sexta-feira, 19 de março de 2010

A Dança da Floresta

 

a dança da floresta Esta é uma história mágica, que transita entre um mundo mítico e um castelo na Transilvânia…

Jena, uma garota de dezesseis anos, seu sapinho de estimação Gogu e suas quatro irmãs guardam um segredo: desde crianças, nas noites de Lua Cheia, fazem sombras com as mãos contra uma pedra, abrindo um misterioso portal para uma floresta mágica, onde passam a noite inteira dançando com encantadoras e bizarras criaturas fantásticas.

Porém, elas não imaginavam que suas vidas mudariam drasticamente: o pai adoece e, por recomendações médicas, viaja para Constanta, região onde o inverno é mais ameno. Jena e sua irmã Tati ficam encarregadas de cuidar dos negócios da família no castelo de Piscul Dracului. As coisas vão bem até que um trágico acidente deixa tudo fora de controle.

Jena então passa a lutar por suas adoradas irmãs. Com o amigo Gogu, ela terá de aventurar-se nos domínios de escuridão e enfrentar perigos para preservar não apenas aqueles que ama, mas sua própria independência.

Confesso que à primeira vista, A Dança da Floresta não parecia o tipo de livro que eu normalmente leria. Mas ao virar as páginas, tive uma agradável surpresa: um conto de fadas com tudo a que se tem direito – trolls, elfos, fadas, bruxas e princesas. E também gostei de saber um pouco mais sobre a cultura romena, em especial a região da Transilvânia.

Transilvânia? Vampiros, certo? É, eles estão presentes no livro, mas são chamados simplesmente como Seres da Noite, por escolha da autora, para evitar a associação direta com Drácula. O que é difícil não fazer, já que e descrição desses seres corresponde aos vampiros que conhecemos, desde Edward Cullen até o próprio Drácula.

Só vejo um problema com o livro: é meio óbvio. As personagens são planas demais. Jena, por exemplo é a filha exemplar, responsável, racional e defende com unhas e dentes sua família e seu lar. Ela começa o livro assim e acaba do mesmo jeito. Não há surpresas, ela não evolui.

Da mesma forma, o amor é aquele tipo idealizado, e as pessoas acham suas almas-gêmeas, aqueles a quem estão destinados. Não que não haja sofrimento. Há, e bastante, mas eventualmente todos encontram seu “e viveram felizes para sempre” (aliás, só faltou isso para ser mesmo um conto de fadas).

De qualquer maneira, é uma leitura leve e gostosa, que faz a gente se lembrar da infância. E mal posso esperar para ler a continuação, O Segredo de Cibele, bem como a coleção Sevenwaters, que, infelizmente, ainda não está disponível no Brasil.

Nota histórica

A Transilvânia deve sua fama a Vlad Tepes, príncipe voivode, considerado o Conde Drácula original, também conhecido pelo meigo apelido de Vlad, o Empalador. Ele dominou a região por três vezes, em 1448, entre 1456 e 1462, e, finalmente em 1476. Ele é famoso pela sua política de independência do Império Otomano e ao tratamento cruel que dava a seus prisioneiros. Mas é considerado herói popular na região até hoje. (Fonte:Vlad Tepes e Transilvânia)

Trilha sonora

Os bailes na floresta, mais uma vez, me fazem lembrar das músicas com toque celta (apesar de a história se passar bem longe dos territórios ocupados pelos celtas) do The Corrs, especialmente Haste to the Wedding e Old Hag. Também tem um quê de Loreena McKennitt, com The Mummers Dance.

Se você gostou de A Dança da Floresta, pode gostar também de:

  • A Filha da Noite – Marion Zimmer Bradley
  • O Trílio Negro – Marion Zimmer Bradley

segunda-feira, 15 de março de 2010

Harry Potter e o Enigma do Príncipe

 

Half-blood prince Harry passa as férias de verão na casa de seus tios, mais uma vez. Sua mente, no entanto, não sossegou por um minuto, durante todo esse tempo. Ele ainda tem dificuldades em aceitar a morte do padrinho, Sirius Black, e a terrível caçada no Ministério da Magia, comandada pelos Comensais da Morte, sem contar que não absorveu, ainda, o impacto do cruento duelo entre Professor Dumbledore e Lord Voldemort, que presenciou.

Agora, em seu quarto, ele aguarda, inquieto, a chegada do diretor da escola. Harry nem consegue imaginar que motivos Dumbledore tem para visitá-lo. O que será tão importante que não possa esperar o início do semestre? Sem falar que imaginar a reação dos tios à presença súbita do diretor, é um esforço além da conta…

J.K. Rowling acompanha as aventuras de Harry Potter, em seu sexto ano em Hogwarts, com misto de humor e detalhamento inigualáveis, um ritmo de tirar o fôlego de qualquer leitor e, acima de tudo, uma capacidade de encantar que é pura magia.

