quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O Sangue do Olimpo – Os Heróis do Olimpo #5 – Rick Riordan

 

No desfecho da série Os Heróis do Olimpo, os tripulantes gregos e romanos do Argo II têm feito progresso em suas constantes missões, mas ainda não estão nem perto de vencer a sanguinária Mãe Terra, Gaia. Os gigantes estão de volta — mais fortes do que nunca —, e os semideuses precisam impedi-los antes da Festa de Spes, momento em que Gaia planeja despertar, derramando o sangue do Olimpo. Para piorar, visões frequentes da terrível batalha no Acampamento Meio-Sangue assombram os sete semideuses. A legião romana do Acampamento Júpiter, comandada por Octavian, está se aproximando das fronteiras do acampamento grego. Por mais que seja tentador usar a Atena Partenos como arma secreta contra os gigantes, eles sabem que a estátua é necessária em Long Island, onde talvez consiga impedir uma guerra entre os acampamentos. A Atena Partenos irá para o oeste, enquanto o Argo II segue para o leste. Os deuses, ainda sofrendo com a dupla personalidade, não podem ajudar. Como os jovens conseguirão vencer sozinhos um exército de gigantes? A viagem para Atenas é perigosa, mas não há outra opção. Elas já sacrificaram muito para chegar onde estão. E se Gaia despertar, será o fim.

Começo esta resenha com o coração apertadinho, e com aquela dúvida: será que ainda veremos mais de Percy? Espero que sim (#oremos). Ficou aquele gostinho de quero mais e ao mesmo tempo de saudade já. Depois de um total de 10 livros na companhia do semi-deus mais fofo e badass de todos (sorry Jason lovers, mas Percy is THE MAN), a saga chega ao fim, com perdas, ganhos e todas as pontas amarradas.

“Seven half-bloods shall answer the call,
To storm or fire the world must fall.
An oath to keep with a final breath,
And foes bear arms to the Doors of Death.”

Desculpem, mas não coloquei a profecia em português para não errar no fraseado (e estou com preguiça de ir ver nos livros da minha irmã). E aos poucos, a profecia se encaminha para a realização. Porque é clássico, TODA profecia se concretiza, e não há como evitar. Príamo que o diga. Tentou evitar que Tróia caísse, mas suas ações só fizeram a profecia se realizar mais rápido. E essa lição nossos heróis já estão cansados de saber. E com essa consciência, eles partem para enfrentar seus destinos.

O livro começa com Jason, Annabeth e Piper em Ithaca, a mítica terra de Odisseu, onde eles buscam respostas que possam ajudar em sua missão. Claro que Ítaca não é bem o paraíso. Lá ainda restam os fantasmas dos pretendentes de Penélope (se você quer saber a história toda, veja aqui, que eu conto tudo depois da resenha de Mar de Monstros), e, como é de se esperar, todos são bem bonzinhos #sóquenão. E as coisas começam a complicar um bocado. Não ajuda muito o encontro com Juno, aka Hera, aquela flor de deusa #sóquenão, mas que já de cara rende um comentário ótimo:

“Odisseu e Penélope – a epítome do casamento perfeito!”

Só porque Juno é a deusa do casamento mesmo, né? Vamos ignorar que Odisseu ficou longe mais de 20 anos e que se envolveu com Circe e Calipso durante a Odisséia. Eu TINHA que comentar isso Smiley piscando.

E a cada passagem, cada lugar que eles visitam, vem com uma nova encrenca. E o tempo todo a pergunta paira no ar: quem deverá dar a vida para que Gaia seja destruída?

E enquanto os sete semi-deuses da profecia se aproximam cada vez mais do Olimpo original, Reyna e Nico levam a estátua de Atena Pártenos para o Acampamento Meio-Sangue através de shadow travel (não sei como traduziram isso, então fica em inglês mesmo). Só que depois de seu aprisionamento e o tempo passado no Tártaro, qualquer pulo de Nico pelas sombras pode ser o último.

Aliás, Nico tem POV neste. e a gente acompanha de perto como Nico sempre se sentiu sozinho, isolado e que não se encaixa em lugar nenhum. Se eu gostava de Nico antes, agora gosto ainda mais. E o que eu realmente adoro nele é que mesmo se sentindo isolado de todo mundo e não apreciado (o que está só na cabeça dele, aliás), ele ainda acha força para cumprir suas tarefas e ajudar. E também aqui a gente vê que depois de soltar a bomba (nem tanto, se você parar para analisar o personagem, vai perceber que estava ali, na nossa cara o tempo todo) de ter uma quedinha precipício por Percy, ele anda encarando a homossexualidade com bastante naturalidade e maturidade para os seus 14 anos. Eu não tinha comentado na resenha de A Casa de Hades por ser spoiler na época, mas achei o MÁXIMO o Tio Rick colocar isso no livro, e tratar como uma coisa natural, sem fazer mimimi, porque realmente não deve gerar polêmica. E adorei a reação de Jason, que foi para quem Nico contou, sem alardes e ainda mantendo o segredo. (Jason, você é um lindo, mas eu ainda sou mais Percy). Nico com certeza é o personagem mais denso e bem desenvolvido do livro. De todos os livros da coleção.

