segunda-feira, 15 de abril de 2013

Sepulcro – Trilogia Languedoc #2 – Kate Mosse

 

SepulcroEm Sepulcro, duas histórias paralelas estão separadas por mais de um século. Em outubro de 1891, a jovem Léonie Vernier e seu irmão Anatole saem apressadamente de Paris para a Herdade de Cade, a imponente propriedade da família de sua mãe, próxima da cidadela medieval de Carcassonne. O rapaz corre risco de vida e divide um segredo com sua tia Isolde, que mora no local. Logo, Léonie também terá seu segredo guardado sob a copa das árvores das florestas escuras da região, dentro da sinistra câmara mortuária que ali se esconde desde tempos imemoriais. E cuja chave é um baralho de tarô muito particular, de poder inimaginável.

Mais de cem anos depois, em outubro de 2007, a bordo de um trem recém-saído de Paris, Meredith Martin tem muito sobre o que refletir. O que a leva ao exclusivo Hotel Herdade de Cade parece ser apenas a pesquisa de uma biografia do compositor Claude Debussy. Mas ela sabe que há mais: o desejo de descobrir as origens de sua família, que parecem remontar à misteriosa região. A velha partitura de piano amarelada e as fotos antigas que foram só o que sua mãe lhe deixou são a única chave de que dispõe. E as cartas, em que até então nunca acreditara.

As encruzilhadas que ligam Léonie e Meredith são o grande mistério de Sepulcro. Os antigos enigmas que as cercam - se desvendados - podem levar a um grande tesouro, de serenidade e crescimento pessoal.

Apesar de ser sequência de Labirinto, a história é na verdade independente. Alguns personagens reaparecem, mas não faz mal não ler na sequência. Só o que ela tem de comum com o livro anterior é a localização, na região e Languedoc, na França.A estrutura deste é semelhante: as histórias de duas mulheres se cruzam através do tempo. E a narrativa se divide entre 2007 e 1891.

Léonie Vernier, uma moça de 17 anos, fútil, avoada e infantil, mora com sua mãe, Marguerite, e seu irmão Anatole, em Paris em finais de século XIX. Ela é uma típica heroína romântica, lê muito e tem uma imaginação muito fértil. Mas não enxerga nada além de seu mundinho de rendas, vestidos e idas à Ópera. E ela permanece assim por quase o livro inteiro, só acorda e melhora um pouco no final. Após testemunhar o ataque dos opositores da Alemanha em Paris, justamente na Ópera (agora não lembro, mas acho que era de Wagner) e de outros acontecimentos, ela é convidada juntamente como irmão a passar um tempo na propriedade da família em Herdade do Cade, em companhia da tia. E é lá que sua vida vai mudar radicalmente

Anatole, irmão mais velho de Léonie, tem todo o jeito de homem da casa, já que sua mãe é viúva. É um jornalista falido, que enfrenta uma campanha de difamação que o obriga a se afastar de Paris por um tempo, não por acaso coincidindo com a viagem de sua irmã. Anatole aparenta ser o jovem equilibrado e seguro na frente de sua família, mas tem um segredo que o persegue. Consequência de seus atos, mas não posso revelar mais do que isso. Basta saber que sua vida está em risco por causa disso. Longe da família, Anatole se comporta de maneira paranoica e desconfiada. Também por vezes eu acho que ele tenta ser muito autoritário, e egoísta. E no fundo é tão superficial como Léonie.

Preciso também falar de Isolde, sua tia. Viúva jovem, refinada e reservada, é amável, mas sofre com uma saúde frágil. Não tem mais muita coisa sobre ela. Apesar de importante, ela é secundária, e aparece no livro somente pelo foco de outros personagens. Chama atenção em relação a ela que um personagem querido de Labirinto retorna como um de seus amigos, e fiel ajudante de Léonie: Audric Baillard.

Já em 2007, Meredith Martin viaja pela França a pretexto de uma pesquisa sobre Claude Debussy, cuja biografia escreve. Mas na verdade, ela vai atrás de suas raízes na região de Languedoc. Meredith é minuciosa e racional. Mas a leitura de um tarô a faz mudar algumas coisas, e a partir daí, sua busca será mais pessoal que nunca.

Em sua busca, Meredith encontra Hal, um jovem inglês que perdeu seu pai recentemente num acidente de carro muito estranho. Inconformado com a falta de interesse aparente da polícia, ele faz sua própria investigação, sem imaginar que sua vida pode ser posta em risco por causa disso. Mas Hal não sossegará enquanto não colocar todos os seus demônios para trás.

Completando os personagens principais em 2007, é bom chamar atenção para Julian, tio de Hal, e dono do hotel Herdade do Cade. Julian é ambicioso e obcecado por um baralho de tarô antigo, que tem ligação com Léonie e Anatole, e também com Meredith. E não irá parar por nada para conseguir o que quer. Inescrupuloso, ele sabe ser charmoso e encantar quando quer, mas sempre com um sorrisinho cínico e cheio de segundas intenções.

Como eu disse lá em cima, este livro também se divide em duas partes: em 1891 e 2007. Mas eu sinceramente prefiro a parte em 2007. Os personagens são mais profundos e, na minha opinião, mais bem construídos. A ação também é maior em 2007. Outra coisa que deixou um pouco a desejar foi Debussy. Quer dizer, ele foi o pretexto para a história se passar em 1891, e a desculpa encontrada por Meredith para ir à França, mas fora o fato de ser vizinho dos Vernier em Paris, nada mais se fala dele. Certo, um pouco da sua biografia, mas na verdade, me pareceu mais para encher linguiça. Ele não é fundamental para a história, que passaria muito bem sem ele como desculpa, e do meio do livro para a frente, sai por completo de cena, nem aparecendo nas pesquisas de Meredith mais. No geral, é um livro envolvente e de leitura boa, mas a autora não soube aproveitar o gancho de Debussy e nem desenvolveu um clima de mistério tão bem como em Labirinto, deixando muitas pontas soltas, que acho que não serão sanadas no último livro da trilogia, Citadel (que eu procurei no site da Suma das Letras, mas não achei, ou seja, nem sei se vai sair por aqui) parece ser também independente. Fora isso, eu recomendo.

Trilha sonora

The phantom of the Opera, aqui com Sarah Brightman e Michael Crawford, mas qualquer versão vale. Apesar de mencionar só uma vez, Clair de Lune e Nocturne, de Debussy e finalmente Crawling in the dark, do Hoobastank.

Se você gostou de Sepulcro, pode gostar também de:

  • Labirinto – Kate Mosse.

4 comentários:

Bruna disse...

Olá
Gostei da resenha.
Ainda não conhecia, mas vou colocar na minha lista de livros para ler...
Beijos

cocacolaecupcake.blogspot.com.br

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Obrigada, Bruna!

Vale a leitura sim. Eu particularmente gostei mais de Labirinto, mas este também é legal e nem precisa ler na ordem.

Beijos!

Camila Soares disse...

Oi Fernanda !

Adorei o blog :)

Gostei da resenha, mas não sei se o livro em si me chamaria a atenção sabe ? Acho que não é muito meu gênero, mas quem sabe no futuro ?

Beijos
Camila Soares
http://resenhandolivrosefilmes.blogspot.com.br/

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Camila!

Obrigada!

Leia sim, eu sei que fui meio rigorosa demais, mas vale a pena, o livro é bom, sim.

Beijos e seja muito bem vinda!

Fernanda