Já viramos a metade da temporada, e esse foi, com certeza, um dos melhores episódios até agora. Ele pode ser dividido em duas partes bem distintas: fora de King´s Landing, e em King´s Landing. Um deles deixou um pouco a desejar, já o outro foi deleite puro.
ATENÇÃO! SPOILERS DOS LIVROS! Você foi avisad@.
Começando pela abertura, que já deixou a gente babando com a presença de Braavos. Atenção para o Titã, e a moedinha correndo. Um detalhe belíssimo, e mostrando o cuidado da produção desde o início. E falando em Braavos, é exatamente lá que nossa viagem pelo episódio começa.
Stannis e Davos vão ao Banco de Ferro pedir um empréstimo, e Stannis (com cara de…complete a seu gosto) reclama da espera no banco (óbvio que ele nunca entrou num Itaú ou Bradesco). Sério, esse Stannis da série consegue ser ainda mais chato que no livro, ainda mais choraminguento e se parecendo com garotinho mimado que insiste que ninguém lhe dá atenção. E digo isso como um desabafo sobre a descaracterização do personagem, não pela atuação de Stephen Dillane, que é impecável. E depois de uma longa espera, chega o atendente do banco, interpretado por ninguém menos que Mark Gatiss. Quem, assim como eu, adora Sherlock, já sabe quem é. Lembram quando Tywin falou lá atrás em First of His Name que o Banco de Ferro é um templo? Pois bem, reparem na ambientação, que realmente lembra uma igreja, especialmente aquelas da Idade Média, com pé direito alto, vitrais e escura, e para o figurino de Mark Gatiss: um robe, que lembra mesmo uma batina de padre. E Mark Gattiss também muito bem em cena, mostrando todo o desprezo pelos westerosi em geral, e o que ele pensa de quem está sentado no Trono de Ferro. E de cara já recusa o pedido de Stannis, o que era de se esperar. Reforçando o que eu disse ali em cima, Stannis com sua atitude de menininho mimadinho não inspira ninguém a segui-lo e apoiar sua causa.
E estaria tudo perdido se não fosse por seu fiel companheiro Davos, que saiu em defesa de seu amor eterno rei e protetor. E que efeitos especiais de primeira, com a mão deformada de Sor Davos. E a lealdade canina de Davos deu certo, Stannis sai do banco bem mais rico do que entrou. E daí vamos para uma cena ultra desnecessária, e que está ali só para nos lembrar de que a série é produzida pela HBO. I mean, era realmente imprescindível que Davos fosse encontrar Saladhor Saan em uma casa de banhos? Só pra mostrar mais peitos e bundas de fora? Please! E só para que Davos contratasse mais uma vez os serviços do pirata. Liam Cunningham ótimo em ambas as cenas, entretanto.
E de Braavos, cruzamos novamente o Mar Estreito e vamos em direção ao Dreadfort. Yara/Asha no barco com seus homens, e ao fundo ela lendo a carta de Ramsay dando um ultimato para que os Ironborn saiam do litoral do Norte. Mas somos lembrados mais uma vez da promessa que Yara fez de ir resgatar o irmão. E novamente, ainda que só em áudio, como foi ruim essa promessa. Não pelo conteúdo, mas pela interpretação, que foi um horror, digna de Cigano Igor (se você não sabe quem foi esse, procure na internet). Aliás, toda a leitura da carta foi sem emoção nenhuma. Não corresponde nem à personagem do livro nem à irmã que desafiou o pai para ir atrás do irmão. E emendando a essa leitura já veio o discurso de motivação dela, que não motivou ninguém, e só em áudio (porque acho que se colocassem ela interpretando iria ser patético de tão ruim). E entremeado a todo o discurso, Ramsay se diverte com Miranda. Novamente, era necessário os dois estarem no meio do sexo? Apelação desnecessária, e sem propósito.
E lá vão os Ironborn invadir o Dreadfort para tentar libertar Theon. Várias coisas erradas com esta sequência toda. Primeiro: não tem segurança nenhuma no Dreadfort? Não tem guardas? I mean, o lugar se chama Forte do Pavor! Imagino que o mínimo é que seja bem guardado. Dois: os poucos guardas que Yara encontra são tão fáceis assim de subjugar? WTF? E lá vai ela e os outros Ironborn para o canil, onde Theon dorme. Theon é tão bom, mas tão bom, que eu falo dele daqui a pouquinho. Três: os caras estão confinados num canil, e os soldados do Dreadfort não conseguem derrotar os Ironborn? Oi? Qual o treinamento que eles tiveram? E daí os Ironborn simplesmente vão embora? Double WTF? E, se quando vê Theon na cela Gemma Whelan expressa alguma emoção, e dá a impressão de que sua interpretação vai melhorar, isso tudo vai por água abaixo com mais uma cena digna de Cigano Igor quando ela fala que seu irmão morreu. (SPOILER) E daí, vai ficar por isso mesmo? Ela vai desistir? Porque no livro, ela vai atrás de Theon e barganha a vida dele com Stannis. #comofaz?
