sábado, 18 de maio de 2013

A Faca Sutil–As Fronteiras do Universo #2–Philip Pullman

 

Faca sutilNeste segundo volume da trilogia Fronteiras do Universo , Will tem apenas 12 anos e tudo começa quando, depois de matar um homem, ele parte para descobrir a verdade sobre o desaparecimento de seu pai. Num passe de mágica, atravessa o ar e penetra num mundo onde conhece uma estranha garota, Lyra, que, como ele, também tem uma missão a cumprir. Em Cittàgazze, onde os dois se encontram, as ruas são habitadas por espectros letais, devoradores de almas e outras criaturas aterradoras que disputam com todas as forças um poderoso talismã, capaz de cortar o nada e abrir brechas para outros universos - a faca sutil.

ATENÇÃO! SPOILERS CASO VOCÊ NÃO TENHA LIDO A BÚSSOLA DE OURO!

Depois de perder seu amigo Roger para seu daddy dearest, Lorde Asriel, Lyra segue pela ponte construída por Asriel até outro mundo, atrás de respostas sobre o tal Pó. Ela chega a uma cidade litorânea chamada Cittàgazze. Ela parece uma cidade pacífica, um paraíso perdido, mas algo de muito estranho acontece nessa cidade. Não há nenhum adulto por perto, só crianças. E hostis. Lyra fica lá sozinha por alguns dias, sobrevivendo como pode, até que ela cruza com Will.

Will é um garoto de 12 anos fugitivo. Ele vive sozinho com sua mãe, que sofre de esquizofrenia, pelo que eu entendo, e toma conta dela. O que faz de Will um garoto muito maduro pra sua idade. Por isso, Will vive isoladamente, não tem amigos e é muito independente. Will é muito racional também, sério e superprotetor. As circunstâncias o fizeram assim. Will vai até o fim para proteger quem merece. Inclusive matar. Na verdade, gosto bem mais de Will que de Lyra. Acho que ele deveria ser o protagonista. O que Lyra tem de arrogante e irritante, ele é o oposto. E mesmo sendo desconfiado, ele não pensa duas vezes antes de proteger Lyra. E acaba ensinando um pouco a Lyra, como ser um pouco mais civilizada. Will é o portador da faca sutil, que o escolheu para isso. Ela é um instrumento interessante: mortal, corta qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo, até abre janelas para outros mundos. Isso vai ser importante, faz parte da missão de Lyra e Will. Mas isso só vai ser revelado no terceiro.

Mas Lyra também não está tão insuportável como no primeiro. Ela cresceu um bocado depois do que presenciou e fez no primeiro. Ela já não tem a mesma postura petulante, e sabe ter humildade o suficiente para pedir ajuda quando precisa. Depois de perder seu amigo Roger para a pessoa que julgou que iria salvá-lo, e se culpar por ter levado Roger até Lorde Asriel, Lyra anda mais desconfiada, mas confia em Will quase imediatamente. Ela também já sabe como funciona a bússola de ouro, mas como ainda há pessoas atrás dela, e do instrumento, ela promete só usá-lo em caso de real necessidade.

E é por essa necessidade que Will e Lyra acabam se aliando. Ele precisa dela, e ela precisa dele. Esqueci de mencionar que o pai de Will desapareceu, e Lyra vê na bússola que precisa ajudar Will a encontrá-lo. Isso será importante para a profecia envolvendo Lyra. eu falei da profecia? Acho que não. Bom, há uma profecia que Lyra será a salvadora do mundo, não somente o dela, mas de vários mundos. E o destino dela e Will estão ligados por essa profecia. Só que Lyra tem que cumprir a profecia sem saber dela, e descobrindo as coisas sozinha, errando de vez em quando.

Mas Lyra não está tão sozinha assim. Além de Will, retornam nesse livro Serafina Pekkala e Lee Scoresby. Serafina tem um papel mais ativo no auxílio a Lyra, e vai junto com outras bruxas de seu clã, atrás dela em Cittàgazze. Ela também prepara seu clã para a guerra que está por vir. Serafina mostra um pouco mais neste porque é a líder do clã das bruxas. Ela é determinada, e muito sábia. Sua liderança é suave, mas inspira lealdade.

Já Lee Scoresby está atrás de Stanislaus Grumman. ele já havia sido mencionado no primeiro, como sendo o crânio que Lorde Asriel mostra aos mestres de Jordan para conseguir o dinheiro para sua expedição. Só que Lee sabe que esse crânio é falso, e que Grumman está vivo. Lee faz isso porque acha que essa busca irá ajudar Lyra, a quem Lee ama como se fosse uma filha. Nem ele sabe explicar isso (nem eu entendo, Lyra não é carismática como Will, mas ainda assim, todo mundo se encanta com ela). Lee é um guerreiro, e quando promete algo, cumpre. E sua determinação se equivale à de Serafina.

E Lee está certo, Stanislaus Grumman está mesmo vivo. Ele é um xamã, e teve o crânio perfurado para poder atrair mais Pó e assim aumentar sua sabedoria. Ele é um tanto excêntrico, mas eu gosto dele. Pena que, como outros personagens interessantes, ele não é muito explorado. Há um fato muito importante sobre ele, mas não vou falar ainda, pra não estragar.

Como eu disse lá em cima, Lyra ainda é perseguida por causa de ser quem é. A Sra. Coulter é uma delas, mas também há um outro. Lorde Boreal, que Lyra conheceu brevemente no apartamento da Sra. Coulter, e é aliado desta. Ele passa por amigo de Lyra, e ela, ingenuamente, acaba confiando nele. E também há gente atrás de Will, mas não pelo motivo que ele pensa. Mas também não posso falar o motivo.

Mas eles vão encontrar ajuda em um lugar inesperado. No mundo de Will (que é o nosso), Lyra conhece a Dra. Mary Malone, uma estudiosa de dark matter, o nosso equivalente ao Pó de Lyra. Mary é física, mas foi freira, o que é importante. Ela é inteligente e tem a mente aberta. E terá um papel importante, mas terá mais destaque no próximo. É só isso que eu posso dizer por enquanto.

Este é mais cheio de ação, não é tão parado. Acho melhor que o primeiro, e boa parte disso é por causa de Will. Mas também é meio confuso, se passa basicamente em dois mundos, o nosso e Cittàgazze, mas o mundo de Lyra também aparece. E a questão do Pó também não é muito fácil de entender. Neste a crítica à Igreja é ainda mais forte. Como eu já havia dito quando fiz a resenha de A Bússola de Ouro, a trilogia vale pelas continuações, e este é provavelmente o melhor deles. Pena que o filme não tenha sido tão bom, porque eu queria muito ter visto Will na tela.

Trilha sonora

Só consigo pensar em uma música: Collision of worlds, com Robbie Williams e Brad Paisley. E mantenho Both sides now, da Joni Mitchell.

Se você gostou de A faca sutil, pode gostar também de:

  • A mão esquerda de Deus – Paul Hoffmann;
  • As últimas quatro coisas – Paul Hoffmann;
  • Stardust – Neil Gaiman.

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