quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A Canção da Espada

 

canção espada A Inglaterra está em paz, dividida entre o reino dinamarquês ao norte e o reino saxão de Wessex, ao sul. Uhtred, órfão da Nortúmbria, parece ter encontrado a tranquilidade. Ele é dono de terras, casado e com uma tarefa a cumprir: Alfredo quer manter intacta a fronteira junto ao Tâmisa. Mas os problemas aparecem quando uma nova horda de vikings chega para ocupar Londres. O sonho dos guerreiros do norte é conquistar Wessex. E, para isso, eles precisam da ajuda de Uhtred.

Mas Alfredo nutre outros planos. Ele insiste em que Uhtred expulse os invasores vikings de qualquer maneira. Naquele ano de 885, o guerreiro de Nortúmbria precisa decidir até que ponto seu juramento a Alfredo se mantém firme.

A Canção da Espada conta a história da criação da Inglaterra e, como todos os romances de Bernard Cornwell, baseia-se em relatos verídicos. Mais uma empolgante história de amor, traição e violência, ambientada em um reino cindido por enormes conflitos, mas ao mesmo tempo instigado por um pequeno clarão de esperança de que Alfredo, o grande rei de Wessex, possa mostrar seu poder de união. Uhtred, o maior guerreiro do soberano, tornou-se sua espada, um homem temido e respeitado por toda a região, o senhor da guerra a serviço de um poderoso monarca.

Justamente quando tudo parecia em paz, surgem os problemas para Uhtred e Alfredo. Não sei se os problemas acham Uhtred, ou se ele os atrai. O certo é que onde ele está, sempre há uma escaramuça, um conflito a ser resolvido. E neste ele se defronta com a possibilidade de se livrar de Alfredo de uma vez por todas, testando sua lealdade. Este se passa cinco anos após o fim de Os Senhores do Norte, e neste período há paz e prosperidade no que viria a ser a Inglaterra. Mas, claro, isso não dura muito, e logo Uhtred, que andava entediado com a paz, será mais uma vez responsável por lutar pelo sonho da Inglaterra.

Parece que Gisela conseguiu impor limites a nosso herói, que está mais comedido, é pai de família e, quem diria, até mais sentimental. E até, ao que parece, é fiel à esposa, muito diferente daquele brutamontes que conhecemos em O Último Reino. Claro que ele continua um bruto, mas, como dizem, os brutos também amam, e amolecem diante desse sentimento avassalador. E a grande responsável por essa mudança, é, claro, Gisela.

Antes dela aparecer em sua vida, suspeito que Uhtred jamais teria cedido ao apelo de Aethelflaed, filha mais velha de Alfredo. Ele é uma jovem voluntariosa, de vontade de ferro, mas que sofre um bocado em seu casamento com Aethelred, primo de Uhtred e um completo idiota. Ele odeia Uhtred e é responsável pela maior humilhação sofrida por Aethelflaed, tudo porque o cara é tão inseguro que tem ciúme até da própria sombra. Por causa disso também é que ocorre uma das maiores derrotas do exército inglês.

Ao contrário de Uhtred, que pode até ser um bruto, mas não covarde que bate em mulher, seu primo é o oposto. Com isso já disse muita coisa sobre esse ser desprezível, mas como se não bastasse, ele ainda é um puxa-saco de marca maior, daqueles bem asquerosos, e consegue o favor de Alfredo com esse ass-kissing (sou muito educada para registrar por escrito o tamanho da bajulação desse sujeito), por ser cristão. Ele tem em Aldhelm um aliado tão asqueroso quanto ele, e que por sua vez, puxa o saco de Aethelred. Os dois são ardilosos, e suas maquinações invariavelmente resultam em bagunças que Uhtred tem que arrumar depois.

E Alfredo, para um cristão tão devoto, deixa muito a desejar quanto a seu relacionamento com sua filha. Claro que a ama, mas apóia o traste do marido dela nas punições, que são infundadas. Confesso que fiquei torcendo para Uhtred dar a seu primo o troco devido, mas, pelo menos neste livro, isso não acontece, pois ele está preso por juramento a Alfredo, que já não vai lá muito com a cara de Uhtred, e este não quer fazer nada abertamente contra Alfredo. Claro que isso não o impede de aprontar pelas costas :D.

E os inimigos deste livro também merecem destaque. Eles são os irmãos Sigefrid e Erik. O primeiro é ambicioso e terrível. É um guerreiro com sede de sangue e terras. O segundo é mais comedido, e aparentemente mais tranquilo. Mas por trás desta fachada, ele pode ser implacável, como vai mostrar na batalha final.

E um dos piores é Haesten, um dinamarquês salvo por Uhtred no segundo livro, e que depois Uhtred, num raro impulso de misericórdia, faz seu homem jurado. Pobre Uhtred. Se soubesse então o que estava por vir, teria matado o desgraçado. Ele é um homem ambicioso, e na primeira oportunidade escapa de Uhtred e quebra seu juramento, coisa levada incrivelmente a sério naquela época, onde as leis eram regidas por juramentos. E haesten sabe muito bem a quem bajular, de modo que logo se transforma de escravo em um dos homens mais poderosos do lado dinamarquês.

O padre Pyrlig retorna neste livro, o que me deixou muito feliz. Gosto dele. E ele continua com sua língua afiada e, apesar de ser padre, é também um guerreiro temível, como irá demostrar em mais de uma ocasião.

Mais um empolgante capítulo das Crônicas Saxônicas, e mal posso esperar para ler o próximo capítulo.

Se você gostou de A canção da espada, pode gostar também de:

  • As crônicas de Artur – Bernard Cornwell
  • A busca do Graal – Bernard Cornwell
  • Stonehenge – Bernard Cornwell

Nenhum comentário: