terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Sob a Redoma – Stephen King

 

Under the domeEm um dia como outro qualquer em Chester’s Mill, no Maine, a pequena cidade é subitamente isolada do resto do mundo por um campo de força invisível. Aviões explodem quando tentam atravessá-lo e pessoas trabalhando em cidades vizinhas são separadas de suas famílias. Ninguém consegue entender o que é esta barreira, de onde ela veio e quando — ou se — ela irá desaparecer.
Os moradores de Chester’s Mill percebem que terão de lutar por sua sobrevivência. Pessoas morrem, aparelhos eletrônicos entram em pane ao se aproximar da redoma e a situação fica ainda mais grave quando a cidade se vê exposta às graves consequências ecológicas da barreira. Para piorar a situação, James “Big Jim” Rennie, político dissimulado e um dos três membros do conselho executivo da cidade, usa a redoma como um meio de dominar a cidade.
Enquanto isso, o veterano da guerra do Iraque, Dale Barbara, é reincorporado ao serviço militar e promovido à posição de coronel. Big Jim, insatisfeito com a perda de autoridade que tal manobra poderia significar, encoraja um sentimento local de pânico para aumentar seu poder de influência. O veterano se une a um grupo de moradores para manter a situação sob controle e impedir que o caos se instaure. Junto a ele estão a proprietária do jornal local, uma enfermeira, uma vereadora e três crianças destemidas.
No entanto, Big Jim está disposto até a matar para continuar no poder, apoiado por seu filho, que guarda a sete chaves um segredo. Mas os efeitos da redoma e das manobras políticas de Jim Rennie não são as únicas preocupações dos habitantes. O isolamento expõe os medos e as ambições de cada um, até os sentimentos mais reprimidos. Assim, enquanto correm contra o pouco tempo que têm para descobrir a origem da redoma e uma forma de desfazê-la, ainda terão de combater a crueldade humana em sua forma mais primitiva.

Admito que estava em conflito quanto a ler este livro. Antes de ler, vi algumas opiniões divididas sobre ele, alguns falando bem, outros que não era tudo isso. Mas aí a série estreou, e minha curiosidade só aumentou. Resolvi então entrar em acordo comigo mesma: assisti ao primeiro episódio, e se gostasse, eu leria. Preciso dizer o que aconteceu? Se o piloto não fosse bom, vocês, caros  leitores, não estariam lendo esta resenha agora.

Tudo corre bem, a mesma vidinha pacata de sempre em Chester´s Mill, uma cidadezinha do interior do Maine, nos EUA, quando em uma manhã de outubro uma misteriosa redoma, de um material desconhecido e indestrutível, cai sobre a cidade, isolando-a de todo o mundo. e a partir daí, os cidadãos terão que enfrentar dias de desespero e pânico indescritíveis.

Dale “Barbie” Barbara, veterano do exército americano com algumas missões em Fallujah, está a ponto de sair da cidade. Ele havia se metido em encrenca com o filho do político local mais influente e seus amigos (guarde isto), e tendo a vida em risco depois disso, decide ir embora, deixando tudo para trás. Mal sabia ele que não chegaria muito longe, e sua vida iria ficar bem mais complicada. Ele está a caminho quando a redoma cai sobre a cidade, por pouco não caindo em cima dele. E quando eu disse ali em cima que a barreira é indestrutível, eu realmente quis dizer indestrutível. Logo ao cair, um avião de pequeno porte local, em uma aula de voo, se espatifa contra o domo, matando na hora seus ocupantes. Começa aí o inferno na vida de Barbara, e de todos os habitantes de Chester´s Mill.

