segunda-feira, 3 de março de 2014

Pompeia

 

PompeiaNão precisava nem ter Kit Harington no elenco para eu ir ver esse filme (isso foi mais como um bônus, really). E fazia tempo que um filme do gênero, meio épico (não é bem isso, mas vou usar a palavra pela ambientação), que se passa na Antiguidade, é bom entretenimento assim. Desde Tróia ou Gladiador, na verdade. Depois das idiotices Imortais (que já erra no nome, já que eles – pasmem! – matam titãs e deuses, ou seja, imortal my ass) e Fúria de Titãs (fúria de Perseu, né? E que raio o Kraken, que não pertence à mitologia grega, está fazendo aí?), já era tempo de alguém acertar em alguma coisa e respeitar a mitologia e a história.

A sequência de abertura é sensacional, com as cinzas flutuando, enquanto a câmera em zoom out vai abrindo até que forma as estátuas de algumas vítimas que tiveram o azar de viver ou estar em Pompeia naquele 24 de agosto de 74 D.C. Muito bem feito, e já comove aqui. Dos escombros de Pompeia corta para uma vila celta, que está sob saque romano. A brutalidade é a marca do ataque, e em meio á carnificina, um jovem vê seu pai e toda a sua vila serem trucidados pelos romanos. Sequência digna das melhores batalhas narradas por Bernard Cornwell. Sozinho, o menino vaga pelas redondezas até que é capturado e mantido como escravo. Dylan Schombing faz o pequeno Milo muito bem, não fala quase nada com os lábios, mas seu olhar é super expressivo. Continuando assim, o garoto vai longe.

Ki Harington PompeiiDezessete anos se passam, paramos brevemente em Londinium (Londres da época do Império Romano), onde encontramos Milo crescido (e muito bem crescido!) numa espelunca qualquer, sobrevivendo como gladiador. E a primeira vez que ele entra na arena, numa Londres chuvosa, é comparável a Maximus entrando para sua primeira luta no Coliseu. E lá vem Kit Harington mostrando todo o tanquinho esculpido pelos Sete novos deuses e os deuses antigos sem conta na pele de Milo mais velho. Por enquanto ele só é conhecido como o Celta (nem a gente sabe o nome dele nessa altura). Ele é um escravo quieto, mas letal. Sério, a luta é incrível, Milo é pequeno (nem tanto), mas ágil e ataca com precisão. Milo é quieto, mas observador, e como o Jon Snow, extremamente perspicaz. E Kit Harington faz isso flutua muito bem entre o herói de ação, partindo para a força física (e que força! A certa altura, ele torce o pescoço de um cavalo) e dramaticidade, transmitindo com um olhar tudo o que quer. Perfeito. E quase me esqueço de mencionar duas coisas: 1. no filme, ele é um escravo que é meio que um horse lord. Eu ri por dentro! HEHE Jon Snow, um dothraki!; e 2. os atributos que só a Ygritte viu na caverna. Pelos Sete, o que aquele maldito uniforme da Patrulha da Noite esconde! Que coxão de jogador de futebol, Seven Hells!

Milo   Atticus

Tá, chega de piração. Devido a sua habilidade, Milo acaba sendo levado para mais perto do centro do Império, mais precisamente para Pompeia. E ali ele conhece Atticus, vivido lindamente por Adewale Akinnouye-Agbaje. Aff! Sempre sofro com o nome dele, mas adoro esse ator. Tudo que ele faz, faz bem feito. Atticus é um escravo e gladiador às vésperas de ganhar sua liberdade por tempo de serviço (ou por número de lutas, mais precisamente), e que tem toda a arrogância e placidez da experiência. Ele acredita piamente que vai receber sua liberdade, o que claro não acontece, e é quando ele se junta a Milo na tentativa desesperada de sair de Pompeia quando o Vesúvio explode. Só o que ele quer é fugir, mas como todo mundo na cidade, foi pego de surpresa, e daí já era tarde demais. E sua morte foi muito comovente, lembrando a de Dobby (sniff, sniff). Peraí, Fernanda, spoiler não! Ah vá, não sabia que o povo todo morre? Filme baseado em fato histórico, não conta! e mesmo nesse breve período, os dois forjam uma amizade profunda, baseada em um fato somente:

Atticus: Uma hora você tem que falar comigo.

Milo: Não, não tenho. Uma hora teremos que matar um ao outro.

Milo   CassiaMas claro que a cidade também tem seus nobres. No caso, a família de Cássia (Emily Browning, linda e bem no papel). Cassia está de volta a Pompeia depois de um ano em Roma. Algum trauma a acometeu lá, mas ela não revela. Ela é uma jovem que claramente não concorda com os modos bárbaros impostos pelos romanos, e inteligente o bastante para perceber que seu pai Severus (não, não é Snape), vivido maravilhosamente por Jared Harris, entra numa cilada ao fazer negócios com Roma, na pele do Senador Quintus (falo dele daqui a pouquinho). Mas, ambicioso como é, ele recusa a ouvir a razão. Na verdade, ele é o político, que precisa fazer alianças se quiser aumentar o status de Pompeia. E sua esposa, Aurélia (a linda Carrie-Anne Moss, ainda mais linda como romana, e numa interpretação sensível). De novo, a morte deles é comovente.

