O modo como ele disse o meu nome me deu um frio na espinha. Ninguém me chamava de Perseu, a não ser aqueles que conheciam minha verdadeira identidade. Amigos…e inimigos.
O ano de Percy Jackson foi surpreendentemente calmo. Nenhum monstro que colocasse os pés no campus de sua escola, nenhum acidente esquisito, nenhuma briga em sala de aula. Mas quando um inocente jogo de queimado entre ele e seus colegas torna-se uma disputa mortal contra uma tenebrosa gangue de gigantes canibais, as coisas ficam, digamos, feias. E a inesperada chegada de sua amiga Annabeth traz outras más notícias: as fronteiras mágicas que protegem o Acampamento Meio- Sangue foram envenenadas por um inimigo misterioso, e, a menos que um antídoto seja encontrado, o único porto seguro dos semideuses será destruído.
Nesta vibrante e divertidíssima continuação da série iniciada com O Ladrão de Raios, Percy e seus amigos precisam se aventurar no Mar de Monstros para salvar o acampamento dos meio-sangues. Antes, porém, nosso herói entrará em confronto com um mistério atordoante sobre sua família – algo que o fará questionar se ser filho de Poseidon é uma honra ou uma terrível maldição.
Quando acabei de ler O Ladrão de Raios mal podia esperar para ler a continuação, O Mar de Monstros. E a hora não podia ser melhor: acabei de estudar a Odisséia na faculdade. Eu explico: Mar de Monstros é uma releitura bem divertida da Odisséia, o que por si só já vale a leitura. Mas falo disso mais tarde.
Neste segundo livro, Percy está mais à vontade em sua condição de semideus e não vê a hora de voltar para o Acampamento Meio-Sangue. Só tem um problema: o acampamento corre grande perigo e não é mais um lugar seguro. E ele deve partir para libertar seu amigo Grover e assim salvar o acampamento. Ele também descobre que tem novos poderes, que lhe serrão muito úteis nesta nova missão. Ao mesmo tempo, está saindo da infância e entrando na adolescência, e pela primeira vez nota Annabeth como garota e não só como mais uma amiga.
Um novo personagem também aparece: Tyson, o ciclope bebê, que apesar de ser um monstro, é de confiança, mostrando que tudo depende de quem está ao seu lado para guiá-lo (ou, no caso, protegê-lo). Tyson tem uma estranha ligação com Percy, que no decorrer do livro, vai ficar bem clara.
Por outro lado, senti falta dos deuses. Apesar de serem mencionados durante o livro todo, só Hermes faz uma pequena participação, bem divertida, por sinal. Nem tanto por ele, mas por seus companheiros George e Martha, duas cobrinhas muito simpáticas. Eles me lembram um pouco Os Padrinhos Mágicos. Apesar de eu achar o desenho bem xarope, eu gosto de George e Martha. E Hermes parece um cara legal, considerando-se que além de mensageiro dos deuses (ou, agora, empresário do ramo de logística, ou seja, de entregas), é também o deus dos ladrões (é, na Grécia Antiga até os ladrões tem um protetor).
Comparado a O Ladrão de Raios, O Mar de Monstros perde um pouco. O ritmo continua acelerado, mas não há tantas ligações com o nosso mundo como no primeiro, como a rede de lojas de donuts que é na verdade um ninho de monstros (imagina então o McDonald´s! Deve ser um verdadeiro criatório exportador!), o que eu acho que é uma pena. Ainda assim, o livro guarda boas surpresas, principalmente o final, que deixa a gente com gostinho de quero mais.
Nota cultural
Como já disse, Mar de Monstros é uma releitura da Odisséia, de Homero (que eu pretendo ler logo, logo).
Após a queda de Tróia, relatada na Ilíada, todos os sobreviventes retornam para casa. Todos, menos Ulisses (ou Odisseu). Ele não consegue retornar a seu lar na ilha de Ítaca, onde é rei, porque não fez um sacrifício a Poseidon (coisa que os deuses levam muito a sério). Poseidon então o impede de chegar em casa e ele fica vagando pelos mares por dez anos.
Em um desses desvios, Ulisses vai para na ilha do ciclope Polifemo, onde é feito prisioneiro. Para escapar, Ulisses ordena os seus homens (os que restaram) a se pendurar no ventre das ovelhas do rebanho de Polifemo (como Percy), que era um monstro carnívoro que se alimentava de carne humana crua (devia ter um caso sério de príon!). Ao sair da caverna, Ulisses fere Polifemo, que pergunta quem fez aquilo, ao que Ulisses responde: “Meu nome é ninguém”. Mas Polifemo é também filho de Poseidon. Oh-oh, mais uma ofensa ao deus do mar, e mais tempo vagando sem chegar a Ítaca…
Ulisses ainda passa por vários lugares, como a ilha de Circe, que transforma metade de sua tripulação em porcos, pela ilha de Calipso, uma deusa que queria se casar com Ulisses e lhe oferece a imortalidade, mas Ulisses quer mesmo é voltar para casa.
Enquanto isso, em Ítaca, sua mulher Penélope fica sozinha com seu filho Telêmaco. Como Ulisses é dado por morto, já que ninguém sabe o que aconteceu com ele, aparecem vários pretendentes para casar com Penélope, e se tornarem reis, já que ela é rainha. Mas ela não quer casar com ninguém, então bola um estratagema para escapar do casamento. Ela começa a tecer um tapete e diz que só se casará quando acabar o tapete. Só que ela tece durante o dia e desfaz à noite (igual ao Grover). e assim consegue enrolar seus pretendentes.
Mas Ulisses conta com a ajuda de Palas Atena (sim, a mãe de Annabeth!), por sua astúcia, e quando finalmente chega a Ítaca, Ulisses encontra um verdadeiro pandemônio em sua casa, já que os pretendentes, cara de pau que são, moram no seu palácio e consomem sua comida e seu vinho, em uma tremenda afronta aos deuses e às leis da hospitalidade. Ulisses então mata os pretendentes um por um (e eram muitos) e assim recupera sua terra natal e sua identidade (ele era Ninguém, lembram?).
Trilha sonora
Monters do Hurricane Bells, da trilha de Lua Nova, parece meio óbvia, pelo título do livro e da música. Também Fairytales and Castles, do Lifehouse, e já que boa parte do livro se passa navegando, porque não Sailing, do ´N Sync?
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