segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A menina que roubava livros

 

A menina que roubava livros “Entre 1939 e 1943, Liesel Meminger encontrou a Morte três vezes. E saiu suficientemente ilesa das três que a Própria, de tão impressionada, decidisse contar sua história. História que, nas palavras dirigidas ao leitor pela Ceifadora de almas no início de A menina que roubava livros, “é uma dentre a pequena legião que carrego, cada qual extraordinária por si só. Cada qual uma tentativa – uma tentativa que é um salto gigantesco – de me provar que você e a sua existência humana valem a pena.”
Essa mesma conclusão nunca foi fácil para Liesel. Desde o início de sua vida na Rua Himmel, numa área pobre de Molching, cidade desenxabida próxima de Munique, ela precisou achar formas de se convencer do sentido de sua existência. Horas depois de ver seu irmão morrer no colo de sua mãe, a menina foi largada para sempre aos cuidados de Hans e Rosa Hubermann, um pintor desempregado e uma dona de casa rabugenta. Ao entrar na nova casa, trazia escondido na mala um livro. O Manual do Coveiro. Num momento de distração, o rapaz que enterrara seu irmão o deixara cair na neve. Foi o primeiro dos vários livros que Liesel roubaria ao longo dos quatro anos seguintes.
E foram esses livros que nortearam a vida de Liesel naquele tempo, quando a Alemanha era transformada diariamente pela guerra, dando trabalho dobrado à Morte.O gosto de roubá-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito. E as palavras que Liesel encontrou em suas páginas e destacou delas seriam mais tarde aplicadas ao contexto a sua própria vida, sempre com a assistência de Hans, acordeonista amador e amável, e Max Vanderburg, o judeu do porão, o amigo quase invisível de quem ela prometera jamais falar.
Há outros personagens fundamentais na história de Liesel, como Rudy Steiner, seu melhor amigo e o namorado que ela nunca teve, ou a mulher do prefeito, sua melhor amiga que ela demorou a perceber como tal. Mas só quem está ao seu lado sempre e testemunha a dor e a poesia da época em que Liesel Meminger teve sua vida salva diariamente pelas palavras, é a nossa narradora. Um dia todos irão conhecê-la. Mas ter a sua história contada por ela é para poucos. Tem que valer a pena."

“Quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler.” É essa a frase que está no verso do livro, e é a mais pura verdade. Confesso que não esperava gostar tanto de A Menina que Roubava Livros. Na verdade, nem fazia muita questão de ler, mas a frase no verso me chamava, e então resolvi seguir o conselho. E não me arrependo.
Claro, a primeira coisa que chama a atenção é a narradora. Ela, a Indesejável. A Inevitável – MORTE. E é surpreendente descobrir que a Morte, ao contrário do que se pensa, é sensível e tem coração (palavras da própria). E até senso de humor. Bem irônico, diga-se de passagem (por exemplo, quando fala que é o mais fiel soldado de Hitler). Diversas vezes, ela se dirige a nós, leitores, como se estivesse falando com um velho amigo (claro que todos nós vamos ao seu encontro, mais cedo ou mais tarde).
Outra coisa muito bacana desse livro é que mostra todos os lados da guerra. Há os judeus, os alemães contrários a Hitler e os nazistas. Suas histórias misturam-se, num emaranhado complexo que era a Alemanha nazista, onde todos sofrem de maneira igual.
Em meio a tudo isso está Liesel. Abandonada pela mãe logo após a morte do irmão, ela chega à Rua HImmel, sob os cuidados de Hans e Rosa Hubermann. Apesar da pouca idade, Liesel já sofreu muito. É a princípio uma menina quieta, que sofre em silêncio e sem entender o que está acontecendo com ela. Aos poucos, porém, Liesel se acostuma à Rua Himmel e leva uma vida quase normal. Os pesadelos, porém, persistem e seu alívio são os livros que rouba, cada um marcando de forma diferente sua vida.
Sua outra válvula de escape é Rudy Steiner. Melhor amigo e vizinho de Liesel, logo se tornará seu comparsa nos roubos.Determinado, tem vários irmãos e por isso está sempre faminto. É apaixonado por Liesel e faz qualquer coisa por ela (mesmo!) É ele quem percebe primeiro o que está acontecendo. É tão especial que conquista até nossa querida narradora (não é ironia. Eu gosto mesmo dela).
Outras pessoas são marcantes na vida de Liesel, como Max Vanderburg, o lutador judeu com quem compartilha os pesadelos; Ilsa Hermann, a mulher do prefeito, que divide com a menina o amor pelos livros e sua biblioteca; entre outros que influenciam de uma forma ou outra a vida da roubadora de livros.
A Menina que Roubava Livros é um livro encantador, sensível, que toca o coração do leitor e, com certeza, vou ler de novo.

Trilha Sonora

Eu sei que pode parecer estranho, e até um pouco exagerado, mas a música que mais associo a este livro é Enter Sandman, do Metallica. Ela fala de pesadelos, então me parece apropriado, já que os pesadelos são parte tão importante das vidas de Liesel e Max. Também, o refrão, “Exit light/ Enter night” me lembra muito Max e todo o tempo que ele teve que passar escondido no porão (sai a luz/ entra a noite). Também para Max, uma outra música que vem bem a calhar é Live and Let Die (tanto faz com o Paul McCartney ou Guns´n´Roses). Aqui, o título diz tudo (ele se sente culpado por viver e deixar morrer). Mas dá até para identificar com a primeira estrofe (When you were young and your heart was an open book/You used to say live and let live/ But if this everchanging world in which we live in/ Makes you give in and cry/ Say live and let die – Quando você era jovem e sua vida era um livro aberto/ Você dizia viva e deixe viver? Mas se este mundo em constante mutação onde vivemos/ Faz você desistir e chorar/ Diga viva e deixe morrer). Já para os bombardeios, Roda da Fortuna, da ópera Carmina Burana é mais que indicada. (Se você quiser ver as letras acesse http://vagalume.uol.com.br/)

Filme

Há rumores que este livro vai virar filme, mas ainda está em desenvolvimento. Enquanto isso, uma boa pedida é a série Dead Like Me (que eu AMO), que retrata o dia a dia de um grupo de ceifadores. E se você gostar, outra série bem legal que tem a morte como pano de fundo é Pushing Daisies. As duas podem ser encontradas em DVD. Prato cheio para quem gosta de humor negro.

Se você gostou de A Menina que Roubava Livros, pode gostar também de:

  • A Lista de Schindler - Thomas Keneally
  • A Bicicleta Azul – Règine Deforges

2 comentários:

Milena disse...

Esse com certeza é um dos meus livros preferidos, principalmente por sua dinâmica unica, e pela forma em que retrata as varias facetas do horror que foi a Segunda Guerra.

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Milena!

Também é um dos meus preferidos. Amei a narrativa, a história é muito bonita e comovente. E o interessante foi mostrar que os alemães nem todos eram pró-Hitler.
Obrigada pelo comentário. Seja bem-vinda e volte sempre!

Beijos,

Fernanda