sexta-feira, 20 de junho de 2014

GoT 4x9 – The Watchers on the Wall

 

Famoso nono episódio. E, como já meio que virou tradição com a série, o episódio mais fodástico da temporada, Ou era o que eu achava. Só por se tratar do nono episódio, minhas expectativas já estavam um tanto elevadas. Some-se a isso o fato de que ele tratava de uma das minhas partes favoritas, e mais bem escritas em ASoS, depois do RW, e que os produtores fizeram a maior propaganda, dizendo que seria ainda mais sangrento que o RW, e daí que eu esperava muito, mas muito mesmo do episódio.

GoT 3

ATENÇÃO! SPOILERS DOS LIVROS! Você foi avisad@.

E talvez este tenha sido o meu erro: esperar muito. Deixem-me explicar. Técnica e visualmente o episódio foi sim perfeito. As atuações foram exemplares, e a escolha de se concentrar em um único núcleo, semelhante a Blackwater, foi muito acertada. O quê, então, deu errado? Deu errado que criaram muitas expectativas em torno desse episódio, e no fim achei que não chegou nem perto de The Rains of Castamere como disseram, mudaram coisas que não deveriam ter mudado (e nem tinham necessidade disso, daqui a pouco eu explico melhor), e principalmente, o episódio não me passou o sentimento de imediatismo e urgência que o capítulo no livro me causou. Quer dizer, tratava-se de 100 000 selvagens contra 105 patrulheiros, e fui só eu, ou por acaso mais alguém achou que no final os patrulheiros levaram a melhor de forma muito fácil? Com muitas perdas, sim, perdas significativas, mas fácil.  Mas, vamos pelo princípio, e eu vou explicando todos os meus pontos de vista ao longo da postagem.

Jon 3 4x9Vocês repararam no detalhe de Kit Harington vir em primeiro nos créditos de abertura? Por aí a gente já vê o destaque de Snowy Goodness no episódio, e não foi sem merecimento. Logo depois aparecem John Bradley e Hannah Murray, que também terão seus bons momentos, e finalizando Rose Leslie e Kristopher Hivju. E de cara uma injustiça. Por que Mark Stanley e Josef Altin não foram creditados? Ambos fizeram seus papéis com perfeição, e mereciam pelo menos este reconhecimento. Muito mais que Rose Leslie, se vocês querem saber.

Tudo começa com Jon e Sam, que fazem sua vigília no topo da Muralha, e Sam pergunta a Jon sobre Ygritte. Muito válido isso, porque mostra o quanto Jon realmente amou Ygritte. Interessante a interpretação acertada de Sam sobre o juramento, que ele não diz especificamente que os patrulheiros devem ser celibatários. Não podem se casar ou ter filhos, mas nada impede o sexo. Jon está visivelmente desconfortável com o assunto, mas lembrem-se que ele foi criado por Ned, e é honrado demais, como Ned, para simplesmente transar com uma garota e depois abandoná-la. Sem contar que num lar conservador como Winterfell, o sexo com certeza é um tabu (lembram que Sansa ficou surpresa quando menstruou pela primeira vez, porque sua mãe nunca tinha conversado com ela sobre isso?). Porém, meu ponto é que essa conversa pra mim pode ter sido mais do que mostrar o sentimento de Jon pela ruiva, mas também que Sam, sendo o amigo que é, percebe que Jon está mal e tenta conversar com ele.

E o tempo todo a coruja do thenn ali, espionando. E é para o acampamento dos wildlings que vamos, onde Tormund conta como foi teve relações com uma ursa, para impaciência de Ygritte, que logo corta a história do cara, com ódio do mundo. Cara, sério, esse estado de constante TPM dela é irritante. E olha que a minha não é bolinho! E como o thenn já sacou ela de cara: sim, pessoas, ela é só palavras. Sempre foi, e não iria mudar agora. UI, fiquei morrendo de medo quando ela falou “Jon Snow is mine!”. Nossa, tremendo. Não me convenceu nem um pouco. Ou talvez eu que já esteja cansada dessa atitude de menininha bravinha dela.

Sam   Aemon 4x9Voltando a Castle Black, vemos Sam na biblioteca, e achei bem legal mostrarem a biblioteca, porque é consenso geral que ali está guardado algum conhecimento sobre os WW, e possivelmente mais. E daí chega o fofo do maester Aemon. Gostei muito desse diálogo, porque mostra o maester como ele era antes de ser patrulheiro. É, minha gente, ele já teve um passado, com Dunk, e até já teve uma namorada. E a menção de que ele é Targaryen, um dos últimos vivos, e como ele ainda guarda carinhosamente a lembrança da moça que roubou seu coração. E, mais uma vez, maester Aemon mostra que mesmo cego, enxerga longe, e que já percebeu o que Sam sabe, mas não quer admitir.

