ATENÇÃO! SPOILERS DOS LIVROS CASO VOCÊ NÃO TENHA LIDO!Você foi avisad@!
Continuando a análise do terceiro – e polêmico - episódio, antes de dar prosseguimento, deixa eu comentar algumas coisas que eu esqueci de comentar na primeira parte dessa review.
Antes de Sansa sair desembestada pelas ruas e vielas de King´s Landing, o que vimos foi a continuação do que ocorreu no final de The Lion and The Rose. Joffrey roxo, com sangue saindo pelas narinas e sem vida jaz no colo de Cersei, enquanto ela acusa Tyrion e dá ordem de prisão. Sensacional cena de Lena Headey. E Peter Dinklage, sem dizer uma palavra, expressa toda a raiva de ser acusado injustamente. Perfeito.
Mais do que depressa, Tywin, já tomando as rédeas da situação, ordena o fechamento dos portões da cidade, prevendo a fuga de Sansa. O velho tem a mente aguçada, e não brinca em serviço. Não lamenta a morte do neto (isso fica bem claro na cena do Septo, com Tommen) e em momento nenhum deixa de ser Mão. Fantástico, simplesmente. O que não bateu muito bem foi o corte da cena, deixando-a inacabada no episódio anterior. Eu entendo que escolheram a cena de mais impacto, com Tyrion sendo acusado e com o cálice na mão, mas não foi um bom corte.
Voltando de onde eu havia parado, de King´s Landing, e da lamentável cena tão polêmica, partimos para o meio do nada, com Arya e o Cão. A cena, apesar de ótima, e mostrar a facilidade que Arya tem de mentir, está meio jogada, desnecessária. É incrível o entrosamento de Rory McCann e Maisie Williams. Me chamou a atenção os planos do Cão de ir para além do Mar Estreito, e se juntar aos Second Sons. OK, eu sei que os planos dele não sairão exatamente como ele quer, mas achei interessante. Ri da atitude dele na mesa, quando aquele camponês está rezando, mas parece que ele foi reduzido a isso, alívio cômico. E foi uma cena muito longa só para mostrar o roubo de algumas moedas.
E daí viajamos para o Norte, onde todos os tipos amigáveis da Patrulha da Noite são listados. Sam vai atrás de Gilly, e demonstra preocupação quanto a seu bem-estar, e o fato de ela ser a única mulher na Muralha, no meio de tantos homens com a cabeça só em uma coisa. Aqui mais um desvio desnecessário da história. No livro, que eu me lembre, Gilly fica na Muralha, não vai para Mole´s Town. E apesar de se muito fofo Sam/Gilly, e o romance deles já ir se delineando, isso vai complicar mais para a frente (SPOILER) quando Jon traça o plano da troca de bebês. Como ele vai fazer isso com ela longe? Bom, isso fica para mais tarde, e a série vai ter que dar um jeito de incluir isso na trama.
Outra coisa que não faz muito sentido é o lugar que Sam escolhe para abrigar Gilly. Quer dizer que Castle Black é impróprio por causa dos homens, mas um prostíbulo em Mole´s Town, onde mulheres são exploradas diariamente é um bom local para uma mãe e um bebê recém-nascido? Oi? Isso sem contar que quem é que garante que Gilly ficará segura ali, e pior, não será obrigada a se prostituir também? Não sei, mas acho que ela não vai ficar neste lugar muito tempo. Porém, em termos de atuação e tecnicamente, as cenas foram muito boas. Só mais uma coisinha: Gilly ficou muito chateada de ter que ir embora.
Da Muralha vamos a Dragonstone, onde um Stannis muito alegrinho comemora o resultado favorável de seu truquezinho com o sangue de Gendry (você matou um Stark com isso, já disse, o seu está guardado, colega! The North Remembers!). E finalmente, mesmo que a contra gosto, Davos reconhece que a magia de Melisandre funciona. Só que em vez do fanatismo (e outra coisa) de Stannis, Davos vê isso com precaução. Os dois discutem as precárias condições de Stannis, quebrado e sem exército. Gostei muito da colocação de Davos sobre contratar mercenários. Veja bem, Stannis não tem problema nenhum em usar magia negra para conseguir o que quer, mas mercenários são proibidos. WTF? Sério, Stannis pra mim é ZZzzzzZZZZZzZzZzZZzZ. Tanto no livro como na série. Não suporto esse modo amargo, de menininho que foi rejeitado a vida toda, e sua caretice em geral (I mean, o cara não gosta de nada na vida que faça viver valer a pena: alegria, sorriso, sexo, amor, vinho, comida, absolutamente nada. Deve ser exaustivo ter tantas restrições) só fazem dele um cara muito irritante. E não à toa, ele é o rei que não projeta sombra. Quem é que seguiria um cara assim? Só mesmo Davos e sua paixão recolhida. Em contrapartida, Davos é bem realista, e fala que a magia nunca ganhou uma guerra, mas soldados sim. Claro que a magia ajuda, mas não somente isso. Porém, é exatamente esse equilíbrio entre essas duas personalidades tão distintas que funciona. Um completa o outro. E quando se tem em cena dois atores do nível de Liam Cunnigham e Stephen Dillane, ainda que eu não goste deste núcleo, não tem como dar errado.
