sexta-feira, 11 de março de 2011

O último oráculo

 

last oracle Em Washington DC, um mendigo é baleado e morre nos braços do Comandante Gray Pierce. O morto segura uma moeda ensanguentada – uma relíquia antiga que pode ser ligada até o Oráculo de Delfos – e ela é a chave para uma conspiração que data desde a Guerra Fria e ameaça as próprias fundações da humanidade. Pois, e se fosse possível criar o próximo grande profeta – um novo Buda, Maomé ou mesmo Jesus? Seria esta Segunda Vinda uma benção…ou desencadearia uma reação em cadeia que resultaria na extinção da humanidade?

Segundos vitais se esvaem enquanto Pierce corre pelo globo à  procura de respostas, um passo à frente de assassinos implacáveis determinados a reaver o artefato de preço inestimável. Repentinamente o futuro de todas as coisas se equilibra no limite entre céu e inferno – e a salvação ou destruição está nas mãos de crianças extraordinárias.

Se a sinopse aí em cima não está muito boa, peço perdão, mas eu tive que traduzir do meu livro. E nem o título do livro eu não tenho certeza se seria esse. De novo tive que improvisar. E aviso aos fãs do Comandante Pierce e cia. que não sei quando (ou se) a Trilogia Força Sigma vai deixar de ser uma trilogia e passar a coleção. Não encontrei nada no site da Ediouro, responsável pela publicação dos outros volumes aqui, nem no do autor. Se alguém tiver alguma informação, eu agradeço.

Mas de volta ao livro. Mais uma vez, a trama é meio batida, mas como eu disse antes, pra quê mexer em time que está ganhando, certo? E mesmo sendo previsível e repetido, não quer dizer que não seja emocionante e envolvente. O ritmo é bem rápido e os cortes entre as narrativas (acho que esqueci de mencionar nos outros que as narrativas mudam de acordo com o personagem focado) são perfeitos, sempre deixam a gente curioso para saber o que vem a seguir.

Gray está um pouco mais sombrio que de costume, já que acredita que seu amigo Monk está morto. Ele já tentou de tudo, mas as autoridades competentes acabaram de declarar Monk oficialmente morto. Mas, como é Gray, quando o misterioso mendigo morre em seus braços, sua curiosidade toma conta e logo ele já está totalmente envolvido numa trama internacional mortal, que o leva até a Índia. Curiosamente, fonte de um dos milhares de estudos de Gray (sim, o cara é verdadeiro Comando em Ação, mas também é cientista).

Mas acontece (SPOILER!) que Monk não está morto. Só que é como se estivesse. Não, ele não virou um vegetal, mas sua memória foi embora, e com ela seu bom-humor e sarcasmo. Ele está quase irreconhecível. Só guardou mesmo o seu lado soldado, treinado em sobrevivência e um pouco do seu lado médico. Não gostei muito disso. Quero o velho Monk de volta!

A parte mais leve do livro ficou por conta de Kowalski, o outro Comando em Ação, misturado com metrossexual. Logo na primeira participação do sujeito, ele já começa com as baboseiras ao se preocupar com o sapato. Eu sei que aqui não aprece muita coisa, mas lendo é hilário. Imagine um cara saradão, daqueles ratos de academia, durão, mas que se preocupa com o sapato. É assim. E eu sei que parece outra coisa, mas o cara joga o time certo. Até aparece uma pretendente para ele. Já não era sem tempo. Só ele ainda não tinha encontrado a cara-metade.

Do outro lado, e mais uma vez previsível, estão os cientistas do mal. Russos (óbvio) que não se conformam com o fim da União Soviética e sonham em recolocar a Terra-Mãe no topo. Claro que para isso eles bolam um plano apavorante e mirabolante. O que eles querem é criar um novo messias, que irá salvar o mundo do mal que eles próprios causaram. Mas por mais malvados que esses caras sejam, não chegam nem perto da Seichan.  Inescrupulosos e ambiciosos como todos, mas acho que ainda falta alguma coisa.

O tal que seria o líder, o messias, é Nicolas. Um político hipócrita, que passa por idealista e patriota, mas que na verdade é manipulado pela sua mãe, essa sim a mestra por trás do projeto. Mas ainda assim, ela não é completa. É uma general russa durona, meio como a personagem de Cate Blanchet em Indiana Jones. Aliás, se ela fosse mais velha, poderia interpretar a tal general no cinema.

Claro que a conspiração não pára por aí. Do outro lado do Atlântico, a ameaça está em Mapplethorpe, um figurão ambicioso e paranóico que mexe em todas as agências especiais americanas. Qualquer sigla que você imagine, lá está ele. E seu objetivo maior é destruir a Força Sigma, por motivos que só ele entende. Na verdade, um menino mimado, é isso que ele é.

Lembra quando eu falei que o plano dos russos era mirabolante? Então, uma parte dele também é cruel. Através de reprodução programada, eles criavam crianças autistas savant (extremamente talentosas, como o personagem de Dustin Hoffman em Rain Man) e depois faziam experimentos com elas. E com animais. Mas por enquanto vamos falar das crianças. Destacam-se no livro Sasha, seu irmão Pyotr e Konstantin. Sasha tem dons divinatórios e é ela que guia Gray e cia. em sua busca. Pyotr é sensitivo, com grande capacidade empática, ele lê o coração das pessoas e animais a sua volta, por isso é capaz de saber suas intenções. É ele o responsável por manter Monk e seus amigos a salvo enquanto fogem pelos Urais. E Konstantin é expert em matemática, sobrevivência e também um hacker de competir de igual com Lisbeth Salander. Todas são fantásticas e não tenho espaço suficiente para me prolongar nelas.