E pronto, lá vem Gilly, procurando refúgio depois do massacre em Mole´s Town. E a forma como Sam xingou quando Pyp não quis abrir o portão, não porque tem algum coisa contra Gilly, mas por estar seguindo ordens, foi demais. E como Pyp também notou, se Sam xingou, é porque a coisa é séria. Hannah Murray linda, desesperada e com medo. Perfeita. E que coisa mais fofa o Sam: “From now on, wherever you go, I´ll go.” Sam, você não sabe como está certo! Sim, meu fofíssimo amigo, você vai mesmo onde ela for. E é nessa hora que a corneta soa. Duas vezes. Wildlings.

thorne 4x9

E não é que Mance cumpriu a promessa e acendeu mesmo a maior fogueira que o Norte já viu? A tensão começa a aumentar. E o desespero bate nos patrulheiros, que começam a se preparar freneticamente para o inevitável. Mais alguém aí deu pulinhos de alegria ao ver Alliser Thorne admitir que deveria ter escutado Jon? Mas tenho que admitir, que com o tempo que Thorne teve na batalha, ele até que fez um bom trabalho. Foi mesmo um bom líder.

Enquanto isso, Sam esconde Gilly e mais uma vez, o desespero na voz de Hannah foi palpável. E daí, Sam dá o primeiro beijo! Que fofo! Adorei que adiantaram isso do livro. E gostei também da postura de Sam, mais determinado e seguro. Ele não é mais o mesmo menino gordo que chegou à Muralha. E já na cena seguinte mostra que realmente mudou.

Sam   Gilly 4x9

Pyp se apronta, arrumando as flechas. E que lindo as mãos dele tremendo. Josef Altin fez um ótimo trabalho. E o desespero que ele mostra ao se dar conta de que não está preparado, que nunca atirou uma lança. Mais um ótimo diálogo entre ele e Sam. Sam explicando como pode ter matado o WW, e que quando ele o fez, não era nada, e assim, não há razão para ter medo. Mas que agora ele não é mais um nada, e por isso tem medo. Deixa eu citar uma coisa que Ned falava a seus filhos: “Não há vergonha no medo, o que importa é como você o enfrenta.” (ACOK, p. 96) Isso foi Jon relembrando sei pai, mas serve para Sam aqui também. E Pyp, e todos os outros patrulheiros.

Daí, a primeira vez que Rose Leslie me despertou alguma coisa nessa temporada que não fosse irritação. Antes de ir atacar, a cara dela foi de apreensão.

mamute 4x9Começa a batalha. Vem os mamutes, e os gigantes, e os patrulheiros na Muralha visivelmente aterrorizados. E tenho que reconhecer que gostei de ver Alliser Thorne tomando a liderança, foi digno de William Wallace. E a batalha em si foi digna de Bernard Cornwell. Flechas incendiárias voam, barris de óleo são derramados, e o caos se instala. Não vou elaborar muito na batalha em si, porque são muitos detalhes. E como eu disse ali em cima, a batalha em si foi muito bem executada, os efeitos especiais dos mamutes e dos gigantes foram lindos, o discurso de Thorne motivando os patrulheiros foi sim emocionante. Mas como eu disse, me faltou o sentimento de imediatismo. Jon nas ameias do castelo, atirando flecha atrás de flecha (atenção para este detalhe do livro) e o desespero de não ter flechas suficientes, e que não há reposição. Só de escrever me lembrando me dá desespero. E senti muita falta disso no episódio.

Giant 4x9

Ok, foi engenhoso como os wildlings usaram os mamutes para derrubar os portões, e como os patrulheiros soltaram a âncora para derrubar os wildlings que escalavam a Muralha. De novo, esteticamente foi lindo, efeitos de primeira. Mas quando Jon mandou Grenn segurar o portão, já pensei que isso ia dar m…Porque eu sei quem deveria morrer ali, e não era Grenn. E não estou recriminando a atuação de Mark Stanley, que foi linda. Ele recitando o juramento foi emocionante, muito comovente. Mas errado.