De todos os livros da série, acho este o mais sombrio. E não é para menos, já que se trata, em linhas gerais, de uma viagem pelo passado de ninguém menos que Lord Voldemort. E, claro, como todos sabem, essa não é uma história com final feliz.

Como todo vilão que se preze, Lord Voldemort é o que é devido a problemas de aceitação com seu pai trouxa. Tudo bem, o cara abandonou a mãe de Voldy antes de seu nascimento, mas temos que dar um desconto, já que Tom Riddle só estava com Merope por causa de um feitiço, e não por amor. Aliás, aí está a raiz do problema: falta de amor. Abandonado pelo pai, sem conhecer a mãe, Voldemort culpa o pai pelo abandono e pela subsequente morte da mãe, ódio este que é estendido a todos os trouxas e meio-sangues.

Este livro também mostra um lado mais cruel de Harry. Obcecado pela ideia de Draco ser um Comensal da Morte, Harry não pensa duas vezes (típico) ao atacar o último no banheiro, de forma bem violenta. Fiquei até chocada quando li. Harry até podia estar certo, mas o ataque é injustificado, já que Draco estava desarmado e na verdade em conflito.

Draco, aliás, tem participação maio neste sexto volume (eba!). Sobrecarregado com a responsabilidade de ocupar o lugar de seu pai entre os Comensais da Morte e pela tarefa que lhe é imposta por Voldemort, Draco não aguenta e começa a duvidar se está lutando do lado certo. É de dar pena. O garoto está tão arrasado que chora as pitangas para Murta Que Geme (isso que é desespero!). É uma pena que Rowling não tenha explorado melhor Draco. Ele daria um personagem fantástico, se tivesse mais espaço.

Outra coisa que me agrada são as horcruxes. Achei uma ideia interessante e criativa: um assassinato divide a alma e o fragmento pode ser armazenado, prolongando a vida do perpetuador. Também é a chave para a destruição de Voldemort. Sem contar que criaram bastante especulação: qual é a horcrux que falta? Confesso que quebrei a cabeça tentando descobrir qual era.

Mais uma coisa que preciso mencionar. E aviso que é spoiler. Portanto, se você não leu o livro nem viu o filme, pule esta parte. A morte de Dumbledore. É necessária e até meio óbvia. Todo mestre morre: Gandalf morre, Merlin morre, Obi-Wan morre (é, sou fã de Star Wars, mesmo). O mestre tem que morre a fim de que o pupilo cresça se torne o que é predestinado a ser. E a morte de Dumbledore tem esse efeito em Harry. Tomado pela raiva, ele sai atrás de Draco e Snape, sem parar para pensar no que realmente aconteceu (é importante lembrar que Harry é absurdamente impulsivo e emocional). Só Hermione parece duvidar da atitude de Snape (sobre ele, vou escrever quando falar de Relíquias da Morte). Mas uma vez que a raiva passa, Harry, numa atitude atipicamente racional e adulta, toma para si a tarefa de acabar o que Dumbledore começou. Daí a importância de conhecer a história de Voldemort. E mais um dado importante: Dumbledore sabia que ia morrer (guardem essa informação!)

Por outro lado, o livro também tem momentos mais leves e de muito humor. O namora de Rony e Lilá, por exemplo. É hilário. Dá para notar toda a inexperiência de Rony com garotas, e Lilá se aproveita disso direitinho, fazendo gato e sapato dele. Harry também aprendeu a lição e toma a iniciativa com Gina, mostrando-se mais seguro. Também neste departamento, é engraçado ver a relação de Gui e Fleur, e o efeito desta sobre as meninas, especialmente Gina. E até concordo com ela. Fleur e insuportável, mas do seu jeito, ama de verdade Gui, como irá provar. E não se deixe enganar por seu jeito melado e nariz empinado. Por trás disso, há uma mulher corajosa e ultra fiel a sua família. E, meu momento preferido: Luna narrando o jogo de quadribol. Impagável! E novamente, com toda a sua simplicidade, prova que é uma luz no fim do túnel e se mostra uma bruxinha competente e destemida.

Confesso que eu esperava mais de o Enigma do Príncipe. Em comparação, Cálice de Fogo e Ordem da Fênix, este livro perde um pouco o ritmo, na minha opinião. Mas eu entendo que esta “pausa” era necessária, como uma preparação para o último volume. E, nesse sentido, o livro preenche todos os requisitos.

Trilha sonora

Algumas músicas me ocorrem: My immortal, do Evanescence, Magic do Ben Folds Five, para os momentos finais. E Kiss me, do Sixpence None The Richer, This Kiss da Faith Hill, e Falling in love is hard on the knees (especialmente para Ron), do Aeorsmith para os mais leves. E também Time is on my side, do Rolling Stones (preciso dizer para quem?)

