Em uma terra onde o verão pode durar décadas e o inverno toda uma vida, os problemas estão apenas começando. O frio está de volta e, nas florestas ao norte de Winterfell, forças sobrenaturais se espalham por trás da Muralha que protege a região. No centro do conflito estão os Stark do reino de Winterfell, uma família tão áspera quanto as terras que lhe pertencem.
Dos lugares onde o frio é brutal, até os distantes reinos de plenitude e sol, George R. R. Martin narra uma história de lordes e damas, soldados e mercenários, assassinos e bastardos, que se juntam em um tempo de presságios malignos. Entre disputas por reinos, tragédias e traições, vitória e terror, o destino dos Stark, seus aliados e seus inimigos é incerto. Mas cada um está se esforçando para ganhar este conflito mortal: a guerra dos tronos.
Não sei bem porque, mas um dia eu achei uma resenha desse livro e a história me chamou a atenção. Daí, quando comprei o livro e vi um elogio de ninguém menos que Marion Zimmer Bradley(o que na verdade me deixou intrigada, pois a mestra morreu em 1999 – RIP. Acontece que o livro foi publicado pela primeira vez nos EUA em 1996, e só agora saiu no Brasil), e não precisou de mais nada. Eu tinha que ler. E, nem bem acabei, antes até, e já estou louca para ler a continuação. É, porque se eu gostei, claro que tem que ser uma saga com vários volumes (pelo que sei, são pelo menos oito livros).
Confesso que no começo fiquei meio confusa. São muitos personagens, e todos eles muito bem escritos, por sinal. Me perdi um pouco no começo, mas logo isso deixou de ser um problema. Pelo menos quanto à leitura. O problema mesmo é escrever, e se eu for falar de todos os personagens com detalhes, esse post ia ficar enorme (e já aviso que não vai ser curto). Por isso, vou tentar falar dos principais apenas.
Começando pelo melhor de todos: Tyrion Lannister, o Duende. Até agora ainda não consegui entender direito o que se passa na cabeça do anão, e é por isso mesmo que ele é tão fascinante. Filho de Lord Tywin Lannister, é desprezado pelo pai por ser anão e aleijado. Tem a língua afiada, e está sempre pronto para uma piada, bem sarcástica, mesmo nas situações em que sua vida está por um fio. E ele não tira um barato só dos outros. Seu humor é auto-depreciativo também.
E Tyrion até pode ser o melhor personagem de todos, mas meu coração bate um pouco mais forte por Jon Snow. Filho bastardo de Lord Eddard Stark, ele está constantemente tentando achar seu lugar no mundo, inclusive se questionando sobre sua origem (ele não sabe quem é sua mãe, e seu pai nunca fala dela) e sobre o amor de seu pai. Mas ele é devotado à sua família, principalmente seu irmão Robb, o herdeiro de Lord Eddard. Ele é despachado para fazer parte da Patrulha da Noite, uma irmandade mais ou menos como a dos Jedis, com a missão de patrulhar a Muralha que fica ao Norte e separa os Sete Reinos das terras mais ao norte, onde vivem muitas criaturas curiosas, algumas bem assustadoras, e também o povo antigo. A Patrulha da Noite se parece com os Jedis porque, além de patrulhar a Muralha, também fazem votos de não se casarem e nunca terem filhos, e tem que esquecer sua família,pois o amor nos faz cometer todo tipo de loucura. Tudo o que importa são os irmãos da noite. Mas, e eu posso estar errada nisso, mas não acho que Jon vai cumprir todas essas regras. Afinal, George Martin não ia escrever oito livros sobre esse mundo maravilhoso e colocar um dos personagens principais na Patrulha para ele passar a história toda como um monge. Exatamente como Anakin e Luke, acho que Jon está destinado a quebrar as regras.
Depois dele, tenho também uma quedinha por seus irmãos mais novos, Bran e Arya. Ele é um garoto com toda a curiosidade e vivacidade dos sete anos, mas um trágico acidente faz com que ele amadureça muito. Arya, por outro lado, é uma garotinha de nove anos, muito esperta e com espírito de guerreira. mas também para ela o destino prega uma peça. Mas algo me diz que esses dois não vão deixar que as limitações os impeçam de tudo o que tenham vontade. E Robb, da mesma idade de Jon (15 anos), irá se tornar um verdadeiro guerreiro, digno de ser o herdeiro de Stark.
Sua irmã Sansa, em compensação, é uma sonsa. Ela é a versão patricinha da Idade Média. Foi prometida a Joffrey, filho do rei Robert, e por isso só pensa em agradar seu príncipe, chegando mesmo a mentir para parecer mais perfeitinha aos olhos do mimado príncipe. Também não acho que ela vá ser Sansa-sonsa para sempre, mas ela é irritante. Só que sua imbecilidade tem um preço que ela irá pagar amargamente.
Já o pai dessas criaturas, Eddard Stark, também chamado de Ned, é um homem honrado, que, contra a sua vontade, vê sua vida virada do avesso quando o rei Robert, um beberrão idiota, o pede para assumir o cargo de Mão do Rei (título que é no mínimo engraçado quando se referem a ele como Senhor Mão). O que Ned não sabe é que seu predecessor morreu em circunstâncias estranhas, e que sua vida corre perigo. No fim, é justamente sua honradez que vai ser a sua ruína.
