Desde que os deuses do Antigo Egito foram soltos no mundo moderno, Carter Kane e sua irmã, Sadie, estão com problemas. Como descendentes da Casa da Vida, os Kane possuem alguns poderes; mas os maliciosos deuses não deram aos dois muito tempo para dominar suas habilidades na Casa do Brooklin, que se tornou seu campo de treinamento para se tornarem magos. E agora seu inimigo mais ameaçador – a serpente do Caos, Apophis – está ressurgindo. Se eles não conseguirem impedi-lo de se libertar em alguns dias, o mundo acabará. Em outras palavras, é apenas uma semana típica da família Kane.
Para ter alguma chance de lutar com as forças do Caos, os Kane devem ressuscitar o deus-sol, Ra. Mas isso seria uma proeza mais difícil do que qualquer mago já tenha conseguido. Primeiro eles devem procurar as três sessões do Livro de Ra ao redor do mundo; depois eles tem que aprender como pronunciar os feitiços. Oh – e mencionamos que ninguém sabe onde exatamente está Ra?
Narrado por duas vozes astutas, e contando com um vasto elenco de novos personagens e inesquecíveis, e com aventuras espalhadas ao redor do globo, esta segunda parte das Crônicas Kane não é nada menos que uma aventura emocionante.
ATENÇÃO! SPOILERS SE VOCÊ NÃO LEU A PIRÂMIDE VERMELHA!
Depois de derrotar Set (ainda que parcialmente), fazer um pacto muito duvidoso com ele, ver o pai assumir o espírito de Osíris e descobrir que Zia era na verdade um shabti, Carter e Sadie estão de volta à Brooklin House e agora no papel de professores.
O livro começa três meses após os acontecimentos relatados em A Pirâmide Vermelha. Sadie e Carter estão prestes a invadir o Museu do Brooklin para recuperar a primeira parte do Livro de Ra, acompanhados de dois pupilos, Walt e Jaz (apelido de Jasmine). Seu plano é acordar o Deus-Sol para tentar lutar contra Apophis. E a Grande Serpente planeja acordar no Equinócio, dali a apenas 4 dias. Pronto, a confusão está armada.
Os Kane agora tem que correr contra o tempo para prevenir mais um fim do mundo. Mas agora os dois estão mais poderosos e maduros. E desta vez por eles mesmos, já que abrira mão da ligação com Horus e Isis. Eles dão sua ajudinha, mas não habitam mais os corpos de Carter e Sadie.
Carter, segundo Sadie, agora já começa a aparentar um adolescente. Depois de descobrir que sua quase namorada, Zia, era na verdade um shabti, isto é , uma representação em barro da verdadeira Zia, e de testemunhar a destruição dela, Carter está meio obcecado em encontrar a verdadeira Zia. Esta foi colocada em um sono suspenso por seu mentor, Iskandar, e está escondida porque ela tem um papel importante no desenrolar dos acontecimentos, só não se sabe ainda qual é. E ao acordar Zia, Carter ainda tem que enfrentar um dos seus maiores medos: e se ela não o reconhecer? E pior, e se ela o detestar? Mas a vontade de resgatá-la é mais forte que o medo, e ele vai fazer de tudo para recuperá-la.
Sadie, por outro lado, com 13 anos recém-completados, além de enfrentar as complicações típicas dessa fase, ainda tem um outro problema. Está dividida entre dois garotos. Ela continua de rolinho com Anúbis, o deus-chacal e guardião dos mortos. Só isso já seria complicação suficiente, mas daí ela conhece Walt, um dos novatos da Brooklin House. E você pode estar pensando: “Walt é normal. Então tudo bem”, certo? Errado.
Walt é descendente de Akhenaton, também conhecido como o faraó maldito. Isso porque ele tentou implantar o monoteísmo no Antigo Egito, com um deus do sol diferente de Ra. Ele derrubou diversos templos e por isso foi amaldiçoado e essa maldição foi estendida a seus descendentes. Nem todos são afetados e você acertou se chutou que Walt tem a tal maldição. Isso significa que ele está morrendo. Mas ele não deixa este pequeno detalhe o afetar e parte para ajudar Sadie e Carter em sua missão. Mas Sadie que me perdoe, mas o visual jogador de basquete/rapper, com uma tonelada de colares e anéis é ridículo. Perdeu vários pontos comigo.
