sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

As Crônicas de Arthur

  capa_artur1 capa_artur2 capa_artur3

Composta por três volumes, O Rei do Inverno, O Inimigo de Deus e Excalibur, esta trilogia explora o Arthur histórico, de forma bem realista. Apaixonado desde criança por histórias de cavaleiros, Bernard Cornwell baseou-se em pesquisas e recentes descobertas arqueológicas para escrever esta trilogia, mostrando pela primeira vez o homem, e não o mito.
Contado a partir da perspectiva de Derfel, um saxão criado pelos bretões, a saga inicia-se em O Rei do Inverno, que narra a luta de Arthur, nomeado regente de Mordred, para unificar a Inglaterra a fim de expulsar os saxões. A seqüência  O Inimigo de Deus conta como Derfel une-se a Merlin para procurar o Caldeirão Mágico, um dos Treze objetos sagrados da Britânia, em meio às disputas religiosas entre cristãos e pagãos. Finalmente Excalibur encerra a trilogia. Governada com pulso de ferro pelo Rei Mordred, a Britânia cai em trevas e Arthur enfrenta inimigos poderosos, até a grande vitória em   Mynyd Baddon.

O que mais chama atenção nesta, que na minha opinião, é a melhor versão da lenda arturiana, é o realismo. Tudo é descrito com riqueza de detalhes e é um retrato fiel da época, desde as quase inexistentes condições de higiene (Derfel é constante mente “aconselhado” a tomar banho, literalmente), até os detalhes mais sangrentos das batalhas. Este livro (e qualquer outro de Bernard Cornwell, a propósito) definitivamente não é para quem tem o estômago fraco.Uma das coisas mais interessantes – e hilárias- desta descrição é o ritual dos xingamentos antes das batalhas.
Outro ponto de destaque é o humor irônico tipicamente britânico que permeia a obra. Merlin é particularmente sarcástico. Chama Derfel de absurdo praticamente todas as vezes que o encontra e adora ver tudo virar caos. Muito diferente do velhinho bonzinho e sábio que é benfeitor de Arthur dos contos que conhecemos. É dele uma das minhas frases prediletas: “O destino é inexorável”.
Derfel, por sua vez, é aquele tipo de brutamontes feroz e rude, soldado sedento de sangue, mas que no fundo tem um coração enorme. Apesar das críticas de Merlin, é inteligente e bastante observador, qualidades que aliadas a sua habilidade de soldado o ajudam a subir na vida, até tornar-se um dos melhores amigos e conselheiros de Arthur. É fiel à esposa, Cewin, seu grande amor, por quem é capaz de tudo.
E, para assombro geral, Arthur não é rei. Filho bastardo de Uther Pendragon, aceita tornar-se regente de seu sobrinho Mordred enquanto este é uma criança. É inteligente e não hesita em fazer alianças, às vezes arriscadas, para o bem maior. É extremamente honrado, e, por isso recusa-se a tomar para si o título de rei, contrariando a todos.
O livro, aliás, guarda muitas surpresas para o leitor . Nenhum dos personagem tem semelhança com a lenda, a não ser pelo nome. E não há aqui a demanda pelo Graal (O caldeirão Mágico não é o cálice que recolheu o sangue de Cristo após a crucificação. Bernard Cornwell tem sua própria versão para a Demanda, a trilogia A Busca do Graal, que se passa muito depois da época de Arthur).
O livro é resultado de extensa pesquisa pelo Arthur histórico. Desta forma, não há muito espaço para a magia nem para feitos fantásticos, como derrotar um dragão. Mas a descrição pormenorizada dos detalhes deixa o leitor se perguntando: afinal, Arthur existiu ou não?
É um dos meus livros preferidos e por causa dele, agora sou fã de carteirinha de Bernard Cornwell, o melhor romancista histórico da atualidade.

Trilha sonora

Impossível não pensar nas músicas de Hans Zimmer, como a trilha sonora de Gladiador e mesmo de Rei Arthur.

Filme

A versão cinematográfica que mais se aproxima deste romance é a de Jerry Bruckheimer (aliás, quando leio, imagino Clive Owen como Arthur). Mas fico torcendo para que este livro vire filme, de preferência uma trilogia, como O Senhor dos Anéis.

Se você gostou deste livro, pode gostar de:

  • As Brumas de Avalon – Marion Zimmer Bradley
  • As Colinas Ocas – Mary Stewart
  • O único e eterno rei – T H White

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu também imaginei Clive Owen, acho ainda, que seria o ator perfeito para o papel caso os livros virassem filme.