sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Eragon – Christopher Paolini

 

eragon Eragon é o romance de estreia de Christopher Paolini, uma história repleta de ação, perigosos vilões e locais fantásticos. Com dragões e elfos, cavaleiros, lutas de espadas, inesperadas revelações e, claro, uma linda donzela que é muito bem capaz de cuidar de si própria. O protagonista, de quinze anos, é um pacato rapaz do campo, que ao encontrar na floresta uma pedra azul polida, se vê da noite para o dia no meio de uma disputa pelo poder do Império, na qual ele é peça principal.

 

Começo a resenha de hoje com um pedido. Não julguem Eragon pelo que fizeram quando tentaram adaptar o livro para o cinema (falo do filme daqui a pouco, como sempre, depois da resenha). Tendo dito isto, vamos lá.

Já li esse livro umas quatro vezes, então, apesar de haver bastante polêmica em torno dele, já dá pra sacar que eu adoro. Li pela primeira vez logo antes de ir ver no cinema, e não conseguia largar. E foi do mesmo jeito todas as vezes que eu li. Pego e não consigo parar.

Agora você deve estar de perguntando sobre a tal polêmica envolvendo o livro. Bom, acontece que ele tem muitas influência de O Senhor dos Anéis e de Star Wars. O que se explica. Christopher Paolini queria fazer um homenagem aos gêneros que gostava, e o resultado foi Eragon. E os fãs mais puristas das duas sagas não gostam das comparações. Mas, já me ensinava a professora Elaine no curso de IEC ano passado na faculdade: a “cópia” é uma forma de homenagem sim. E depois, se a goddess Rowling fez o mesmo (ou será que alguém aí ainda acha que Harry Potter não tem nada a ver com OSDA? Rowling nem faz segredo disso. Fala pra todo mundo que foi influenciada por Tolkien mesmo!), por que ele não pode? É clara a influência de Tolkien, e arrisco mesmo a dizer de George Martin (de onde será que veio o nome Arya?), mas pelo menos para mim, isso não é problema nenhum. E depois, como já disse antes, nada se cria, tudo se copia. E, pelo menos para George Martin, isso também não é problema. Confira neste podcast com ambos os autores, que está na página oficial da saga: Alagaesia.

Depois dessa digressão imensa, vamos ao que interessa. Eragon é um garoto normal de quinze anos, que vive com seu tio e seu primo num vilarejo vem afastado do centro do império de Alagaësia. Isso até que ele encontra uma  misteriosa pedra quando estava caçando. Como sua família é pobre, Eragon leva a tal pedra para casa, acreditando que talvez possa vendê-la e conseguir algum dinheiro com isso. O que ele não sabe é que a tal pedra é na verdade o ovo de um dragão, e a partir daí sua vida nunca mais será a mesma, pois agora ele se tornou um dos lendários Cavaleiros de Dragão, um ordem uma vez poderosa, mas que foi dizimada pelo malvado rei Galbatorix e pelos Renegados, cavaleiros que foram para o lado negro da força, liderados por Morzan. Com o império em seu encalço, agora Eragon tem que fugir de tudo que conhece e embarca em uma aventura fantástica.

Eragon é um jovem humilde e até arrisco a dizer simplório. Não é de todo burro (também não acho ele dos mais inteligentes, mas isso fica para a resenha dos próximos, que aí acho que posso explicar melhor). Como todo adolescente, é impulsivo e age antes de pensar. Por isso acaba cometendo umas burrices. Mas, ele aos poucos compreende o que é ser um cavaleiro, e busca uma forma de mudar um mundo cheio de injustiças e desmandos. Ele sabe que o fardo de libertar o povo de Alagaësia recai sobre ele, e claro que ele tem medo. Só que ele deixa esse medo de lado e assume a responsabilidade assim mesmo.

