sábado, 16 de fevereiro de 2013

Dragões de Éter #3 – Círculos de Chuva – Raphael Draccon

 

Dragões de éter 3Nova Ether é um mundo protegido por poderosos avatares em forma de fadas-amazonas. Um dia, porém, cansadas das falhas dos seres racionais, algumas delas se voltam contra as antigas raças. E assim nasce a Era Antiga. Hoje, Arzallum, o Maior dos Reinos, tem um novo Rei e vive a esperada Era Nova. Coisas estranhas, entretanto, nunca param de acontecer... Dois irmãos sobreviventes a uma ligação com antigos laços de magia negra descobrem que laços dessa natureza não se rompem tão facilmente e cobram partes da alma como preço. Uma sociedade secreta renascida com um exército de órfãos resolve seguir em frente em um plano com tudo para dar errado em busca do maior tesouro já enterrado, sem saber o quanto isso pode mudar a humanidade. O último príncipe de Arzallum viaja para um casamento forçado em uma terra que ele nem mesmo sabe se é possível existir, disposto a realizar um feito que ele não sabe se é possível realizar. Uma adolescente desperta em iniciações espirituais descobre-se uma mediadora com forças além do imaginário. E um menino de cinco anos escala uma maldita árvore que o leva aos Reinos Superiores, ferindo tratados políticos, e dando início à Primeira Guerra Mundial de Nova Ether.

ATENÇÃO! SPOILERS SE VOCÊ NÃO LEU OS OUTROS DOIS LIVROS DA TRILOGIA!

Bom, já tinha dito que adorei os dois livros anteriores da trilogia Dragões de Éter, então rapidinho eu peguei o terceiro, louca para ver como terminava a história. Já adianto que me decepcionei com uma coisinha (já explico, e aviso, talvez precise dar spoilers deste livro para isso), mas não se engane. Também adorei este (dei 4 estrelas no Skoob por causa dessa decepçãozinha, mas favoritei). E mal acabei já tenho saudades dos personagens e espero poder voltar a Nova Ether um dia para mais histórias (de novo, vou elaborar isso melhor mais tarde).

Depois da consagração de Axel como Campeão de Arzallum no torneio Punho de Ferro, do casamento de Anísio e Branca Coração-de-Neve, Nova Ether se prepara para o que pode ser a primeira Guerra Mundial. Acontece que os gigantes de Brobdignag (acho que é assim que escreve) quebraram um tratado firmado anos atrás de não levar nenhum arzallino para seus domínios. Logo, o livro começa cheio de tensão e emoções vindo à tona. Isso porque o final do anterior não foi lá cheio de florzinhas e arco-íris.

Certo, Axel se sagrou campeão do Punho de Ferro, aí você pensa: agora tudo vai ficar legal. Errado! Isso porque seu irmão Anísio nem bem Axel sai do ringue, logo vem cobrar suas responsabilidades. Acontece que, como Anísio, Axel também fora prometido em casamento a uma princesa desconhecida, Fato que Axel “esqueceu” de mencionar a Maria (tá não foi legal da parte dele, mas me acompanhe), o que faz com que ele termine com a garota. E sim, antes que alguém pergunte, isso pesa nele sim, ele sofre por isso. Porque realmente ama Maria. Mas meu ponto é que Anísio manipula o irmão, usando a culpa que Axel sente por ter tido uma vida mais fácil que Anísio. Golpe baixo, e um dos motivos para eu não gostar de Anísio (tem mais, mas por enquanto fique com raiva por isso). Minha impressão é que Anísio na verdade inveja o irmão, e não suporta sua felicidade, e logo encontra um meio de acabar com ela.

Certo, de volta a Axel. Ele assume a responsabilidade (de novo, acho que mais por culpa do que porque realmente tenha que assumi-la) e parte para uma terra distante, que ninguém sabe ao menos se existe, para conhecer sua noiva prometida. Só que antes Axel tem que lidar com uma perda muito grande (além de Maria): Muralha, seu troll cinzento guarda costas e melhor amigo, foi morto por um anão. E a raiva de Axel, apesar de compreensível, me pareceu desproporcional. O que me faz pensar que não é somente a perda do amigo o motivo de tanto ódio, mas tudo. Mas Axel controla a raiva, e parte para a tal terra distante. Axel neste está mais introspectivo, outra coisa que também é fora de caráter para ele. E novamente, compreensível. Tenho que confessar que, mesmo Axel sendo meu personagem preferido, os capítulos dele neste estavam sacais. (SPOILER) Explico: sua noiva prometida é uma princesa elfa chata pra burro (sério, será que alguém, algum dia, vai criar um elfo legal? Só Legolas se salva nessa raça, aff!). Quer dizer, tem partes que são interessantes, bem filosóficas, mas enche a paciência. E sinceramente, Axel e a tal elfa não tem química nenhuma. Isso foi um dos motivos da minha decepção. Fiquei o tempo todo torcendo para Axel voltar a Andreanne e para Maria. E digo que no texto até há abertura para que isso aconteça um dia, Raphael Draccon deixou uns fios soltos aqui.

