sábado, 26 de novembro de 2011

Brisingr – Christopher Paolini

 

Brisingr Em Brisingr, Eragon e seu dragão, Saphira, conseguiram sobreviver à batalha colossal na Campina Ardente contra os guerreiros do Império. No entanto, Cavaleiro e dragão ainda terão de se deparar com inúmeros desafios. Eragon se vê envolvido numa série de promessas que talvez não consiga cumprir, como o juramento a seu primo, Roran, de ajudá-lo a resgatar sua amada Katrina das garras de Galbatorix. Todavia, Eragon deve lealdade a outros também. Os Varden precisam desesperadamente de sua habilidade e força, assim como elfos e anões. Com a crescente inquietação dos rebeldes e a iminência da batalha, Eragon terá de fazer escolhas que o levarão a atravessar o Império, viajando muito além. Escolhas que poderão submetê-lo a sacrifícios inimagináveis? Conseguirá o jovem unir as forças rebeldes e derrotar o Império?

ATENÇÃO! SPOILERS SE VOCÊ NÃO LEU NENHUM LIVRO DO CICLO A HERANÇA!

Se Eldest já mostrava um crescimento de Christopher Paolini como autor, em Brisingr a história ganha autonomia. É o grito de independência. Claro que as referências a outras sagas ainda está lá, mas já são mais fracas. E este, por enquanto, é o meu favorito, e o melhor (digo mais quando terminar Inheritance). Brisingr começa umas três semanas depois do final de Eldest. E traz o desafio para Eragon de cumprir (ou pelo menos tentar) todas as promessas que fez nos anteriores. E não são poucas. Aliás, nisso ele é bem parecido com o Artur de Bernard Cornwell: não se sente muito à vontade prometendo lealdade a torto e a direito, mas faz um juramento atrás do outro.

Uma dessas promessas é a de ajudar Roran a libertar Katrina do domínio dos Ra’zac. Então logo de cara, já damos com os dois prestes a invadir a fortaleza dos homens-inseto. (SPOILER!) Nem preciso dizer qual o resultado, né? E mais uma vez Roran se prova um guerreiro de primeira. Katrina diz mais tarde que ele é melhor soldado que Eragon, e tenho que concordar. O cara faz tudo sem a ajuda de magia (fora os feitiços de proteção que seu primo coloca sobre ele). Repito: acho que seu destino é muito maior que ser um simples fazendeiro. Afinal não podemos esquecer que ele compartilha um pouco do sangue de Eragon e Murtagh (já já essa declaração vai ficar mais clara, caso você não tenha lido o livro nem a resenha de Eldest), já que a mãe de Eragon é irmã do pai de Roran. E esse destaque vai lhe render uma posição mais privilegiada nos Varden. Só que ele pena um pouco até que Nasuada dê o devido valor a Roran (explico melhor daqui a pouco). E Roran também cresceu desde o começo de Eldest. Ele sabe que o futuro de sua terra e de sua família depende a vitória contra Galbatorix, e luta com paixão contra o Império. Isso faz dele um guerreiro eficiente e motivado e faz o que for necessário para assegurar a liberdade. E assume a responsabilidade por seus atos também. Além disso, ele também é inteligente (mais que Eragon, por exemplo) e consegue tudo com astúcia e muita lábia. Ele até mesmo conquista o respeito dos Urgals, coisa difícil.

E já que mencionei Katrina, deixa eu falar um pouquinho dela. Ela é uma mulher forte e, como Roran, luta com unhas e dentes pela sua família. Ela passou um bom tempo em poder dos Ra’zac, mas não fraquejou em momento nenhum. E ela sabe esconder seu sofrimento muito bem. Enfrenta tudo com dignidade e já não é mais a moça bobinha de antes. Mas tudo isso sem perder a meiguice ou a simplicidade.

