Tudo começou com Eragon…
E termina com Inheritance.
Não muito tempo atrás, Eragon – Matador de Espectros, Cavaleiro de Dragão – era nada mais que um fazendeiro, e seu dragão, Saphira, apenas uma pedra azul na floresta. Agora o destino de toda uma civilização está em seus ombros. Longos meses de treinamento e batalhas trouxeram vitórias e esperança, mas também perdas de partir o coração. E ainda, a batalha real está a frente: eles precisam confrontar Galbatorix. Quando isso acontecer, eles deverão ser fortes o bastante para derrotá-lo. E se eles não conseguirem, ninguém mais conseguirá. Não haverá segunda chance. O Cavaleiro e seu dragão chegaram mais longe que qualquer um jamais ousou chegar. Mas serão eles capazes de derrubar o rei cruel e restabelecer a justiça a Alagaësia? E se conseguirem, a que preço? Este é o tão esperado final do best- seller mundial Ciclo A Herança.
ATENÇÃO! SPOILERS SE VOCÊ NÃO LEU NENHUM LIVRO DO CICLO A HERANÇA!
E talvez alguns deste livro mesmo. Mas, como sempre, eu aviso antes, pra não ter problema. Este começa pouco tempo depois do final de Brisingr, e já começa agitado, no meio de uma batalha. Os Varden, junto com Eragon, Saphira e Arya, estão retomando uma das cidades do Império. E logo de cara já temos uns sustos, meu coração parou, mas tudo ficou bem. Na medida do possível.
Eragon agora já é um Cavaleiro graduado. Ele teve que amadurecer, depois do golpe da morte de Oromis no terceiro. E seu amadurecimento não é só pessoal. Ele agora é um guerreiro melhor e até certo ponto, mais duro. Não é nem de longe o melhor do livro, mas ele já não é tão insuportável. Em termos, quer dizer. Como tem o posto de único Cavaleiro livre, esse aspecto às vezes deixa ele um pouco arrogante (acho que é a convivência com Saphira…). E, sinceramente, ele continua burrinho… Algumas coisas bem óbvias, ele não enxerga. Mas de qualquer forma, gosto mais dele neste livro do que nos outros. E uma coisa bem legal, é que apesar da arrogância, ele tem incertezas e medos, o que fazem dele mais humano.
Arya, por sua vez, está menos distante, e já começou a admitir para si mesma seus sentimentos por Eragon. Mas acho que a relação dos dois deixou um pouco a desejar. Como Eragon, ela não está tão chata. Ainda me irrita, mas menos. Gosto desse lado menos reservado dela.
E Roran, fechando o trio da batalha que eu falei no começo, finalmente tem seu valor apreciado pelos Varden (e por Nasuada). Depois que conseguiu comandar com grande competência um batalhão, ganhou a patente de Capitão. E ele é respeitado por todas as raças da Alagaësia, incluindo os Urgals. Ele continua determinado, e luta com paixão para defender sua família e a liberdade. E mantenho que ele é melhor guerreiro que Eragon. Em boa parte do livro, ele fica sem as proteções que Eragon lança sobre ele, e consegue se manter em pé. Eu diria que isso requer muito mais coragem. Me decepcionei um pouco porque o que eu queria para ele não aconteceu, o que eu achei que foi uma falha da parte de Christopher Paolini. Mas ainda assim, Roran é O cara (um dos. Daqui a pouco falo do outro, se você ainda não adivinhou). E uma coisa que gosto em Roran é que ele é um guerreiro implacável, mas é super carinhoso com Katrina, e, nas palavras de Arya em certa altura, só é rude com quem não sabe tratar com ele (ponto para ela!).