Finalmente não posso deixar de fora uma personagem linda. Marta, a chimpanzé superdotada que foge junto com Pyotr e Monk. Claro que chimpanzés são naturalmente muito inteligentes, mas Marta, por ser fruto dos experimentos dos russos do mal, é quase humana. E maternal. Ela é praticamente uma mãe para Pyotr. Para quem duvida das capacidades desses primatas maravilhosos, lembrem do macaco da novela (sim, não vou mentir. Não assisto muito, mas algumas novelas me agradam muito. Uma foi essa). A macaca da novela era impressionante, chegando a encantar não só nós telespectadores, mas também os produtores por suas reações inesperadas e quase humanas. E para quem se interessa, a Super Interessante desse mês tem uma matéria superbacana sobre inteligência animal.

Enfim, já disse isso e digo de novo. Apesar de batido há algo viciante na série. Não queria fazer uma comparação, mas lá vai: Gray é bem melhor que prof. Robert Langdon. Não que tenha algo errado com ele, pelo contrário. Mas Langdon, por mais impressionante que seja, não é um herói de ação. De qualquer jeito, a Força Sigma é uma boa leitura para quem gosta de ação, história e conspirações.

Trilha sonora

Não tem nada a ver, mas The Animal Song, do Savage Garden tem um verso que faz a gente pensar um pouco, e vem bem a calhar com este livro. Aí vai:

Animals and children tell the truth
They never lie
Which one is more human
There’s a thought
Now you decide

De resto, combina bem com a trilha da trilogia Bourne, puxada por Moby em Extreme Ways (a que toca o final de A Identidade Bourne)

Curiosidades

1) No livro (e segundo o autor, existe mesmo), há uma sociedade de cientistas chamada de Jason (Jasão, em português). Esse nome vem da lenda grega. E para quem ainda não leu O Mar de Monstros, aí vai: Jasão era filho do Rei Esão, mas este, cansado do governo, passou a coroa a seu irmão, Pélias, que deveria entregar a Jasão quando ele atingisse a maioridade. Sim, esse foi um passo muito estúpido, e quando finalmente chegou a hora, Jasão foi reclamar seu reino. Mas Pélias, fingindo que entregaria a coroa, diz que entregaria o governo se Jasão lhe entregasse o Velocino de Ouro (sim, aquele mesmo que Percy teve que pegar para proteger o Acampamento Meio-Sangue), missão que era impossível. Jasão então reuniu um grupo de expedicionários e embarcou em um arco chamado Argo, por isso eles eram conhecidos como argonautas. Claro que depois de muitas aventuras e a ajuda de Hera (olha só, ela consegue ser boazinha quando quer!) e Poseidon, Jasão finalmente encontra o Velocino. Mas o rei da Cólquida, onde o Velocino estava, diz que só entrega o prêmio se Jasão passasse por algumas provas bem difíceis, inclusive arar a terra com dois touros de pés de bronze que soltavam fogo pelas narinas. Jasão aceita, mas antes, consegue os favores de Medéia, que o ajuda em troca do casamento. Medéia então ajuda Jasão e eles se casam e têm filhos e fogem com o Velocino. Mas mais tarde, Jasão renega Medéia para se casar com Creúsa, filha de Creonte (o tio de Édipo). Medéia, com raiva, mata os filhos e Creúsa na frente de Jasão. Muito tempo depois, Jasão foi morto por um pedaço de madeira da nau Argo. (Fonte:Jasão e o velocino de ouro e também O livro de ouro da Mitologia, de Thomas Bulfinch)

2) Édipo foge de sua cidade por medo de matar seu pai. De onde veio a profecia? Do Oráculo de Delfos. Hércules quer saber seu destino. Onde ele vai? Ao Oráculo de Delfos. Sim, esse era o maior oráculo da Grécia antiga. Todos recorriam a ele para saber seu destino e de suas nações. O templo era dedicado a Apolo, e suas sacerdotisas eram as pitonisas e faziam as profecias em estado de transe, induzido pelos gases emitidos por uma fenda no local. Era localizado aos pés do Monte Parnaso, onde os gregos acreditavam que os deuses menores habitavam. Nas suas portas estava a inscrição “Ó homem, conhece-te e ti mesmo e conhecerás o Universo” frase atribuía aos Sete Sábios. O oráculo influenciou toda a colonização grega da Itália e da Sicília e era o centro religioso do povo helênico. (Fonte: Oráculo de Delfos)

Se você gostou de O último oráculo, pode gostar também de:

  • Trilogia Força Sigma – James Rollins
  • O código Da Vinci – Dan Brown
  • Anjos e Demônios – Dan Brown
  • Fortaleza Digital – Dan Brown
  • O último templário – Raymond Khoury

Um comentário:

Guilherme Primo disse...

Oi Fernanda, passa lá no meu blog pra pegar o Selo Dardos que indiquei pra ti! Abraço