quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O Dia do Curinga – Jostein Gaarder

 

"Você já pensou que num baralho existem muitas cartas de copas e de ouros, outras tantas de espadas e de paus, mas que existe apenas um curinga?", pergunta à sua mãe certa vez a jovem protagonista de O mundo de Sofia.
Esse é o ponto de partida deste outro livro de Jostein Gaarder, a história de um garoto chamado Hans-Thomas e seu pai, que cruzam a Europa, da Noruega à Grécia, à procura da mulher que os deixou oito anos antes. No meio da viagem, um livro misterioso desencadeia uma narrativa paralela, em que mitos gregos, maldições de família, náufragos e cartas de baralho que ganham vida transformam a viagem de Hans-Thomas numa autêntica iniciação à busca do conhecimento - ou à filosofia.
O dia do curinga é a história de muitas viagens fantásticas que se entrelaçam numa viagem única e ainda mais fantástica - e que só pode ser feita por um grande aventureiro: o leitor.

Já era para eu ter feito a resenha desse livro, mas as coisas se acumularam (boletins, provas, fim de ano, same old, same old) e não tive tempo. Então estou aproveitando que o sistema está em manutenção (perfect timing, #sqn) e vim escrever. Não sei se vai sair muito boa, porque já faz uns dias que terminei a leitura, e prefiro fazer logo que termino, enquanto ainda está fresco na memória, mas vamos lá.

Na verdade, nem sei direito por onde começar. Hans-Thomas é um menino de uns 12 anos, acho, que sai com seu pai da Noruega até a Grécia em busca de sua mãe, que foi para a Grécia “se encontrar”. No meio do caminho, Hans-Thomas encontra um anãozinho que o convence a parar em Dorf, onde ele conhece um velhote padeiro que o presenteia com um livrinho misterioso. E no caminho para a Grécia, regado a muitas conversas filosóficas com seu pai, Hans-Thomas vai lendo o livrinho em segredo.

“Meu conselho para todos os que querem se encontrar é continuarem bem onde estão. Do contrário, é grande o risco de se perderem para sempre.”

O livrinho (eu fico repetindo no diminutivo, mas quem leu entende. Tem motivo) conta a história de um náufrago, Frode, que acaba numa ilha deserta por muitos e muitos anos, tendo como companhia somente um baralho velho. De tanta solidão, Frode acaba personificando as cartas, que eventualmente ganham vida. Anos mais tarde, um outro náufrago chega à ilha, e começa aí uma intrincada história de traição, amores frustrados e abandonos, que vai se entrecruzar com a história de Hans-Thomas.

Existem cerca de 5 bilhões de pessoas neste planeta. Mas a gente acaba se apaixonando por uma pessoa determinada e não quer trocá-la por nenhuma outra.”

Como no caso de O Mundo de Sofia, a narrativa se divide em duas: a busca de Hans-Thomas e seu pai e a história do livrinho, de Frode. E no meio disso tudo, Jostein Gaarder faz referência a um ou outro pensamento filosófico, Inclusive, há várias partes do livro que lembram muitas passagens de O Mundo de Sofia. É inevitável. Mas, diferente de Sofia, que tem finalidade mais didática, O Dia do Curinga mostra diferentes correntes filosóficas de forma mais sutil, em algum comentário ou em algum acontecimento. Mas a narrativa também é tão diferenciada como Sofia, e igualmente deliciosa. Hans-Thomas, com sua mente curiosa e inquieta, é um ótimo guia para as reflexões levantadas pelo livro, ao mesmo tempo que lida com problemas extremamente comuns, como o pai alcoólatra e ter que crescer sem a mãe. Mais um belo passeio pela filosofia e mitologia. Recomendado, e também recomendo que você releia várias vezes, com bastante calma, degustando cada palavra.

“As pessoas ficariam malucas se os astronautas descobrissem um outro planeta vivo. Pena que o seu próprio planeta n]ao consiga tirá-las dos eixos.”

Trilha sonora

Mais uma vez, Out of blue comes green, do A-ha. E também Trying, do Lifehouse.

Se você gostou de O Dia do Curinga, pode gostar também de:

  • O Mundo de Sofia – Jostein Gaarder;
  • Através do Espelho – Jostein Gaarder;
  • A Viagem de Théo – Catherine Clement.

2 comentários:

Fefa Rodrigues disse...

Nossa, faz muito tempo que eu li esse livro... e assim como foi com O Mundo de Sofia, ele me deu uma sensação de que eu nao tinha profundidade suficiente para digerir tudo.... esse ano pretendo fazer alumas releituras, e acho que vou colocar esse na lista!!!

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Fefa!

Eu também acho que vou ter que reler várias vezes, e como em O Mundo de Sofia, cada vez vou tirar uma lição diferente dele.

Beijo!