Enquanto isso, Maria curte uma fossa por ter levado um pé na bunda. Mas isso não dura muito. Logo ela encontra dois (!) pretendentes, e nenhum deles com fama lá muito boa: um é Giacomo Casanova e o outro é Juan De Marco. Preciso dizer mais? E, como assim, a menina tímida da plebe de repente desperta atenções de dois nobres? Sim, e por motivos não lá tão nobres: Maria foi a rejeitada por Axel Branford, Príncipe de Arzallum. Pelo menos, ela não fica no chororô infindável de uma certa candidata a vampira. Mas de novo, não ha química nenhuma entre ela e nenhum dos dois candidatos. Talvez, se esse ponto fosse trabalhado mais a fundo, eu poderia até vir a gostar dessa mudança de casais (que esqueci de dizer que foi prevista por Ariane no anterior), mas não vi muito sentido em desfazer Maria/Axel só para que Axel crescesse, ou como desculpa para introduzir os elfos pentelhos na trama.

Já João está mais maduro, e depois de derrotar o lorde do mal para defender a honra de sua irmã e de Ariane, ele começa a treinar como escudeiro, para ser tornar cavaleiro no futuro. No começo, João sofre na pele de escudeiro, mas obedece porque sabe muito bem o que quer ser quando crescer. Só que esse cargo também vai trazer um pouco de problemas para ele e seus hormônios. Mas apesar dos hormônios, João agora é homem, cresceu muito e logo toma a liderança de um grupo de escudeiros na defesa de Andreanne, ganhando o respeito inclusive de seus adversários. E sua relação com Ariane está mais séria, agora que ela e sua noiva.

E Ariane esta ficando cada vez mais poderosa. Agora ela pode viajar para outros mundos até acordada (no anterior, ela já fazia isso, mas somente em sonho). E ela vai aprender a controlar seu poder, a ponto de se quiser, sair de seu corpo conscientemente. Ela também amadureceu e não tem mais tantos ataques de histeria como no começo, e vai aos poucos assumindo o papel de noiva prometida de João. O que não impede de um ataque de ciúmes (justificado) hilário. Só mesmo sua incapacidade de calar a boca continua a mesma, sempre falando nos momentos mais inoportunos, mas que ainda são engraçados. E ela também está aprendendo o significado de responsabilidade. E ela ainda ganha uma aliada inesperada no final.

Voltando a Anísio. Lembra que eu falei que tinha algo de esquisito com ele, que eu não confiava muito nele? Bom, neste ficou mais evidente. Além de manipular Axel como fez, ele também é muito ambicioso, e belicoso. Explico: antes, muito antes de o menino arzallino ser raptado pelos gigantes, no começo do livro anterior, ele já se preparava para a guerra, como se já soubesse que ela viria. E até contribuiu para isso, principalmente para a adesão de Minotaurus com os gigantes. (SPOILER) É Anísio que mata o campeão de Minotaurus depois do Punho de Ferro. Por que ele faria uma coisa dessas, se não para provocar a guerra? Isso foi uma das coisas que ficou em aberto no livro. Ainda, lá no começo do segundo, quando ele faz os pedidos aos reis, ele pede a um deles, agora não lembro qual, pólvora negra. Para quê, se naquela época não havia ameaça de guerra? E a manipulação de Axel também tem objetivo belicoso: uma aliança com os elfos para atacar os gigantes. Que tudo bem, eles até precisavam, mas me parece que poderia ter sido forjada de outra maneira, pois havia a possibilidade de mesmo com o casamento, essa aliança não dar certo. Ou seja, ele manobrou todo mundo para atingir os seus objetivos. Ele me lembra um pouco o Nick Fury, de The Avengers, e lembrem-se que eu detesto Nick Fury. Resumindo: Anísio sacrifica as vidas de seu irmão e vários súditos por um capricho seu.

Já Branca, por outro lado, não é mais a princesinha frágil de antes. Além de ter assumido o comando de seu país quando seu pai morreu, ela agora também governa Arzallum no lugar de seu esposo que foi para a guerra. E ela não é do tipo que precisa de um batalhão de gente dizendo o que ela tem que fazer. É decidida e corajosa, ao mesmo tempo que procura manter uma cabeça aberta ao novo.

Faltou eu falar de Snail Galford e Liriel Gabbiani. Depois de liderar os “capitães de areia”, seu bando de adolescentes, na revolta contra M Minotaurus no anterior, Snail quer mais. Agora ele parte para soltar um perigoso prisioneiro para ajudá-lo a encontrar o maior tesouro do mundo. Ou seja, Snail voltou a ser pirata, e seu objetivo é ser o melhor deles. Só que ele não conta com um golpe de destino que poderá colocar tudo a perder. E Liriel o acompanha nessa empreitada, mas não aparece muito. Só que ela vai ser importante no fim.

