O Andarilho é o segundo romance da série Em busca do Graal, de Bernard Cornwell, iniciada com O Arqueiro, livro que chegou às listas de mais vendidos em todo o mundo, inclusive no Brasil. O autor conquistou os brasileiros, e seus romances - O rei do inverno, Inimigo de Deus e Excalibur, integrantes da trilogia de Artur - já estão perto dos 50 mil exemplares vendidos.
A série Em busca do Graal traz como cenário a Guerra dos Cem Anos, um conflito dinástico iniciado em 1337, com Eduardo III reivindicando a coroa da França, e que terminou com a tomada de Bordeaux pelos franceses, em 19 de outubro de 1453. As tramas, os homens e as histórias por trás da luta pela coroa francesa confirmam Cornwell como um dos principais escritores históricos da atualidade.
Neste novo romance, a aventura começa em 1346. Os ingleses invadiram a França e os escoceses a Inglaterra. São tempos incertos e obscuros, e o primeiro que encontrasse o Santo Graal - uma espécie de tesouro guardado por anjos e procurado por demônios - seria considerado vitorioso.
Thomas de Hookton, jovem arqueiro inglês, que aos 18 anos viu o pai morrer em seus braços após um ataque de surpresa, deixa a França, seguindo para as Ilhas Britânicas em busca do cálice e do assassino de seu progenitor. Filho bastardo do homem que dizem ter chegado mais perto que qualquer outro do cálice, Thomas tem uma grande e secreta vantagem sobre todos. Um diário escrito em latim, hebraico e grego - uma espécie de código - deixado por seu pai, que parece conter informações sobre o esconderijo do tesouro.
Mas o destino parece desafiar o jovem arqueiro. Bernard de Taillebourg, inquisidor francês, está à caça de Thomas - e do precioso diário de seu pai. Para completar, por trás de Bernard está alguém ainda pior, o calculista Cardeal Bessières, que almeja o mais poderoso e supremo dos cargos, o papado, algo que só o Graal poderia garantir. Para isso, ele seria capaz de absolutamente tudo. Em sua busca desesperada, ele parece contar com o apoio de outros personagens de caráter duvidoso como o fanático Lorde de Roncelets e o lisonjeiro Conde de Coutances. Mas até quando? Até onde o poder do cálice pode corromper, destruir ou construir alianças? Por outro lado, o leal e determinado Thomas contará com o apoio do nobre inglês Lorde Outhwaite e do esgrimista escocês Robbie Douglas, na sua jornada.
O Andarilho é um romance espetacular, conduzido de forma hábil e envolvente por Bernard Cornwell. Guerra, tortura, amor, luxúria e perdas - uma saga histórica que apresenta os elementos que consagraram o autor. Uma fábula sobre nobreza e heroísmo que encanta do início ao fim.
ATENÇÃO! SPOILERS SE VOCÊ NÃO LEU O ARQUEIRO!
Depois de descobrir que O Arlequim é na verdade seu primo Guy de Vexille, e que sua família é a guardiã do Graal, Thomas parte para a busca do cálice sagrado. Ele volta para a Inglaterra com Eleanor (porque Jeanette o trocou pelo sobrinho – se não me engano – do rei inglês. Não disse que ela era volúvel?) e com o padre Hobbe. Sem querer, ele acaba participando da luta contra os escoceses no norte da Inglaterra. Thomas est;a meio sem rumo no começo. Ele não acredita realmente no Graal, mas vai atrás dele por causa da promessa feita a seu pai. E também não tem um lugar certo no exército, porque acabou por matar Simon Jekill e se tornou fora-da-lei, e seu amigo Will Skeat (falo dele novamente mais tarde) foi gravemente ferido e não pode o ajudar. Assim, o único jeito de Thomas permanecer vivo é fugir.
Mas Thomas é arqueiro, e não sabe fazer outra coisa senão guerrear, por isso ele acaba entrando na batalha em Durham, uma luta que nem era dele, e na verdade ele foi parar lá por causa de uma pista sobre o Graal. Ele vai contra o conselho de Eleanor e do padre Hobbe, e vai pagar caro por isso. Por outro lado, é aqui que ele vai encontrar um novo aliado: Robbie Douglas, um escocês feito prisioneiro e que tem um resgate imenso a pagar para retornar para casa. No começo, eles não se dão muito bem, mas aos poucos eles vão ficando amigos. Robbie e Thomas tem um inimigo em comum, o que os torna aliados. Robbie é, claro, beberrão, e detesta os ingleses, mas também é bem-humorado e vive tirando uma consigo mesmo devido a sua situação. Gosto dele. Ele dá um certo alívio para a narrativa.
E deixa eu fazer um pequeno desvio do livro. O exército escocês é liderado pelo rei David the Bruce, filho de Robert Bruce de Coração Valente. E achei muito engraçado o modo como os ingleses se referiam aos escoceses, que pintavam os rostos de azul para causar o pânico, mas os ingleses achavam que eles eram algo como os wildlings das Crônicas do Gelo e do Fogo (e só por curiosidade, foi justamente olhando a Muralha de Adriano , que fica no limite entre a Inglaterra e a Escócia, que George Martin teve a ideia da Muralha, e assim nasceram as Crônicas).
