando Boromir morre em TLOTR, aqui não faz sentido. Porque em TLOTR, a luta acabou, a gente sabe que os hobbits não tem mais chance, e aqui não, ainda há muito o que lutar não dá tempo de chorar. De novo, cadê a urgência? E a desvantagem esmagadora dos patrulheiros? E isso não tem a ver com minha falta ou não de romantismo, mas sim porque sou muito prática, e penso logicamente, e isso não tem lógica nenhuma.

E daí que simplesmente os wildlings param. Oi? Acabou? Eles ficaram com medo? WTF??? E fiquei esperando a chegada de Stannis a todo momento, como salvador da Patrulha, mas nada. E que eu bem me lembre, a batalha segue sem interrupção, daí o sentimento de desespero, de imediatismo, e Stannis chega na hora em que tudo já estava perdido. Mas sobre isso vou falar mais tarde, quando comentar o próximo episódio.

Mas, para finalizar o episódio, a ideia mais estapafúrdia dos roteiristas (cof! Dan & Dave, cof!): Jon sai para ir falar com Mance. Mas o quê? Bom, pelo menos Jon mesmo sabe que isso é uma ideia pra lá de estúpida. Só valeu por ver ele passando pelo corpo de Grenn no portão, que foi sim de partir o coração.

Em resumo, um episódio tecnicamente perfeito, mas com tantos erros conceituais que não me convenceu. Poderia ter sido melhor.

E para finalizar, uma homenagem aos irmãos caídos.

“ Night gathers and now my watch begins. It shall not end until my death. I shall take no wife, hold no lands, father no children. I shall wear no crowns and win no glory. I shall live and die at my post. I am the sword in the darkness. I am the watcher on the walls. I am the fire that burns against the cold, the light that brings the dawn, the horn that wakes the sleepers, the shield that guards the realms of men. I pledge my life and honour to the Night´s Watch, for this night and all the nights to come.”

Night´s Watch

And now their watch has ended.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

GoT 4x08 – The Mountain and The Viper

 

Nem é o famoso nono episódio, mas este com certeza é um daqueles que vai entrar para a história como um dos mais épicos de todos. E, sim, precisei de muita preparação mental pra assistir, e mesmo assim, não foi suficiente. Mais uma vez, a série mostra a incrível capacidade de surpreender (e chocar) até mesmo quem já leu os livros. E isso é uma das mil e uma razões porque, mesmo com alterações, eu simplesmente AMO a série.

GoT 3

ATENÇÃO! SPOILERS DOS LIVROS! Você foi avisad@.

Começamos o episódio em Mole´s Town, numa noite qualquer, onde tudo continua como sempre: irmãos da Patrulha vão se divertir no bordel, as putas recebem seu dinheiro, e Gilly está fazendo seu serviço. Mas, de repente, a paz do lugar é abalada pelo soar de uma trombeta, e Gilly, sendo wildling, sabe muito bem o que ela significa. E, pronto, o bando de Tormund chegou a Mole´s Town, tocando o terror e massacrando todo mundo que encontra. Sério mesmo que a Ygritte ainda está com ódio do mundo? De verdade, ainda bem que o arco dela está acabando, porque está me irritando cada vez mais quando ela aparece com aquela cara de … quem comeu algo estragado e precisa ir urgentemente chamar o Hugo (o que não quer dizer que quando fatalmente acontecer o que está reservado para ela eu não vá chorar como uma condenada). Mas ela ganhou uns pontinhos comigo por ter poupado a Gilly e o bebê.

Ygritte 4x8

E cortando para Castle Black, Jon, Sam e cia. comentam o que aconteceu, e Sam mostrando arrependimento por ter deixado Gilly em Mole´s Town. Grenn com muita raiva, e citando o juramento: proteger o reino dos homens. Vale sempre a pena lembrar essa parte do juramento, por causa das atitudes de Jon mais tarde, que não foram mais do que honrar o juramento à risca. Pyp fofinho consolando Sam dizendo que Gilly pode muito bem estar viva, porque ele mesmo havia pensado que todos eles estavam mortos. Fala extremamente sensível, e muito bem colocada. Juro que me partiu o coração ver Pyp falando assim. E Edd (AI!), também reforçando tudo isso. Notem que somente Jon, Sam, Pyp, Edd e Grenn estão em cena, e me dando a impressão que já meio que se organizando entre eles para o que está por vir, por trás de Alliser Thorne. Chorando com isso:

“Quem morrer por último seja um bom menino e queime o resto de nós. Porque quando eu for embora deste mundo, eu não quero voltar”

Edd, por quê você faz isso? #heartbreaking. E devo destacar a atuação de todos: Kit Harignton, John Bradley, Josef Altin, Mark Stanley e Ben Crompton. Parabéns a todos, a cena ficou ainda mais linda por causa de vocês.E a cena toda reforça também algo que eu venho falando há tempos: há 3 pessoas em quem Jon pode confiar a vida (seriam 4, mas…). E eu não vou falar quem são (caso você ainda não tenha adivinhado), para não dar spoiler.

Grey Worm 4x8E do Norte, vamos lá para Meereen, e mais um pouco de ZzzZZZzzzzzzzzZZZZzzz. Mas antes, Grey Worm nadando e de longe observando Missandei. Oi? Então ele só fez uma vasectomia, porque se fosse mesmo eunuco, não teria estes impulsos, já que não circularia testosterona em seu organismo. (HBO, I volunteer as tribute to consult on such matters). E Missandei também safadenha, conversando com Dany confessa que já imaginou como Grey Worm é pelado. Hum-hum! E, OK, o romance deles, mesmo sendo um tanto complicado e inventado, é fofo, e na verdade, mais interessante que Danaerys em si. Emilia Clarke é outra que está me irritando porque toda hora que aparece está com cara de tédio. E por que raios Dany está penteando Missandei? Entendo isso no livro, onde Missandei é bem pequena, mas na série? Repeteco da cena entre Selyse e Melisandre em Mockingbird. E completando a fofura, Grey Worm falando com Missandei, se esforçando para falar (inglês) na língua comum.

Saímos de Meereen para Moat Cailin (vocês repararam na abertura?), e Theon se preparando para a investida no Fosso, tomando o lugar para os Bolton. Mais uma cena linda entre Iwan Rheon e Alfie Allen. Sério, por mais sádico que Ramsay seja, por mais doentias que as cenas entre os dois sejam, eu não me canso delas, simplesmente pelo prazer de ver esse dois atores sensacionais trabalhando.

Theon   Ramsay 4x8E já dentro da fortaleza, Theon, ou melhor, Reek, desempenha o papel de Theon muito bem, mas reparem que ele está mais inseguro, falta a arrogância típica de Theon. Tanto assim que nem o Ironborn com quem ele fala não acredita que ele seja mesmo Theon. Até que um outro vem por trás e enfia o machado na cabeça do cara. Bem a cara dos Ironborn, se voltar contra eles mesmos. E o corpo do cara esfolado deu o toque macabro da cena, representando bem o costume dos Bolton. Apesar de achar a cena meio isolada no episódio, gostei dela, e já delineou um pouco o papel de Theon, que vai ter que se passar por ele mesmo mais uma vez, pelo menos. Gostei também da cena em que Ramsay encontra seu pai, e descobre que foi legitimado, e que um dia pode ser herdeiro de todo o norte. Para logo depois chamar Reek novamente, e agora quem precisa de um banho é ele. Notaram a inversão? Adorei a sutileza.

E daí que vamos para o Eyerie, e Mindinho tem que enfrentar os Lordes para esclarecer a morte de Lysa. Para variar, Aidan Gillen perfeito em cena. A surpresa foi Sansa admitindo quem ela realmente é (o que não acontece no livro), e por um segundo eu achei mesmo que ela fosse entregar Mindinho. Mas no último instante ela toma seu lado, e diz que ele só o fez para salvá-la. Sansa aprendendo muito rápido o jogo, e se mostrando uma bela jogadora. Sophie Turner brilha, numa cena sutil, simplesmente um olhar mais determinado. Linda. E a mentira assegura Mindinho como o Protetor do Vale.