E como também falei de Nasuada, vamos lá. Neste, muito mais que em Eldest, ela tem que lidar com o fardo de liderar o exército Varden. E bem já dizia Tio Ben para Peter Parker: com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. E mais uma coisinha que ele deixou de fora: o poder inebria e pode cegar. Ela ainda não chegou a esse ponto, mas acaba tomando algumas atitudes a meu ver muito ditatoriais. Tudo bem, ela pensa primeiro no bem dos Varden, e ela não pode beneficiar alguns em favor de muitos, mas mesmo assim, não justifica algumas de suas atitudes. Uma delas é o medo de perder o poder. Sim, e quem ela teme é justamente Roran. A popularidade e o dom de convencer as pessoas de Roran a incomodam, e assim ela deliberadamente o coloca em posições que ela sabe que não são à altura dele. Ainda admiro sua força, mas às vezes ela me irrita. Ela se tornou um tanto arrogante e adquiriu o péssimo hábito de olhar as pessoas do alto, até com certo desprezo.

Eragon está ainda mais maduro e se vê as voltas com suas promessas. Além de ter que lidar com o declaração final de Murtagh em Eldest (volto nela mais para a frente) que eles são irmãos, e que ele seria filho de Morzan também. Ele se atormenta com isso. E agora quer provar que não é nada igual a seu “pai”.

E Saphira também ganha dois capítulos com a sua perspectiva. E na verdade eles só fizeram eu me irritar com ela. Além do jeito irritante-cheio-de-hifens-como-os-dragões-pensam, ela se acha muito. Para ter uma ideia da petulância da criatura, ela se auto-intitula a Rainha dos Céus (ou qualquer porcaria do gênero). Menos, né, filha. Glaedr ainda é mais velho que você e ainda tem Thorn a ser levado em consideração.

E falando em Thorn, agora sim eu posso falar de Murtagh. E tem coisa pra dizer…Bom, como todo mundo já sabe, Murtagh é filho de Morzan, o último e mais cruel dos Renegados. Mas ele detesta o pai, e com razão. Sua infância não foi nada fácil sofrendo um abuso atrás do outro de seu querido papi, e, depois de sua morte, de quem quer que se encarregasse dele. Quando ele finalmente se livra do domínio de Galbatorix, tem que enfrentar a desconfiança de todos, simplesmente por ser filho de quem é (como se a culpa fosse dele). Em suma, ele é um pária, nunca realmente pertenceu a lugar nenhum. Até que chegou com Eragon em Farthen Dûr, onde após enfrentar a desconfiaça, ganha um lugar de certo prestígio. Só para ser capturado pelos Gêmeos e servir de marionete (literalmente) de Galbatorix. Ele não quer ser o que é, mas não tem alternativa, já que foi escravizado junto com Thorn por Galbatorix. Ao mesmo tempo, ele sente certa satisfação em ser Cavaleiro, ainda que do lado errado. E é compreensível: ele simplesmente pegou a oportunidade para retornar a mesma cortesia a um mundo que nunca lhe deu nada (payback is a bitch). Como disse uma vez minha ex-professora de IEC, ele é um dos personagens mais trágicos que eu já vi. E não estou exagerando. Murtagh é um cara decente, mas filho do pai errado e cresceu no meio errado. Seu destino só poderia mesmo ser trágico (o destino é inexorável, já dizia Merlin). Mas ainda sustento que ele vai se redimir. E, apesar das restrições, ele ainda tem força suficiente para encontrar meios de se revoltar. Ele acaba ajudando Eragon em certo sentido, e PEDE para ser ajudado. E nas sábias palavras de Dumbledore, isso faz TODA a diferença. E uma coisa que eu acho legal é que Eragon sabe de tudo isso. Ele não tem os pré-conceitos de Harry, por exemplo (em relação a Snape e a Malfoy).

E lembra que eu disse que me incomodava o nome Eldest? Pois bem, eu disse que essa palavra quer dizer “mais velho”. Eu achava que se tratava de Oromis e Glaedr, ainda que a capa do livro seja Thorn (o que não quer dizer muita coisa, já que o nome deste se refere à espada de Eragon, mas a capa é justamente Glaedr). Na verdade, “eldest” quer dizer filho ou irmão mais velho. E quando Murtagh revela que Eragon é seu irmão e toma Zar’roc, a velha espada de Morzan, ele fala: “It should go to the ELDEST son” (ela deveria ir para o filho mais velho). Certo, quem traduziu nem podia mesmo traduzir de modo diferente, mas uma notinha de rodapé com uma explicaçãozinha era muito bem-vinda, não? Sim, repito, me senti muito estúpida por não ter pensado nisso antes, mas como já disse, se você manja de inglês, leia no original. A tradução está de matar. E outro preciosismo idiota que deixaram, que quem me lembrou foi o meu amigo Nerito, do blog O Guardião, é a repetição da palavra “vendeta”. No original, essa palavra (que existe em inglês, mas com dois t’s) só aparece no terceiro e se refere à rixa de Roran com Birgit (que é mesmo a tradução mais apropriada da palavra). Em Eldest, aparece mesmo “revenge”, e até faz sentido, porque tanto Eragon, mas principalmente Roran são movidos pela vingança (e se você estiver se perguntando: E quanto a V de Vingança? V for Vendetta, no título original em inglês. Quem assistiu o filme, sabe que o tal do filme não exatamente planeja vingança). E pessoalmente acho “vingança” mais forte mesmo.

