O drama turbulento e, por vezes, divertido, de um homem dotado do poder quase místico de curar, que tem a obsessão de vencer a morte e a doença, é aqui contado desde o obscurantismo e a brutalidade do século XI na Inglaterra ao esplendor e sensualidade da Pérsia, detalhando a idade de ouro da civilização árabe e judaica.
A história começa quando Rob Cole, órfão, aprendiz de um barbeiro-cirurgião na Inglaterra, toma conhecimento da existência de uma escola extraordinária na Pérsia, onde um famoso físico leciona. Decidido a ir a seu encontro, descobre que o único problema estava no fato de que cristãos não tinham acesso às universidades muçulmanas durante as Cruzadas. A solução era Rob assumir a identidade de um judeu, ao mesmo tempo em que se envolvia com uma avalanche de fatos verdadeiramente impressionantes. ´Mais que uma recriação histórica magistral, aqui está também a história fantástica de uma vocação para a medicina. O romance de Noah Gordon recria o século XI de maneira tão eloquente que o leitor é levado em suas centenas de páginas por uma onda gigantesca de autenticidade e imaginação´, como se referiu o Publishers Weekly a "O Físico", de Noah Gordon, autor festejado como um dos maiores nomes do mundo literário norte-americano e presente em todas as listas dos livros mais vendidos.
Já fazia tempo que eu estava para ler este livro, e explico logo de cara pelo título. Totalmente errado. The Physician no original, e quem manja de inglês já sacou o absurdo do título em português. Para quem não entende, physician = médico. Físico = physicist (confira aqui e aqui). E além desse absurdo, ouvi dizer que a versão em português tem diversos erros de digitação, concordância… ou seja, revisão nula. Mas não é que uma semana antes de estrear o filme baseado no livro, eu achei uma edição linda em inglês? E resolvi devorar ler logo.
Rob Cole é um garoto inglês que aos nove anos de idade, perde seus pais. Não só isso, mas ao mesmo tempo ele descobre um dom muito interessante: ele consegue sentir quando a morte está iminente ao tocar as mãos de uma pessoa. Sozinho e com uma renca de irmãos pequenos para cuidar, Rob acaba sob os cuidados de um cirurgião-barbeiro, enquanto seus irmãos se perdem, cada um sob os cuidados de uma pessoa diferente.
Rob então parte com o Barber, e começa a aprender o ofício de um cirurgião-barbeiro, além de malabarismos e entretenimento em geral. Naquela época, isso era normal, e os barbeiros-cirurgiões também eram um tanto picaretas. Mas Rob aprende muita coisa, porque é determinado e disciplinado. Só que somente ser barbeiro-cirurgião não é suficiente para ele. Ele quer entender as doenças, e mais que isso, aprender como driblar a morte. E, durante suas andanças, ele ouve falar de uma academia no Oriente, comandada por Avicenna (ou, em árabe, Ibn Sina), que é a melhor do mundo. E, depois que mais uma tragédia se abate sobre ele, Rob decide ir estudar medicina na Pérsia.
Só tem um problema: na academia, cristãos como Rob não podem estudar. Então, ele decide se passar por judeu. Assim, com o mesmo afinco, ele observa os judeus de sua caravana, e aprende seus costumes e a língua persa.
E durante a longa jornada, Rob conhece Mary, uma escocesa que viaja com seu pai, e a atração é imediata. Mary é uma mulher forte e inteligente, um tanto turrona, e entende muito bem os desejos de Rob, e o acompanha em sua trajetória.
Há muitos outros personagens bacanas no livro, como Mirdin, um judeu amigo de Rob em Inspahan, médico como ele, e com placidez, ele ensina Rob mais sobre sua cultura. Karim, árabe, aprendiz que também se forma médico junto com Rob, atlético e de personalidade mais aberta.O próprio Ibn Sina, o idoso mestre de Rob, sábio e paciente, e Ala, o xá em Ispahan, que como todo governante, manipula e adula quando lhe interessa, e descarta pessoas como bem quiser.
A leitura é fluida, e passa rápido. Os capítulos são na sua maioria curtos, o que faz a leitura ainda mais fácil. A narrativa é em terceira pessoa, principalmente centrada em Rob, mas há alguns capítulos sob o ponto de vista de outros personagens, como Ibn Sina, Mary e Barber. Misturando ficção e realidade, o livro faz uma fascinante viagem pelo mundo persa (me deu uma vontade monstro de assistir O Príncipe da Pérsia enquanto lia), e do estudo da medicina da época, e uma coisa bem bacana é tentar adivinhar as doenças que Rob trata só pelos sintomas. Leitura recomendada.
Trilha sonora
A única que me veio na cabeça, e que tem tudo a ver, é a lindíssima Healing hands, do Marc Cohn.
Curiosidade
Como eu disse, o livro mescla ficção e realidade. Ibn Sina, latinizado para Avicenna, realmente existiu, e viveu na Pérsia entre 980 e 1037. Escreveu diversos livros, entre eles tratados em medicina e filosofia, e sua obra teve grande influência nas universidades medievais. (fonte: Avicenna).
Se você gostou de O Físico, pode gostar também de:
- Os Pilares da Terra – Ken Follett;
- Mundo Sem Fim – Ken Follett.
4 comentários:
Fernanda, eu vi que o filme vai sair (corrija-me se eu estiver enganado) e fiquei com vontade de ler. Eu vi há algum tempo alguém falando sobre o livro e fiquei curioso, mas agora com sua resenha fiquei mais ainda...
Abraços!
Oi Vitor!
Vai sair sim, essa semana, se não mudarem (era pra ter estreado semana passada). Leia sim, você vai gostar.
Beijo!
Fê
Ei, Fê! Primeiro tenho que dizer: putz, que sacanagem a edição brasileira ser ferrada heim? Se já dão uma mancada dessas no título, quem dirá no conteúdo... Eu não conhecia o livro, mas já gostei dessa influência persa que ele tem, é algo que eu definitivamente quero conhecer mais! Ah, fui conferir o trailer do filme e fiquei super curiosa para assistir também! Bjs
Jess
Oi Jess!
Olha, eu recomendo, mesmo com todos os erros. Vale muito a pena. O erro é na tradução, o conteúdo, pode ter certeza, é muito bom.
Beijo!
Fê
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