Apelidado o “Tolkien americano” pela revista Time, George R. R. Martin conquistou fama internacional por sua fantasia épica monumental. Agora, o autor nos traz o quinto livro de sua série – enquanto tanto rostos familiares e novas forças surpreendentes competem por um ponto de apoio em um império fragmentado.
Como consequência de uma batalha colossal, o futuro dos Sete Reinos está por um fio – rodeado de ameaças por todos os lados. Daenerys Targaryen, a última descendente da Casa Targaryen, governa com seus três dragões com rainha de uma cidade construída em poeira e morte. Mas Daenerys tem milhares de inimigos, e muitos partiram para encontrá-la. Enquanto eles se juntam, um jovem embarca em sua própria missão. com um propósito bem diferente em mente.
Fugindo de Westeros com um preço sobre sua cabeça, Tyrion Lannister, também, está a caminho de Daenerys. Mas os novos companheiros em sua busca não são o grupo de desorganizado que aparenta, e em seu meio está um que pode por a reinvindicação de Daenerys a Westeros por água abaixo para sempre.
Enquanto isso, ao norte está a colossal Muralha de gelo e rocha – uma estrutura tão forte quanto aquele;es que a guardam. Lá, Jon Snow, nongentésimo nonagésimo oitavo Lorde Comandante da Patrulha da Noite, enfrentará seu maior desafio. Pois ele tem inimigos poderosos tanto na própria Patrulha como além da Muralha, numa terra de criaturas do gelo.
De todos os cantos, conflitos amargos reiniciam, traições íntimas são perpetuadas, e um grande elenco de foras-da-lei e padres, soldados e metamorfos, nobres e escravos, enfrentarão obstáculos aparentemente intransponíveis. Alguns falharão, outros se fortalecerão com a escuridão. Mas em um tempo de inquietude, as marés do destino e as políticas levarão à inevitável e maior dança de todas.
ATENÇÃO! SPOILERS SE VOCÊ NÃO LEU NENHUM LIVRO DAS CRÔNICAS DO GELO E DO FOGO!
Demorei um bocado para ler este livro, não porque é ruim, ou chato – pelo contrário! Mas é que eu comprei capa dura, e ele parece um dicionário de tão grande, não dava para eu ficar carregando para todo lado, como geralmente faço. E valeu a pena ter gastado um bocado (não, ele não foi barato). E agora não tem jeito, vou ter que esperar pacientemente pelo sexto…
Depois de ler os quatro primeiros, eu não ia mesmo aguentar esperar mais. Este acontece mais ou menos simultaneamente ao quarto, mas cobre um período maior, e eventualmente os acontecimentos ultrapassam O Festim dos Corvos, e alguns personagens retornam.
Logo de início, a gente acompanha Jon ainda em choque por ter sido eleito Lorde Comandante da Patrulha da Noite. De repente, ele tem que matar o garoto que ainda resiste nele e assumir o homem. E claro que isso vem acompanhado de muitas dúvidas e inseguranças. Mas ele não fraqueja, não tem medo de tomar decisões controversas, como auxiliar Stannis Baratheon e abrir os portões para os selvagens de além da Muralha. Claro que isso não agrada todo mundo, mas o que ninguém percebe é que Jon enxerga muito além do que está bem a sua frente. Seguindo o lema de sua casa “O inverno está chegando”, ele está se precavendo de um mal maior que está por vir. E lembra daquela jogada de trocar os bebês e mandar Sam para treinar para ser Maester? Então, essa decisão também pesa sobre ele, mas, apesar de se perguntar o tempo todo se agiu certo, ele sabe que sim, e faria tudo de novo. Ele tem seus motivos para fazer isso, como vou falar daqui a pouco, o que não o impede de se sentir inseguro. E sozinho, já que Sam é seu melhor amigo, e a quem ele geralmente pede conselhos. Como Ygritte dizia, e ele não cansa de repetir “You know nothing, Jon Snow”. E ele vai pagar caro por isso (ai!). Só que o desfecho dessa história ficou para o sexto, e basta dizer que estou com uma vontade louca de escrever para George Martin e perguntar o que acontece.
