terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Star Wars - Episódio VII - O Despertar da Força - parte 2

Eu sei que já escrevi sobre o filme (veja aqui), depois de assistir novamente (claro, e sepa vejo mais uma), volto para fazer uma postagem mais à altura. Mas antes...

AVISO! SPOILERS! Leia sob sua conta e risco...

Sim, porque aqui não vou somente comentar o filme, mas especular um bocado sobre a saga.

Vou começar pelo mais óbvio. A verdadeira identidade de Rey. Eu sei que é clichê, óbvio demais, e por isso mesmo muita gente já está descartando essa possibilidade de cara. Mas devo dizer que sempre, desde que vi o teaser 2...



... eu sempre achei que Rey é filha de Luke. E vou dar muitas pistas para isso. Só lamento não poder citar fontes, pois se trata de um filme, então quem assistiu preste atenção nos detalhes.Vou até traduzir o que Luke diz aí em cima:

"A Força é forte (ai! Eita expressão ingrata!) em minha família. Meu pai a tem. Eu tenho. Minha irmã a tem. Você tem esse poder também."

Você argumenta: mas ele não fala que ela é filha dele. Ok, não mesmo. Mas por que falar "minha irmã" em vez de "sua mãe". Porque esse fraseado pode também significar que Rey é filha de Han e Léia, portanto irmã de Kylo Ren. Agora vou entrar na Trilogia Thrawn, que estou lendo. Segundo essa trilogia, Han e Léia tem dois filhos, gêmeos. Um menino (Ben Solo) e uma menina. Agora, acabei de começar o segundo, e Léia ainda está mais ou menos na metade da gestação, então não sei o nome da menina. E no filme, não há menção, reação ou qualquer outra coisa partida de Léia ou Solo que indique que eles tenham outro filho. Solo reconhece o nome, Ren também, mas até aí, nada de errado no tio reconhecer o nome da sobrinha, ou o primo reconhecer a prima. São todos uma família só, afinal.



E então, pegando carona nesse pensamento, quem é a mãe de Rey? Mara Jade. Também no livro, mas ainda não cheguei nesse ponto, Luke conhece Mara, que é também Jedi. E mais para a frente, ela muda seu nome para Mara Jade Skywalker. Agora, pelo que lembro que li anos atrás em algum lugar, portanto sem confirmação, Luke e Mara tiveram um filhO. Mas até aí, nada impede de o filme, por liberdade criativa, trocar o sexo da criança. E mesmo para surpreender quem já leu a trilogia e sabe mais do universo expandido. É o que eu faria.

OK. Sendo filha de dois Jedi poderosos, é claro que Rey também tem poder. E muito. E, sendo muito observadora, ela aprende a usar esse poder, pelo menos em nível de conseguir sobreviver, somente por observação, e pelo que ela sabe da história da galáxia. E ela mostra que sabe muito, mesmo que acredite que tudo não passa de lenda. E também, como uma amiga me falou, é possível que ela tenha tido um treinamento rudimentar na infância, que foi depois bloqueado de alguma forma, para sua proteção. Tenho certeza que um Jedi do calibre de Luke conseguiria fazer isso. E aos poucos ela vai se lembrando do treinamento. Especulação, eu sei, mas plausível.

Mais outra coisa. Quando Rey entra em sua casa improvisada dentro de um AT-AT, a câmera passeia pelo interior do "aposento" e mostra, em uma estante, uma bonequinha de pano, provavelmente feita por ela mesma. A tal boneca na verdade é uma figura masculina, e vestida com os trajes de voo de Luke:



Então, quando Rey tem seu flashback de quando foi deixada em Jakku, sabemos que ela foi deixada lá por um membro da família. E, sendo esse membro Luke, nada mais natural que ela reproduzisse em um boneco a última lembrança que tem do pai. Detalhezinho que só percebi quando vi pela segunda vez. E mais uma coisa: repararam nas cores de BB-8, seu fiel companheiro? Um pouco de viagem minha, mas não existem coincidências em sagas assim.

Outra evidência forte é que o antigo sabre de luz de Luke chamou Rey. O sabre que passou de geração em geração: de Anakin, para Luke e agora para Rey. E Rey sente uma conexão muito forte, dessa vez sem trocadilho, com o sabre.Tanto que se assusta. Repare também como os trajes de ambos são parecidos:



E aquela cena final, em que Rey finalmente encontra Luke na ilha (mais uma coisa: quando Ren lê sua mente, ele vê uma ilha, sempre que se sente solitária à noite. Por quê, já que ela mora em um planeta desértico, e provavelmente não se lembra de alguma vez ter visto uma ilha? A explicação das core memories de Divertida Mente me vem à cabeça...), mesmo sem fala alguma, é muito forte. A troca de olhares entre os dois é muito intensa, mostra reconhecimento, raiva, frustração, dor, saudade... Sem contar que foi um belo exemplo de atuação de ambas as partes. E outras semelhanças entre os dois: ambos foram deixados pela família em um planeta desértico, remoto, ambos são ótimo pilotos, instintivos.

Li aqui que ela poderia ser descendente de Obi-Wan. Possível, sim. Plausível? Também. Mas acho muito pouco provável. Já falei em Kenobi que naquelas veias correm mais que midi-chlorians. Também há hormônios ali. E não creio que Ben passou 20 anos em Tatooine sozinho, só meditando. Mas também ficou claro que ele não sucumbiu, pelo menos no período coberto pelo livro, aos desejos. Não que ele não possa ter quebrado seus votos depois.