Filme

Half-blood prince movie Que decepção! Se o diretor, David Yates, já tinha errado a mão em Ordem de Fênix, em Enigma do Príncipe desaba de vez. Muito ruim. Além das licenças poéticas, como na cena da morte de Dumbledore, com toda aquela gente (ao contrário do livro, o que é um horror porque aí Harry não pode sair falando pra todo mundo que Snape matou Dumbledore), ficaram de fora coisas importantes, como a morte de Merope, o jovem Voldy sondando a parente de Ravenclaw e suas indagações sobre horcruxes (não é satisfatório no filme), e Rufus Scrimgeor, o novo Ministro da Magia, nem aparece. Para mim, só duas coisas foram feitas certo. Um: o namoro de Rony e Lilá. A garota que a interpreta (Jesse Cave) o faz de forma brilhante. Os dois, aliás, estão muito bem no filme. O segundo acerto: o garoto que interpreta o menino Voldemort (Hero Fiennes – Tiffin, que, se é bom ator, tem a quem puxar. É sobrinho de Ralph Fiennes – nosso Lord Voldemort – e de Joseph Fiennes, o Will Shakeaspere de Shakespeare Apaixonado, e agora da série Flashforward). O garoto dá arrepios. Mas é só. De resto, o filme é uma porcaria.

Curiosidade

Os egípcios acreditavam que o corpo era a casa do espírito enquanto este vagava pela pós-vida, por isso a decomposição do corpo representava um risco, de o espírito também ser destruído. Assim, era importantíssimo preservar os corpos. os óragõs eram retirados e colocados em vasos sagrados, chamados canopos. Bem parecido com o conceito das horcruxes. (Fontes: Religião no Antigo Egito e Making a Mummy)

domingo, 7 de março de 2010

Harry Potter e a Ordem da Fênix

 

Order of the phoenix Diferente da maioria dos estudantes, Harry Potter jamais consegue se divertir nas férias de verão. Este ano, no entanto, tudo está muito pior do que de costume. Os Dursley, naturalmente, estão tornando sua vida um calvário e, mesmo seus melhores amigos, Rony e Hermione, parecem ter esquecido dele.Harry não aguenta mais. Está começando a achar que precisa fazer alguma coisa – qualquer coisa – para mudar essa situação, quando as férias chegam ao fim de maneira muito dramática

O que o jovem bruxo está prestes a descobrir nesse seu quinto ano em Hogwarts vai virar seu mundo de cabeça para baixo…

Um novo romance de aventuras que prende e eletriza, cheio de suspense, segredos e – é claro – a magia da incomparável J.K. Rowling.

Este foi, provavelmente, com exceção de As Relíquias da Morte, o livro que eu mais esperei para ler. Após o Cálice de Fogo, eu estava curiosíssima para saber como seria a vida no mundo dos bruxos agora que Lord Voldemort estava de volta. Lembro que assim que o livro chegou (como de costume, eu havia pedido pela internet), eu já fui desembrulhando e comecei a ler no ato.

De cara, o que me chamou atenção foi a raiva que Harry sente de tudo e de todos. E não é para menos. Dois meses atrás, ele testemunhou a morte de Cedric, viu Voldemort retornar e quase morre. E por dois meses, fica isolado de tudo e Dumbledore lhe dá o tratamento de silêncio. Para piorar, ele é alvo do ataque de dois Dementadores e sua defesa resulta numa audiência disciplinar, julgada no Ministério da Magia. Ufa! Acho que qualquer um nessa situação estaria muito, mas muito revoltado com o mundo.

É interessante que, ao contrário das minhas expectativas, o livro não é tão sombrio como eu achava. Eu pensava que, com a volta de Voldemort, haveria assassinatos e, principalmente medo. Muito medo. Ao invés disso, a ameaça é mais sutil. Aproveitando-se da negação do Ministério, Voldemort age nas sombras, valendo-se da campanha do próprio Ministério para desacreditar Harry e Dumbledore. Não é fácil perceber isso, e Rowling faz um trabalho muito bom desenvolvendo a trama e transformando Harry em um típico adolescente.

O meio encontrado para isso foi a intervenção do Ministério em Hogwarts, através da Professora Umbridge, bruxa autoritária. preconceituosa e absurdamente sádica, que chega com o pretexto de ser a nova professora de Defensa Contra as Artes das Trevas, mas que aos poucos mostra suas verdadeiras intenções. É absolutamente fiel a Fudge, o Ministro da Magia, e não mede esforços para conseguir o que quer, que, é claro, é poder. O máximo que conseguir.