De volta ao livro, alguns personagens retornam. Um é Will Skeat, o antigo comandante da divisão de Thomas, e que sempre o defendeu. Will é um homem de meia-idade embrutecido pela guerra, mas que no fundo tem bom coração. Will sofreu um golpe feio na batalha final do primeiro, e quase morreu. Ele escapa, por pouco, mas com uma terrível lesão cerebral que o deixa mais lento e ele não consegue reconhecer ninguém a menos que a pessoa fale com ele. Seu espírito continua o mesmo, porém.
E outro é Mordecai, um médico judeu que salva a vida de Thomas no primeiro. Ele é quem salva Will. Modecai é tranquilo e inteligente, sempre dá bons conselhos para Thomas e sabe muito bem o seu lugar num mundo onde os judeus são vistos como menos que gente. Ele é outro que traz um pouco de leveza à narrativa, com sua placidez e bom-humor.
Sir Guillaume d’Evecque, pai de Eleanor, depois de se virar contra Guy de Vexille na última batalha (vale mencionar que Vexille lutava no exército francês, então o que Sir Guillaume faz constitui traição), agora tem sua cidade sitiada pelo conde de Coutances, seu suserano. Como ele acaba por perder tudo, ele se junta a Thomas na busca pelo Graal. Ele é um homem que não deixa transparecer suas emoções, mas no fundo, ele sofre por suas perdas. E Jeanette também volta a aparecer, mas não vou elaborar para não revelar nada mais que o necessário.
Mas outros estão atrás do Graal, nem todos com objetivos muito dignos. Além de Vexille, que o procura para restaurar a glória de sua família, e porque era dever dos Vexille guardar o cálice (daqui a pouco eu explico melhor), há também seu aliado, Bernard de Taillebourg, um inquisidor da igreja. Ele na verdade segue as ordens do Cardeal Bessières, este com a ambição de se tornar papa. Mas leste vai ter mais destaque no próximo livro, então vou falar dele depois.
De volta a de Taillebourg, ele é um sádico de fala mansa e cínico. Ele se alia a Vexille, mas eles meio que invertem os papéis, e Vexille assume o papel de seu criado. Na verdade, isto é um disfarce para esconder suas intenções. Eles não querem atrair as atenções para a sua busca do Graal, especialmente de Thomas, para poder armar as emboscadas para Thomas. Não vou falar o que acontece, mas dá muita raiva deles.
Este livro é um pouco mais parado que o primeiro, e foca mais na busca. Há batalhas, claro, e bem sangrentas e contadas em detalhes. Mas tudo gira em torno de um livro que o pai de Thomas deixou, com pistas para se encontrar o Graal. Então, boa parte do livro é mesmo de conspirações. Dá para ler rápido, eu só demorei um pouco porque andava muito cansada e não conseguia ler muito à noite. E é uma boa base para a conclusão.
Curiosidade
A família de Thomas, os Vexille, foram condenados por heresia. Isto porque eles eram cátaros. Eles foram responsáveis por um movimento que se iniciou na sul da França, e acreditavam no Bem e no Mal. O catarismo era considerado pela Igreja uma heresia, e por isso eles forma perseguidos e exterminados. Eles também afirmavam ser os guardiões do Graal, e foram bem explorados também por Dan Brown em O Código Da Vinci, e veja mais detalhes aqui.
Se você gostou de O Andarilho, pode gostar também de:
- As Crônicas de Artur – Bernard Cornwell;
- As Crônicas Saxônicas – Bernard Cornwell;
- Azincourt – Bernard Cornwell;
- Stonehenge – Bernard Cornwell;
- As aventuras de Sharpe – Bernard Cornwell;
- As Crônicas do Gelo e do Fogo – George R. R. Martin;
- Os pilares da Terra – Ken Follett;
- Mundo Sem Fim – Ken Follett;
- As Brumas de Avalon – Marion Zimmer Bradley.
3 comentários:
Oi Fe. Nem li mto do revier pq ainda nao li essa trilogia.... Ela é uma das que ruaq sempre procuro no submarino e afins mas ta difícil acar o box completo.... E qndo vou nas livrarias físicas só tem o 2o ou o 3o olc, nunca o 1o... u.u
A propósito, esse costume de pintar o rosto de azul é um costume que provem dos celtas e tbem aparece nas Crônicas de Artur (onde algumas tribos se tatuavam de azul e/ ou pintavam seus corpos nessa cor e am para as batalhas, acreditando serem tocados pelos Deuses).
Oi Marília!
Eu nem sei se vende essa trilogia em box. Eu já vi a de Artur, mas essa não. E é sempre assim mesmo. Minha irmã tinha emprestado o primeiro e nunca devolveram. Sempre que a gente ia ver nas livraroias, tinha o segundo e o terceiro...Ainda bem que ela conseguiu um bom desconto no Submarino e comprou tudo que faltava pra gente do Bernard Cornwell, inclusive O Arqueiro.
É verdade, eu nem lembrava dos celtas em Artur! Obrigada pela lembrança!
Beijos!
Fê
Feeee... vc sabe que essa é minha série preferida, né!!! AMO o Thomas... e o livro II é meio triste, né?! Por causa do que acontece com a Jeanete e o Padre Hobe... e tbm com o Thomas... eu queria muito mesmo que tornassem essa série em uma série pra TV!!!
Com tantos de nós, amantes do Cornwell, espalahdos pelo mundo, tenho certeza de que seria um sucesso!!!
Postar um comentário