Neste livro, Zafón constrói um suspense envolvente em que Barcelona é a cidade-personagem, por onde o estudante de internato Óscar Drai, de 15 anos, passa todo o seu tempo livre, andando pelas ruas e se encantando com a arquitetura de seus casarões. É um desses antigos casarões aparentemente abandonados que chama a atenção de Óscar, que logo se aventura a entrar na casa. Lá dentro, o jovem se encanta com o som de uma belíssima voz e por um relógio de bolso quebrado e muito antigo. Mas ele se assusta com uma inesperada presença na sala de estar e foge, assustado, levando o relógio. Dias depois, ao retornar à casa para devolver o objeto roubado, conhece Marina, a jovem de olhos cinzentos que o leva a um cemitério, onde uma mulher coberta por um manto negro visita uma sepultura sem nome, sempre à mesma data, à mesma hora. Os dois passam então a tentar desvendar o mistério que ronda a mulher do cemitério, passando por palacetes e estufas abandonadas, lutando contra manequins vivos e se defrontando com o mesmo símbolo - uma mariposa negra - diversas vezes, nas mais aventurosas situações por entre os cantos remotos de Barcelona. Tudo isso pelos olhos de Óscar, o menino solitário que se apaixona por Marina e tudo o que a envolve, passando a conviver dia e noite com a falta de eletricidade do casarão, o amigável e doente pai da garota, Germán, o gato Kafka, e a coleção de pinturas espectrais da sala de retratos. Em Marina, o leitor é tragado para dentro de uma investigação cheia de mistérios, conhecendo, a cada capítulo, novas pistas e personagens de uma intrincada história sobre um imigrante de Praga que fez fama e fortuna em Barcelona e teve com sua bela esposa um fim trágico. Ou pelo menos é o que todos imaginam que tenha acontecido, a não ser por Óscar e Marina, que vão correr em busca da verdade - antes de saber que é ela que vai ao encontro deles, como declara um dos complexos personagens do livro.
“Em maio de 1980, desapareci do mundo por uma semana. No espaço de sete dias e sete noites, ninguém soube do meu paradeiro.(…) Na época, não sabia que, cedo ou tarde, o oceano de tempo nos devolve as lembranças que enterramos nele. Quinze anos depois, a memória daquele dia voltou para mim. Vi aquele menino vagando entre as brumas da estação de Francia e o nome de Marina se acendeu de novo como uma feria aberta.
Todos temos um segredo trancado a sete chaves no sótão da alma. Este é o meu.”
Este é um trecho do prólogo de Marina. Já fazia um tempo que eu queria ler esse livro, encontrei uns dias agora, pois sendo fininho, eu sabia que leria rapidinho. E basta ler o prólogo para não querer largar o livro.
A história, contada por Óscar, um garoto de 15 anos, que vive em um internato em Barcelona, gira em torno do mistério de uma figura de preto que visita o cemitério todo último domingo do mês, no mesmo horário. Óscar a conhece por meio de sua amiga Marina, menina da mesma idade, e, como ele, solitária. A partir desse evento, uma história intrincada e macabra se desenrola, pondo as próprias vida de Óscar e Marina em perigo.
Óscar, como eu disse, é solitário, vive num internato e quase não tem contato com sua família. É curioso e sonha em ser arquiteto. É tímido e tem todas as inseguranças próprias de um adolescente descobrindo a vida. Não sabe direito o que sente por Marina, só que encontrou nela uma amiga.
Marina é inteligente, e como Óscar, vê nele um amigo que chega para acabar com sua solidão. Ela é vivaz, tem um senso de humor afiado e fala o que pensa. Mas guarda seus segredos.Marina vive com seu pai Germán em um casarão próximo da escola de Óscar, e vive praticamente trancada em casa desde que sua mãe morreu, pouco tempo após seu nascimento. Germán é um artista, um pintor exatamente, mas não pinta mais desde a morte da esposa. Foi ele que educou Marina, me casa, com aquilo que achava importante. Ambos tem sua vida transformada com a chegada de Óscar.
No dia em que Marina leva Óscar para o cemitério onde eles veem a figura de preto, eles acabam seguindo a figura e encontram um aestufa com a figura de uma borboleta negra no alto, como um logotipo. Esqueci de dizer que a lapide que a tal personagem de preto visita tem essa mesma borboleta, e não tem nome. No meio de manequins que misteriosamente adquirem vida, eles encontram um álbum de fotos, que na pressa de fugir, acabam levando consigo. Esse álbum vai levar os dois à história de Mijail Kolvenik, um homem que imigrou para Barcelona após a guerra sem falar a língua e sem um tostão, mas que de algum modo acabou sendo uma figura importante na cidade. Sua história é trágica e meio macabra, e não vou contar para não estragar o livro.
Marina, como já é característico de Zafón, traz narrativas dentro de narrativas, e todas meio que se conectam. Os detalhes são importantes, e sempre, como um fiel observador, a cidade de Barcelona, brumosa e sombria (nota mental: ir para Barcelona). Ao mesmo tempo que é sombria, a história não perde a poesia, como na definição de cemitério nas palavras de Marina:
“Aqui estão as lembranças de centenas de pessoas, suas vidas, seus sentimentos, suas ilusões, sua ausência, os sonhos que nunca conseguiram realizar, as decepções, os enganos e os amores não correspondidos que envenenaram suas vidas…Tudo isso está aqui, preso para sempre” (p. 25)
Um livro apesar de tudo leve, com toques sobrenaturais e um bom suspense, que como eu disse antes, deixa a gente preso até a última página.
Trilha sonora
Aftermath, novinha em folha do Lifehouse, tem toda a melancolia do livro. Perfect memory, do Remy Zero, é, sem trocadilho, perfeita, bem como My immortal, do Evanescence.
Se você gostou de Marina, pode gostar também de:
- A Sombra do Vento – Carlos Ruiz Zafón;
- O jogo do Anjo – Carlos Ruiz Zafón;
- O prisioneiro do Céu – Carlos Ruiz Zafón;
- A volta do parafuso – Henry James;
- A menina que não sabia ler – John Harding;
- Historias extraordinárias – Edgar Allen Poe.
4 comentários:
Eu já terminei de ler esse livro, e simplismente ameiiii. O livro é muito bom mesmo e a história é completa, mas confesso que senti um poouquinho de medo. rsrsrsrsr!!
Recomendo para todos os tipos de gostos e idade!!!Vale a pena ler!!
Olá!
Como já sou fã declarada de Zafón, e meio que acostumada com sua narrativa com toques de terror, eu não senti medo. Mas adorei o livro, assim como todos os que eu li dele.
Obrigada pelo comentário, mas da próxima vez, deixe seu nome, para eu responder de acordo.
Beijos!
Fernanda
zafón é foda! amo os livros dele
Oi Julia!
Concordo plenamente! Já virou autor preferido logo depois do primeiro livro que li dele!
Beijos!
fê
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