segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sangue de Tinta

 

inkbloodSaboreie cada palavra, Meggie”, a voz de Mo sussurrava dentro dela. “Deixe-as derreter na boca. Está saboreando as cores? O vento e a noite? O medo e a alegria? E o amor. Saboreie, Meggie, e tudo despertará para a vida”( Coração de Tinta – p 435)

Meggie aprendeu tão bem a arte de seu pai – a de dar vida às palavras dos livros ao lê-los em voz alta, fazendo seres das histórias surgirem à sua frente como que por mágica – que desta vez dá um jeito de entrar ela mesma no mundo fictício de Coração de Tinta. Dustfinger, personagem que desde o primeiro volume desta trilogia buscava o caminho de volta para casa, finalmente consegue encontrar Orfeu, um homem baixinho e de rosto esburacado que consegue enviá-lo de volta para dentro do livro. Por sua causa, Meggie acaba indo para lá também.

A menina então conhece um universo encantado, suas cores, seus cheiros e seus habitantes. Vai dos confins da Floresta Sem Caminhos às vielas estreitas e malcheirosas de Ombra. Tem o prazer de encontrar o Príncipe Negro, Bailarino da Nuvens, as fadas azuis, os elfos do fogo, Quartzo Rosa, Cosme, Brianna e Roxane, entre muitos outros; e o sofrimento de acompanhar as artimanhas de Cabeça de Víbora, Mortola, Basta, Pífaro e Raposa Vermelha.

Infelizmente, apesar de Fenoglio – o autor de Coração de Tinta – ter criado outro desfecho para sua história, e de Meggie, seu pai e sua mãe lutarem contra as maldades do vilão Cabeça de Víbora, por lá, o mau parece imperar…

Outra delícia foi ler Sangue de Tinta. Na minha opinião, é ainda melhor que Coração de Tinta. O mais legal é justamente que a maior parte da história se passa no Mundo de Tinta. Só não gostei muito das partes que se passam no nosso mundo, onde ainda estão Elinor e Darius. Espero que no terceiro eles dêem um jeito de ir parar no Mundo de Tinta também.

Neste volume, somos apresentados a novos personagens, e os antigos estão mais aprofundados. Meggie, por exemplo, está mais madura, a ponto de a gente esquecer às vezes que ela só tem treze anos. Ela está mais independente e segura de si, e acaba até influenciando o rumo da história. Ela aprendeu bem a esconder seu medo, o que lhe dá um tremendo poder.

Dustfinger, de volta a seu mundo, e com sua Roxane ao lado, parece ganhar forças, e, agora sim, no Mundo de Tinta, ele está mais parecido com o do filme, domando o fogo com suas próprias mãos. Apesar das constantes negativas, ele se apega muito a Farid, e também a Meggie, e será responsável por uma das melhores cenas do livro. Continua com ódio mortal de Fenoglio (por que será?), mas sua alma está mais leve, e também está mais determinado. Gosto ainda mais dele neste livro.

Fenoglio, por outro lado, começou a ficar bem irritante. Por ser o autor de Coração de Tinta, acha que sabe de tudo, e faz questão de mostrar sua grandeza (em sua própria opinião) a todo momento: Eu escrevi isso, só podia ser maravilhoso, blá blá blá. Ele ficou um velho chato, e prepotente ainda por cima. Quando ele é convidado por Cosme a morar no palácio, é insuportável como ele sente que esse sempre foi seu destino. Não posso esperar pra ver como ele se sai no terceiro, agora que tem um rival.

Farid também está mais seguro de si, tomando a iniciativa várias vezes (em diversas situações), e se mostra um amigo fiel de Dustfinger. Até demais. Não, não é nada demais, só amizade mesmo, mas seu ciúme de Roxane chega a ser um pouco irritante. Mas Farid vê em Dustfinger não só um amigo, mas algo próximo a um pai, e daí ele não desgrudar um minuto do Domador do Fogo. E é um aprendiz fabuloso. Aprende bem rápido a lidar com o fogo no Mundo de Tinta, a ponto de as pessoas se perguntarem se ele não é filho de Dustfinger.

Mo ainda não mostro todo seu potencial. Tudo bem que neste ele passa boa parte da história doente, mas eventualmente ele mostra tudo de que é capaz. E, apesar de não querer isso, mostra também que seu lugar é no Mundo de Tinta. E Resa volta a falar e mostra que é uma mulher de muita fibra. Não fraqueja nunca, apesar do cansaço e do medo, mesmo na condição de prisioneira de novo. Acho que podemos esperar muito dela ainda.