E um dos que não sabem tratar com ele (e para quem Arya dirige as palavras) é o Rei Orrin. Esse cara apareceu pela primeira vez em Eldest, mas eu não achei que valia a pena mencionar o sujeito. Por que agora então? Porque ele sofreu uma mudança radical. No começo, ele não passava de um rei jovem e mimado, e totalmente alienado de tudo. Só o que ele quer fazer é se dedicar aos estudos de filosofia e algo que acho que deve ser parecido com a alquimia. Estava mais para bobo-da-corte do que para rei. Ele governa Surda, e é com ajuda (financeira e de homens) dele que os Varden conseguem invadir o Império. Só que já na primeira aparição dele neste livro, o cara está totalmente diferente: amargurado e sombrio, já não está alienado e tem até uma certa sede de sangue. Só que pelo que parece, o cara tem mais apreço pelo vinho, e acaba dizendo umas besteiras. Ele continua um idiota, mas agora é um idiota perigoso, até certo ponto ambicioso, e que pode colocar tudo a perder. E por isso acaba se chocando com Roran, que não tolera a estupidez do almofadinha e não tem medo de enfrentar o filhinho de papai.
Outra que entra em choque com ele é Nasuada. Ela ainda tem umas atitudes meio autoritárias, mas ela vai passar por maus bocados neste, o que vai forçá-la a reavaliar muitas coisas, incluindo antigos sentimentos que pareciam ter morrido quando Murtagh foi capturado e escravizado por Galbatorix. (SPOILER!) Sim, ela passa boa parte do livro com Murtagh, mas esses momentos não são nada fáceis. E tenho que admitir, a mulher é forte. (SPOILER!) Ela é torturada por ninguém menos que Galbatorix, mas segura a barra muito bem. Claro que ela não faz isso sozinha (se você ainda não adivinhou, já falo quem ajuda), mas mesmo assim, essa parte está descrita com detalhes, e é de arrepiar. É realmente de admirar que ela não tenha sucumbido. Ela subiu no meu conceito.
Bom, chegou a vez do outro “cara” do livro. Murtagh, claro. E sim, (SPOILER!) é ele quem ajuda Nasuada. Mas ele tem que fazer as coisas na surdina, para que Galbatorix não desconfie. Falando em Galbatorix, o cara é um sádico de primeira. Ele sabe dos sentimentos de Murtagh por Nasuada (e não tenha dúvidas, ele realmente a ama. E muito) e por isso mesmo, ele obriga o pobre Murtagh a ser o torturador (e torturado, porque ele sofre junto). Dá dó. Dá para perceber que se ele pudesse, trocaria de lugar com ela. Ele se odeia por isso. Mas é esse amor que vai ser a sua salvação. Como ele próprio admite, agora ele luta não por ele, mas por outra pessoa. Em nenhum momento ele diz que a ama, mas está na cara. E ele, como Roran, não mede as ações quando se trata de defender Nasuada. (SPOILER!) E quando Nasuada pergunta porque ele faz isso, ele só diz “You know why”. Gostei disso, não ficou meloso, e combina com a personalidade dele. Ele continua o melhor personagem do livro, e é uma pena que este seja o último (será? Nos agradecimentos Christopher Paolini deixa a entender que vai voltar para Alagaësia e com os mesmos personagens. Espero que sim, e que Murtagh ganhe o merecido destaque) porque eu queria muito ver como a história de Murtagh e Nasuada continua.
Se eu já gostava de Angela nos anteriores, neste eu passei a gostar ainda mais. Ela tem mais destaque, e parte para a luta. E surpreende. Continua com a língua afiada, insultando quem quer que seja, e, como Sandra Bullock, agora ela está armada e fabulosa. Ela é outra que eu gostaria muito de acompanhar no futuro.
Elva, depois que é “curada” por Eragon, dá uma desaparecida. Mas ela retorna, e ainda que Eragon tenha removido parte da maldição (ela ainda sente a agonia dos outros, mas não tem mais a compulsão de impedir que eles sofram, o que a permite que os ignore. E ela ainda tem um estranho poder de persuasão e ainda consegue prever o futuro. Por isso, ela ainda é uma arma valiosa. E uma coisa ela não perdeu: ela, como Angela, mantem sua língua afiada, e não hesita em soltar seu veneno em quer que seja (só que seu alvo favorito é Eragon, o que eu acho show de bola).