Só para não dizerem que eu não falei da Arya, ela aparece também, mas do mesmo jeito reservado e meio superior. Mas até ela mostra alguma reação a certa altura (não vou dizer quando para não entregar o ouro). E outros elfos aparecem, a meu ver igualmente irritantes, sendo que o pior deles é Blödhgarm, um ser estranho com aparência de um gato selvagem em duas pernas, mas que de alguma forma consegue atrair toda a mulherada dos Varden (fala sério! Eu adoro gatos, mas isso é ir longe demais). Ele faz parte da guarda pessoal de Eragon (HA! Diz aí, Katrina não tem razão?), além de acumular o posto de mago, sob o comando do Cavaleiro. Só uma coisa me agrada nesses elfos. Ao contrário dos indiferentes e sempre deprimidos elfos de O Senhor dos Anéis, os do Ciclo A Herança sabem muito bem que devem lutar pelo seu mundo, e partem para o ataque, ao invés de fugir pelos Portos Cinzentos (para você que só assistiu os filmes, nos livros, ele não ajudam o exército do Rei Théoden no Forte da Trombeta. Só fazem lamentar e choramingar. Adoro OSDA, mas eles são um porre. Já disse, só Legolas se salva).

Quase me esqueço de Angela. Ela quase não aparece, mas quando o faz, sempre é um bom trecho. Ela continua bocuda, falando o que lhe dá na cachola, e com atitudes esquisitas. Acho que ela é a personagem mais humana da saga (talvez por ter sido inspirada na irmã de Christopher Paolini). E Solembum infelizmente, não dá as caras (tudo bem, vá. Ele é gato, tem vontade própria).

Com tudo isso, acho que Brisingr é mais intenso que os outros dois. Agora é guerra mesmo, ninguém está livre disso. E esse fato pesa sobre todos. E neste, Galbatorix está mais real. Ele ainda não dá as caras diretamente, mas está de algum modo mais presente. E o clima de medo gerado por ele e reforçado por Murtagh e Thorn levam os personagens a reflexões mais profundas. Lealdades são testadas, o que leva ao choque de forças que podem decidir o futuro de toda a Alagäesia. Christopher Paolini soube deixar uma boa base para o desfecho da saga.

Trilha sonora

The monster's loose, do Meat Loaf, que eu mencionei no post de Eldest e não disse para quem é para Murtagh. Não acho que ele é um monstro, mas fora esse detalhe, a música parece que foi feita para ele:

I've lived my life in a cage
Freedom spits in my face
It was such a disgrace
And I was lonely
Burned down and empty
Desperate

I had my head in a noose
I had nothing to lose
Had enough of abuse
So now I'm dangerous
Hate is so contagious
It owns us

I'm angry (I'm angry)
I'm raging (I'm raging)
I'm breaking through the pain

E esse trecho é só o começo da música. Ela é toda Murtagh. E como ele é um personagem especial, ganha mais uma música. Nada menos que Best of you, do Foo Fighters e uma das minhas preferidas (Were you born to resist or be abused?). De novo, parece que foi feita para Murtagh. E ainda do Foo Fighters, The Pretender.

Também Bring me to life, do Evanescence, This is war, do 30 seconds to Mars, We are, da Ana Johnson:

It's all about power, about taking control
Breaking the will ,and raping the soul
They suck us dry 'til there's nothing left
My oh my My oh my

 

Everything burs, Anastasia ft. Ben Moody, Good enough, do Lifehouse, e, uma que eu acho que define Angela é Kate, do Ben Folds Five. Confira a letra aqui.