Agora, Alfie Allen foi só maravilha em cena. Ele demonstrou muito bem a anulação de Theon quando se recusa a ir embora com a irmã. Me pergunto se ele realmente não reconheceu a irmã. O ruim da série é que não temos acesso aos pensamentos dele, (SPOILER) e pelo livro nós sabemos que Theon está lá dentro de Reek, em algum lugar. E o que foi Ramsay chegando sem camisa e todo coberto de sangue? Só demência, e sadismo puro. Iwan Rheon mais uma vez arrasando em cena. E logo depois, o prêmio para Reek por ter ficado no Dreadfort. O banho, e quem leu os livros já sabe o que vem por aí, mas eu não vou entregar este spoiler de bandeja. E foi mais um deleite ver esse dois atores sensacionais em cena. A cena toda é tensa, e juro que por um minuto pensei que iam mostrar o resultado das alterações feitas em Theon (aka o boneco Ken do Dreadfort). Notem também que ao final, Ramsay diz para Reek que ele terá que fingir ser alguém: Theon. Interessante que quando Yara foi soltá-lo, ele falou que não era Theon. Anulação total de Theon, e belissimamente retratada por Alfie Allen. Pena que como um todo a sequência ficou jogada, e sem sentido no episódio.
Pulamos para algum lugar próximo a Meereen, onde um pastor cuida de suas ovelhinhas. É quando chega Drogon. E que coisa mais linda é esse dragão! Confesso que fiquei com dó da ovelha, mas Drogon estava só obedecendo a sua natureza. O que mais cortou o coração foi ouvir os balidos da bichinha sendo levada como jantar. E mais alguém aí pensou que Drogon não ia pegar a ovelha, mas sim o pastor? Já pensei logo nisso. E lá vai o pobre pastor pedir compensação pela sua perda. Achei que para um salão de trono a ambientação deixou um pouco a desejar. Escura e sem adornos. Por outro lado, a posição de Dany no alto da pirâmide foi bem clara: ela é soberana. Só que como no livro diz que a pirâmide tem jardins, imaginei o local mais leve e iluminado. E aparece pela segunda vez (ele já havia aparecido em Breaker of Chains) Hizdahr zo Loraq. Pela primeira vez na temporada Emilia Clarke mostra que é sim uma ótima atriz. Ela passa da rainha amável e indulgente para implacável em segundos, só de saber quem Hizdahr realmente é. Porém, não deixa de transmitir um pouco de tédio. Mas ela acaba cedendo e concede que Hizdhar enterre seu pai. E Dany, sério mesmo que você ficou espantada por ainda ter 212 suplicantes? Não era você que queria reinar? Bem, entre outras coisas, isso significa manter a corte e ouvir as súplicas. Mais uma sequência jogada no episódio, só para mostrar a Mãe dos Dragões.
E partimos para a segunda parte do episódio, esta sim, puro deleite. Estamos na reunião do Pequeno Conselho, e Oberyn já divando logo de cara. A pose displicente dele diz tudo. E Mace Tyrell também já demonstrando o super poder de puxação de saco dele. E Tywin já começa a perceber a ameaça de Danaerys em Meereen. Impressionane como a Aranha tem pernas longas para alcançar aquele fim de mundo que é Meereen. Achei muito digno Tywin falando a besteira que foi dispensar Sor Barristan, dando um belo tapa, daqueles com uma determinada luva, em Cersei. E mais uma das mil habilidades de Oberyn vem à tona, com seu conhecimento dos Unsullied. AMEI Tywin mandando Mace pegar papel e pena, e o idiota indo lá obedecer. Mostra bem o que Mace realmente é: um ajudante glorificado, nada mais. Papel que Arya desempenhou muito melhor, diga-se de passagem.
Uma das coisas que eu mais gosto na série é que ela proporciona momentos deliciosos que não estão nos livros, pois estamos limitados pela visão de alguns personagens. Graças à série ser mais abrangente neste sentido, temos uma cena linda como a próxima. Se até então os diálogos entre Mindinho e Varys eram um espetáculo à parte, agora isso fica por conta de Oberyn. Simplesmente uma delícia, principalmente quando temos dois atores como Pedro Pascal e Conleth Hill. E achei bem bacana mostrarem as ambições de Varys. Não creio que ele deseje o Trono em si, mas sim ficar por trás do poder. Repito: acredito mesmo que tudo que Varys faz á acreditando no bem do reino.
