Nosso planeta foi dominado por um inimigo que não pode ser detectado. Os humanos se tornaram hospedeiros dos invasores: suas mentes são extraídas, enquanto seus corpos permanecem intactos e prosseguem suas vidas aparentemente sem alteração. A maior parte da humanidade sucumbiu a tal processo. Quando Melanie, um dos humanos "selvagens" que ainda restam, é capturada, ela tem certeza de que será seu fim. Peregrina, a "alma" invasora designada para o corpo de Melanie, foi alertada sobre os desafios de viver dentro de um ser humano: as emoções irresistíveis, o excesso de sensações, a persistência das lembranças e das memórias vívidas. Mas há uma dificuldade que Peregrina não esperava: a antiga ocupante de seu corpo se recusa a desistir da posse de sua mente. Peregrina investiga os pensamentos de Melanie com o objetivo de descobrir o paradeiro dos remanescentes da resistência humana. Entretanto, Melanie ocupa a mente de sua invasora com visões do homem que ama: Jared, que continua a viver escondido. Incapaz de se separar dos desejos de seu corpo, Peregrina começa a se sentir intensamente atraída por alguém a quem foi submetida por uma espécie de exposição forçada. Quando os acontecimentos fazem de Melanie e Peregrina improváveis aliadas, elas partem em uma busca incerta e perigosa do homem que ambas amam.
Demorei um pouco para ler este livro, porque apesar de ter gostado da saga Crepúsculo, a ideia de um alienígena instalado na cabeça e alguém não me a parecia nada agradável. E depois, foi difícil engrenar a leitura por dois motivos: A) eu ainda estava sob o efeito de Dimitri e de VA, e B) o livro é meio parado, o começo é chatinho. Depois melhora, mas Crepúsculo ainda é melhor.
Melanie é humana e sobrevive à onda de invasão alienígena que tomou a Terra, só para ser capturada e Peregrina é implantada nela. Mas Melanie é lutadora e resiste à ocupação, para desespero de Peregrina. Só que uma ameaça maior a Jared, namorado de Melanie, e Jamie, seu irmão, faz com que as duas se aliem para protegê-los. E aos poucos as duas forjam uma improvável amizade e cumplicidade.
No começo, ambas são totalmente antagonistas, a natureza tranquila e pacífica de Peregrina entra em conflito direto com a índole mais indócil de Melanie. E boa parte do livro se desenrola num diálogo interior entre as duas. É meio irritante. E Peregrina, além disso, é dada aos monólogos, sempre se perguntando qual o sentido da invasão, qual o seu papel na nova ordem criada por ela mesma (explico daqui a pouquinho) e debatendo com as emoções próprias do corpo que habita, sem saber se elas vêm dela ou de Melanie.
Já Melanie se ressente da presença e Peregrina, que a impede de fazer o que bem quer. Ela se sente presa no próprio corpo, o que dá para entender, e as coisas ficam ainda mais complicadas quando ela percebe que Peregrina começa a expressar sentimentos por Jared. O ciúme aí fala mais alto, a raiva explode. Mas como Mel não pode fazer nada, tudo fica por isso mesmo. Quer dizer, mais ou menos. Uma das cenas mais bacanas é quando Jared beija Peregrina, o que desencadeia uma reação bem forte em Melanie, e a expressão física dessa raiva é fantástica. Uma das poucas que Melanie tem por si própria.
Agora o que as une. Peregrina, após ser implantada, tem que passar por um tipo de terapia para se adaptar ao novo corpo e o novo planeta (esqueci de dizer que ela já passou por oito antes de chegar à Terra, daí seu nome), e, junto com essa terapia, há uma Buscadora que a segue como um cão de guarda. Tanto Peregrina como Melanie não gostam da Buscadora, que demonstra um interesse incomum no caso delas. A tal Buscadora é implacável, e determinada, e na verdade não há um motivo claro para essa perseguição (só é revelado no final, mas eu francamente achei bem fraquinho). Diante dessa ameaça, Peregrina e Melanie se unem e fogem para o deserto, sob a orientação deixada para trás de um tio de Mel, e encontram um pequeno grupo de humanos resistentes, liderados pelo tal tio.
Não precisa dizer que nesse grupo estão Jared e Jamie. No começo, sabendo o que Peregrina é, ela enfrenta a desconfiança de todos, principalmente de Jared. Mas aos poucos, ela começa a conquistar o pessoal das cavernas, e começa a ser aceita por todos (bom, quase), ao mesmo tempo que descobre que os humanos não são bem como ela imagina. E nesse meio tempo, até arranja um novo pretendente: Ian.
Particularmente prefiro Ian que Jared. Ian acaba se apaixonando por Peregrina, o que deixa a “lacraia” ainda mais confusa. E Ian defende Peregrina com unhas e dentes, enfrentando inclusive seu irmão cabeça-dura Kyle. Ian é o raio de luz na trama. Sua personalidade branda, mas que pode se transformar em um leão quando Peregrina é ameaçada, é o que deixa a trama mais leve.
Outro personagem que merece destaque é Tio Jeb. É ele que acha Peregrina quase morta no deserto e a leva para as cavernas. É ele também que meio que força a presença dela entre os outros humanos, mas porque sabia que ela os conquistaria com sua meiguice e suas histórias de outros mundos. É ele que governa nas cavernas, e o que ele diz é lei. Ele tem um jeito rude, mas amável, e é superprotetor. Defende os seus a todo custo.
Jamie é outro raio de luz. Tem uns catorze anos, e ainda tem um pouco da inocência das crianças. Por isso ele se dá com Peregrina logo de cara. E sabe dividir entre a “parasita” e sua irmã. Seu entusiasmo é contagiante (apesar de às vezes ser um pouco irritante),e a maneira simples de ver as coisas, sempre com otimismo, é revigorante, numa trama que é quase sempre densa.
E quase ia me esquecendo de Jared. Ele á taciturno, vê as coisas em preto e branco. Com ele não há meio termo. Claro que parte dessa fachada é devido a tudo o que passou. Para Mel, porém, lembra dele como um cara de riso fácil, personalidade afável e otimista. Mas fora das lembranças dela, ele é como eu descrevi antes. Mas uma vez que se convence sobre Peregrina e tem a prova que Melanie ainda vive, ele passa a ser tão protetor quanto Ian ou Jeb. Mas é prático, e sabe o que deve fazer diante das circunstâncias, independente de seus sentimentos ou seus desejos. Ele sabe que o bem maior vem em primeiro lugar.
Enfim, parte do sucesso de A Hospedeira vem do fato de ter sido escrito por Stephenie Meyer. Foi o primeiro romance dela, e ela melhorou um pouco depois disso (ainda tem muito o que aprender, porém). Mas falta um clímax adequado. Apesar de o final ser surpreendente, ainda é muito sem ação. E ela tem uma queda por mocinhas que se sacrificam muito, são altruístas demais, a ponto de se anularem para preservar os que amam e o que acreditam. Quem acha que eu estou sendo muito dura, olha só a Bella. A garota não tem personalidade nenhuma sem Edward, e o mesmo ocorre com Mel e Peregrina. Nenhuma tem m[personalidade própria. estão perfeitas em tudo. Patético, se quer saber. Mas ainda assim, dá para distrair. Mas sem muito compromisso.
Trilha sonora
Só tem uma música que eu consigo pensar: Somebody else's song, do Lifehouse.
Se você gostou de A Hospedeira, pode gostar também de:
- saga Crepúsculo – Stephenie Meyer;
- Dois para conquistar – Marion Zimmer Bradley;
- A espada encantada – Marion Zimmer Bradley
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