O livro tem também momentos impagáveis, como a saída mais que teatral dos gêmeos e a participação especial de Lockheart no hospital. De tudo isso, porém, o que eu mais gosto é Luna Lovegood, que com seu jeito avoado e despreocupado, é uma lufada de ar fresco. E é ela, com seu jeito tranquilo, que assegura Harry que tudo vai dar certo no final e mostra a ele que ele só tem que confiar em si mesmo e que ele não está sozinho. Eu simplesmente ADORO Luna.

Também preciso mencionar duas coisas muito controversas. Aviso que aí vem spoilers. Por isso, se você leu o livro, nem assistiu o filme, e não quiser saber o final, não leia os dois próximos parágrafos. O primeiro, é claro, é a morte de Sirius. Confesso que antes de ler, eu especulei que quem morria era qualquer um, menos Sirius. Mas reconheço que sua morte foi necessária. Já estava no hora de Harry perder alguém próximo. Eu sei, ele perdeu os pais, mas honestamente, quem se lembra das coisas quando tinha um ano de idade? Que memória Harry tem dos pais? Nenhuma. Então estava na hora de ele sentir como era mesmo perder alguém.

Spoiler número dois: a profecia. A conversa final de Harry e Dumbledore, que provavelmente é a mias importante de todas, quando Harry finalmente descobre a verdade sobre seu nascimento ter sido profetizado, e de seu terrível destino, é sombria e perturbadora, para dizer o mínimo. E, como toda profecia, gera um sem-número de interpretações, e é um jogo de palavras inteligente. Tudo bem, Dumbledore explica boa parte dela na fadada conversa, mas outras partes só vão ficar  claras no final do sétimo livro (e, pessoalmente, não tenho certeza que ficou tudo esclarecido. Qual é o poder que Voldemort desconhece? Vou voltar a isso quando falar de As Relíquias da Morte).

Falando em controvérsias, preciso mencionar outra coisa que não ficou muito clara. Os testrálios. Se somente quem já encarou a morte pode vê-los, por que então Harry não os vê desde o primeiro ano? Ou é preciso ter consciência da morte para vê-los? Particularmente, eu acho que é a segunda opção. Voltamos à questão das memórias quando se tem um ano de idade. Ele não tem a compreensão do que aconteceu.

De qualquer forma, Ordem é um dos melhores da série (na minha opinião, o terceiro no ranking) e uma boa preparação para os dois últimos. E aproveito para parabenizar a tradutora, Lia Wyler. Até aqui, eu li em português e inglês, e imagino que deva ser bem difícil traduzir os nomes de ingredientes e criaturas mágicas que Rowling inventou. Eu só não traduziria os nomes de personagens, como James, o pai de Harry.

Nota histórica

Pareceu familiar a intervenção do Ministério em Hogwarts? Pois é mesmo. Para quem gosta e estuda História, é assim que começam a maioria das ditaduras. Um lado tenta desesperadamente desacreditar o outro, levando à desconfiança e insegurança. Os golpistas também agem no escuro, utilizando-se de agentes infiltrados em lugares de interesse, até que  golpe aconteça, com a tomada de poder , e eles passam a agir abertamente, contra qualquer um que tenha uma visão contrária àquela de quem quer que seja que está no poder. Não sou comunista, de forma alguma, simplesmente gosto de História, e não podia deixar de mencionar este fato.

Trilha sonora

Em geral, as músicas do Linkin Park, em especial One Step Closer (SHUT UP WHEN I’M TALKING TO YOU!) e Points of Authority. Também We are, de Ana (que também faz parte da trilha de Spider Man 2)

Filme

order of the phoenix filme Uma palavra: decepção. Não entendo porque todo mundo fala que esse tal de David Yates é o melhor diretor da série. Quem leu o livro, sabe que Harry está fulo da vida (desculpem a palavra), mas cadê essa fúria toda no filme? Onde foi parar? E a saída dos gêmeos? Cadê o pântano? E que negócio é esse de levar Ron para conhecer o Grope junto com os outros? No livro não é assim. Não sou daquelas que reclama porque mudaram a cor do vestido da Hermione no baile, mas tem limite para a licença poética. A única bola dentro desse cara: chamar a belatrix Helena Bonham Carter como Belatrix. Como sempre, ela está fantástica no papel. Só que no livro, ela não mata Sirius com Avada Kevadra, mas com ela, isso é o de menos. De resto, é lamentável a versão cinematográfica. Muita distorção do livro.

Se você gostou de Ordem de Fênix, pode gostar também de:

  • coleção Harry Potter – J.K. Rowling
  • trilogia da Herança – Chritopher Paolini
  • Percy Jackson e os Olimpianos – Rick Riordan
  • O Senhor dos Anéis – J.R.R. Tolkien