Sansa 2 4x8

E mais tarde, no quarto dela, ela já não é mais a menina medrosa e frágil do começo da série, ela é uma mulher, dura e determinada. Preste atenção ao que Mindinho diz: “melhor apostar no homem que você conhece do que nos estranhos que você não conhece.” E a resposta dela é ainda mais significativa: “eu sei o que você quer”. Veja que ela sabe exatamente com quem está tratando, e me deu a impressão, ou melhor, reforçou minha teoria, de que ela vai usar isso como uma forma de se beneficiar, e que uma vez que ela tenha aprendido tudo o que pode de Mindinho, vai chutá-lo para escanteio. E para coroar tudo isso, a cena dela saindo do quarto, com um vestido que mostra que ela definitivamente não é mais uma criança, e com a pose altiva, não mais de menina acanhada. Uma verdadeira jogadora. Admito que fiquei boquiaberta com ela descendo as escadas. E outra coisa que eu gostei foi Mindinho, na série, também meio que ensinando Robin Arryn o que é ser Lorde do Vale. Será que teremos mais um jogador, ou só uma pecinha no jogo, para ser descartada na jogada certa?

Sansa 4x8

Voltando a Meereen, Sor Barristan recebe uma carta de King´s Landing. E eu gostei muito dessa parte, Sor Barristan descobrindo a traição de Sor Jortah. Gostei de Sor Vovô ir falar com Sor Jorah antes de falar com Dany. E se mostrando o maior protetor dela. Pena que ela insiste em não ouvir os conselhos de quem tem mais experiência que ela. E lá vai Sor Jortah para o abate prestar esclarecimentos a Sua Majestade, Danaerys. E pela primeira vez na temporada Emilia Clarke mostrou algo mais do que tédio ao mandar Sor Jorah embora.Mas ainda faltou naturalidade, muito mecânica, e não sento que ela estava com raiva. Muito corajoso do Rei da Friendzone admitir que realmenrte havia cometido traição. Mas quem brilha mesmo na cena é Iain Glen. Que triste ver Sor Jorah indo embora, sozinho, em seu cavalo…

Dany   Jorah 4x8

Por outro lado, dando um toque de humor ao episódio, o Cão finalmente chega ao Eyrie para entregar Arya, mas descobre logo no portão que Lysa morreu, e levanta a mão quem morreu de rir junto com Arya e suas risadas histéricas, de quem diz “se f*deu: o/. Atenção quando o Cão dizendo que veneno é a arma de uma mulher. Ao que Arya rebate dizendo que ela nao usaria veneno (I am not a lady!), Realmente eu não acho que ela usaria mesmo, e acho que nunca usará, pelo caminho que ela está traçando. Ceninha meio isolada, e jogada, mas neste episódio, extremamente necessária para aliviar um pouco a tensão.

Arya   Hound 4x8

E nas masmorras de King´s Landing Tyrion conversa dom Jaime, que levou um pouco de vinho, que sempre ajuda. Interessante o diálogo dos dois, relembrando um primo que tinha por prazer matar besouros. A explicação mais convincente que eu vi sobre esse diálogo é uma metáfora sobre como os deuses brincam com as vidas dos homens, exatamente como seu primo acabando com os besouros, Desculpem, não lembro onde foi, provavelmente no blog do Leandro (Drunkwookieblog), mas não lembro quem foi que fez essa analogia. E é apropriado que Tyrion relembre isso, é afinal, a sua perspectiva da morte iminente que está em jogo. E tocam os sinos, chamando para o combate.

Viper   Ellaria 4x8

E que combate, pelos Sete Deuses, e pelos deuses antigos sem conta! Tudo nele foi épico: as caras de assombro de Tyrion e Ellaria ao ver o Montanha (e aqui uma obsevação de decepção por a série não aproveitar mais uma atriz do porte de Indira Varma, ela apareceu super pouco, merecia bem mais espaço), as caras de puro deleite de Cersei e Tywin cada vez que o Viper levava uma patada, a luta ultra maravilhosamente coreografada, a habilidade incrível de Pedro Pascal com o bastão, a agilidade da luta, tudo, simplesmente tudo, épico.

Viper Mountain

E o que foi Red Viper peitando Tywin, o único cara em Westeros capaz de jogar aquelas acusações sobre o homem mais poderoso dos Sete Reinos, aquilo foi lindo. Me arrepiei toda. E como eu queria que a luta acabasse ali, como eu vibrei quando o Viper enterrou a lança no peito do Montanha!