Ele não seria cavaleiro, no entanto, sem sua dragão, Saphira. Apesar de jovem, ela é sábia e sempre dá bons conselhos a Eragon. Mas também tem um certo senso de humor, e às vezes até deixa transparecer a sua pouca idade, como quando eles chegam a um lago e ela mergulha e brinca como o meu cachorro numa piscina (acredite, ele gosta tanto que é difícil tirar ele de dentro d’água).

Ainda ajudando Eragon está Brom, que parte com ele de Carvahall, seu povoado. Brom é velho, e sábio, e ensina Eragon a lutar e muito mais. Só que Brom guarda um segredo que só vai ser revelado mais tarde, e eu não vou entregar o ouro (ainda. Talvez só nas resenhas de Eldest e Brisingr). E o velhote é bem conectado, conhece muita gente  e sabe muito sobre o Império. Mas não espere um mestre como Dumbledore. Brom é mais duro, e puxa Eragon ao máximo.

No meio do caminho, ele encontra também Murtagh, um jovem misterioso. Murtagh é meu personagem preferido de toda a saga, e isso deve dizer alguma coisa. É um sobrevivente (guardem esta informação para mais tarde. Ela vai ser muito importante no futuro), e faz o que for necessário para se manter vivo. Preza acima de tudo sua independência e sua privacidade, mas ele tem motivos de sobra para isso. Mas ele faz a diferença em momentos críticos, por isso é bom tê-lo a seu lado. Não quero me prolongar muito nele, porque senão vou acabar revelando algo (já li os três, então não quero dar spoilers antes que seja necessário). Basta o que já disse: ele é o meu preferido, e para mim, o melhor personagem da saga (só para esclarecer, nem sempre o meu preferido é o melhor. Como os Gêmeos Weasley: são meus preferidos, mas o melhor é Snape, sem sombra de dúvida).

E falando em sombra, esse é um dos inimigos atrás de Eragon. Durza, o nome verdadeiro da Sombra, é um mago poderoso, que conta com a ajuda dos espíritos para realizar sua magia. É inescrupuloso e impiedoso. É aliado de Galbatorix, mas na verdade tem seus próprios objetivos. E ele é daqueles que mexem com a cabeça dos outros (literalmente), o que faz dele um inimigo poderoso.

Mas talvez o pior são os Ra’zac que caçam Eragon. São eles que chegam em Carvahall e forçam o garoto a fugir com Brom. Eles não são humanos, mas sim algum tipo de ave, e são apavorantes. Eles lembram os Nazgul de OSDA (não disse que a influência era forte?) e são incansáveis e implacáveis. Eles vão voltar com mais força nos próximos.

Ainda quero destacar a herbolária Angela e seu bichinho de estimação, que é muito interessante, diga-se de passagem. Trata-se de Solembum, um menino-gato. Quer dizer, ele é um metamorfo, que pode assumir tanto a forma de um gato como a de um menino. É um ser furtivo, mas quando gosta de alguém, se mostra e até, em ocasiões muito especiais, oferece seus conselhos. E, segundo sua dona, é bom dar ouvidos, porque essas ocasiões são raras. E Angela é também uma personagem fantástica. Ela é minha segunda favorita, é meio atrapalhada, mas gosta de estar no centro dos acontecimentos. Ela sabe muito mais do que aparenta, e, como no caso de seu gato, seus conselhos também são valiosos. Ela dá uma certa leveza á saga. Pena que neste não aparece muito.

Aliás, esse é um problema deste livro. Como é o primeiro, muitos personagens bem interessantes não aparecem muito, só mais tarde. Então não dá para falar muita coisa sobre eles. Como por exemplo a elfa Arya. Ela passa boa parte do livro inconsciente, só aparece mais no final. Eu até sei algumas coisas sobre ela porque já li os três, mas não dá para comentar agora.