Severus   Aurelia

corvusE os romanos? São brutos e gananciosos, inclementes com todo o povo que conquistam. Especialmente Quintus Corvus, vivido por Kiefer Sutherland, que andava sumido, mas voltou em grande estilo, encarnando o pior de Jack Bauer, voltado para o lado negro da força. É de arrepiar, mesmo, como eu papi em Hunger Games. Esse é outro que eu amo, tudo que faz, faz bonito. E eu reconheço essa voz em qualquer lugar. Acho que perto de Corvus, Commodus é um cara bem legal. Mas claro que ele não está sozinho. Seu braço direito é Proculus (Sasha Roiz, mostrando um lado bem diferente do capitão Renard de Grimm), que embora mais contido, é tão sanguinário quanto Corvus. Nem preciso dizer que foram eles que lá atrás dizimaram a vila onde Milo morava, né? Assim, claro que Milo também é motivado por um sentimento de vingança.

Cassia   AriadneAinda vale destacar Jessica Lucas, como Ariadne, a serva e amiga de Cassia. Confidente de Cassia, é ela quem descobre a atração da patroa por Milo (e como não?), e ainda tenta encobrir, aproximando os dois e tentando afastar Corvus de Cassia. E também Joe Pingue como Graecus, o dono de Milo e Atticus. E isso já é praticamente todo o elenco, que é realmente de primeira.

Mas não é só isso. A ambientação é perfeita, Pompeia salta aos olhos, linda e uma cidade em ebulição (sem trocadilho). O figurino é lindo, a caracterização é perfeita. e os efeitos especiais são excelentes, trazem bastante realismo e principalmente, desespero, principalmente em 3D, transportando a gente para dentro do filme. É aflitivo ver as cenas, especialmente das pessoas comuns, se esmagando umas atrás das outras, mães tentando proteger seus filhos, amantes tentando alcançar unas aos outros. Incrível como de repente o dia escureceu e nunca mais amanheceu. Simplesmente fantástico.

Vesúvio

Mas lembra quando eu falei lá em cima que o filme respeita a história. Sim, realmente. A história é fictícia, sim, mas os costumes estão bem retratados, a brutalidade das legiões romanas, o treinamento dos gladiadores. Sim, gladiadores era procurados pelas ricas damas da sociedade para admiração como objeto. E tudo isso ficou congelado no tempo, preservado pelas cinzas e lava. Minha amiga, que foi comigo, já esteve lá, e disse que tudo está preservado exatamente como aparece no filme, estátuas registrando o momentos da morte de cada um. Nota mental: visitar Pompeia. E a religião é retratada pelas preces de Atticus e de Cassia, e mesmo em Corvus clamando por Jupiter e Vulcano. Nada de invenções. Um bom entretenimento, com doses certas de ação e drama. Confira o trailer:

Beijos e até o próximo post!

PS: se você quiser saber mais sobre Pompeia, veja Pompeia.

4 comentários:

Jéssica Soares disse...

Oi, Fê! Tudo bem? Eu ainda não assisti o filme, mas tive que ler a sua review hehe Pois é, estávamos precisando de um filme bom nesse estilo, "Imortais" eu tinha até uma esperança, mas foi uma decepção total... E "Fúria de Titãs" eu nem comento. Mas enfim, adorei saber sobre o que Ygritte viu na caverna hahaha Confesso que, pelo trailer, ainda não estava botando muito fé no filme, mas esse não é o primeiro comentário positivo que vejo sobre a produção. Acho super bacana eles terem preservados os verdadeiros costumes da época e adicionado uma história assim com atores sensacionais! Estou super curiosa para ver as cenas de luta com o Kit e as cenas finais da destruição! Empolgação já está lá no alto!! Bjs
Jéssica - http://lereincrivel.blogspot.com.br/

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Jess!

Eu também, pra falar bem a verdade, depois de Imortais (sem comentários) e Fúria de Titãs (de Perseu) andava meio desconfiada com filmes ambientados nessa época, e ia ver mais pelo Kit do que outra coisa, apesar de o tema me interessar, e muito. E foi uma boa surpresa ver que o filme é bom, não tem nenhum absurdo, não valorizou o romance como em Tróia, descaracterizando um pouco a lenda, ou partindo para o ridículo , como em 300.
A história em si nem é muita coisa, mas as atuações compensam e muito por isso, mesmo porque o importante mesmo é a explosão do Vesúvio e a destruição de Pompeia. Nada de inventar moda.
Vai ver que você vai gostar. E depois posta sua review, que vou querer ler!

Beijos!

Priscila Nonato disse...

Fê assisti e gostei ,apesar da história do casal ser clichê ,gostei do conflito entre pompeia e roma e a vingança de Jon Snow por terem matado a família dele ,as lutas foram ótima , o figura e o cenário nota 10 .Os efeitos especiais foram muito bons também . Poderiam ter realmente se proposto a criar uma história mais emocionante se aprofundando mais nos personagens .E por documentários que já vi pompeia era bem bem bem corrupta e deturpada em todos os sentidos inclusive o sexual ,acho que não iria existir uma mocinha tão inocente e bobinha como Cassia nessa cidade,mas ok é uma ficção , então relevo.
E como aquele negão conseguiu partir aquela espada ???Mas o final dele foi emocionante " Morro como um homem livre " .
Falando em liberdade vc assistiu o filme 12 anos de escravidão ? Se sim ,o que achou ?

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Princesa!

Não assisti ainda 12 anos de escravidão, mas queria muito. E eu sei que vou chorar litros e mais litros vendo.
Acredito mesmo que Pompeia fosse bem corrupta, mesmo porque não tinha uma parte sequer do Império Romano que não fosse. Mas é o que você falou, é ficção. O que eu quero dizer com realista é o fato de não inventarem moda e colocarem coisas que não existiam ou não faziam parte da cultura romana.

Beijos!