E chega a hora do julgamento. Jaime faz questão de ir buscar Tyrion, e faz de tudo, inclusive se propõe a abrir mão do que ele mais quer, que é escrever o restante de sua história no livro, redimindo-se assim dos crimes que cometeu, para salvar o irmão. Amei de paixão a ironia na voz de Tyrion ao dizer: we must not disappoint Father. LINDO!
E começa o julgamento. Observe como Tommen se abstém do julgamento, com certeza sob influência do avô. E isso já mostra o jogo de interesses por trás do julgamento. Repetindo uma frase que já circulou muito pelos trailers: se você veio aqui atrás de justiça, perdeu seu tempo. E notem a expressão de Tommen ao falar da sentença, caso o tio seja considerado culpado. Dean-Charles Chapman se mostrando melhor a cada episódio.
E tudo, absolutamente tudo, neste julgamento foi épico. As testemunhas chamadas, cada uma um peão de Cersei, desde o discurso editado e manipulado de Sor Meryn Trant, passando por Pycelle fingindo ser um velhote inocente listando o que foi roubado de seu estoque, até Varys, e a consciência deste de que foi sim Tyrion quem realmente salvou King´s Landing e o reino em Blackwater, mas retomando lá em cima com Oberyn, Varys faz o que faz pelo reino, o discurso mentiroso de Cersei, e as falsas lágrimas. Tudo arquitetado para comprovar a culpa do anão. Tudo não passou de um grande espetáculo, só mesmo para o povão ver, porque a culpa do anão já estava determinada desde o começo.
E isso fica claro quando Jaime vai barganhar a vida de Tyrion com o pai. Adorei a interpretação de Nikolaj Coster-Wardau, expressou muito bem o choque de realidade ao ver que o pai não é exatamente quem Jaime pensava, e culminando com o discurso de Tyrion no final (já falo dele), e perceber que tudo foi em vão. Magnífico, simplesmente. Mas também, ninguém, mas ninguém mesmo, nesta parte do episódio fez menos que o melhor.
E a derrocada de Tyrion ainda estaria por vir. Chamem a última testemunha, e eu já sabia o que, ou melhor, quem, viria. Cara, que raiva de ver Shae ali! E a cara de desolação de Tyrion, de quem sabe que agora não tem mais volta, está realmente perdido. Lindíssimo! E o testemunho dela, obviamente manipulado, foi acabando com o anão a cada palavra. Me faltam palavras para este momento (e isso é dizer alguma coisa). É, my dear little friend, hell hath no fury like a woman scorned. Imagine só em Westeros, com sete infernos!
E assim, uma por uma, cada ameaça, cada previsão, cada comentário irônico de Tyrion fora distorcidos e se voltaram contra ele. E, cansado de bancar o monstro de todo mundo, percebendo que ele próprio cavou sua sepultura, e sem nada mais a perder, Tyrion fala. E como fala! Veja aí embaixo o discurso dele na íntegra.
“Eu salvei vocês, salvei a cidade e todas as suas vidas inúteis. Devia ter deixado Stannis matar todos vocês. Desejo confessar, pai. Sou culpado, é isso que quer ouvir? Sou inocente de matar o rei, mas culpado de ser um anão. Tenho sido julgado por isso a minha vida inteira. Eu não o matei, mas bem que eu queria ter matado. Ver seu bastardo cruel morrer me deu mais alívio do que mil putas mentirosas. Queria ser esse monstro que pensam que eu sou. Queria poder matar todos vocês. Daria minha vida para ver todos vocês morrerem envenenados. Mas não darei minha vida pela morte de Joffrey e sei que aqui não terei um julgamento justo. Então vou deixar que os deuses decidam por mim: eu exijo um julgamento por combate.”
Pronto, simplesmente entreguem o Emmy para Peter Dinklage, esqueçam a votação, é desnecessária, essa ele já levou, pela segunda vez. Não tenho nada mais a acrescentar. E admito que foi como um tapa na cara a forma como o episódio acabou, para mim tão abruptamente, e nem percebi o tempo passar. Sobem os créditos ao som de The Rains of Castamere, mas aqui como uma marcha fúnebre, o que aqui é bem conveniente. Sem mais.
3 comentários:
Agora fiquei curiosa ,quem afinal é Cigano Igor hahahaha
Olha achei esse video do cigano interpretando hhahah http://globotv.globo.com/rede-globo/video-show/v/novelao-dara-se-casa-com-igor-em-explode-coracao/2206148/ ele interpreta muito mal mesmo .
HAHAHAHAHAHA!
Eh muita tortura ver esse cara atuando!
beijo!
Fe
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