“Preste atenção.O Santuário dos Redentores no Penhasco de Shotover deve seu nome a uma grande mentira, pois há pouca redenção naquele lugar e ele tampouco serve de refúgio divino.”
O Santuário dos Redentores é um lugar desolador. Um lugar onde a esperança e a alegria não são bem-vindas. A maior parte dos meninos que habitam o lugar foi levada para lá muito nova e contra a vontade. Eles padecem sob o regime opressor dos Lordes Redentores, cuja violência e crueldade têm como único propósito honrar a memória do Redentor Enforcado – e passam suas vidas prisioneiros dos corredores labirínticos e tortuosos do Santuário, um lugar com séculos de história e segredos, e que ninguém conhece por completo…
No meio de um desses corredores há um menino. Talvez ele tenha 14 anos, talvez tenha 15: ninguém sabe ao certo. Lá dentro, é chamado de Thomas Cale. Seu verdadeiro nome, já esqueceu há muitos anos. Ele já esqueceu de tudo de sua antiga vida. Em breve, será a testemunha de um ato horrendo. E é neste momento que começará a sua extraordinária vida futura.
CONHEÇA O ANJO DA MORTE
Já fazia tempo que eu queria ler este livro. Eu via a capa nas livrarias, pegava na mão, mas acabava deixando no lugar. Mas foi mais forte que eu. Ele me chamava, e acabei comprando, e, sem demora, comecei a ler. E nem precisou muito para eu ficar viciada.
É impossível não ficar tocada pela história dos três meninos, Thomas Cale, Henri Embromador e Kleist, submetidos a todo tipo de crueldade da parte dos Redentores. Sua vida miserável no Santuário, o clima sombrio com que têm que conviver e que os obriga a crescerem rápido. Ao mesmo tempo, sua inocência é surpreendente, e é fascinante ir descobrindo o mundo junto com eles.
Meu preferido, claro, é Cale, o mais desajustado dos três. Sombrio e calado, Cale tem bons motivos para desconfiar de tudo e de todos. Ele sabe que é especial, só não sabe porque, ou o que os Redentores querem com ele. E se por um lado é impiedoso e sanguinário, ele também é inocente e puro. Não demonstra suas emoções, e é difícil saber o que se passa pela sua cabeça. E ele parece perfeitamente à vontade com essa dualidade: sim, ele é assustador, mas ao mesmo tempo há uma ternura nele. É inteligente e absorve tudo a sua volta, usando o conhecimento em seu benefício e dos que o rodeiam, apesar de não querer demonstrar essa preocupação.
Seus amigos de Santuário, Henri Embromador e Kleist (embora este último não reconheça Cale como amigo), igualmente embrutecidos pela vida dura do Santuário, acompanham Cale em sua fuga, e provam ser verdadeiros amigos. Henri é o mais curioso dos três, e por isso mesmo, o mais criança (considerando as circunstâncias), e seu deslumbramento diante das garotas é cativante. Mas não se engane: por trás de seu jeito meigo (na medida do possível) esconde-se uma mente calculista e afiada. Kleist é mais cético e também o mais prático do trio. Se algo não está de acordo, livre-se disso é seu lema. Só que ele não é ouvido por Cale, e por isso (e talvez também um pouco de inveja, embora provavelmente não saiba o que é isso) ele se ressente um pouco de Cale.
Destaco ainda IdrisPukke, o simpático vagabundo que se coloca em encrencas aonde quer que vá, e que tem um senso de humor autodepreciativo fantástico. Sua visão de mundo é peculiar, e ele passa a ser uma espécie de mentor para Cale. Vipond, o chanceler de Memphis, que tem algum objetivo escuso para Cale, e o usa em benefício próprio. Também Simon Materazzi, um rapaz surdo e mudo, mas que esconde uma inteligência superior, e que se torna um admirador fanático de Cale e seus amigos.
Do lado das meninas, Arbell, objeto de adoração de Cale. Inicialmente fútil e arrogante, ela acaba se mostrando uma mulher corajosa, e aposto que sofrerá horrores por isso nos próximos volumes. E Riba, a fã número 1 de Cale, desde que este a salva no Santuário. Ela é uma lufada de ar, e podem acreditar que ela ainda terá um papel fundamental na trama.
Admito que tive um pouco de dificuldade de determinar o tempo em que se passa a história. Algumas vezes, me parece ser totalmente medieval, outras, no entanto, parece se situar nos dias atuais. E o ambiente de desolação se reflete nos lugares, áridos e desolados. Com exceção de Memphis, que lembra uma cidade vibrante e cheia de vida, com os lados bons, e também os mais terríveis de qualquer metrópole.
Uma leitura fascinante, e que mostra uma perversão religiosa intrigante (que, claro, foi isso mesmo que me atraiu), que deixa o leitor ansioso pela continuação (tomara que não demore!).
Trilha sonora
Para começar, uma música que eu adoro, Buddha for Mary, seguida por From yesterday e Story of my life, todas do 30 seconds to Mars (já falei o quanto eu amo essa banda?). As duas últimas caem direitinho para Cale, enquanto a primeira é dedicada aos Redentores. Também Send the pain below, do Chevelle, Live and let die, com o Guns, The unforgiven, Metallica.
Curiosidade
A crueldade e o fanatismo dos Redentores lembram a Inquisição, que na Idade Média, matava qualquer um que pensasse diferente da Igreja, sob a acusação de heresia e adoração ao diabo.
Se você gostou de A Mão Esquerda de Deus, pode gostar também de:
- O nome da rosa (o filme pelo menos. Não li o livro) – Umberto Eco
- Mundo Sem Fim – Ken Follett
- coleção Dexter – Jeff Lindsey
E por falar em filme, bem que A Mão Esquerda de Deus daria um bom filme. O autor é roteirista, então quem sabe? E para quem gostou do livro, recomendo também a série Dexter, um serial killer justiceiro. Humor negro da melhor qualidade.
Um comentário:
Moça, concordo contigo, comprei o livro na internet, recebi ele na quinta e terminei de ler hoje, adorei a historia e estou maluca para que o Paul lance logo a segunda parte!!!
adoro o CAle, mas meu personagem favorito é o Henri.
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