sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Citação do Mês

 

Essa vai ser repetida, postei na resenha de O Guerreiro Pagão dia desses. Em parte é por preguiça, em parte porque agora mesmo estou assistindo Vikings e me serviu de inspiração.

“Amo o caminho das baleias, as ondas longas, o vento salpicando o mundo com borrifos, o mergulho da proa de um navio num mar agitado seguido pela explosão de branco e os esguichos de água salgada na vela e nas tábuas; e o coração verde de uma onda enorme rolando atrás do navio, empinando, ameaçadora, a crista partida se enrolando, então a popa sobe, impelida, e o casco salta para a frente, o mar borbulha ao longo do costado enquanto a onda passa rugindo. Amo os pássaros roçando na água cinza, o vento como amigo e inimigo, os remos subindo e descendo. Amo o mar. Vivi muito, e conheço a turbulência da vida, as preocupações que pesam na alma do homem e as tristezas que tornam os cabelos brancos e o coração pesado, mas tudo isso é posto de lado no caminho das baleias. Só no mar o homem é verdadeiramente livre.”

Bernard Cornwell, O Guerreiro Pagão, p. 71

Beijos e até o próximo post!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O Enigma da Pirâmide – Alan Arnold

 

O Enigma da Pirâmide - Quando uma praga de crimes bizarros e sem solução ameaça Londres, o jovem Holmes e o seu novo amigo Watson vêem-se sem querer envolvidos no estranho mistério. Então, o jogo vai começar! . E o calouro detective está prestes a iniciar uma aventura para resolver o mais espantoso caso da sua extraordinária carreira!

Eu já havia comentado sobre esse livro aqui, e, depois de muito tempo, resolvi reler. Eu adoro o filme, é um dos meus preferidos, e  lógico que quando vi no catálogo do Círculo do Livro, eu sabia que tinha que ler também.

Como eu expliquei na postagem sobre o filme, o livro é uma livre adaptação, e conta como os dois amigos se conheceram na adolescência. Isso, claro, vai em desacordo com o que é relatado pelo próprio Conan Doyle em Um Estudo em Vermelho (resenha em alguns dias), mas os próprios produtores do filme, bem como o autor do livro, assumem que a aventura não tem nada a ver com a obra de Conan Doyle, a não ser pelos personagens. Mas eles são tratados em ambos com o respeito devido, com as mesmas características impostas a ambos por seu criador. Holmes é inteligente, arrogante, egoísta e brilhante; Watson é prático e mais cuidadoso. Ele é quem humaniza Holmes em muitos aspectos.Mas aqui,  esse cargo fica por conta de Elizabeth, a namorada de Holmes.

Elizabeth é órfã e mora na escola com seu tio, o professor aposentado Waxflatter. Ela é inteligente, perspicaz e muito matura para seus 16 anos. E, em muitos aspectos, uma jovem bem à frente da sociedade vitoriana da época. É culta e não é do tipo de mocinha que fica parada esperando as coisas acontecerem. Ela ajuda Holmes e Watson em muitas das soluções para o caso em questão.

O livro é relatado como os outros de Sherlock Holmes, através da perspectiva de Watson, por meio de seus manuscritos. E ele preserva o mesmo estilo de escrita dos clássicos de Conan Doyle. A narrativa é fluida, e entremeada com fatos históricos sobre o Egito, e diversas digressões de Watson, já muitos anos depois de suas aventuras com Holmes terem chegado ao fim. E volta e meia o autor inclui algum comentário sobre os outros casos de Holmes, fazendo referência a um ou outro acontecimento relatado por Conan Doyle.

Percebi que não comentei a sinopse do livro, mas nem vou fazer isso porque já relatei na resenha do filme, e o livro foi escrito em cima do roteiro do filme. Mas, muito mais do que uma adaptação literária do roteiro, ele aprofunda alguns acontecimentos, como já comentei, e encadeia os eventos de forma mais precisa do que o filme. Muita coisa que no filme fica sem explicação, no livro está bem comentada, mas de forma prazerosa, sem comprometer em nada a leitura. Vale a pena tentar procurar em algum sebo, e se deliciar com esta aventura adolescente, mas muito empolgante, de Holmes e Watson.

Trilha sonora

Não tem outra (até porque sempre que ouço essa música, lembro do filme), O Fortuna, de Carmina Burana.

Se você gostou de O Enigma da Pirâmide, pode gostar também de:

  • The Complete Sherlock Holmes – Arthur Conan Doyle;
  • coleção Agatha Christie;
  • coleção Ramsés – Christian Jacq;
  • coleção A Pedra da Luz – Christian Jacq;
  • As Crônicas dos Kane – Rick Riordan.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

O Guerreiro Pagão – Crônicas Saxônicas #7 – Bernard Cornwell

 

Após um incidente envolvendo um abade, Uhtred, um dos últimos senhores pagãos entre os saxões, se vê atacado pela Igreja e por seus seguidores. Sem suas terras e com poucos homens, tudo que lhe resta é colocar um ousado plano em prática: recuperar Bebbanburg, a fortaleza onde cresceu e que foi tomada por seu tio. Porém, o que Uhtred não sabe é que sua missão pessoal vai colocá-lo num ardil capaz de reacender o confronto entre saxões e dinamarqueses, que pode selar de uma vez por toda o destino da Britânia e de sua rivalidade com Cnut.