A leste, enquanto isso, Dany segura uma paz inquieta em Mereen e aos poucos vai perdendo controle sobre seus súditos, e pior, seus dragões. E, contra todos os conselhos de deixar Mereen para trás e voltar para Westeros, ela permanece. Acho que por medo. Afinal, apesar de toda a sua força e maturidade, nas palavras da própria Dany, ela ainda é uma jovem menina, e a perspectiva de retornar à terra natal e retomar o trono deve ser mesmo assustadora. E ao mesmo tempo, por causa de sua juventude, ela acaba tomando decisões arriscadas e estúpidas. Sim, você leu certo, estúpidas. E sinceramente, já estou cansada dela do outro lado do mundo. Quando é que ela vai voltar para Westeros? Ela parece ter perdido um pouco do brilho neste livro. Espero que ela retorne mais forte no próximo.
Tyrion, após matar seu pai e Shae, e fugir da prisão, parte também em busca de Dany. Só que seu caminho sofre um desvio, e ele vai comer o pão que o diabo amassou. Mas Tyrion não tem medo do trabalho duro e faz qualquer coisa para sobreviver. Sua astúcia continua intacta, e ela garante uma posição melhor para ele e para seus companheiros de viagem no final. E como sempre, suas intenções são um mistério, e seu objetivo maior no presente é permanecer vivo. Seus companheiros incluem Penny, um anãzinha jovenzinha e ingênua que acaba tendo uma quedinha por Tyrion, e,. surpresa (SPOILER!) Jorah Mormont, que nunca desistiu de voltar ao favor de Daenerys mesmo depois de esta o expulsar de sua presença (mais uma ação tola dela). E Tyrion, para variar, percebe as coisas muito antes que todo mundo, e é através dele que a maior bomba do livro vem à tona.
Voltando à Muralha, Stannis partiu para recuperar Winterfell, mas deixou para trás Melisandre e a rainha Selyse. Lembra que eu falei que ia retomar os motivos de Jon mandar Sam e o filho de Val para longe? Pois bem, é por causa de Melisandre. A feiticeira queria sacrificar o bebê a seu deus. E ela se aproxima perigosamente de Jon. Mas ele é esperto, e é cortês com ela na medida certa, e não confia nela. Até agora não sei exatamente qual é a dela, mas ela me assusta, com seu jeito meigo de falar, e sua meias palavras. Nunca sei se ela fala a verdade ou não. E Selyse é insuportável, não sei o que ela está fazendo no livro.
E a volta dos que não foram. (SPOILER!) Estou falando de Theon Greyjoy, claro. Só que ele não retorna imediatamente como ele mesmo. Após destruir Winterfell, ele cai nas garras de Roose Bolton, aliado dos Lannister, encarregado de manter Winterfell. E Theon pagou caro pelo que fez, muito mais do que era necessário (já disse que gosto dele, apesar de tudo). E Theon é um personagem interessante. Ele passa boa parte do livro como Reek, uma espécie de escape para Bolton. Sempre que acontece algo a Bolton, ele tem prazer em torturar Reek. E a coisa vai tão longe a ponto de ele quase perder sua verdadeira identidade. Quase, porque ele, para mim, nunca a perdeu de verdade. Theon é astuto e observador, e sabe o que tem que fazer para sobreviver. E acredite, por mais que ele negue, sua lealdade é com os Stark. Ele só não sabe disso ainda. E isso fica mais claro neste livro, com todo o questionamento dele em relação ao que fez. E ele chega mesmo a se sentir culpado por não estar presente e ter morrido junto com Robb na fortaleza dos Frey. Já disse antes, Theon ainda vai surpreender muita gente. Pode apostar.