Barbara é um jovem de uns 30 anos que tenta desesperadamente esquecer os horrores vividos em Fallujah. Razão pela qual se instala em Chester´s Mill, trabalhando como cozinheiro na lanchonete mais importante do lugar. Isso até que a redoma caia e ele vê seu passado voltar pela voz do Coronel (acho, não lembro a patente dele) Cox, recolocando Barbara em serviço e com um promoção. Agora ele também é Coronel, e tem uma carta do presidente em pessoa colocando ele no comando do lugar. Barbara não que isso, a última coisa que ele deseja é notoriedade e poder. Mal sabe ele que essas coisas o encontrarão, de um jeito ou de outro. Barbara tem a atitude pacífica, é inteligente e sabe seu dever. Mesmo não querendo, ele assume o papel que lhe é imposto. Isso porque ele é um dos poucos que entende o que acontece desde o momento que o domo cai sobre a cidade. Ele guarda os seus segredos, que o deixam acordado à noite, mas que não impedem Barbie de permanecer calmo e racional durante a crise.

Claro que a proposta do presidente, embora prudente, não cai bem com todo mundo. Lembra lá em cima que eu disse que Barbara se estranhou com o filho do político local? Pois bem, Big Jim Rennie, segundo vereador de Chester´s Mill, não está nem um pouco disposto a abrir mão do poder. Agindo sempre de acordo com o “bem da cidade” em mente, Jim se aproveita do domo para se fortalecer e se tornar o ditador de Chester´s Mill. Para isso, ele primeiro se cerca de pessoas que são facilmente manipuláveis (coisa que Jim sabe fazer muito bem), e se apropria do departamento de polícia, que é comandado por um de seus aliados. Jim é insidioso e inescrupuloso, descobre os pontos fracos das pessoas e os usa em seu favor, não hesitando em extorquir e ameaçar quem quer que se coloque em seu caminho. Em outras palavras, é o político nato. E que se acha muito mais poderoso do que realmente é. E o domo isolando Chester´s Mill do mundo é a oportunidade de ouro para Jim exercer seu poder. Porque ele pode se achar o chefão em Chester´s Mill, mas ele sabe que no mundo não é ninguém, e que uma vez que o domo desapareça, ele voltará a sua pequenez. Claro que como todos na cidade, ele tem um segredo, e como todo político, ele tem negócios paralelos bem questionáveis, que eu não vou dizer o que é, mas que é potencialmente perigoso.

Jim tem um filho, Junior, que também tem um segredo. Ele é um jovem perturbado e com mania de grandeza igual á do pai. Mas Junior tem um lado violento que nem seu pai conhece. Junior tem alucinações e quando ele é nomeado um dos policiais, junto com sua gangue de amigos, policial por seu pai é que ele dá vazão à violência. E Junior é inteligente também, e acaba planejando alguns golpes para Barbara, para deleite do pai, com frieza. Junior me assusta, e muito.

E no team Barbara, está também Julia Shumway, jornalista e editora do jornal O Democrata. Apesar do nome do jornal, Julia é republicana (fato muito importante para os americanos). É através dela que Cox chega a Barbara. Julia não tem medo de dizer o que pensa, e tem atitude, o que é claro que vai ter seu preço. Julia tem seu fiel companheiro, Horace, um corgie velhinho, sempre ao seu lado, e também sabe influenciar as pessoas. Julia é racional e determinada. E tem muita química com Barbara. E além de Julia, há também Rusty Everett, o atendente médico local. Na verdade, ele não é médico exatamente, mas assistente, porém, quando o hospital tem sua equipe significantemente diminuída por causa do domo, ele acaba assumindo o papel de médico. Rusty também é inteligente, e tem um ótimo senso de humor, mas é impulsivo, o que nem sempre é bom para ele. Ele é casado com Linda, uma policial, das poucas que são contrárias a Jim Rennie, e tem duas filhas, as duas Js: Judy e Janelle. Quando o domo cai, a mais nova começa a ter convulsões e premonições, mas ninguém entende até que elas se realizem. Eles também tem uma cadelinha, Audrey, que pressente as convulsões da menininha. Tanto Rusty como Linda, ainda que esta mais relutante, acabam por se juntar a Barbara e Julia na luta contra os abusos de Jim, e vão passar por maus bocados enquanto a redoma aprisiona os habitantes de Chester´s Mill.