Se você gostou de Brisingr, pode gostar também de:

  • A Crônicas do Gelo e do Fogo – George R. R. Martin;
  • O Senhor dso Anéis – J. R. R. Tolkien;
  • coleção Harry Potter – J. K. Rowling;
  • As Crônicas de Artur – Bernard Cornwell;
  • As Crônicas de Nárnia – C. S. Lewis.

4 comentários:

Gabi Castro disse...

Bem, eu li Brisingr quando ele lançou aqui no Brasil e eu era bem mais nova, então não lembro de muita coisa (só o básico). Bem, Eragon realmente amadureceu, mas eu ainda acho que ele tem um jeitão de moleke-que-deu-sorte. Ele vai muito na base da magia, então não pensa muito nas coisas, o que o torna meio patético. A Saphira, bem, eu nunca fui muito fã dela. Muito metida, pensa que sabe tudo... Quando ela levou um fora do professor (com nome impronunciável), ri muito e disse bem-feito (mas bem que podia ter rolado entre os dois né? hahahaha).
Bem, quanto ao Roran... Admito, eu tenho um fraco por ele e morro de inveja da Katrina. Que homem é aquele? Ele sim merecia um dragão (será que ele ganha o dele neste último livro?). Inteligente, corajoso, forte, guerreiro... O Cavaleiro de Dragão que Alagaesia pediu aos Deuses.
Falando em Deuses, Alageasia tem algum? Agora que eu reparei...
Quanto ao Murtagh, coitado, deste eu tenho pena. Este foi guerreiro o livro todo e mais um pouco. Sofreu antes mesmo de nascer. Ainda bem que ele ganhou o Thorn, tava precisando de um amigo para abrir seu coração, porque, fala sério: o Eragon mais se vangloriava para o coitado do que outra coisa né?
Ainda acho que a Arya não é um bom par romantico para o Eragon. Sei lá, ela é muito "etnicamente correta". Tem que se entregar, mulher! Ser mais rebelde!
Acho que eu não esqueci ninguem... O professor do Eragon (outro com nome impronunciável) é um arraso de pessoa, adoro ele e seu jeito "eu sou o tal", o dragão dele também é o cara! Os elfos do Ciclo A Herança são realmente bem mais interessantes do que os do Senhor dos Aneis, mas nem somando todos os elfos de Alagaesia conseguem alcançar o status do Legolas!
Acho que exagerei no comentário, mas este livro é legal! =) Realmente foi o melhor do Christopher Paolini!

Beijos

Gabi

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Gabi!

Não esqueci do seu comentário não, mas essa semana foi meio corrida, só agora deu para responder. E não tem problema ser grnade não...Você devia ver os que EU deixo...;D
A sua pergunta sobre os deuses é muito interessante. Cada raça tem os seus deuses e superstições, com exceção dos elfos (eles estão acima desta coisas...) As que aparecem com mais detalhes são as dos anões e dos Adoradores de Helgrind, mas ambas são bem complexas, pelo que pude entender delas. A segunda até aparece mais no quarto livro.

Eragon conta muito mais mesmo com a sorte (e bons coadjuvantes) do que capacidade. Arya é uma chata, mas infelizmente acho que ela e Eragon vão se acertar (aliás, acho que quem vai tomar a iniciativa é ela. Eragon é muito bundão). Já Oromis e Glaedr são realmente muito legais. Acho que às vezes são muito exigentes, mas eles têm que ser mesmo.

E Murtagh...Ah Murtagh! AMO Murtagh. Ele é de longe o melhor personagem da saga. Pena que não tenha nenhum capítulo com a perspectiva dele. Acho que seria muito interessante...

E Roran...bom também acho ele o máximo. E sabe como e imagino ele? Sabe o cara que fez Thor no cinema? Desse jeito, então sim, Katrina é uma mulher de sorte ;D

Beijos!

Fernanda

Anônimo disse...

Fernanda, eu preciso do seu contato para falar com você sobre um projeto de livro. meu twitter @MaryPrince_

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Mary!

Pra entrar em contato comigo é só clicar no botão d twitter do lado direito da tela. Ele direciona direto para a minha página.

Fernanda