(SPOILER!) Uma coisa me incomodou um bocado. E acho que também vai afetar quem for ler e está ansioso para conhecer o novo dragão. O tal só vai aparecer no final e ainda vai para quem não deveria. Não gostei da escolha, mas enfim, fazer o quê? E ele decepcionou também pelo temperamento. Nada comparado a Thorn ou mesmo Saphira. Christopher Paolini poderia ter surpreendido, mas ficou com o mais óbvio. Mas, de novo, quem sabe ele compensa em um outro livro?
E falando nisso, apesar de ter fechado todos os buraquinhos da trama, ele abriu novos, o que dá margem para pelo menos mais um livro (vamos manter os dedinhos cruzados!). E, como nos outros, o autor mostra amadurecimento nesta conclusão. Inheritance é tão denso (se não mais) quanto Brisingr, e agora posso dizer que este se tornou o meu favorito. Lealdades são testadas, sentimentos entram em conflito e o clima é mais sombrio. Com certeza o melhor da saga. Ah! E não traduzi o nome do livro lá em cima, na sinopse, porque não tenho certeza se a editora aqui vai traduzir. Em uma nota pessoal, eu não traduziria, porque todos os livros da saga têm um nome diferente (às vezes difíceis de pronunciar), e com a tradução isso se quebra. Eu, como disse, deixaria como está e colocaria uma nota de tradução no final.
Trilha sonora
Essa é extensa. Para começar, Best of you, do Foo Fighters. Ainda cai muito bem para Murtagh, e agora a resposta dele (were you born to resist or be abused) é à altura. E também perfeita para ele e Nasuada, Blind as a bat, do Meat Loaf:
Your love is blind, blind as a bat
The way that you're leading me home like that
Your love is blind, blind as bat
Esse é só o refrão, mas tem mais coisa que se aplica. Veja a letra. Também Save me, do Hanson. É, tenho vergonha disso, mas adoro essa música (a única) e depois ela cai direitinho para os dois. Ainda para eles, a fofíssima (e com o vocalista supergato, e com uma voz maravilhosa) When you say nothing at all, do Ronan Keating (ex-Boyzone. E pensar que quando eu fui para Portugal, eles estavam numa loja e eu passando na rua, não entrei para ver esse monumento…).Também Set fire to the rain, da Adele (there’s a side to you that I never knew). E finalmente I'll stand by you, do Pretenders (amo essa música).
E tem mais uma que é perfeita para os dois. Quem lembrou foi o Alexandre, que comentou o post (Obrigada Alê!). Como fazia tempo que eu não escutava essa música eu tinha esquecido dela. E é outra que parece que foi escrita para Murtagh e Nasuada neste livro. A música é The reason, do Hoobastank (que eu adoro, aliás). Olha só esse trecho:
I'm sorry that I hurt you
It's something I must live with everyday
And all the pain I put you through
I wish that I could take it all away
And be the one who catches all your tears
That's why I need you to hear
I've found out a reason for me
To change who I used to be
A reason to start over new
And the reason is you
De modo mais geral, começo com Run to the water, do Live (uma das minhas bandas, e músicas, favoritas. Pena que o Live acabou), The space between, do Dave Matthews Band (se bem, que essa tá mais pra Murtagh/Nasuada…), Save me, do Remy Zero, What I've done, do Linkin Park, Broken, com Seether e Amy Lee e para terminar It is what it is e Whatever it takes, do meu querido Lifehouse.
Se você gostou de Inheritance, pode gostar também de:
- As Crônicas do Gelo e do Fogo – George R. R. Martin;
- coleção Harry Potter – J. K. Rowling;
- As Crônicas de Nárnia – C. S. Lewis;
- O Senhor dos Anéis – J. R. R. Tolkien;
- As Crônicas de Artur – Bernard Cornwell;
- As Brumas de Avalon – Marion Zimmer Bradley.