Há muitos outros personagens interessantes, como Thursntall, um professor universitário de passagem por Chester´s Mill com sua namorada, a bem mais jovem Carolyn, e que acaba preso sob a redoma. Thurse, como é chamado, é um dos que sofre os abusos provocados por Junior e seus amigos, mas como tem um passado de enfermeiro, acho, no exército, acaba ajudando Rusty no hospital. Eles acabam por meio que adotar Aiden e Alice, órfãos do domo, e eles acabam por formar um família postiça bem feliz. A reverenda Libby também é uma personagem legal, do team Barbara. Apesar de seu cargo, ela perdeu a fé em Deus, e tenta entender isso na sua cabeça quando o domo cai. E falando em crianças, não posso deixar de mencionar Joe McClatchey, Norrie Calvert e Benny. Os três amigos, graças a Joe, que é um garoto extr5emamente inteligente e maturo para os seus 13 anos, acabam por solucionar alguns dos mistérios da redoma. Eu poderia também mencionar Rommie, Rose, a dona do Sweetbriar, o restaurante onde Barbara trabalha, entre outros, mas são muitos personagens, eu ficaria aqui até amanhã.

O livro é extenso, mas a narrativa é fluida e dividida entre os vários personagens. E a cada capítulo, a tensão cresce, bem como o mistério: quem colocou a redoma sobre Chester´s Mill? E será que um dia ela será removida? E no meio disso tudo, o pânico que leva as pessoas a se comportarem de forma estranha. Piquetes e conflitos começam a acontecer, onde antes todos se conheciam. Assassinatos e crimes nunca antes imaginados aparecem, e a opressão dos que eram poderosos antes, e que agora estão ainda mas, bem como a arbitrariedade das decisões de Jim Rennie e seus comparsas acabam por transformar Chester´s Mill em uma panela de pressão pronta para explodir  a qualquer momento, literalmente. Stephen King soube explorar muito bem as consequências de uma situação extrema e pânico nas pessoas. De um modo, o domo atua como a morte de Barry em Morte Súbita, e como neste, o domo acaba por expor todos os segredos de Chester´s Mill. Confesso que me decepcionei um pouquinho com uma coisa, mas comparado com a sensação de angústia e mal-estar que o livro causa, isso é um problema menor. Leitura recomendada.

Antes de ir embora, deixa eu comentar um pouquinho sobre a série. Não vou me estender, talvez eu escreva um post separado para ela mais tarde. Nem todo mundo gostou da adaptação, mas eu estou gostando bastante. Ela é bem diferente do livro. Claro que algumas coisas permanecem, mas os personagens, por exemplo são diferentes, somente com o mesmo nome. Mas se analisarmos a série separadamente do livro, ela é boa tecnicamente. A produção conta com Steven Spielberg e o próprio Stephen King como produtores executivos, e o elenco é muito bom também. E o mesmo sentimento de desespero toma conta do telespectador também. Essa é a minha impressão inicial, anyway.  Então, tire suas conclusões ligando a TV na TNT (ou baixando os episódios na internet).

Trilha sonora

Uprising, Knights of Cydonia e Supremacy, todas do Muse; It´s the end of the world (as we know it), do REM; Welcome to the jungle, do Guns ´n´Roses e finalmente Everybody wants to rule the world, versão mais sombria de Lorde.

Se você gostou de Sob a Redoma, pode gostar também de:

  • Morte Súbita – J. K. Rowling.

9 comentários:

Jéssica Soares disse...

Indicou a versão mais sombria de "Everybody wants to rule the world" com a Lorde e eu já tenho certeza de que preciso desse livro! haha Estou querendo ler "Sob a Redoma" desde quando foi lançado por aqui, a série chegou e eu prometi que não veria nenhum episódio antes de ler o livro, mas acho que não vou conseguir viu... Gostei MUITO de saber mais sobre alguns detalhes dos personagens, gostei bastante das descrições e acho que as minhas expectativas estão crescendo ainda mais... Até onde sei, esse lance do domo é realmente igual a morte do Barry em "Morte Súbita", gostei bastante dessa analogia! Enfim, a resenha me empolgou, Fê! haha Bjs
Jess

Vitor disse...

