sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Filhos do Éden – Herdeiros de Atlântida – Eduardo Spohr

 

Filhos do Eden Há uma guerra no céu. O confronto civil entre o arcanjo Miguel e as tropas revolucionárias de seu irmão, Gabriel, devasta as sete camadas do paraíso. Com as legiões divididas, as fortalezas sitiadas, os generais estabeleceram um armistício na terra, uma trégua frágil e delicada, que pode desmoronar a qualquer instante. Enquanto os querubins se enfrentam num embate de sangue e espadas, dois anjos são enviados ao mundo físico com a tarefa de resgatar Kaira, uma capitã dos exércitos rebeldes, desaparecida enquanto investigava uma suposta violação do tratado. A missão revelará as tramas de uma conspiração milenar, um plano que, se concluído, reverterá o equilíbrio de forças no céu e ameaçará toda vida humana na terra. Ao lado de Denyel, um ex-espião em busca de anistia, os celestiais partirão em uma jornada através de cidades, selvas e mares, enfrentarão demônios e deuses, numa trilha que os levará às ruínas da maior nação terrena anterior ao dilúvio – o reino perdido de Atlântida.

Eu nem ia ler esse livro agora. Depois de (re)ler todo o Ciclo A HerançaAhmnat, eu ia dar um tempo na fantasia. Mas o final de Ahmnat me lembrou muito A Batalha do Apocalipse e eu não resisti. E, se já tinha gostado muito de Batalha, eu AMEI este. Para os fãs, ele não é continuação da história de Ablon e de Shamira, mas uma série nova, situada no mesmo universo. Até há uma menção honrosa ao anjo renegado, mas ele não participa dos eventos narrados em Herdeiros de Atlântida.

Desta vez a ação gira em torno de Kaira, uma arconte da casta dos ishins. Arconte porque ela é a líder de uma missão em nome de Gabriel. Só que ela some na Terra sem completar a missão. Então, Urakin e Levih partem para a Haled para resgatá-la. Mas, quando eles finalmente a encontram, há mais um problema: Kaira não se lembra quem é e não consegue acionar seus poderes celestiais.

Kaira é uma guerreira, apesar de não saber disso, e poderosa. Mas ela passou muito tempo na Haled, como uma mortal, por isso tem sentimentos bem humanos (há outra explicação para isso, mas não vou estragar a surpresa). Ela tem dúvidas e medos, mas é muito certinha. É muito íntegra e tem um senso de responsabilidade muito forte. E o legal é que ela passa de uma garota comum no começo para uma líder segura e determinada.

Urakin é um querubim, conhecido por Punho de Deus (isso já dá uma ideia de como ele é) e, até pelas características da sua casta de guerreiros, é pragmático e de poucas palavras. É fiel e suporta tudo em nome dos amigos e de sua líder, mesmo desmemoriada. Levih é um ofanim, conhecido por Amigo dos Homens. É um pacifista, detesta partir para a violência (ao contrário de Urakin, que se sente melhor lutando) e acredita que a melhor solução é sempre o diálogo. É doce e de natureza alegre. E por ser muito empático, ele solidariza com a dor dos outros, ainda que seja inimigos. E, como Urakin, é fiel à líder e aos amigos.

Ajudando o trio está Denyel, outro anjo da casta dos querubins, mas este exilado. Este, por passar muito tempo na Terra, vivendo como mortal, adquiriu alguns hábitos nada condizentes com um anjo: bebe uma cerveja atrás da outra, é sarcástico e não tem lá muitos pudores. Mas, claro, que foi ele que eu mais gostei. Ele tem um passado meio sombrio, que vai se revelando aos poucos, e não inspira muita confiança. Ele tem uma rixa com Urakin, que ainda não ficou clara (esse é só o livro 1, então a explicação disso ainda está por vir), mas os dois se aliem frente a um inimigo comum.

Outro personagem intrigante é o Primeiro Anjo, líder dos sentinelas, anjos enviados à Terra para proteger a humanidade das catástrofes que assolaram o planeta no passado (as eras glaciais, o dilúvio). Eles estão bem no meio da disputa entre Miguel e Gabriel, e buscam vingança pelas desgraças. Não sabemos muito sobre o Primeiro Anjo, e seu drama se desenvolve em paralelo à de Kaira, mas aos poucos vai revelando uma conspiração milenar e um jogo de poder que pode acabar com a humanidade.

Do outro lado estão Yaga, uma hashmalim sob as ordens de Andril, um dos arcontes de Miguel, ishim do gelo e do frio. Ele é o principal opositor de Kaira, e é indestrutível. É absurdamente auto-confiante, e implacável. Já Yaga é esperta e cheia de artimanhas. Ainda ajudando a dupla está Sirith, um demônio que assume várias formas durante o livro.

Ainda destaco Andira, um deusa da floresta que ajuda Kaira e Denyel. Ela tem uma serenidade bem maternal, e também é muito poderosa. Esconde uma relação prévia com Denyel, mas o que realmente aconteceu não sabemos. Gosto dela. Espero que ela retorne no futuro.

Como em Batalha, este também flutua entre o presente e o passado, e entre os vários planos celestiais. Este é mais movimentado também, e os capítulos são curtos, logo que a gente acaba um, já embala no outro. Dá para ler bem rápido. O romance também está mais evidente neste, com a atração óbvia entre Kaira e Denyel, mas sem ficar meloso. Os personagens em geral também são mais humanos, não são tão heróicos, apesar de terem seus momentos. E o final deixa aquele gostinho de quero mais, e muitas outras perguntas foram deixadas para frente. Vale a pena ler.

Trilha sonora

Em primeiro lugar, uma música bem relevante o livro todo (e provavelmente no próximo também) Can't take my eyes off of you, do Frankie Valli (essa música tem ainda uma versão muito divertida em 10 coisas que eu odeio em você, com Heath Ledger – RIP – cantando. Relembre a cena. Adoro as duas). Também Stay (Faraway, so close), do U2 (uma das minhas preferidas, e que eu não consegui ver ao vivo. Eles não tocaram no show que eu fui, The PopMart Tour, em 1998), Somewhere in between, do Lifehouse e Run to the water, do Live.

Se você gostou de Herdeiros de Atlântida, pode gostar também de:

  • A batalha do Apocalipse – Eduardo Spohr;
  • Ahmnat – Os amores da Morte – Julien de Lucca.

Um comentário:

Fefa Rodrigues disse...

Fê... ainda não me inspirei a ler essas séries que se passam no "mundo espiritual" digamos assim, mas suas resenhas sempre me fazem querer ler os livros!!!!

Quanto a série O Imperador, vc vai ver qd ler, vai se apaixonar pelo César... e pelo Marcos Brutus também... dai quando vc vai pecebendo quem eles são vc não quer ver o final!!! hehehehe

E pode tentar fazer a torta de limão que dá super certo, viu!!!!