Uma combinação perfeita: um dos escritores ingleses mais bem-sucedidos no Brasil escreve sobre um dos mais conhecidos e enigmáticos mistérios do planeta.
Como explicar Stonehenge, um enigma tão complexo quanto as pirâmides do Egito? Qual era a finalidade desse círculo de pedras? Todos os anos, milhares de turistas seguem até a planície de Salisbury para tentar entender o grande mistério. Teria o monumento sido erguido pelos gregos? Ou se trata de um templo construído pelos druidas celtas? Bernard Cornwell recria a época da construção do monumento em uma emocionante disputa entre três irmãos pelo poder de sua tribo.
Como de costume, não podia deixar de ler esse livro: Bernard Cornwell e ainda por cima contando a história da construção de Stonehenge, um dos monumentos mais lindos e intrigantes da História. E ainda por cima foi outra bagatela: só 12,90 (quem é fã de Bernard Cornwell sabe que não se compra livro dele por menos de quarenta reais).
A trama gira em torno de três irmãos: Saban, Lengar e Camaban. Todos moram em uma tribo que se encarrega de construir o monumento aos deuses. Lengar é o guerreiro, ambicioso, que quer a todo custo se tornar o governante de Ratharryn. Como todos os tiranos, ele sofre de certa cegueira, e só quer tirar vantagem de tudo. É implacável e sanguinário, não hesitando em eliminar quem quer que esteja em seu caminho.
Saban é o irmão do meio. Pacífico, só quer mesmo criar sua família em paz. Claro, sendo Bernard Cornwell, ele não vai conseguir isso, e vai ter que lutar e derramar muito sangue para que consiga a paz. É inteligente e observador, percebendo antes de todos o que acontece a sua volta, a não ser quando se trata de Aurenna, sua amada. É ele o responsável pela construção do templo.
Camaban é o caçula. Aleijado, se considera sábio, e posso dizer que ele é realmente muito mais esperto do que todos o julgam. Admito que gostava muito dele no começo, quando era mais sarcástico, e sabia colocar os outros no devido lugar. Só que da metade para o fim, ele se torna fanático, e perde parte de seu encanto.
Aurenna é praticamente a única personagem feminina da trama (ou, a única que se destaca). Inicialmente escolhida para ser sacrificada aos deuses, ela escapa, e passa e ser como que sagrada. Acaba se casando com Saban, com quem tem dois filhos, mas é facilmente manipulada por Camaban e acaba envolvida pelo fanatismo deste.
Como sempre, Stonehenge chama a atenção pelo realismo como retrata a Inglaterra pré-histórica. E, de novo, não é para qualquer um. Arrisco dizer que este é o livro mais sangrento que li até agora de Bernard Cornwell, e é interessante notar que não havia na Antiguidade a mesma noção de família que temos hoje. Sacrifícios humanos eram encarados com naturalidade, e os escolhidos para ser sacrificados aceitavam o encargo com muito orgulho.
Uma leitura fascinante, que faz com que a gente se pergunte se foi mesmo desse jeito que Stonehenge foi erguido.
Trilha sonora
O Fortuna, da ópera Carmina Burana é perfeita.
Nota histórica
O próprio Bernard Cornwell faz uma nota histórica no final da obra, esclarecendo que até hoje não se sabe como Stonehenge foi construído, mas que ele acha que a forma relatada é a que ele acha mais provável. De qualquer forma, ele foi erguido em três etapas:
- Período I (c.3100 aC): quando foi cavado um círculo onde foram colocadas estacas de madeira e 56 furos externos contendo restos humanos carbonizados;
- Período II (c. 2150 aC): realocou-se o templo de madeira e construção de círculos de pedra azulada, vinda de Gales;
- Período III (c. 2075 aC): as pedras azuis foram derrubadas e foram erguidas pedras de grandes proporções, vindas do norte.
Sua construção pode ser um mistério, mas uma coisa é fato: ele foi construído de forma que, no Solstício de Verão (21 de junho no hemisfério norte) o Sol nasce perfeitamente sob a pedra principal. Também não se sabe qual o objetivo de sua construção, se por motivos religiosos ou para observações astrológicas, mas não foram os Druidas que o ergueram, pois chegaram à Grã-Bretanha muito após sua construção, mas era utilizado por eles com fins religiosos. Também conhecido com “dança dos gigantes”, Stonehenge aparece em relatos arturianos como lugar de forte poder místico. (fonte:Stonehenge)
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