O grupo ainda receba a ajudinha de Bes, o deus anão, que derrota os inimigos com o poder da extrema feiúra (em algum lugar, Tyrion Lannister está morrendo de rir). Mas apesar da aparência grotesca, Bes é um deus superlegal e é prova de que quem vê cara não vê coração.
Do outro lado, os Kane enfrentam novos inimigos, e alguns conhecidos. Michel Desjardins, agora Escriba Sênior no Primeiro Nomo, continua sua perseguição aos irmãos. Convencido de que os dois na verdade querem derrubar os deuses e tomar o poder para si, ele se associa a Vladimir Menshikov, responsável pelo nomo da Rússia.
Desjardins é fanática, certo, mas não é nada comparado a Menshikov. Ele é o terceiro mago mais poderoso do mundo, e só sua aparência já é de arrepiar. Ele tem os olhos queimados e cheios de cicatrizes, resultado de uma tentativa de acordar Ra pela leitura do Livro de Ra (que ao contrário do que falam no filme A Múmia, não é feito de ouro puro). Menshikov é ambicioso e tem planos grandiosos para si, e, um detalhe importante, é um mestre manipulador que não deixa nada a desejar com Tywin Lannister. E, apesar de seus planos serem absurdos e insanos, não posso deixar de admirar o brilhantismo dele.
Já quanto aos deuses, destaco Khonsu, o deus da lua. Ele é um deus jogador e responsável também uma das partes mais tensas do livro. Digo uma coisa: ele me assusta, mais até do que Set. Ao mesmo tempo, espero que ele retorne à série.
E por falar em Set, ele retorna, ressuscitado por Menshikov, mas tem uma participação pequena, porém significativa. Por razões que só ele sabe, ele ajuda os Kane. E Anúbis, claro, também tem uma participaçãozinha, ainda que seja só mesmo para balançar ainda mais as coisas para Sadie.
Quase me esqueço de uma deusa superfofa: Tawaret, a deusa hipopótamo (alguém aí lembrou das hipopótamos bailarinas de Fantasia, da Disney?). Ela é responsável pelo asilo dos deuses no Duat (é até os deuses precisam de descanso). Ela é supermaternal, mas se for contrariada pode ser letal (quando fiz Veterinária, um dia chegou no HV um dromedário que tinha sido atacado por um hipopótamo. Parece piada, mas foi verdade, juro. E digo que o hipopótamo fez um estrago considerável no pobre dromedário. O tratamento levou dias). Só para dar uma ideia.
Como sempre, o livro é bem agitado, sempre tem alguma coisa acontecendo. E, como acontece em A Pirâmide Vermelha, a narrativa é dividida entre Carter e Sadie, o que é bem legal já que o livro é supostamente uma transcrição de um relato em fita, e há várias falas em que um provoca o outro. E, como sempre com Rick Riordan, o livro é cheio de comentários sarcásticos e comparações absurdas e cenas hilárias, como esta:
- Isso é um pesadelo – eu sentei e as cobertas caíram. Eu olhei para baixo e descobri que estava vestindo pijamas do Pokémon. (Carter, p. 315)
A cena é ainda mais engraçada, mas toma muito espaço. Com direito até a menção honrosa a Pikachu. Ri sozinha.
E apesar do rótulo de juvenil, o livro com certeza vai agradar a todos que gostam de uma boa aventura. E agora é esperar pela continuação (infelizmente ainda sem previsão. Ainda não tem nada no site de Riordan).
Trilha sonora
Já que Sadie menciona ela (p. 19), Best for last, da Adele. Também Meet me on the equinox, do Death Cab for Cutie (eu acho o nome dessa banda o máximo!). Eu posso até não gostar (na verdade, acho essa até tolerável), mas Poker face, da Lady Gaga é perfeita para uma determinada cena do livro (Não vou falar qual). Para a mesma sequência no livro, ainda Time is on my side, dos Rolling Stones, Time, da Chantal Kreviazuk e Turn back time, do Acqua. Finalmente, especialmente para Zia, Bring me to life, do Evanescence.
Se você gostou de O trono de fogo, pode gostar também de:
- Percy Jackson e os Olimpianos – Rick Riordan;
- Os heróis do Olimpo – Rick Riordan;
- Tequila vermelha – Rick Riordan;
- coleção Ramsés – Christian Jacq;
- coleção A pedra da luz – Christina Jacq;
- coleção Harry Potter – J. K. Rowling.
Um comentário:
Ainda não conhecia essa série Fe...
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