Continuando. Finn poderia ser um Jedi? De novo, possível, mas acho pouco provável. Mas acho ,sim, que ele pode ser sensível à Força. Por que, dentre milhares de stormtroopers, somente ele se rebelou? Como ele conseguiu driblar seu condicionamento desde criança de matar sem questionar? E como ele consegue manejar o sabre de luz? Bom, para esta última, eu ressalto que ele somente manipula o sabre para se defender, o que provavelmente vem de seu treinamento como stormtrooper. Ele deve ter tido pelo menos o básico em esgrima. E quanto ao resto, ele pode simplesmente ter uma natureza mais curiosa que os outros de seu batalhão. E até aí, Han também usou o sabre de Luke para abrir o tonton e salvar Luke de virar picolé de Jedi. Portanto, saber manejar o sabre de luz é uma coisa, teoricamente qualquer um pode fazer isso. Mas deixar a Força guiar suas mão para isso, aí é outra coisa bem diferente.


Mencionei na postagem anterior que foi um acerto colocar um stormtrooper desertor na trama. Foi mesmo. Num mundo de aliens virtuais inexpressivos, droides, vilões mecanizados e stormtroopers que se escondem sob um capacete igual a todos os outros. ver Finn deserdando é um sopro de ar puro. As únicas vezes que somos lembrados que eles são na verdade pessoas são nos episódios II e III, mas aí são clones, com a mentalidade alterada para obediência absoluta e sem emoções verdadeiras. São, em outras palavras, droides com uma roupagem humana. E Finn nos lembra que eles são mais que isso. São pessoas de carne e osso, que respiram, sentem. Humanizou muito o personagem. E John Boyega mostra isso com uma atuação contundente. Finn tem camadas. De desertor ele passa por covarde (não acho que ele seja, mas me refiro ao fato dele querer se manter longe da Primeira Ordem a todo custo, E não sei mais como dizer isso) até chegar a herói. Sim, pois foi preciso muita coragem, e muita lealdade, para inventar um esquema de infiltração na maior fortaleza inimiga como ele fez. Estou torcendo para que ele acorde bem no próximo.



Na outra postagem esqueci de falar de um personagem muito bacana: Poe Dameron. Poe é simplesmente o melhor piloto da Resistência, e é aquele cara com quem você simpatiza da cara. Amei, achei mega fofa a cena em que ele reencontra BB-8. E sofri quando Finn foi atrás dele no TIE e não achou. E fiquei feliz quando ele apareceu salvando o dia no palácio de Maz Kanata. Boa parte dessa simpatia que a gente sente é por causa da atuação de Oscar Isaac. E, já que falei de Maz Kanata, adorei o personagem, mas adoraria que ela aparecesse na pele de sua intérprete: Lupita Nyong'o. E estou aqui com a pulguinha atrás da orelha para saber como ela conseguiu o sabre de Luke... quem foi pegar ele lá nas profundezas da Cidade das Nuvens? Juro que ainda não consegui nem especular a respeito. Mas que essa anãzinha sabe mais do que vimos agora, com certeza. Também, vivendo mil anos, ela já testemunhou muita coisa.


E Ren. Já falei dele, e sim, Adam Driver está excelente no papel. Arrisco dizer que ele colocou Kylo Ren lá em cima junto com Darth Vader e o Coringa de Heath Ledger na lista dos meus vilões favoritos ever. Eu sabia que ele era filho de alguém importante, mas eu achava que ele era filho de Luke, e não Han Solo. E, como John Boyega fez com Finn, Adam Driver humanizou o personagem. Sim, ele é sádico, mas também é temperamental, não tem controle total de suas emoções e dá pitis épicos quando algo não acontece como ele quer. Achei bem interessante que ele tem inseguranças e dúvidas. Mas as dele são pela tentação pela luz. Há conflito nele sim, mas diferente de Vader, que no final conseguiu a redenção e voltou a ser Anakin, não creio que Ren tenha salvação. E, sinceramente, eu nem quero isso. Porque isso sim será repeteco, em vez da linda homenagem que o filme faz, com as inúmeras referências e semelhanças à trilogia original, em especial os episódios IV e V.

Porque sim, mimizeiros de plantão, há sim muitas semelhanças entre estes filmes, várias referências. Mas isso porque o filme foi feito por um fã, para fãs, e que respeita mais a saga que, me desculpem, o próprio criador. Porque por mais que eu ame a prequel (ou melhor, os episódios II e III), ela não manteve muito do espírito da original.

Só falta eu falar de um personagem de destaque: General Hux. Domhnall Gleeson (também atende por Bill Weasley) está sensacional. Mostra que puxou o pai, Brandon Gleeson (ou Prof. Moody). Hux é o cara que chegou muito cedo em um cargo de liderança, apoiado no seu sucesso de criar um exército de stormtroopers que não são clones, mas que tem o mesmo tipo de lavagem cerebral. E, com essa arrogância, ele acha que tem muito poder dentro da Primeira Ordem, e que então está a salvo por causa de suas contribuições. Claro que isso é só na cabela dele, tanto Ren como o Líder Supremo Snoke podem se desfazer dele assim que acharem que ele não é mais útil, ou que fez uma besteira (pra não dizer outra coisa) grande demais. Ele consegue escapar, portanto acho que ainda vamos ver mais dele.



Enfim, Star Wars - O Despertar da Força, é um filme que aprofundou o universo da saga. Trouxe términos, mas também novos começos. Foi a passagem do bastão para a nova geração, mas manteve a nostalgia da trilogia original, sem perder frescor. Nem vigor. E que venham os episódios VIII e IX. E muitos outros. E que a Força esteja com J. J. Abrams.


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