segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Os Senhores do Norte

 

senhores norte Depois de lutar ao lado do rei Alfredo na batalha que assegurou Wessex como único reino independente da Inglaterra, Uhtred decide retornar à Nortúmbria, em busca da irmã de criação. No entanto, o jovem encontra um cenário desolador, uma aterra assolada pelo caos e barbárie. Ele se alia então a Guthred, ex-escravo determinado a se tornar rei da Nortúmbria. Juntos, seguirão até Dunholm, em busca da cabeça do senhor viking Kjartan.

 

Até agora, esse é o meu favorito das Crônicas Saxônicas. Neste, Uhtred retorna ao norte, em busca de sua vingança contra Kjartan, o homem que matou seu pai de criação e raptou sua irmã. O que ele não sabe é que no caminho vai encontrar muitos percalços, incluindo a traição de um bom amigo e a escravidão.

Uhtred cresce muito neste livro. Ele continua arrogante, mas raciocina mais antes de agir, o que o torna ainda mais implacável com seus inimigos. E também começa a perceber que apesar de seu amor pelos dinamarqueses, seu destino o levará para a direção oposta. Uma boa parte desta mudança vem do fato de ele ter sido feito escravo por dois anos, o que o endureceu ainda mais, então aqui ele está ainda mais carrancudo que antes, mas agora seus motivos são mais do que justificados.

E, mesmo detestando Alfredo (e do sentimento ser mútuo), ele retorna a Wessex e faz um novo juramento a Alfredo, que começa a mostrar porque é Alfredo, o Grande. Sua visão é muito mais ampla do que ele deixa transparecer, assim como sua ambição, que fica o tempo todo só nas entrelinhas.

Também conhecemos melhor Ragnar, o Jovem, filho de Ragnar, o pai de criação de Uhtred. Nos outros ele faz somente aparições rápidas. Mas neste, ele aparece mais, e estou torcendo para que ele continue com destaque nos próximos livros. Ragnar é um homem tranquilo, que como seu pai só quer mesmo bebida e mulheres (apesar de ele parecer ser fiel a Brida, aquela mesma que foi amante de Uhtred no primeiro livro). Mas não se deixe enganar por essa aparente tranquilidade, porque ele pode ser implacável em luta, e é movido pelo mesmo desejo de vingança que Uhtred. Gosto dele.

Outro personagem novo que eu gosto muito é Finan, um irlandês franzino, mas grande soldado. Ele era escravo no mesmo barco que Uhtred, mas é ele quem segura Uhtred nos momentos mais difíceis. E, mesmo na condição de escravo, ele não desiste de lutar. É um personagem cheio de vida, e também espero que ele retorne nos próximos volumes.

Uhtred parece ter finalmente sido atingido pelo cupido, e parece que desta vez é sério. E a responsável é Gisela, irmã do rei Guthred, que irá governar a Nortúmbria. Gisela, como todas as outras personagens femininas, é uma mulher de fibra, não é nem um pouco passiva e vai à guerra. E ela sabe se impor num universo governado por homens.

Seu irmão, o rei Guthred, por outro lado, apesar de ser afável e ter o dom de fazer todos gostarem dele, é influenciável, e o perfeito rei-fantoche. Só que ele não percebe quando é manipulado, por quem quer que seja. Mesmo assim, é impossível não gostar dele. Seu carisma é tão grande que ele conquista até mesmo a nós, leitores.

Só para variar, Bernard Cornwell detalha muito bem todos os acontecimentos do livro, e o resultado é uma narrativa deliciosa, e que deixa a gente morrendo de vontade de ler o próximo.

Nota histórica

Segundo a nota histórica do próprio Bernard Cornwell ao final do livro, o rei Guthred realmente existiu, e foi por um período escravo, uma lenda que ele explorou com maestria, como sempre.

Se você gostou de Os senhores do Norte, pode gostar também de:

  • As Crônicas de Artur – Bernard Cornwell
  • A Busca do Graal – Bernard Cornwell

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