terça-feira, 18 de outubro de 2011

Os Três Mosqueteiros – Alexandre Dumas

 

3 mosqueteiros Os três mosqueteiros estão prontos para defender o rei Luiz XIII. Athos, Porthos e Aramis enfrentam todos os perigos para impedir que o demoníaco Cardeal Richelieu destrua o rei da França. Enquanto isso, o jovem D'Artagnan que sonha ser um Mosqueteiro, coloca sua vida em risco quando resolve agir sozinho e apaixona-se pela Condessa de Winter, a bela espiã de Richelieu. Se d'Artagnan conseguir escapar das armadilhas da Condessa e tornar-se um Mosqueteiro, ainda assim terá que provar sua lealdade e habilidade de grande espadachim.

 

Minha fascinação com d’Artagnan e os três mosqueteiros começou na infância, com uns seis, sete anos. Nessa época, quando a Xuxa ainda apresentava o Clube da Criança na TV Manchete (que nem existe mais), havia um desenho que marcou época. Lembro que quando ela migrou para a Globo choviam pedidos para passar o desenho no Xou da Xuxa. O tal desenho era D’Artacão e os Três Mosqueteiros, e os famosos heróis de capa e espada eram uns cachorrinhos muito fofos. O desenho era tão popular que lembro de brincar com a molecada na rua, cada um incorporando um personagem. E eu não era Milady, não. Ou mesmo Juliet, a namoradinha de D’Artagnan. Era Aramis, que era o meu preferido. Para ver a musiquinha da abertura (que eu sabia de cor), clique aqui. E para dar um gostinho, veja um trechinho de um episódio, quando D’Artagnan finalmente se torna mosqueteiro, aqui embaixo (não achei com a dublagem brasileira). Nem acredito que achei isso! Que saudade! (ando nostálgica…acho que deve ser por causa do Dia das Crianças:D):

Mas nunca tinha lido o livro original até agora. Lembro de ler uma adaptação, há muito tempo, mas não sei quem foi o autor. Confesso que me decepcionei um pouquinho, muito provavelmente porque eu idealizava muito o desenho. Não me entendam mal. O livro é ótimo, eu adorei. E ao ler, a gente entende porque a história continua fascinando e rendendo muitas adaptações para o cinema (mais sobre isso daqui a pouco).

Tudo começa com o jovem d’Artagnan partido da Gasconha para Paris a fim de realizar o sonho de se juntar ao célebre regimento dos mosqueteiros, os guardas do Rei Luís XIII. D’Artagnan é ambicioso e intempestivo e, admito, arrogante e fútil. E essa falta de humildade, logo de cara, vai colocá-lo em apuros, antes mesmo de chegar em Paris. Por outro lado, ele é esperto e tem uma lábia fantástica, o que o ajuda a estabelecer uma rede de amizades influente. Para sua sorte bem como maldição, pois justamente por essas amizades, e também por seu jeito esquentado vão render também vários inimigos.

Do lado dos amigos, claro, os três amigos inseparáveis: Athos, Porthos e Aramis. Os três são muito diferentes em seu jeito de ser, a não ser pelo gosto pela boa vida e pelo senso de dever. Todos são bons de garfo e além de exímios espadachins, são também excelentes levantadores de copo. Porém, o que os une é a lealdade canina (hehe – me toquei da brincadeira agora) ao rei e o repúdio nada secreto ao cardeal.

Hoje, meu preferido é Athos. Para mim, ele é o melhor do quarteto principal. Pouco se sabe sobre seu passado, exceto que ele vem de uma família nobre, pois seus modos refinados e o fato de sempre ter dinheiro à disposição deixam isso claro. Mais que isso ele não revela. Mas por trás da calma e do requinte há um homem atormentado e que esconde um grande segredo. Sua válvula de escape é o vinho, mas nem por isso ele deixa de ser perspicaz e ele é sempre a voz da razão em todas as empreitadas.

Porthos é o mais divertido dos três amigos. Sempre de bom humor, é um galanteador de primeira e faz questão de pavonear suas conquistas para todo mundo. E Aramis, por sua vez, é o mais quieto dos três. Faz questão de reiterar a todo instante que é mosqueteiro temporário, e seu  maior sonho é se tornar padre. Mas nem por isso ele deixa de ter seus romances, só que ao contrário de Porthos, ele mantém suas conquistas na surdina. É o famoso come-quieto.

Do lado dos vilões, o principal, é claro, é o cardeal Richelieu. Primeiro-ministro do reino, é ele quem efetivamente governa, mas ele quer mais. Muito mais. Ardiloso, ele é o próprio lobo em pele de cordeiro. Sabe muito bem bajular o rei enquanto afia o punhal que vai enfiar em suas costas. Porém, seu maior embate é coma rainha, pois se trata da única mulher que deseja e a única que não pode ter.

Sua maior aliada é Milady de Winter, para mim de longe a melhor personagem do livro. Ambiciosa, ela faz qualquer coisa por dinheiro, e usa a sedução como sua melhor arma. Como Richelieu, ela tem uma ambiguidade própria, transpirando inocência com o jeito de olhar e com palavras doces, mas sempre destilando seu veneno. É uma mestra na manipulação. E ainda por cima é orgulhosa e não há maior ofensa que o orgulho ferido (Hell hath no fury like a woman scorned. Não há no inferno fúria como a de uma mulher desprezada. Acho que soa melhor em inglês). Milady também tem um passado e um segredo que ela faz de tudo para manter (a não ser quando lhe convém compartilhar).