E depois de discutir com o amor de sua vida seu soberano, Davos segue para sua lição com a fofíssima Shireen. Mais uma vez, a menina mostra uma personalidade forte e determinada. E ela é uma boa professora. E é assim, numa colocação inocente e despretensiosa de uma criança, que a solução aparece: o Banco de Braavos. Isso me lembra Ned finalmente juntando as peças do quebra-cabeça sobre a real paternidade dos filhos de Cersei, pelas palavras de Sansa. Também gostei da declaração de Davos de que Stannis não enxerga as sutilezas do mau comportamento humano, para ele um contrabandista é o mesmo que um pirata, e assim por diante, Para Stannis, o mundo se divide entre homens bons e homens maus, e se Ned pecava por seu excesso de honra, que fazia com que ele acreditasse que todos os homens eram tão honrados quanto ele, Stannis peca justamente por sua visão limitada da realidade. E preciso ressaltar nesta cena também o talento de Kerry Ingram. Mesmo com pouca idade, ela dá show. Aliás, o elenco infantil da série como um todo é excelente.
Mais ao sul, de volta a King´s Landing, lá vem de novo Oberyn, e mais uma vez, numa cena apelativa, de orgia. Já cansou esse padrão de colocar o Red Viper sempre nessas situações. Isso só faz diminuir o personagem, e desperdiça o talento de dois atores fantásticos como Pedro Pascal e Indira Varma. Mas o que veio em sequência foi lindo. Tywin interrompendo a diversão do casal, visivelmente desconfortável de ter que se submeter a ir ao bordel procurá-lo, mas ao mesmo tempo a atitude inteiramente arrogante de interromper a orgia. E ainda fazer acusações sobre o envenenamento de Joffrey. Muito bom que finalmente mencionaram o treinamento de Oberyn em Oldtown, uma coisa que poderia ser mais explorada, mas que perde espaço para ressaltar as inclinações sexuais de Oberyn. Também digno de nota que Tywin sabia muito bem que Tyrion conversou com Red Viper ali. Ou seja, ele também tem espiões em toda parte. Mais uma vez Oberyn não mede palavras para acusar Tywin do assassinato de Elia. Um belíssimo embate de dois líderes absolutos, e dois atores competentíssimos. Também achei bem interessante estabelecer uma aliança entre Oberyn e Tywin, para que Oberyn seja um dos juízes no julgamento de Tyrion. No livro, não sabemos disso (pelo menos eu não me lembro de uma insinuação dessas). Incrível como a mente estratégica de Tywin funciona, buscando aliados poderosos, a fim de manter unidos os Sete Reinos (e consequentemente, assegurando um poder maior em suas mãos).
Enquanto isso, lá nas masmorras da Red Keep, Tyrion recebe a visita de Pod. Que cena comovente, meus queridos! Arrisco a dizer que foi a melhor do episódio. Pod mostra lealdade incondicional (e ainda tem gente que acha que sua performance com as putas ano passado foi para aliciá-lo como espião…gente, sério, esse povo leu o mesmo livro que eu?), se recusando a sair do lado do anão. Daniel Portman ganhou espaço, e justamente. Só esse olhar resume tudo:
Sério, pode um olhar mais expressivo que esse? Quase me fez chorar. Por outro lado, isso já abre espaço para um núcleo que eu quero muito ver, que é justamente ele e Brienne juntos.
E saindo das masmorras, vamos para algum lugar ao Norte, onde os selvagens atacam uma vila qualquer, praticando toda sorte de selvagerias junto com os Thenns. De verdade, esses caras me dão medo. Mais uma vez a menção ao canibalismo, e ainda mais assustador quando eles falam para o menino que vão comer – literalmente – sues pais. Me faz pensar em como, se as especulações estiverem certas e Rickon estiver realmente entre os Skagosi, Rickon, que já é uma criança de temperamento forte e praticamente incontrolável, vai se desenvolver. Também me pergunto se ele e Osha vão dar as caras nesta temporada.