Dos personagens novos, o que mais me intriga é Orfeu, o jovem leitor que manda Dustfinger de volta. Acho que ele ainda não revelou sua verdadeira identidade, o que ainda vai render muito mistério no terceiro. Ele é um pouco arrogante, mas ainda não apareceu o suficiente para dizer mais que isso.

Dos personagens novos, gostei mesmo é de Roxane. Ela á a mulher de Dustfinger, e deve ter sofrido pacas na sua ausência. Também é uma mulher forte, e agora que tem seu marido de volta, não larga dele por nada. É muito sábia, e respeitada por todos. Detesta Farid, mais por pensar que ele é filho de Dustfinger do que outra coisa. Ela ainda vai ter mais motivos para isso no final, mas acho que até o final da trama ela volta atrás. É muito racional para acreditar em besteiras.

Também gostei muito do Príncipe Negro. Um líder nato, faz de tudo para proteger seu povo. É bem sensato e, como Roxane, não dá ouvidos a conversa fiada. Também é muito respeitado, e um dos melhores amigos de Dustfinger. As poucas aparições que ele faz neste livro são cruciais, e uma certeza de que algo tem que dar certo. E tenho uma pena enorme de Violante, a Feia. Casada com Cosme, ela vê sua vida desmoronar por causa de Fenoglio. Espero que ela tenha uma vida melhor no terceiro.

Dos vilões, a melhor continua sendo Mortola. Amargurada desde a perde de Capricórnio, ela só pensa em uma coisa: vingança. E todas as reviravoltas da história são por causa dela e Basta. Confesso que Mortola me dá medo. Ela é muito sanguinária, mas por outro lado, esse é justamente seu appeal. A história não seria a mesma sem ela. e graças a Deus ela está aí. Basta continua engraçado, com suas superstições, mas também está vingativo, o que no caso dele pode significar a morte para seus inimigos. Mas de novo, ainda bem que ele está na história.

Dos vilões novos, só vale a pena destacar Cabeça de Víbora. Como o nome diz, ele não é brincadeira, mas tem um ponto fraco: morre de medo de morrer, e não hesita em mandar enforcar qualquer um que esteja em seu caminho, inclusive mulheres e crianças. Mas também acredito que ele ainda não tenha se mostrado inteiramente neste livro. É esperar para ver.

O livro tem diversas reviravoltas. Quando a gente pensa que tudo vai encaminhar para um lado, a história dá uma volta de 180 graus. Mas isso não interfere em nada, muito pelo contrário, essa imprevisibilidade é o que faz com que a gente continue lendo. E o ritmo também é muito bom, dá pra ler rápido. E ainda bem que uma amiga me emprestou Morte de Tinta, senão acho que não conseguiria esperar até amanhã para ler.

E mais um detalhe que eu não poderia deixar de mencionar; em dois capítulos, a introdução é de Harry Potter e a Pedra Filosofal, da Godess Rowling. Só por isso já vale a pena. E, apesar de o filme ter um final bem diferente do livro, o dano não é totalmente irreversível, por isso espero que filmem também Sangue de Tinta.

Trilha sonora

Não é lá muito criativo, mas vou de novo com Neverending Story, do Limahl, e as músicas do The Corrs. E ainda All in, do meu querido Lifehouse, e Halfway gone, também deles. E uma da Madonna que eu amo: Dear Jessie. Ela é para criança, mas fala de contos de fadas, então acho que vem a calhar. E Somewhere, do Within Temptation. E ainda Angels, do Robbie Williams.

Se você gostou de Sangue de Tinta, pode gostar também de:

  • Morte de Tinta – Cornelia Funke
  • A História Sem Fim – Michael Ende
  • O Senhor dos Anéis – J. J. R. Tolkien
  • coleção Harry Potter _ J. K. Rowling
  • coleção da Herança – Christopher Paolini

2 comentários:

Guilherme Primo disse...

Muito legal teu blog, vou começar a ler Sangue de Tinta agora...
Adiciona o meu blog na tua lista lateral, faço o mesmo por ti daí!
Abraço

www.cinelise.blogspot.com

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Obrigada Guilherme! Sem problema, eu coloco o seu blog, sim. Visite sempre!