Outro que muitos veem como vilão é o duque de Buckingham. Coloco desta maneira porque não o vejo como vilão, a não ser pelo fato de ser inglês (e amante de Ana da Áustria), e estamos na França em plena Guerra dos Trinta Anos. Apesar do destaque que ele tem nas adaptações, no livro ele não é central. Aparece mais por menção dos outros personagens. E, por ser inglês, ele é sempre retratado como o diabo em pessoa.

Da mesma forma, o casal real, Luís XIII e Ana da Áustria aparecem pouco. Ana tem um pouco mais de destaque que o rei. E tem duas imagens: ora é benfeitora e protetora (no caso dos mosqueteiros), ora é insidiosa e adúltera (para Richelieu). Já Luís XIII quase não aparece, e geralmente é pela boca de outros personagens. Mas parece ignorante da traição de Ana e ao mesmo tempo é extremamente crédulo por cair nas armações de Richelieu.

Quase me esqueço da Sra. Bonacieux. Ou, como é mais conhecida, Constance. Ela é o alvo da admiração de d’Artagnan e a razão de ele se envolver em tantas tramas. É costureira da rainha, e é por causa dela que d’Artagnan tem a proteção real. É uma mulher jovem, mas presa ao marido muito mais velho, a quem não ama. O marido dela, a propósito, é o senhorio de d’Artagnan, e é desonesto e sempre tira vantagem de algo. Ele desaparece no livro e não volta mais, então não dá para saber muita coisa dele. Já Constance é vivaz e tem uma grande força interior. Só que não é lá muito inteligente.

Com mil reviravoltas e um ritmo bom, o livro prende do começo ao fim. E a mistura de ficção com fatos históricos, que todo mundo sabe que eu adoro, torna a história bem interessante. Volta e meia eu me pegava lembrando das minhas aulas de História no colégio. Um belo romance de capa e espada.

Trilha sonora

Não dá para pensar em Os Três Mosqueteiros sem lembrar do trio formado por Bryan Adams, Sting e Rod Stewart com All for love, trilha do filme da Disney. Ainda dá para mencionar El tango de Roxanne, na voz de Ewan McGregor, da trilha de Moulin Rouge. E, especialmente para Milady e Athos, How you remind me, do Nickelback.

Filme

Eu só assisti mesmo a versão da Disney, com Kiefer Sutherland brilhando como Athos, e um Charlie Sheen pré-Charlie Harper (consequentemente pirações, apesar de o cara provavelmente já ter problemas com álcool e drogas) no papel de Aramis e um Chris O’Donnel bem novinho como d’Artagnan. Eu amo esse filme. Ele toma bastante liberdade em relação ao livro, mas é bem movimentado e cheio de ação. Não se trata de nenhuma obra de arte (na verdade, comparado aso padrões de hoje, ele é até fraquinho), mas é diversão pura. Porthos, representado por Oliver Platt, é engraçadíssimo. Dá uma boa sessão da tarde. Olha aí o trailer (não é o original, mas não encontrei outro. De qualquer modo dá para ter uma ideia do filme):

Quanto à versão mais nova, deste ano, eu ainda não assisti. Já me falaram que é muito divertido, e eu estou louca para ver, porque Porthos é Ray “Titus Pullo” Stevenson. Eu amo esse ator, e sinceramente ele não podia mesmo ser nenhum dos outros mosqueteiros. O elenco ainda conta com Milla Jovovich e Orlando Bloom. Vou assistir provavelmente esse fim de semana, daí eu coloco os comentários.

Nota histórica

Richelieu foi ministro da França durante o período da Guerra dos Trinta Anos, uma série de conflitos que envolveu a Europa. A atuação da França foi fundamental para acabar com o conflito. Ele foi o maior combatente dos huguenotes, ou protestantes  franceses, em geral calvinistas, que surgiram com a Reforma. Por isso o embate com os ingleses, que apoiavam os huguenotes.(Fonte: Cardeal Richelieu)

5 comentários:

Fefa Rodrigues disse...

Fê... como vc sabe, eu não AMEI o livro, mas gosto muito dos personagens e do Athos principalmente!!! ;o)

Também me lembro vagamente do desenho que vc mencionou...

Hj vou assistir a nova adaptação para o cinema... amanhã dou minha opinião!!;o)

Ahh e a relíquia que vc mencinou no seu comentário também é um livro que AMEI!! E depois do que vc disse sobre a série Os Maias, fiquei com vontade de assitir!!!!

bjos
fefa

Samuel Medina (Nerito Samedi) disse...

Gosto dos clássicos... Não li e fico um pouco sentido por isso. Tantos livros pra ler e tão pouco tempo! Estou lendo atualmente Fahrenheit 451 e estou adorando! Só que as vezes sinto como o protagonista, Montag: os livros escorregando como areia em uma peneira...

Fefa Rodrigues disse...

FÊ, assisti ao filme ontem a noite... apesar de ter algumas cenas meio Matrix, gostei bastante!!!

Nadia Viana disse...

Taí um livro que, muitas vezes, tive vontade de ler, mas sempre acabava escolhendo outro. Assisti 4 adapatações para o cinema e tenho receio de me decepcionar com o livro. Confesso que perco o entusiasmo para a leitura quando já conheço a história. Prefiro ler primeiro.
Beijos.

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Nádia!

Mesmo conhecendo a história vale a pena ler. Não sei as outras adaptações, mas pelo menos para mim, que só assisti mesmo a que eu mencionei foi como se fosse outra história, porque ela é bem diferente do livro. Mas eu também prefiro l;er primeiro, como você. Nem sempre consigo, mas sempre que dá eu leio antes.

Beijos!