E falando em Nico, eu preciso comentar uma passagem, em que eu quase dei um pulinho porque me tocou de forma bastante pessoal. Entre um salto e outro, Nico, Reyna e Coach Hedge vão parar em Portugal, terrinha dos meus antepassados. E como se não bastasse isso, eles ainda visitam um monumento que EU visitei quando fui para lá: o templo de Diana, em Évora. Olha aí eu lá Alegre. Como referência, eu tenho 1,58 de altura.

Templo de Diana, Évora 2

E olha aí eu, minha irmã e minha mãe:

Templo de Diana, Évora

Nessa época eu nem sabia quem era Percy Jackson, muito menos que eu me apaixonaria tão incondicionalmente por ele Coração vermelho Só não fui em outro lugar ali perto, também mencionado no livro, a Capela dos Ossos, porque acho pra lá de creepy. E, só para constar, Nico também. E se ele, que é filho de Hades, acha isso, agora que eu não me aventuro mesmo a entrar lá. Se você quiser saber mais a respeito desse lugar (e tiver coragem pra encarar), clique aqui.

Reyna, aliás, também ganha POV neste. E a gente vê como ela é forte, determinada e que, como Nico, também se sente extremamente só devido ao cargo que ocupa. Ela, como boa romana, não foge do dever, e coloca isso acima de tudo, inclusive de seus desejos, para completar a missão. O sentimento de isolamento só aumenta ao lembrar da “profecia” de Afrodite, que disse que ela não encontraria amor em lugar nenhum. E, depois do fora de Jason e de Percy, isso tem um peso ainda maior. Mas ela não se abala, e continua lutando para desfazer o mal que Otaviano infligiu no Acampamento Júpiter, e consequentemente, no Meio-Sangue. Assim como Nico, eu gostaria muito de mais livros só para ter mais POVs deles.

Leo também tem seu POV registrado, e ele continua o mesmo Leo de sempre, usando humor para disfarçar nervosismo e a mil por hora, sempre mexendo com alguma coisa. Só que neste ele na verdade está mais focado, e cheio de segredos. Desde que deixou a ilha de Calipso com a promessa de voltar, ele faz de tudo, planeja com cuidado sua volta. Leo, que toda a vida ficou atrás de alguém, encontrou em Calipso exatamente o que queria. Cá para nós, acho Calipso meio traiçoeira, e não cairia na conversinha dela como Leo. Mas, de novo, isso nasce de uma necessidade de se encaixar, e num barco com 6 outros semi-deuses, todos com seus respectivos pares, Leo é o elemento estranho.

Piper e Jason também tem POVs, mas deles não há muito o que falar, porque eles continuam mais ou menos os mesmos. Só Piper que está mais badass. E o relacionamento deles está mais firme também. E Jason, como aconteceu com Percy, também sente que tem mais que pode fazer pelos deuses menores, e está decidido a fazer isso acontecer. Uma coisa que eu achei bem legal de Jason, além do que eu já mencionei ali em cima, é que ele não se sente mais deslocado. Como ele mesmo fala para um deus (não lembro agora qual), sua família cresceu. Ele aceita muito bem a condição de ser filho tanto dos romanos como dos gregos, e assume a posição de servir de ponte entre os dois acampamentos. Mas…

Eu senti falta de um POV do Percy, e se o livro tem uma falha, é essa. E mesmo aparecendo pouco, nosso herói continua com toda a sua acidez deliciosa. E também é visível que o tempo no Tártaro teve seu impacto em Percy. Annabeth também aparece pouco, porque também não tem POV, assim como Frank e Hazel. Mas todos eles vão dar o melhor de si para para Gaia.

O livro é uma delícia, e prende, com um acontecimento bem encadeado no outro. Eu simplesmente devorei as 502 páginas de história (não estou contando o glossário) em um fim de semana. E já estou morrendo de saudades…

“(…) para ser reconhecida como filha da deusa do amor, você deveria partir o coração de alguém. Piper havia decidido há muito tempo que mudaria esta regra. Percy e Annabeth eram o perfeito exemplo de porquê. Você deve ter que completar o coração de alguém. Este é um teste bem melhor.” (p. 395)

E para terminar, deixo este link bem bacana, listando as razões de A a Z porque amamos tanto Percy Jackson Coração vermelhoCoração vermelhoCoração vermelhoCoração vermelhoCoração vermelho.

Trilha sonora

This is war (a brave new world…), Kings and Queens e Do or Die, do 30 seconds to Mars; I see fire, do Ed Sheeran, só por causa disso:

If this is to end in fire
We should all burn together
Watch the flames climb high
Into the night

Ainda Skyfall, da linda Adele (this is the end, hold your breath and count to ten…em mais de um sentido), Collision of Worlds, Robbie Williams and Brad Paisley; When two Worlds Collide, Iron Maiden; Burn Out Bright, Switchfoot.

Se você gostou de O Sangue de Olimpo, pode gostar também de:

  • coleção Percy Jackson e os Olimpianos – Rick Riordan;
  • As Crônicas dos Kane – Rick Riordan;
  • Tequila Vermelha – Rick Riordan;
  • Harry Potter – J. K. Rowling;
  • Ciclo A Herança – Christopher Paolini;
  • As Crônicas de Nárnia – C. S. Lewis;
  • Jogos Vorazes – Suzanne Collins;
  • Divergente – Veronica Roth;
  • O Senhor dos Anéis – J. R. R. Tolkien;
  • A Crônica do Matador de Reis – Patrick Rothfuss.

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