Na verdade, o livro, apesar de bom, tem vários probleminhas. A narrativa tem um ritmo bom, dá pra ler bem rápido, mas às vezes parece desconexa. E Christopher Paolini se apóia muito em OSDA e outras sagas. Mas temos que levar em consideração que ele tinha 15 (!) anos quando começou a escrever, e o livro foi publicado quando ele tinha 19. E garanto que nos próximos ele sana essas deficiências. Vale a leitura, principalmente porque ele é o começo de uma saga maravilhosa, que infelizmente está chegando ao final. O quarto e último volume sai agora dia 8 de novembro nos EUA. Ah! Mais uma coisa. Se puder, leia em inglês porque a tradução está horrível (principalmente de Eldest).

Trilha sonora

Somebody else's song, do Lifehouse (não é o máximo eles tocando nas Olimpíadas de Inverno? Só não sei de quando), New Divide, do Linkin Park (amo esse clipe. Acho super bem-feito) Save me, do Remy Zero (o vocalista não parece o Lex Luthor?).

Filme

eragon filme Como eu disse, não cometam o erro de julgar o livro pelo filme. Este é muito ruim. Os roteiristas tomaram muitas liberdades, o que nem sempre é um problema, mas aqui não fazem sentido (fala sério! Por que raios é tão importante se equilibrar no rabo de Saphira?), e tiraram algumas coisas que são importantes no livro. Deram muito destaque a Arya (como eu disse, ela fica a maior parte do livro em coma!) e Galbatorix nem aparece no livro, é só uma ameaça. Tudo bem, eu entendo que ele tinha que aparecer no filme. Mas, mesmo que seu papel seja feito por  John Malkovich, que é um ator excelente, não passa nem perto da ameaça que Galbatorix representa. Os efeitos especiais são lamentáveis, super toscos, mas sem aquele charme de Star Wars (a primeira trilogia), e a história ficou muito fraca e infantil. O elenco até é bom, contando com nomes como Jeremy Irons como Brom (acho que depois que ele deu a voz a Scar em  O Rei Leão, deveria ser Galbatorix), Djimon Hounsou (de Gladiador) como Ajihad (esqueci de falar dele na resenha, mas é que ele é um daqueles que quase não aparece, só no final. Mas é o líder dos Varden, os opositores de Galbatorix, e parece ser um líder justo, porém implacável. E um ótimo estrategista), Garrett Hedlund (o Pátroklo de Tróia) como Murtagh e Rachel Weisz (que eu adoro) na voz de Saphira. Até Joss Stone faz uma participaçãozinha como Angela (mas só tem um fala. Triste.). E Solembum nem aparece! Absurdo! O filme só tem um ponto forte: a fotografia é lindíssima. Mas é só. Pena que nas mãos de um Peter Jackson ele seria um filmaço.

Se você gostou de Eragon, pode gostar também de:

  • O Senhor dos Anéis – J. R. R. Tolkien;
  • coleção Harry Potter – J. K. Rowling;
  • As Crônicas do Gelo e do Fogo – George R. R. Martin;
  • As Crônicas de Nárnia – C. S. Lewis

2 comentários:

***GrAzI disse...

Eu decididamente vou ter que reler esse livro! Super me identifiquei qnd vc disse que qnd começou a ler não conseguia largar (comigo foi assim tbém!) e cheguei a ler o segundo. O problema é que ainda não me animei a ler o terceiro e como algum tempo já passou, não lembro mais de detalhes do enredo! A questão é que tenho vários livros pendentes para ler, então esse acaba indo para o final da lista - pois já li, só que não lembro! haha...
Livro super envolvente!! Gostei muito do que vc escreveu! ;o)
Beijos!!

Luana disse...

Eu gosto tanto de livros assim que ate tomo a liberdade de contar minhas aventuras na Zoropa do norte usando comparações do meu escritos preferido: C. S. Lewis

Infelizmente ultimamente minha leitura de limita a artigos científicos - que eu gosto, mas enfim, eh trabalho...