Red Viper 4x8

Mas, a soberba é uma qualidade da qual não se pode abusar num duelo. E foi esse o pecado de Red Viper. OK, ele conseguiu o que queria, a confissão do assassinato de Elia, quem foi o mandante, o povo agora sabe, mas a que preço? E que cena foi aquela do Montanha esmagando o crânio do Viper? Assisti duas vezes, e em nenhuma delas eu consegui ver, me escondi, virei o rosto, e só vi o resultado. Mostrou toda a selvageria do Mountain. E as caras de derrota de Tyrion e Jaime, e de triunfo de Cersei (Lena Headey, linda, arrasou sem dizer uma palavra), foi tudo. Só perderam para o grito desesperado de Ellaria Sand. Como eu disse, uma pena que a série usou tão mal uma atriz como IndiraEllaria 4x8 Varma. Em um segundo ela transmitiu tudo o que todo mundo sentiu ao ver o duelo. Já disse isso, e repito. A série deveria ter aproveitado mais Pedro Pascal e Indira Varma, ter aumentado o arco deles, mesmo que isso significasse invenções como se eles já não tivessem feito isso, porque assim teríamos mais desses dois atores sensacionais, principalmente Pedro Pascal que agradou muito, e deixou um personagem já muito querido, ainda melhor.

E que se faça um minuto de silêncio em honra de Dorne. Unbowed. Unbent. Unbroken.

PS: eu sei que demorei para postar, mas acontece que tive um problema com o computador, e fiquei sem ele uns dias. Junte-se a isso o fato do começo da Copa (eu sou contra os gastos, contra a FIFA, mas como fã do esporte, me rendo ao espetáculo que é ver futebol de alto nível, privilégio que temos apenas a cada quatro anos. E, sim, tenho consciência de como isso é contraditório, mas I´m a Walking contradiction, e depois assista este, vídeo, e você vai entender o que eu sinto).

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Drácula – Bram Stoker

 

DráculaDrácula, é uma história de vampiros e lobisomens; de criaturas que estando mortas permanecem vivas. É também uma história de pessoas corajosas que se lançam à destruição de uma insólita e maléfica ameaça. Como quer que seja, permanece intacta nestas páginas a mesma emoção de milhões de leitores e espectadores que penetraram na história que se inicia num castelo desolado nas sombrias florestas da Transilvânia. Lá, um jovem inglês é mantido em cativeiro, à espera de um destino terrível. Longe dele, sua noiva bela e jovem é atacada por uma doença misteriosa que parece extrair o sangue de suas veias. Por trás de tudo, a força sinistra que ameaça suas vidas: Conde Drácula, o vampiro vindo do fundo dos séculos.

Apesar de adorar vampiros, eu já havia tentado ler este livro, lá na minha adolescência, mas desisti. Porém, foi só começar a assistir a série com o lindo, gostoso, sexy maravilhoso Jonathan Rhys-Meyers (bite me, seu lindo) e pirar com Drácula sibilando os Ss que me deu vontade de tentar ler de novo. E sabe aquela história do livro errado na hora errada? Então, foi exatamente isso da primeira vez. Agora, mas velha e com uma cabeça diferente, eu não só terminei o livro, como gostei dele.

Mas se você pensa que o livro é uma história de amor, onde o Conde Drácula vai atrás de Mina Murray porque ela é a reencarnação de sua falecida e muito amada esposa, engana-se. Essa versão mais conhecida da lenda não poderia estar mais longe da história original do livro.

Tudo começa quando o jovem Jonathan Harker vai à Transilvânia numa negociação por uma propriedade em Londres. ele se hospeda no castelo do Conde, e lá é feito cativo e coisas estranhas acontecem: pessoas que saem no meio da noite rastejando pelas paredes, lobos uivando e avançando sobre os visitantes, mulheres que se materializam de uma névoa estranha. A sensação de claustrofobia que essa parte do livro causa é sufocante, e chega até a ser difícil continuar a leitura. Porém, como vocês devem saber, Jonathan consegue escapar, e retorna a Londres.

