segunda-feira, 14 de junho de 2010

Eu e minha dona – parte 2

 

090502 145 Quer dizer que aquele bicho estúpido, grande e desengonçado ganha lugar aqui e eu não? Que absurdo! Tremo toda só de pensar. Meu nome é Honey, e aquele ser estapafúrdio tem a coragem de me chamar de magrela? E ele, que é um barril?  Em todo caso, achei um desaforo ele escrever e eu não. Afinal, a dona é minha, eu vim antes dele!

Bem antes, aliás. Nasci aqui mesmo, treze anos atrás. Mas minha tia Fê só me conheceu três dias depois. É que quando eu nasci, ela estava na faculdade, e só podia vir para casa aos fins de semana. Digo minha tia, porque a minha mãe é a irmã dela, a Lu. O mundo pára quando a minha mãe está em casa. Só tenho olhos para ela. Ela diz que isso não é verdade, mas eu sei que ela fica toda prosa quando falam isso para ela.

Minha mãe de quatro patas também era daqui. O nome dela era Sheyna, mas ela morreu três anos atrás, já bem velhinha com 18 anos. Senti muito a falta dela, e as minhas donas também. Espero chegar lá também. Agora não falta muito, mas ainda me considero uma menina. Minhas donas me chamam de Poi-poi, porque eu pulo muito (apesar de não tanto quanto eu costumava).

Como sou a mais velha da casa, vi todos os outros chagarem, e me dou bem com todos, menos aquele ser redondo que se acha o rei da casa. Os gatos são meus amigos, principalmente a Kira e o Tito. Eles às vezes dividem a cama comigo, e aí é difícil, porque a cama é pequena pra tanta gente (eu, minha mãe Lu, e eles dois), e eu às vezes caio da cama. O problema é que a cama é alta e eu não consigo subir sozinha (posso não me sentir assim, mas já sou uma senhora), aí tenho que acordar minha mãe para me ajudar. E aquele desengonçado, dorme na cama por acaso? Claro que não. Isso é privilégio de poucos.

Só saio do sério quando brigam comigo. Sabe, eu sempre acho que a culpa é minha, mesmo que a bronca seja para o Murruga. Então, mostro as minhas armas: o sorriso mais bonito do mundo, segundo minhas mães. Eu acho até que deveria fazer propaganda de creme dental para cachorro!

Esqueci de falar que eu sou uma lady. Deixo até os gatos comerem na minha frente. É que eu não gosto muito daquela coisa que me dão para comer, que chamam de ração (e com razão. Aquilo é horrível!) Gosto mesmo é de queijinho branco, que a minha mãe me dá sempre no café-da-manhã. Ela diz que eu tenho os ossinhos fortes porque eu como bastante queijo.

Bem, acho que já deixei claro que a dona do pedaço, na verdade, sou eu. Agora eu vou embora, porque está muito frio, e eu sou muito delicada. Vou procurar um cobertor para me enfiar debaixo. Ai que vida dura!

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