sexta-feira, 30 de abril de 2010

A Batalha do Labirinto

 

Battle of the labyrinth Descerás na escuridão do labirinto infinito,
O morto, o traidor e o perdido reerguidos.
Ascenderás ou cairás pelas mãos do rei espectral,
Da criança de Atena, a defesa final.
A destruição virá quando o último suspiro do herói
acontecer…

Percy está prestes a começar o ano letivo em uma nova escola. Ele já não esperava que a experiência fosse lá muito agradável, mas, ao dar de cara com líderes de torcida monstruosas e mortas de fome, percebe que tudo, sempre, pode ficar ainda pior.

Neste quarto volume da série, o tempo está se esgotando e a batalha entre deuses do Olimpo e Cronos, o senhor dos Titãs, fica cada vez mais próxima. Mesmo o Acampamento Meio-Sangue, o porto seguro dos heróis, torna-se vulnerável à medida que os exércitos de Cronos abrem caminho para atacar suas fronteiras, até então impenetráveis.

Para detê-los, Percy e seus amigos semideuses partirão em uma jornada pelo Labirinto de Dédalo – um interminável universo subterrâneo que, a cada curva, revela as mais temíveis surpresas.

Este, por enquanto é o mais sombrio da coleção. Talvez por se passar tanto tempo no subterrâneo. Ainda prefiro A Maldição do Titã, mas A Batalha do Labirinto também é muito legal. E, apesar de não gostar de fazer isso, é bem semelhante ao Cálice de Fogo, que é o meu preferido dos Harry Potter Cuidado! Spoiler à frente! Principalmente a parte final.

Pena que, como Mar de Monstros, não há tanta participação dos deuses. Mas tem uma participação bem importante de Hera, que pode até ser esposa de Zeus, mas é a peste em pessoa (ela jogou seu filho Hefesto do alto do Monte Olimpo! Presente para ela no dia das mães! Leia abaixo a nota cultural para maiores detalhes). Não se enganem pela aparência maternal e pelo fato de ela ser a deusa da família. Hera é osso duro de roer (não é à toa que Zeus vive pulando a cerca… Sé sendo deus mesmo pra aguentar).

Também há participação de Rachel, a mortal que vê através da Névoa e ajuda Percy no terceiro, deixando as coisas bem interessantes. Claro que Annabeth não gosta dela e vai começar uma competição entre as duas (não só pelos motivos óbvios – Percy – mas também pelo fato de Annabeth ser orgulhosa). Mas eu gosto de Rachel. Ela é uma personagem forte e espero que ela apareça mais no último livro. E algo me diz que ela terá um papel muito importante a desempenhar.

Falando em Annabeth, pela primeira vez ela aprece em dúvida. Mostra que tem um lado insegura, apesar do que aparenta. Não só em relação a seus sentimentos, mas pela primeira vez ela tem que encarar que não é tão sabichona como pensa. Gosto disso. Gostaria até que, pelo menos um pouquinho, a história fosse narrada por ela, só para saber o que se passa em sua cabeça (e deve ser bastante coisa, já que ela é filha de Atena. Aliás, já que mencionei isso, a parte que ela conta a Percy como foi concebida é hilária)

Outra coisa que eu gostei. Percy ganha um bichinho de estimação! Além de Blackjack, seu fiel pégaso (que aliás é engraçado com a história de chamar Percy de chefe), aparece Mrs. O´Leary, uma hellhound (desculpe, mas hellhound soa melhor que cão do inferno) bem amigável.

Passando para o lado mais dark, é o primeiro em que há uma batalha mesmo, antecipando a guerra que está por vir. E também há baixas. Pela primeira vez, Percy tem que lidar com a morte. Como acontece em Cálice de Fogo, é o fim da inocência. Agora, é pra valer.

Rick Riordan dá uma boa base para o quinto livro. E o final deixa uma pergunta no ar, Quem leu O Senhor dos Anéis em três volumes, como eu, sabe do que estou falando. É como acabar As Duas Torres e ficar sem saber se Frodo morreu ou não.

Nota cultural

Ficou com pena de Hefesto? Não é para menos. A história dele é mesmo triste. Ele nasceu da ira de Hera, pois para variar, Zeus estava aprontando das suas. Quando Hefesto nasceu, era muito feio, Hera se arrependeu e o jogou do alto do Olimpo (que amor de pessoa – ops!, deusa). Imaginem como o próprio ficou depois da queda. Além de feio, ficou coxo, e foi banido do Olimpo. Ele então, para compensar suas imperfeições (ele é o único deus imperfeito), dedicou-se às forjas e ao trabalho manual, produzindo as mais belas peças para os deuses, entre elas o escudo usado pro Zeus na guerra contra os titãs. Hefesto casou-se com Afrodite, e, como desgraça pouca é bobagem, Afrodite o traía com Ares (lembra de O Ladrão de Raios?). Possesso, ele constrói uma armadilha para pegar os dois no flagra, como no livro, só que na época não existia televisão. Mesmo assim, Hefesto chamou todos os deuses para testemunhar sua desgraça (quer dizer, chifre), só que os deuses não deram a mínima (agora além de feio e manco, o cara é corno assumido!)

Mas ele também não é assim tão bonzinho (apesar de eu gostar dele no livro). No início, o fogo era um artigo dos deuses, e nós homens não éramos nada. Nascíamos e morríamos como poeira (literalmente). Até que Prometeu, com pena de nós, reles homens, roubou o fogo e nos deu. Claro que Zeus não gostou nada disso, e, em uma vingança brilhante, resolveu presentear Prometeu. Mas a expressão “presente de grego” não é à toa. Zeus convoca os deuses para fabricar esse presente, entre eles Hefesto. O tal presente era uma mulher (claro), construída por Hefesto, com qualidades dadas por cada um dos deuses (a beleza de Afrodite, a persuasão de Hermes, a habilidade no tear de Atena). O nome dessa mulher era Pandora, e ela era mesmo irresistível. Ela é enviada a Prometeu com uma caixa, onde carregava todos os males do mundo. Prometeu foi esperto e recusou o presente, mas seu irmão Epimeteu caiu como um patinho e tomou Pandora como esposa e abriu a tal caixa, libertando todos os males, e a esperança (ou melhor, espera de alguma coisa. Isso é bom porque poderia ser pior, mas não sabemos disso). Os males se espalharam, e recaíram sobre os homens (é, pagamos o pato), e por isso sofremos com a mortalidade, doenças, fome, temos que trabalhar para ter o nosso sustento. Lembrou do Gênesis. Pois é, até nas religiões, nada se cria, tudo se copia.

(Fonte: minhas aulas de Clássicos na faculdade – obrigada professora Elaine! e também Pandora e Hefesto e Os Trabalhos e os Dias, de  Hesíodo)

Se você gostou de A Batalha do Labirinto, pode gostar também de:

  • coleção Harry Potter – J. K. Rowling
  • trilogia da Herança - Christopher Paolini
  • O Senhor do Anéis – J. R. R. Tolkien

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