Uma personagem que se destacou neste foi a comandante Bradamante, que já havia aparecido no anterior. Ela é a chefe da guarda real, e lembra um pouco a Brienne. É ótima lutadora, e batalhou muito para vencer em um mundo governado por homens, além de enfrentar muito preconceito. Mas ela prova seu valor, e vai ser peça fundamental do exército arzallino.

A narrativa continua prazerosa, rápida, apesar de alguns momentos mais arrastados, mas que passam rapidinho pois os capítulos são curtos e sempre terminam com uma ponta para o próximo, deixando a gente preso até o fim (talento que Raphael Draccon pegou emprestado de George R. R. Martin). Ainda, fica bem evidente a influência de Bernard Cornwell na descrição das paredes de escudos (eu fiquei esperando encontrar Derfel na parede Alegre), e aqui aproveito para recomendar que leiam esse texto hilário do próprio Draccon sobre Bernie: Bernard Cornwell ou como se faz literatura de verdade para macho, e vocês irão entender isso direitinho. E as pontas soltas só fazem a gente querer ler mais e mais sobre Nova Ether, pela palavras do próprio Raphael Draccon, não pelo convite que ele faz ao final do livro para continuarmos a história como quisermos (mas admito que fiquei tentada). As referências pop continuam lá (atenção galera que cresceu na década de 80), o narrador ainda parece que está ao nosso lado contando a história, que é envolvente e emocionante. Para finalizar, se você quiser saber mais, acesse o site do autor, Raphaeldraccon.com e o da série, dragoesdeeter.com.br. E divirtam-se em Nova Ether.

Trilha sonora

Mais uma vez, This is war, do 30 seconds to Mars, mas agora por motivos diferentes, Somewhere in between, do meu querido Lifehouse é a cara do Axel, Miles away, do Winger (so this is love, or so you tell me, as you´re walking out the door…se aplica direitinho para Axel/Maria), e finalmente 21 guns (do you know what´s worth fighting for, when it´s not worth dying for…) e Boulevard of broken dreams, do Green Day.

Se você gostou de Dragões de Éter – Círculos de Chuva pode gostar também de:

  • As Crônicas de Artur – Bernard Cornwell;
  • As Crônicas do Gelo e do Fogo – George R. R. Martin;
  • ciclo A Herança – Christopher Paolini;
  • O Senhor dos Anéis – J. R. R. Tolkien;
  • coleção Harry Potter – J. K. Rowling;
  • Percy Jackson e os Olimpianos – Rick Riordan;
  • Os heróis do Olimpo – Rick Riordan;
  • As Crônicas dos Kane – Rick Riordan;
  • Trilogia de Tinta – Cornelia Funke;
  • A História sem fim – Michael Ende;
  • As Crônicas de Nárnia – C. S. Lewis;
  • As Brumas de Avalon – Marion Zimmer Bradley;
  • A Crônica do Matador de Rei – Patrick Rothfuss.

4 comentários:

Fernanda Assis disse...

Ei Fê,

Eu amo esta série, para mim todos foram nota 5 na época em que eu li. Sou fã, espero mesmo que ele faça uma continuação. ^^

bjs

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Nanda!

Vamos torcer juntas! Também adorei a série, já faz uns dias que terminei, mas ainda sinto saudades dos personagens.

Beijos, querida!

Adriano disse...

Comprei um box com os tres livros. Afinal ja tinha escutado falarem tanto desses livros, então nao podia deixar de ler. Confesso que perdi o receio que tinha anteriormente a respeito de livros nacionais, até por que hoje contamos com grandes escritores, e Raphael Draccon faz parte deste grupo. Estou ate comentando errado pq estou começando pelo ultimo, hehe mas foi a resenha que li. Gostei bastante da istória e tem umas referencias bacanas a respeito de coisas da nossa infancia que é bem interessante. Mas quanto estava faltando umas 50 paginas pra terminar esse livro, me bateu um certo desespero, por que vi que em tão poucas páginas não seria possível dar um fim a todos os personagens. A história é muito boa, os livros excelentes, mas ficou muita coisa por explicar!! Espero que um dia seja lançado algum tipo de continuação, pra matar a nossa curiosidade pelo ponto de vista do autor. Depois que comentar os outros livros volto aqui pra gente discutir esse Fê...

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Adriano!

Olha, acho que vai ter continuação sim. Eu sigo o autor no twitter, e ele às vezes (bem raramente, é verdade) deixa escapar que terá continuação.

Eu também tenho o box com os 3,e comprei na mesma compra de A Tormenta das Espadas. Digo isso porque quando o submarino me mandou, meu queixo caiu. Tormenta tem quase o mesmo tamanho desses 3 juntos! - HAHAHA!

A história é uma delicinha, os personagens simpáticos e apaixonates. Alguns a gente ama, outros a gente detesta. E as referências pop que o livro faz são deliciosas também, o legal é tentar descobrir cada uma delas. Para mim, as mais legais são sobre Caverna do Dragão, que era o meu desenho preferido (era nada, ainda é, sempre que eu sei que está passando eu paro o que estou fazendo, se estiver em casa, para assistir ;)).

Beijos!