Cersei aparece pouco neste livro. Depois que todos os seus podres aparecem no final do quarto, ela é presa, e não tem acesso a ninguém, a não ser as Septas encarregadas de cuidar dela. Mas ela sofre um bocado, também. No começo, ela está numa cela fria, quase sem comida e vestida em trapos e suja. Ela bem que merece, mas depois ela recebe um relaxamento de sua pena, mas nem por isso ela consegue planejar suas tramóias e nem tem permissão de ver ninguém. E isso tem um preço. Ela fica irreconhecível, somente seu orgulho ainda permanece, e a vontade de ver Tommen (mas isso eu não sei se é genuíno ou só uma desculpa). Em outras palavras, ela está completamente apagada. E o pior golpe foi ela ser abandonada por Jaime. O que foi bem-feito, depois do modo como ela o tratou. Agora ela aguarda julgamento, e só vamos saber o que acontece no sexto. E Jaime também pouco aparece. Só mesmo para reforçar o desprezo que agora sente por Cersei. Ele na verdade parte atrás de Brienne e deixa Cersei para apodrecer na prisão, para ter uma ideia.
Arya também fez umas aparições, mas poucas, o que sinceramente foi melhor. Ela continua naquele templo maluco, e isso está muito chato. Sempre que vinha um capítulo dela, já me dava sono (retomo isso já, já) e Sansa-sonsa nem apareceu (graças aos Sete e aos deuses do norte!). Outros personagens ganharam voz, como Ser Barristan Selmy, a chata da Asha Greyjoy e Quentyn Martell, mas se eu for falar de todos eles, vou acabar escrevendo outro livro. Talvez só quem valha a pena mencionar é exatamente Quentyn. Ele parte para Mereen para tomar a mão de Dany em casamento, alegando ter ele também sangue Targaryen. Mas chega tarde, e a encontra já casada (uma das muitas besteiras dela). Mas ele permanece na cidade, a fim de se provar para ela, e toma uma atitude suicida e precipitada. No fundo, ele é só um garoto mimado, que quer fazer bonito para o pai.
E Bran também aparece um pouco, e continua na sua jornada atrás do corvo de três olhos. Ele, juntamente com Meera, Jojen (não lembro se é assim) e Hodor, viaja muito além da Muralha. E sua determinação é admirável. E eles contam com a ajuda de um personagem um tanto sinistro, que eu tenho minhas suspeitas de quem seja, mas não vou revelar sem ter certeza.
E senti falta de Sam. O que será que está acontecendo com ele em Oldtown? E com Gilly? Não tem nenhum capítulo dele no livro, e isso eu acho que foi uma falta muito grave.
Retomando os personagens, acho que no geral, todos eles tiveram uma queda. Quer dizer, não mostram mais o mesmo carisma (sim, até meu xodó Jon, mas no caso dele é mais discreto). Acho que isso talvez ocorra porque George Martin já os apresentou muito fortes e densos, não evoluíram lentamente como geralmente acontece (por exemplo em Vampire Academy ou Harry Potter) e agora não sabe muito bem o que fazer com isso. Ou talvez porque entre o lançamento do quarto e o quinto se passaram seis anos (espero que o sexto não demore tanto!). Não estou de forma alguma diminuindo Martin. O cara ainda é um gênio, mas não é infalível. E isso na verdade pode ser só impressão minha. E temos que levar em consideração que ainda tem pelo menos mais dois livros até o final da saga, e as coisas podem mudar muito. De qualquer jeito, adorei o livro, o que não é surpresa nenhuma. E como disse antes, espero que o sexto saia logo.
Trilha sonora
Meant to live, do Switchfoot, até levando-se em consideração este meu último comentário sobre as personagens, é perfeita.
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- O Senhor dos Anéis – J. R. R. Tolkien;
- ciclo A Herança – Christopher Paolini;
- As Crônicas de Artur – Bernard Cornwell;
- A Busca do Graal – Bernard Cornwell;
- As Brumas de Avalon – Marion Zimmer Bradley.