De novo, eu sei que já escrevi sobre a trilogia toda, mas como estou relendo, me lembrei de mais algumas coisas e tenho mais algumas considerações.
Neste segundo volume, Merlin está de volta e Artur, depois de muita guerra, finalmente consegue sua paz. Mas, sendo a Britânia de Artur, claro que a paz não dura muito.
Lancelot começa a mostrar as caras, e aparece mais. Ao contrário de todas as histórias que conhecemos de Artur, Lancelot não é exatamente o cavaleiro perfeito. Bem o oposto disso. É ambicioso, extremamente vaidoso (sim, segundo essa versão ele foi o primeiro metrossexual) e, acima de tudo, um covarde. Claro que sua fama é outra, mas isso não passa de fraude, pois ele paga aos bardos para que escrevam canções que o favoreçam. Mas não se deixem enganar. Por trás dessa fachada, se esconde um homem calculista, traiçoeiro e dissimulado. Ele consegue seduzir quem quer que seja, e sabe muito bem com quem deve se aliar (geralmente com pessoas influentes).
Sansum também aparece, sempre maquinando para ter o máximo de poder. Para isso, ele se aproxima de Lancelot, e trama toda a traição sobre Artur. Ele é a mente por trás de tudo, mas como sempre, tem o dom de permanecer nas sombras. Sob o pretexto de ter um rei cristão, ele associa o peixe do escudo de Lancelot como símbolo, e incita a revolta dos cristãos. Volto nisso mais tarde. Só que em busca do poder, Sansum não hesita em se aliar até aos druidas Dinas e Lavaine (já falo deles), apesar de serem pagãos. Para Sansum, não importa qual a religião dos seus aliados, desde que essa amizade lhe traga vantagens.
Dinas e Lavaine. Netos de Tanaburs, eles querem vingança por Derfel ter tirado a vida de seu avô. Passam a imagem de sábios, mas são frios e calculistas, e sádicos. Muito sádicos. Só que eles não tinham idéia de quem estavam provocando ao chamar Derfel pra briga. Não vou dizer o que eles fazem, basta dizer que algo que muda a vida de Derfel, e eles vão pagar caro por essa ofensa. Sinceramente, eles me dão medo.
Os cristãos, incitados por Sansum, estão em estado de euforia porque Cristo voltaria em 500 AD (no livro, faltam 4 anos), e o fanatismo se espalha como fogo na palha. E, com o pretexto de livrar a Britânia dos pagãos como preparativo para a vinda do Senhor, eles cometem os atos mais violentos, desde auto-flagelação até tortura e assassinato dos pagãos. Chega a ser desesperador ler essas passagens de fanatismo. E o nome do livro vem daí: como Artur era pagão, os cristãos o viam como o inimigo de Deus, apesar de, nas palavras de Derfel, ele sempre ter respeitado todas as religiões, até mesmo o culto de Ísis de Guinevere, que é o que vai ser o golpe mais profundo em Artur.
Mordred já não é mais criança, e finalmente assume o trono. Ele é simplesmente desprezível. Sabe que é o rei, e quer todos os benefícios do cargo, mas não tem capacidade para governar. Detesta Artur, e especialmente Derfel. É arrogante, mas burro. Tem tendências à violência e adora pisar nos outros. Sempre impune, claro. Uma das melhores partes é quando Derfel dá uns tapas na cara de Mordred, já coroado (mas também é triste).
Mas nem tudo é tragédia. Como já disse, há paz, e Derfel finalmente consegue sua Ceinwyn (acho que dessa vez acertei. Ô nominho difícil!) e os saxões deram uma trégua. Só que é exatamente por isso que o fanatismo explode e as traições são mais graves, como é explicado no livro. E, nesse meio tempo Derfel faz uma descoberta chocante sobre seu passado.
O livro, na minha opinião, é melhor que O Rei do Inverno, e deixa um bom gancho para Excalibur. E o ritmo é muito bom também, dá pra ler bem rápido. Recomendadíssimo!
Trilha Sonora
How you remind me, do Nickelback. Tema perfeito para Artur
Nenhum comentário:
Postar um comentário