As mulheres no livro são, com exceção de Sansa-sonsa, em geral muito fortes, lutadoras e de vontades de ferro. A que mais me impressionou foi Daenerys Targaryen, princesa sem reino, pois seu pai foi deposto e assassinado por Robert, que mais tarde se tornaria rei, tomando todo o reino. A família Targaryen é a família dos dragões, e é com esse título que seus membros se referem a si mesmos. Inicialmente, Dany é uma menina tímida e assustadiça, que vive sob a guarda de seu irmão mais velho, Viserys, um jovem amargurado cuja única ambição é tomar para si o que lhe foi tirado (ou seja, o reino), chagando para isso a vender a irmã a Khal Drogo em troca de seu exército dothraki, um povo criador de cavalos, com costumes bem primitivos, mas temidos em batalha. A princípio, Daenerys não quer esse casamento, só quer mesmo continuar com sua vida, já que para ela tanto faz retomar o reino ou não, já que ela não chegou a conhecer o reino, nem seus familiares assassinados. Mas aos poucos, Dany descobre que tem mais poder que o irmão, e chega mesmo a amar seu marido. E a mudança de menina tímida para líder e mulher é impressionante, tanto que é fácil esquecer que ela tem apenas catorze anos.
Como por trás de todo grande homem há sempre uma grande mulher, com Ned Stark isso não é diferente. Ele é casado com Catelyn, da casa de Tully, mas que tem tanta fibra como qualquer Stark. Ela é uma mãe dedicada, mas, assim como o marido, deixa de lado seu lado maternal para fazer o que é mais certo, e como toda boa mãe, faz de tudo para proteger a cria. Embora eu não goste disso, ela se ressente de Jon, mas é de se esperar, pois ele é a lembrança da traição do marido. Ela é irmã de Lysa Arryn, esposa da Mão do Rei assassinada, mas esta é o completo oposto de Catelyn. Tá certo que ela perde o Norte quando seu marido é assassinado, mas essa perda a deixou totalmente irracional e burra.
E se por trás de todo grande homem há sempre uma grande mulher, isso também é verdade para um homem imbecil. Do lado dos Lannister, essa mulher é Cersei, a rainha, casada com o rei Robert. Cersei é insidiosa, e por trás de suas palavras doces há sempre uma ameaça velada. Ela é responsável pelo momento mais cruel, na minha opinião, do livro, que envolve Sansa-sonsa. Esta, por sinal, é tão burra que cai direitinho nas armadilhas de Cersei e seu filho, que é mimado e voluntarioso. Um pequeno cretino, pra falar a verdade. Mas acho que até ela irá se surpreender com as atitudes do filho. Cersei se comporta como uma verdadeira dama, bem comportada e com compostura, nunca deixando transparecer sua raiva, mas seu veneno é sutil. Ela é o melhor tipo de vilão que há, e acho que podemos esperar mais maldades dela no futuro.
A família Lannister, aliás, é um verdadeiro ninho de cobras. Ainda nessa família simpática está Jaime, que tem o apelido fofíssimo de Regicida. Ele não é tão esperto como Cersei e Tyrion, mas tem lá seus méritos. É um soldado implacável, cujo maior prazer é matar, quer tenha motivo ou não para isso.
Para finalizar, não posso deixar de falar de alguns personagens importantíssimos. Os lobos que Jon e Robb acham no começo, e que de alguma forma se ligam às crianças Stark, como se de alguma forma completassem seus donos. Como diz Bran, perder o lobo faz com que as crianças se percam também, com se vê no caso de Sansa-sonsa. O que eu mais gosto é Fantasma, o lobo branco de Jon (tá, ele não é exatamente um Stark, mas tem sangue Stark, então entra na lista). Mas Vento Cinzento, o lobo de Robb também é um animal extraordinário. Os lobos fazem tanta parte dos donos, que não só os complementam, mas tem um pouco da personalidade de seus donos.
Enfim, George Martin nos apresenta a uma fantasia épica maravilhosa e envolvente, que deixa a gente preso do começo ao fim.
Trilha sonora
As músicas que embalam as batalhas de Maximus em Gladiador são perfeitas. Mas também Kings and queens e From yesterday (esta última em especial para o rei Robert), do 30 seconds to Mars, Sick Cycle Carousel, do meu amado Lifehouse, e Blurry, do Puddle of Mudd.
Filme
Não é um filme, mas a HBO comprou os direitos e transformou A Guerra dos Tronos em série, com estreia prevista para 17 de abril deste ano (não sei se essa data é para o Brasil ou EUA, mas acho que se refere à estreia aqui), e tem no elenco Sean Bean, o Boromir de O Senhor dos Anéis, que eu AMO, como Ned Stark. Estou contando os dias para acompanhar a saga na TV.
Se você gostou de A guerra dos tronos, pode gostar também de:
- O Senhor dos Anéis – J. R. R. Tolkien
- As Brumas de Avalon – Marion Zimmer Bradley
- A Dama do Falcão – Marion Zimmer Bradley
- As Crônicas de Artur – Bernard Cornwell
- A Busca do Graal – Bernard Cornwell
- Coleção A Herança – Christopher Paolini