Grenn gate 4x9

Do mesmo modo, Pyp morrendo foi lindo, comovente, Josef Altin mais uma vez fez um ótimo trabalho, mas de novo, errado. Para mim, poderiam fazer a batalha exatamente como ela foi mostrada, mas sem matar as pessoas erradas. E o único que efetivamente morre no livro, é quem fica vivo. E assim, metade dos aliados de Jon, que vão ser importantes mais tarde, morre. (SPOILER) Se você pensa que Jon vai ter uma liderança fácil devido a seu desempenho nesta batalha, está bem enganado. E com essas mortes, como fica? Não sei que rumo isso tomará na série. OK, no livro eles também não tem tanto destaque como na série, mas as participações deles são importantes, inclusive pelo papel que Jon lhes dá depois de assumir o comando da Patrulha. Sem contar a sacanagem de matar Grenn quando Mark Stanley vinha ganhando mais destaque, e mais que isso, mostrando uma bela atuação.

Sam   Pyp 4x9

Jon 2 4x9E daí que Jon desce da Muralha, e se junta à luta corpo a corpo. Sim, foi lindo ele lutando como o diabo, e acabando com a raça daquele thenn maldito, não vou negar. E é quando Ygritte o vê, percebe que não consegue matar Jon, como vinha espalhando para todo mundo, e daí as coisas vão todas por água abaixo. Porque o que deveria ser triste, não foi. Eu entendi porque a HBO decidiu matar Ygritte através de Olly, foi para dar ao menino senso de vingança (Valar morghulis). Mas, de novo, foi da forma errada, Eles poderiam até manter isso, mas ter Jon ali presenciando tudo foi um erro fenomenal. Sim, ela morreu nos braços dele, como no livro, mas uma coisa que isso matou do livro foi que Jon não encontra Ygritte até a batalha estar terminada. Sim, ela ainda está com vida, mas pouca coisa lhe resta, parece até que ela só estava esperando por ele, e uma coisa que atormenta Jon é justamente não saber se foi uma de suas flechas que a matou. Mais tarde ele percebe que não. E da mesma forma, a cena que eu falei ali em cima, de Grenn no portão, poderia ser igualzinha, mas com Edd no lugar de Grenn. Tenho certeza de que Ben Crompton iria dar conta do recado com a mesma competência de Mark Stanley. Certo, não sei as motivações de matar esses dois personagens, mas não gostei. E olha que eu tenho levado as mudanças que a série tem de boa. Até muito melhor que a maioria dos fãs.

Jon   ygritte 4x9

E essa cena em particular de Ygritte morrendo, ficou bonita esteticamente, mas falhou porque aqui, neste contexto, não funciona. Quer dizer que o pau está comendo ali atrás e Jon tem tempo de chorar a namorada morta? E nenhuma flecha o acerta, nenhum inimigo o ataca? Oi? Sim, foi bonito o silêncio da cena, o isolamento, como se nada mais existisse no mundo. Mas enquanto isso funcionou muito bem quando Boromir morre em TLOTR, aqui não faz sentido. Porque em TLOTR, a luta acabou, a gente sabe que os hobbits não tem mais chance, e aqui não, ainda há muito o que lutar não dá tempo de chorar. De novo, cadê a urgência? E a desvantagem esmagadora dos patrulheiros? E isso não tem a ver com minha falta ou não de romantismo, mas sim porque sou muito prática, e penso logicamente, e isso não tem lógica nenhuma.

E daí que simplesmente os wildlings param. Oi? Acabou? Eles ficaram com medo? WTF??? E fiquei esperando a chegada de Stannis a todo momento, como salvador da Patrulha, mas nada. E que eu bem me lembre, a batalha segue sem interrupção, daí o sentimento de desespero, de imediatismo, e Stannis chega na hora em que tudo já estava perdido. Mas sobre isso vou falar mais tarde, quando comentar o próximo episódio.

Mas, para finalizar o episódio, a ideia mais estapafúrdia dos roteiristas (cof! Dan & Dave, cof!): Jon sai para ir falar com Mance. Mas o quê? Bom, pelo menos Jon mesmo sabe que isso é uma ideia pra lá de estúpida. Só valeu por ver ele passando pelo corpo de Grenn no portão, que foi sim de partir o coração.

Em resumo, um episódio tecnicamente perfeito, mas com tantos erros conceituais que não me convenceu. Poderia ter sido melhor.

E para finalizar, uma homenagem aos irmãos caídos.

“ Night gathers and now my watch begins. It shall not end until my death. I shall take no wife, hold no lands, father no children. I shall wear no crowns and win no glory. I shall live and die at my post. I am the sword in the darkness. I am the watcher on the walls. I am the fire that burns against the cold, the light that brings the dawn, the horn that wakes the sleepers, the shield that guards the realms of men. I pledge my life and honour to the Night´s Watch, for this night and all the nights to come.”

Night´s Watch

And now their watch has ended.

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