terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Último Reino

 

the last kingdom "O Último Reino" é o primeiro romance de uma série que contará a história de Alfredo, o Grande, e seus descendentes. Aqui, Cornwell reconstrói a saga do monarca que livrou o território britânico da fúria dos vikings. Pelos olhos do órfão Uthred, que aos 9 anos se tornou escravo dos guerreiros no norte, surge uma história de lealdades divididas, amor relutante e heroísmo desesperado. Nascido na aristocracia da Nortúmbria no século IX, Uthred é capturado e adotado por um dinamarquês. Nas gélidas planícies do norte, ele aprende o modo de vida viking. No entanto, seu destino está indissoluvelmente ligado a Alfred, rei de Wessex, e às lutas entre ingleses e dinamarqueses e entre cristãos e pagãos. "O Último Reino" não se resume a cenas de batalhas bem escritas e reviravoltas cheias de ação e suspense. O livro apresenta os elementos que consagraram Cornwell: história e aventura na dose exata. Uma fábula sobre guerra e heroísmo que encanta do início ao fim.

 

Foi muito interessante ler este livro logo após As Crônicas de Artur. Não que seja uma continuação, longe disso, mas essa é contada pelos saxões, que, depois de Artur os ter conseguido um acordo pela Britânia, aos poucos dominam os bretões. Esta história se passa aproximadamente 400 anos depois, e os saxões, agora chamados ingleses, dominam a Inglaterra.

Isso até a chegada dos dinamarqueses, também conhecidos como vikings. Neste primeiro volume, eles têm o domínio quase completo da ilha, e os ingleses começam a formar uma resistência, liderada pelo rei Alfredo. Isso tudo é narrado a partir do ponto de vista de Uthred de Bebbanburg, um saxão que é feito escravo pelos vikings e cresce em meio aos pagãos, adorando Odin, Thor e companhia.

Uthred é um homem dividido. entre dois mundos: o dos selvagens pagãos, que ele adora, ou seu próprio povo, os ingleses, que são cristãos e buscam reconquistar seu território. Uthred é pagão, e se vê confrontado com a responsabilidade de recuperar suas terras, na Nortúmbria (norte da Inglaterra), usurpada por seu tio. Ele cresce em meio aos dinamarqueses, como sendo da família, e até chega a amá-los mais do que sua própria família, e se torna um guerreiro. E seu sonho é recuperar Bebbanburg.

Uthred é um guerreiro selvagem e um líder nato. Em pouco tempo, ele reconquista os ingleses, após retornar para seu povo, e é respeitado por outros guerreiros,e o pior é que ele sabe que é bom. O cara se acha o melhor de todos os guerreiros, mas ao contrário de sua arrogância ser irritante, acho engraçada. Despreza os cristãos e tem a língua afiada, sempre pronta a jogar insultos a seus superiores. Ele é inteligente e perceptivo, sendo que temo dom de ver através das pessoas. Também é ambicioso e determinado, não medindo esforços para conseguir seus objetivos. Mas acho que lhe falta um pouco do humor de Derfel, e mesmo o carisma deste.

Companheira dele é Brida, uma menina inglesa que também é capturada, depois dele, e que se dá muito bem entre os dinamarqueses. Ela é moleca, quase como um guerreiro, e também tem a língua afiada e adora chocar os cristãos que encontra. Acho que posso afirmar que ela é uma espécie de feminista.

Destaco também, no lado dos dinamarqueses, Ragnar, o pai adotivo de Uthred. Esse sim é bem humorado. Leva a vida guerreando e bebendo. Tudo para ele é festa, mas quando chega a hora de punir seus inferiores ou quando se trata de seus inimigos é implacável.

Alfred, por outro lado, não tem muito espírito de liderança, mas é inteligente, culto e enxerga longe. É absurdamente carola, o que não o impede de traçar as empregadas de vez em quando. Não faz nada sem o conselho de uma dúzia de padres. E isso também não o impede de tomar o trono de forma um tanto duvidosa. Ainda acho ele um tanto fraco, mas talvez isso seja somente no primeiro volume, que afinal, se passa, na maior parte, em, meio aos dinamarqueses. Vamos ver como ele aparece nos outros livros, afinal, não acho que ele seja conhecido como Alfredo, o Grande à toa.

Outra coisa interessante é ver o amor que os dinamarqueses demonstram por seus barcos. Eles preferem morrer a ver um de seus preciosos navios afundar. E é isso que vai ser sua queda, no final: orgulho.

Outra coisa que gostei muito foi descobrir um pouco mais sobre a religião nórdica. E como ela tem elementos parecidos com a mitologia grega, como por exemplo as três fiandeiras da vida, como as Parcas. Falo mais sobre isso daqui a pouco.

Como sempre, o livro é bem realista, e as batalhas são descritas em pormenores, até os mais sangrentos, em uma narrativa envolvente e bem conduzida. Não dá para perder.

Trilha sonora

Não consigo pensar em nada mais além de alguma música com os tambores bem retumbantes e ritmados, como antes da guerra.

Curiosidade

A mitologia nórdica é na realidade um conjunto de crenças e superstições, basicamente predominantes em áreas rurais, em alguns lugares, até hoje. A base de tudo é a família, e a prosperidade e fertilidade, e não há dogmas e a religiosidade se manifesta através de atos e festividades, dedicadas a este ou aquele deus. Ignorava o suicídio, o desespero e a dúvida. Pode-se dizer que era uma religião de vida. É uma mitologia complexa e tem diversos planos e como tem origem indo-européia, tem semelhanças com a mitologia grega e romana, como eu mencionei antes. Para saber mais: Mitologia nórdica

Se você gostou de O último reino, pode gostar também de:

  • As Crônicas de Artur – Bernard Cornwell
  • Trilogia do Graal – Bernard Cornwell

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