segunda-feira, 15 de março de 2010

Harry Potter e o Enigma do Príncipe

 

Half-blood prince Harry passa as férias de verão na casa de seus tios, mais uma vez. Sua mente, no entanto, não sossegou por um minuto, durante todo esse tempo. Ele ainda tem dificuldades em aceitar a morte do padrinho, Sirius Black, e a terrível caçada no Ministério da Magia, comandada pelos Comensais da Morte, sem contar que não absorveu, ainda, o impacto do cruento duelo entre Professor Dumbledore e Lord Voldemort, que presenciou.

Agora, em seu quarto, ele aguarda, inquieto, a chegada do diretor da escola. Harry nem consegue imaginar que motivos Dumbledore tem para visitá-lo. O que será tão importante que não possa esperar o início do semestre? Sem falar que imaginar a reação dos tios à presença súbita do diretor, é um esforço além da conta…

J.K. Rowling acompanha as aventuras de Harry Potter, em seu sexto ano em Hogwarts, com misto de humor e detalhamento inigualáveis, um ritmo de tirar o fôlego de qualquer leitor e, acima de tudo, uma capacidade de encantar que é pura magia.

De todos os livros da série, acho este o mais sombrio. E não é para menos, já que se trata, em linhas gerais, de uma viagem pelo passado de ninguém menos que Lord Voldemort. E, claro, como todos sabem, essa não é uma história com final feliz.

Como todo vilão que se preze, Lord Voldemort é o que é devido a problemas de aceitação com seu pai trouxa. Tudo bem, o cara abandonou a mãe de Voldy antes de seu nascimento, mas temos que dar um desconto, já que Tom Riddle só estava com Merope por causa de um feitiço, e não por amor. Aliás, aí está a raiz do problema: falta de amor. Abandonado pelo pai, sem conhecer a mãe, Voldemort culpa o pai pelo abandono e pela subsequente morte da mãe, ódio este que é estendido a todos os trouxas e meio-sangues.

Este livro também mostra um lado mais cruel de Harry. Obcecado pela ideia de Draco ser um Comensal da Morte, Harry não pensa duas vezes (típico) ao atacar o último no banheiro, de forma bem violenta. Fiquei até chocada quando li. Harry até podia estar certo, mas o ataque é injustificado, já que Draco estava desarmado e na verdade em conflito.

Draco, aliás, tem participação maio neste sexto volume (eba!). Sobrecarregado com a responsabilidade de ocupar o lugar de seu pai entre os Comensais da Morte e pela tarefa que lhe é imposta por Voldemort, Draco não aguenta e começa a duvidar se está lutando do lado certo. É de dar pena. O garoto está tão arrasado que chora as pitangas para Murta Que Geme (isso que é desespero!). É uma pena que Rowling não tenha explorado melhor Draco. Ele daria um personagem fantástico, se tivesse mais espaço.

Outra coisa que me agrada são as horcruxes. Achei uma ideia interessante e criativa: um assassinato divide a alma e o fragmento pode ser armazenado, prolongando a vida do perpetuador. Também é a chave para a destruição de Voldemort. Sem contar que criaram bastante especulação: qual é a horcrux que falta? Confesso que quebrei a cabeça tentando descobrir qual era.

Mais uma coisa que preciso mencionar. E aviso que é spoiler. Portanto, se você não leu o livro nem viu o filme, pule esta parte. A morte de Dumbledore. É necessária e até meio óbvia. Todo mestre morre: Gandalf morre, Merlin morre, Obi-Wan morre (é, sou fã de Star Wars, mesmo). O mestre tem que morre a fim de que o pupilo cresça se torne o que é predestinado a ser. E a morte de Dumbledore tem esse efeito em Harry. Tomado pela raiva, ele sai atrás de Draco e Snape, sem parar para pensar no que realmente aconteceu (é importante lembrar que Harry é absurdamente impulsivo e emocional). Só Hermione parece duvidar da atitude de Snape (sobre ele, vou escrever quando falar de Relíquias da Morte). Mas uma vez que a raiva passa, Harry, numa atitude atipicamente racional e adulta, toma para si a tarefa de acabar o que Dumbledore começou. Daí a importância de conhecer a história de Voldemort. E mais um dado importante: Dumbledore sabia que ia morrer (guardem essa informação!)

Por outro lado, o livro também tem momentos mais leves e de muito humor. O namora de Rony e Lilá, por exemplo. É hilário. Dá para notar toda a inexperiência de Rony com garotas, e Lilá se aproveita disso direitinho, fazendo gato e sapato dele. Harry também aprendeu a lição e toma a iniciativa com Gina, mostrando-se mais seguro. Também neste departamento, é engraçado ver a relação de Gui e Fleur, e o efeito desta sobre as meninas, especialmente Gina. E até concordo com ela. Fleur e insuportável, mas do seu jeito, ama de verdade Gui, como irá provar. E não se deixe enganar por seu jeito melado e nariz empinado. Por trás disso, há uma mulher corajosa e ultra fiel a sua família. E, meu momento preferido: Luna narrando o jogo de quadribol. Impagável! E novamente, com toda a sua simplicidade, prova que é uma luz no fim do túnel e se mostra uma bruxinha competente e destemida.

Confesso que eu esperava mais de o Enigma do Príncipe. Em comparação, Cálice de Fogo e Ordem da Fênix, este livro perde um pouco o ritmo, na minha opinião. Mas eu entendo que esta “pausa” era necessária, como uma preparação para o último volume. E, nesse sentido, o livro preenche todos os requisitos.

Trilha sonora

Algumas músicas me ocorrem: My immortal, do Evanescence, Magic do Ben Folds Five, para os momentos finais. E Kiss me, do Sixpence None The Richer, This Kiss da Faith Hill, e Falling in love is hard on the knees (especialmente para Ron), do Aeorsmith para os mais leves. E também Time is on my side, do Rolling Stones (preciso dizer para quem?)

Filme

Half-blood prince movie Que decepção! Se o diretor, David Yates, já tinha errado a mão em Ordem de Fênix, em Enigma do Príncipe desaba de vez. Muito ruim. Além das licenças poéticas, como na cena da morte de Dumbledore, com toda aquela gente (ao contrário do livro, o que é um horror porque aí Harry não pode sair falando pra todo mundo que Snape matou Dumbledore), ficaram de fora coisas importantes, como a morte de Merope, o jovem Voldy sondando a parente de Ravenclaw e suas indagações sobre horcruxes (não é satisfatório no filme), e Rufus Scrimgeor, o novo Ministro da Magia, nem aparece. Para mim, só duas coisas foram feitas certo. Um: o namoro de Rony e Lilá. A garota que a interpreta (Jesse Cave) o faz de forma brilhante. Os dois, aliás, estão muito bem no filme. O segundo acerto: o garoto que interpreta o menino Voldemort (Hero Fiennes – Tiffin, que, se é bom ator, tem a quem puxar. É sobrinho de Ralph Fiennes – nosso Lord Voldemort – e de Joseph Fiennes, o Will Shakeaspere de Shakespeare Apaixonado, e agora da série Flashforward). O garoto dá arrepios. Mas é só. De resto, o filme é uma porcaria.

Curiosidade

Os egípcios acreditavam que o corpo era a casa do espírito enquanto este vagava pela pós-vida, por isso a decomposição do corpo representava um risco, de o espírito também ser destruído. Assim, era importantíssimo preservar os corpos. os óragõs eram retirados e colocados em vasos sagrados, chamados canopos. Bem parecido com o conceito das horcruxes. (Fontes: Religião no Antigo Egito e Making a Mummy)

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