Lá, coisas também estranhas estão acontecendo, como um navio que chega no meio da noite, e sem tripulação. Os cães começam a se comportar de maneira esquisita, e Lucy, melhor amiga de Mina Murray, a noiva de Jonathan, começa a ter ataques de sonambulismo. E começa aí uma caçada desenfreada ao Conde Drácula, a fim de salvar Lucy e toda a humanidade.

O time de caçadores compreende o já mencionado Jonathan, jovem digno e idealista, que adora acima de tudo sua noiva, Mina. Esta, que é uma jovem de 18 anos, mas já uma mulher de fibra, e que inspira nos outros a mais profunda admiração. Não é por menos. Para os padrões da época, Mina é muito moderna, ajudando o marido (sim, pessoas. Spoiler alert: ele se casa com Jonathan) em sua pesquisa, e é muito independente também, coisa que no fim do século XIX é bem inovadora. Dr. Abraham Van Helsing, que é o expert em vampiros, e quem lidera o grupo, por ter mais experiência, mas também por sua própria personalidade prática. Também o Dr. Seward, um jovem médico psiquiatra determinado. E ainda Quincey Morris, americano amigo de Lorde Arthur Godalming, noivo de Lucy. As vidas dessas pessoas vão se misturar, e elas nunca mais serão as mesmas depois dos horrores relatados.

Vale a pena também destacar Reinfield, um paciente do Dr. Seward, zoófago (e os animais que ele come não são nada agradáveis), com hábitos no mínimo bizarros, mas extremamente loquente, e filósofo ainda por cima. Ele vai ser peça fundamental na caçada por Drácula. E Lucy, claro, jovem fútil e rica, amiga de Mina.

Aliás, na verdade, o livro nem é tão aterrorizante assim para os padrões de hoje, mas temos que levar em conta a época em que foi escrito (1897), muito mais conservadora. Ele é contado na forma de cartas e diários, que se intercalam entre os personagens, o que na verdade pode dificultar um pouco a leitura, principalmente no começo, mas no fim tudo converge para um ponto comum. A narrativa também às vezes é meio arrastada, com um excesso de descrições e vocabulário rebuscado também podem prejudicar a leitura, mas vale a pena persistir. No fim, a história é mesmo de pessoas comuns, que não desistem frente a algo muito maior que eles, e que abrem mão de quem são, do que tem, em favor do próximo. Preciso ressaltar que minha edição traz vários erros de ortografia (na verdade, provavelmente de digitação), a revisão deixou muito a desejar. Porém, não me arrependo de ter dado mais uma chance ao livro. Confira você também.

Trilha sonora

Time is on my side, dos Rolling Stones é perfeita. E não tem jeito, depois de Entrevista com o Vampiro, não tem como não ler um livro de vampiros decentes sem ter em mente Sympathy for the Devil, que apesar de ser dos Stones, é muuuuito melhor com o Guns.

A série

DraculaEla não tem muito a ver com o livro, fora os personagens, mas vale muito a pena ver, só pra se deliciar (em vários sentidos) com a atuação de Jonathan Rhys-Meyers como Drácula. A série é ótima, ainda que tenha diversas liberdades, mas a história é ótima, a ambientação é maravilhosa, e o elenco é sensacional, contado além de Jonathan, com Jessica de Gouw (a Caçadora de Arrow. E olha a sorte dela: já tirou uma casquinha de Stephen Amell e de Jonathan Rhys-Myers!) como Mina Murray, Nonso Anonzie (de GoT) como Reinfield e Oliver Jackson- Cohen (de O Corvo - The Raven) como Jonathan Harker. Todos ótimos. Pena que a série teve vida curta. Ela foi cancelada para dar lugar a Constantine (eu não vejo porquê, mas em se tratando de Hollywood, vai entender. E eu também quero muito ver Constantine, a série não tem culpa de os executivos terem cancelado essa). Mas vale a pena conferir, mesmo que seja só uma temporada (que terminou sem final, aliás. Smiley triste)

Se você gostou de Drácula, pode gostar também:

  • Crônica Vampirescas – Anne Rice;
  • O Historiador – Elizabeth Kostova
  • Os Sete – André Vianco;
  • Bento – André Vianco;
  • O Vampiro-Rei – André Vianco.