sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Coração de Tinta

 

Inkheart2 Há muito tempo Mo decidiu nunca mais ler um livro em voz alta. Sua filha Meggie é uma devoradora de histórias, mas apesar da insistência não consegue fazer com que o pai leia para ela na cama. Meggie jamais entendeu o motivo dessa recusa, até que um excêntrico visitante finalmente vem revelar o segredo que explica a proibição. Quando Meggie ainda era um bebê, a língua encantada de Mo trouxe à vida alguns personagens de um livro chamado "Coração de Tinta". Um deles é Capricórnio, vilão cruel e sem misericórdia, que não fez questão de voltar para dentro da história de onde tinha vindo e preferiu instalar-se numa aldeia abandonada. Desse lugar funesto, comanda uma gangue de brutamontes que espalham o terror pela região, praticando roubos e assassinatos. Capricórnio quer usar os poderes de Mo para trazer de Coração de tinta um ser ainda mais terrível e sanguinário que ele próprio. Quando seus capangas finalmente seqüestram Mo, Meggie terá de enfrentar essas criaturas bizarras e sofridas, vindas de um mundo completamente diferente do seu.

 

Assim que vi o trailer do filme eu sabia que tinha que ler Coração de Tinta. Só não sei porque demorei tanto. Só que como assisti o filme antes, eu já sabia de muita coisa. Claro, pra variar, o livro é melhor, mas falo disso daqui a pouco.

O que eu mais gostei ao ler esse livro foi que ele me fez voltar à infância, e me lembra muito A História Sem Fim, um dos meus livros preferidos enquanto eu crescia. Coração de Tinta tem a mesma magia em torno dele (será que é porque ambos os autores são alemães?).

Outra coisa que me agradou muito foi que o começo de cada um dos 59 capítulos de Coração de Tinta traz uma citação de outro livro, e vários deles conhecidos, como O Senhor dos Anéis e o próprio A História Sem Fim. Elas servem como uma introdução para o que está por vir, mas também despertam a curiosidade do leitor para os outros.

E uma coisa que me deixou com um pouquinho de inveja foi a descrição da casa de Elinor. Me apaixonei por sua casa quando vi o filme, com livros por todos os lados e uma vista deslumbrante do Lago Colmo, na Itália. Meu sonho é ter uma casa daquelas (de preferência ser vizinha do George Clooney, que também tem uma villa no lago – hehe). E me corta o coração quando os capangas de Capricórnio queimam os livros (apesar de eu querer fazer fogueirinha com meus livros de lingüística – hehehe).

Dustfinger (desculpa, mas sempre que leio Dedo Empoeirado, na verdade o que leio é Dustfinger, que soa bem melhor, aliás) é meu personagem preferido. Arrancado de seu mundo pela voz suave de Mo, ele está sempre em busca de voltar de algum modo para dentro do livro, e por isso sua lealdade varia, de acordo com o que, a seu ver, o deixar mais perto de conseguir isso. Não que ele morra de amores por Capricórnio, muito pelo contrário, mas Dustfinger tampouco pode ser totalmente fiel a Mo e Meggie, por medo de que, caso Mo consiga o que quer, não vá mandá-lo de volta. Por isso, mesmo frente às traições, acho difícil sentir outra coisa por Dustfinger que não seja pena. Mas apesar de todo seu sofrimento, ele ainda é capaz de provocar Basta, e é, assim, responsável por alguns dos momentos mais engraçados do livro.

Sua sombra é outro personagem interessante. Farid, o garoto que sai de Ali Babá e os quarenta ladrões. Ele é simplesmente fascinado por Dustfinger, e quer a todo custo aprender a domar o fogo, coisa que acaba conseguindo. E sua coragem acaba por ser importantíssima no final. Ele também é fascinado por nosso mundo, e não é para menos. No livro, ele apanhava, passava fome e era obrigado a roubar para sobreviver. Sua vida no nosso mundo melhora consideravelmente, e ele não quer voltar.

Elinor é uma figura. Determinada e altiva, não está acostumada a receber ordens e deixa isso bem claro com suas respostas afiadas aos lacaios de Capricórnio e até para o próprio. E estou com ela quando se trata de punir quem incendiou sua preciosa biblioteca.

Mo e Meggie, para ser sincera, eu achei meio apagadinhos. Esperava mais deles. Mas gosto da sagacidade de ambos. E também da compaixão de Meggie e a determinação de Mo. Só acho uma pena ele não querer mandar Dustfinger de volta. Nisso, o filme é melhor. Mo é mais indulgente no filme. Mas ainda é cedo para chegar a alguma conclusão, afinal, ainda tem mais dois livros pra terminar a trilogia.

Quanto aos vilões, são uma atração à parte. Capricórnio é totalmente indiferente, o que o deixa mais terrível, pois não demonstra sentimentos, e lamento seu final. Basta é uma comédia, com todas as suas superstições, das quais Dustfinger tira proveito máximo. E há ainda Mortola, a gralha, que é tão ou mais terrível que Capricórnio.

E, apesar de ser extenso, dá pra ler bem rápido, e uma coisa que facilita muito é que os capítulos são curtinhos, e sempre deixam a gente com vontade de ler mais. Quando dava por mim, já tinha lido vinte, trinta páginas, fácil. Coração de Tinta é uma deliciosa aventura fantástica, que com certeza vai agradar a todos aqueles que gostam de ler.

Filme

Coração de tinta - filme Apesar de ser um pouco diferente do livro, os elementos básicos estão lá. Gosto bastante do filme, sem contar que é sempre uma delícia (em todos os sentidos) ver Brendan Fraser trabalhando. Como já disse, algumas partes eu acho melhores no filme, por exemplo, gosto do fato de que no filme os personagens defeituosos saiam com as linhas do livro tatuadas pelo corpo. Também gosto mais de Mo no filme, e acho que Dustfinger (só pra variar, interpretado muitíssimo bem por Paul Bettany, outro ator que eu adoro), com suas mãos que pegam fogo mesmo melhor, dá uma ideia de fantasia mesmo. E Capricórnio, interpretado por Andy Serkis (Gollum! Gollum!), é outra coisa que dá água na boca ver. Talvez seja um pouco decepcionante para quem leu o livro, mas gosto de ambos igualmente e recomendo os dois.

Trilha sonora

Neverending story, do Limahl, é perfeita, até em um dos versos:

Make believe I’m everywhere
Given in the light
Written in the pages
Is the answer to a neverending story

e ainda:

Dream a dream
And what you see will be
Rhymes that keep their secrets
Will unfold behind the clouds

Eu só mudaria o verbo de see (ver) para read (ler). E ainda as instrumentais do Corrs, que parecem ser feitas para os contos de fadas.

Se você gostou de Coração de Tinta, pode gostar também de:

  • A História Sem Fim – Michael Ende
  • O Trílio Negro – Marion Zimmer Bradley
  • A Dança da Floresta - Juliet Marillier
  • O Hobbit – J R R Tolkien
  • coleção da Herança – Christopher Paolini

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