ATENÇÃO! SPOILERS DOS ANTERIORES!

Depois de ler a saga do Tigre e ter  mais que minha cota de açúcar para um mês, eu precisava de algo bem sangrento para desintoxicar,  e nada melhor que paredes de escudos e insultos pra lá de criativos para saciar minha sede de sangue.

Este começa alguns anos depois da morte de Alfredo. A Inglaterra (ainda não unificada como Alfredo queria) está em paz, e Uhtred é um senhor respeitado, e odiado ao mesmo tempo. Não é segredo para ninguém que ele é pagão, e que odeia os padres. Então, não é de se espantar que o livro comece exatamente com Uhtred deserdando seu filho mais velho, Uhtred, que se converteu e cometeu o sacrilégio de virar padre. E, nessa, ele acaba matando um padre e perde tudo o que tem: sua casa é incendiada, e ele é perseguido como criminoso. Sem ter para onde ir, ele segue para Bebbanburg, para tentar tomar a fortaleza das mãos de seu tio.

Uma digressão: Bebbanburg realmente existe, e aqui está:

Nota mental: visitar Bebbanburg quando for para a Inglaterra. E para saber mais de Bebbanburg, leia aqui.

Mas a paz conquistada dura pouco. Exatamente por causa disso, os dinamarqueses, percebendo que os saxões e ingleses estão felizes e contentes em suas casas, com comida farta e tals, tramam uma invasão e domínio da Inglaterra. E, também suspeitando que foi vítima de alguma armação, Uhtred logo tem que abandonar a fortaleza mais uma vez e adiar o sonho de tomar Bebbamburg.

Assim, ele parte para a guerra mais uma vez. E de novo, no papel do rebelde (por falta de termo melhor) que mesmo sem reconhecimento, ou sequer aprovação, dos governantes. Uhtred é quem percebe antes de todo mundo a ameaça, e sozinho arquiteta o plano de defesa.

Uhtred agora que está mais velho, está mais controlado, e não parte para a luta só por estar entediado, como quando era mais jovem. E planeja melhor também, deixando inclusive o orgulho de lado e pedindo ajuda. Só não muda seu humor afiado e a criatividade na hora de insultar os inimigos, mas infelizmente acho que não marquei nenhum, e de qualquer forma, sou educada demais para publicar aqui (hã-ham).Uhtred conta com os mesmos aliados de sempre, mais um que eu gostei muito: seu filho mais novo, que passou a se chamar Uhtred depois da deserção do mais velho. Uhtred filho puxou o pai, tem sede de aprender com ele, é inteligente, mas não é tão selvagem como o pai. E Aethelflaed continua a seu lado, e não sei se porque fazia tempo que eu não lia nada das Crônicas, mas achei que neste ela teve participação maior. Ela é a conselheira de Uhtred, e é inteligente e perspicaz, percebendo como Uhtred a ameaça dinamarquesa, e defende Uhtred contra todos, até mesmo contra a própria família.

O livro nem é tão sangrento quanto eu esperava, e apesar de estar meio cansada das Crônicas, gostei muito deste. A narrativa é leve e envolvente, passa rápido (eu é que demorei para escrever, já terminei o livro faz tempo, por isso também peço perdão porque ela não saiu muito boa). E, para terminar, eu deixo vocês com duas passagens lindas, que eu gostei muito:

“Aquela noite estava clara e nos encontrávamos sozinhos sob incontáveis estrelas. O leite dos deuses estava espalhado atrás das estrelas, um arco de luz que se refletia nas ondas. O mundo foi feito com fogo e, quando ficou pronto, os deuses pegaram as fagulhas e as brasas restantes e jogaram no céu. Nunca deixei de me espantar com a glória desse grande arco de luz leitosa das estrelas.” (p. 172)

“Amo o caminho das baleias, as ondas longas, o vento salpicando o mundo com borrifos, o mergulho da proa de um navio num mar agitado seguido pela explosão de branco e os esguichos de água salgada na vela e nas tábuas; e o coração verde de uma onda enorme rolando atrás do navio, empinando, ameaçadora, a crista partida se enrolando, então a popa sobe, impelida, e o casco salta para a frente, o mar borbulha ao longo do costado enquanto a onda passa rugindo. Amo os pássaros roçando na água cinza, o vento como amigo e inimigo, os remos subindo e descendo. Amo o mar. Vivi muito, e conheço a turbulência da vida, as preocupações que pesam na alma do homem e as tristezas que tornam os cabelos brancos e o coração pesado, mas tudo isso é posto de lado no caminho das baleias. Só no mar o homem é verdadeiramente livre.” (p. 71)

Trilha sonora

Hand of Sorrow e Stand my ground, ambas do Within Temptation.

Se você gostou de O Guerreiro Pagão, pode gostar também de:

    • As Crônicas Saxônicas – Bernard Cornwell;
    • As Crônicas de Artur – Bernard Cornwell;
    • A busca do Graal – Bernard Cornwell;
    • coleção Sharpe – Bernard Cornwell;
    • As Crônicas do Gelo e do Fogo – George R. R. Martin;
    • As Brumas de Avalon – Marion Zimmer Bradley;
    • coleção O Imperador – Conn Iggulden.