Mas o que me chamou ainda mais a atenção nesta sequência foi Ygritte, visivelmente ainda com ódio do mundo. Isso me irrita, porque já disse que é um tremendo desvio de caráter da personagem do livro. Na série ela ainda é forte, sem dúvida, mas essa atitude não condiz com a do livro. Para utilizar uma metáfora que minha amiga Fernanda (que eu achei sensacional, by the way, Fê, thanks!): Ygritte não é Taylor Swift, You belong with me (If you could see that/ I´m the one who understands you/ been here all along/ So why can´t you see/That you belong with me..), ela é Pink, e So what (so what, I´m still a rock star/ I got my rock moves/ And I don´t need you…). Também atenção para o fato de o menino, que foi solto justamente para ir dar a notícia do ataque aos irmãos da Patrulha.
E dito e feito, logo depois,lá está ele, ao lado de Snowy Goodness, e os Corvos discutem o que fazer. E a dura realidade da escassez de homens patrulhando a Muralha bate com força. Só para serem confrontados com o outro lado, e os números absurdos de Mance Rayder. A reunião é interrompida pela chegada de Grenn e Edd (AI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!), e Jon propõe um ataque à pocilga (me parece mais adequado que chamar aquilo de “fortaleza”, que seria a tradução literal de Craster´s Keep) que era onde Craster morava. Isso porque junto com Grenn e Edd chega a notícia dos sobreviventes ao ataque (e aquela praga do Karl continua…OK, o dele está guardado também) e de que a única razão para os selvagens ainda não terem atacado é a mentira que Jon contou , que a Patrulha tinha sei lá quanto mil homens. E aqui a gente já vê o tamanho da visão de Jon. Enquanto aquela mula bípede do Alliser Thorne acha que o ataque se resume a justiça por Lorde Mormont, Jon vê mais além, e sabe que os sobreviventes são um risco à Patrulha, pois sob tortura fatalmente revelarão os reais números da Patrulha. Aqui já delineando porque (SPOILER) Jon vai ser Lorde Comandante. E tem gente que confunde esse tipo de pensamento dele com burrice…Aliás, agora que me ocorreu, nesse sentido ele tem a mente estratégica bem parecida com a de Tywin. Esse é o resumo da situação, nas palavras de Jon: ”Mance tem tudo que precisa para derrotar-nos, só não sabe ainda”. Segunda frase fodástica do episódio. Ótima sequência.
E finalmente nos encaminhamos para o final do episódio, no portões de Meereen. Dany chega com seu exército, e a cidade inteira está nos muros, esperando. O campeão de Meereen sai da cidade, e insulta Dany num modo bem menos nojento que no livro (que foi realmente escatológico). Não faz sentido Dany pedir um campeão, se recusa todos os que se oferecem. Mais uma vez um fora no Rei da Friendzone:
SUPISH! E toma chibatada! Coitado, tá dando pena. Mas tudo isso para dar a incumbência a Daario, que vem com mais uma demonstração de superpoder de puxação de saco excesso de confiança para atacar o tal do campeão. OK, foi legal ele decapitar o cara, mas a enrolação antes foi desnecesssária, e isso, essa luta coreografada qualquer um pode fazer. E em termos de atuação desse cara, so far…
Detalhezinho da piscadela para Dany antes…ARGH! Sério? E depois o cara mijando em resposta…OK, devolveu o insulto, mas perdeu impacto diante da pobreza de atuação, faltou a atitude displicente e arrogante do outro Daario. O discurso populista de Dany em frente aos portões não empolgou, como aconteceu na temporada passada em And now his watch is ended. E não estou falando pelo fato de que Dany falar alto valiriano já não impressiona, mas porque faltou emoção mesmo, convicção. Mas, se o discurso deixou a desejar, o que aconteceu em seguida foi SENSACIONAL! As catapultas são armadas, e lá se vai a munição voando. Mas qual não foi a surpresa ao descobrir que a munição é composta justamente dos grilhões dos escravos libertos por ela? Tremenda guerra psicológica! E uma estratégia genial. Agora, é o povo mesmo de Meereen que vai entregar seus governantes, e ainda acolher Dany de braços abertos. Golpe de mestre!
E com essa cena genial, os créditos sobem. Um episódio polêmico, sim, que causou tantas emoções diferentes. Altos e baixos, e até agora o mais fraquinho da temporada. Mas no geral, a temporada segue com mais gás que as anteriores, que demoraram um pouco mais a engrenar, com exceção da primeira. E agora é torcer para continuar impressionando.
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