Fernanda, eu não sabia que a série é muito diferente do livro. Eu já assisti a primeira temporada e não vejo a hora da segunda sair. Eu já estava com vontade de ler Sob a Redoma, agora estou com mais ainda. Você e suas resenhas sempre fazem eu gostar de um livro, rs.

Abraços!

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi gente!

Jess, leia sim, e veja a serie, que também eh boa. e se você gostou de Morte Súbita, então fatalmente vai gostar deste.

Vitor, os personagens tem o mesmo nome, mas na serie são na maioria das vezes bem diferentes dos do livro. O que não quer dizer que não sejam bons e interessantes também. Eu estou adorando a serie, e mesmo com as diferenças, que são muitas mesmo, ela me da o mesmo sentimento de angustia e imediatismo do livro.

Beijos!

Fer

Nadia Viana disse...

Estou com muita vontade de ler esse livro, Fê. Mas primeiro tenho que terminar O Festim dos Corvos e Dança dos Dragões que vou revesar com livros menores, então vai demorar. Mas já comprei numa promoção do submarino rs.

Beijos.

Samuel Medina (Nerito Samedi) disse...

Já colecionei algumas leituras de Stephen King durante minha trajetória como leitor. E gostei muito de todos os livros dele. Ainda não li "Sob a Redoma", mas lembrei bastante do conto "O Nevoeiro", adaptado para o cinema. A narrativa é sensacional e também explora conflitos humanos em um ambiente isolado. Acredito que esse seja um dos motes mais apreciados por King.

Bjo,

Nerito

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Nerito!

Eu acho que assisti esse conto, mas não tenho certeza, eu sempre confundo com um outro filme que tem o nome parecido. Mas realmente pode ser um tema recorrente para ele. E o livro é muito bem desenvolvido. Não só pelo lado humano, mas é angustiante também (e eu esqueci de mencionar isso na resenha) pelo fator ambiental. E me pegou de forma bem pessoal, porque eu tenho asma e tem um lance que quem sofre disso se identifica muito.

Beijos!

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Nerito!

Eu acho que assisti esse conto, mas não tenho certeza, eu sempre confundo com um outro filme que tem o nome parecido. Mas realmente pode ser um tema recorrente para ele. E o livro é muito bem desenvolvido. Não só pelo lado humano, mas é angustiante também (e eu esqueci de mencionar isso na resenha) pelo fator ambiental. E me pegou de forma bem pessoal, porque eu tenho asma e tem um lance que quem sofre disso se identifica muito.

Beijos!

Samuel Medina (Nerito Samedi) disse...

Finalmente li "Under The Dome" e a primeira coisa que fiz foi ler sua resenha. Mas como eu tinha lido lá no Skoob, esperei uma oportunidade de tempo pra poder comentar.
Bem, gostei muito do livro. King tem uma habilidade enorme em prender nossa atenção. Agora, é interessante perceber que já de início os personagens bonzinhos e os maldosos. No estilo novela mesmo. E de certa forma, esse livro faz direitinho, divide os personagens em três grupos, sendo o primeiro dos bonzinhos, o segundo dos malvados e o terceiro dos "apáticos", aqueles que são coniventes com as maldades. Estes podem no final ter alguma mudança de comportamento e interferir diretamente na trama, tanto para o bem quanto para o mal.
Gostei muito, mas várias vezes fiquei aflito com o tamanho do livro, principalmente por causa da minha dificuldade com o inglês. Agora quero lê-lo em nosso idioma.

Bjo!

Nerito

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Nerito!

eu tinha a mesma sensação que não terminava! Eu li no kobo, e a paginação é diferente, então eu lia umas 200 páginas e via que só tinha lido tipo 2% do livro! Mas ele prende, e a narrativa é muito gostosa. Só não gostei muito do final, mas em comparação com o restante do livro, com o elemento humano e a angústia que ele causa, a sensação de claustrofobia, isso não é nada. Vale muito a pena.

Beijo!