quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A Guerra dos Tronos

 

guerra tronos Em uma terra onde o verão pode durar décadas e o inverno toda uma vida, os problemas estão apenas começando. O frio está de volta e, nas florestas ao norte de Winterfell, forças sobrenaturais se espalham por trás da Muralha que protege a região. No centro do conflito estão os Stark do reino de Winterfell, uma família tão áspera quanto as terras que lhe pertencem.

Dos lugares onde o frio é brutal, até os distantes reinos de plenitude e sol, George R. R. Martin narra uma história de lordes e damas, soldados e mercenários, assassinos e bastardos, que se juntam em um tempo de presságios malignos. Entre disputas por reinos, tragédias e traições, vitória e terror, o destino dos Stark, seus aliados e seus inimigos é incerto. Mas cada um está se esforçando para ganhar este conflito mortal: a guerra dos tronos.

Não sei bem porque, mas um dia eu achei uma resenha desse livro e a história me chamou a atenção. Daí, quando comprei o livro e vi um elogio de ninguém menos que Marion Zimmer Bradley(o que na verdade me deixou intrigada, pois a mestra morreu em 1999 – RIP. Acontece que o livro foi publicado pela primeira vez nos EUA em 1996, e só agora saiu no Brasil), e não precisou de mais nada. Eu tinha que ler. E, nem bem acabei, antes até, e já estou louca para ler a continuação. É, porque se eu gostei, claro que tem que ser uma saga com vários volumes (pelo que sei, são pelo menos oito livros).

Confesso que no começo fiquei meio confusa. São muitos personagens, e todos eles muito bem escritos, por sinal. Me perdi um pouco no começo, mas logo isso deixou de ser um problema. Pelo menos quanto à leitura. O problema mesmo é escrever, e se eu for falar de todos os personagens com detalhes, esse post ia ficar enorme (e já aviso que não vai ser curto). Por isso, vou tentar falar dos principais apenas.

Começando pelo melhor de todos: Tyrion Lannister, o Duende. Até agora ainda não consegui entender direito o que se passa na cabeça do anão, e é por isso mesmo que ele é tão fascinante. Filho de Lord Tywin Lannister, é desprezado pelo pai por ser anão e aleijado. Tem a língua afiada, e está sempre pronto para uma piada, bem sarcástica, mesmo nas situações em que sua vida está por um fio. E ele não tira um barato só dos outros. Seu humor é auto-depreciativo também.

E Tyrion até pode ser o melhor personagem de todos, mas meu coração bate um pouco mais forte por Jon Snow. Filho bastardo de Lord Eddard Stark, ele está constantemente tentando achar seu lugar no mundo, inclusive se questionando sobre sua origem (ele não sabe quem é sua mãe, e seu pai nunca fala dela) e sobre o amor de seu pai. Mas ele é devotado à sua família, principalmente seu irmão Robb, o herdeiro de Lord Eddard. Ele é despachado para fazer parte da Patrulha da Noite, uma irmandade mais ou menos como a dos Jedis, com a missão de patrulhar a Muralha que fica ao Norte e separa os Sete Reinos das terras mais ao norte, onde vivem muitas criaturas curiosas, algumas bem assustadoras, e também o povo antigo. A Patrulha da Noite se parece com os Jedis porque, além de patrulhar a Muralha, também fazem votos de não se casarem e nunca terem filhos, e tem que esquecer sua família,pois o amor nos faz cometer todo tipo de loucura. Tudo o que importa são os irmãos da noite. Mas, e eu posso estar errada nisso, mas não acho que Jon vai cumprir todas essas regras. Afinal, George Martin não ia escrever oito livros sobre esse mundo maravilhoso e colocar um dos personagens principais na Patrulha para ele passar a história toda como um monge. Exatamente como Anakin e Luke, acho que Jon está destinado  a quebrar as regras.

Depois dele, tenho também uma quedinha por seus irmãos mais novos, Bran e Arya. Ele é um garoto com toda a curiosidade e vivacidade dos sete anos, mas um trágico acidente faz com que ele amadureça muito. Arya, por outro lado, é uma garotinha de nove anos, muito esperta e com espírito de guerreira. mas também para ela o destino prega uma peça. Mas algo me diz que esses dois não vão deixar que as limitações os impeçam de tudo o que tenham vontade. E Robb, da mesma idade de Jon (15 anos), irá se tornar um verdadeiro guerreiro, digno de ser o herdeiro de Stark.

Sua irmã Sansa, em compensação, é uma sonsa. Ela é a versão patricinha da Idade Média. Foi prometida a Joffrey, filho do rei Robert, e por isso só pensa em agradar seu príncipe, chegando mesmo a mentir para parecer mais perfeitinha aos olhos do mimado príncipe. Também não acho que ela vá ser Sansa-sonsa para sempre, mas ela é irritante. Só que sua imbecilidade tem um preço que ela irá pagar amargamente.

Já o pai dessas criaturas, Eddard Stark, também chamado de Ned, é um homem honrado, que, contra a sua vontade, vê sua vida virada do avesso quando o rei Robert, um beberrão idiota, o pede para assumir o cargo de Mão do Rei (título que é no mínimo engraçado quando se referem a ele como Senhor Mão). O que Ned não sabe é que seu predecessor morreu em circunstâncias estranhas, e que sua vida corre perigo. No fim, é justamente sua honradez que vai ser a sua ruína.

As mulheres no livro são, com exceção de Sansa-sonsa, em geral muito fortes, lutadoras e de vontades de ferro. A que mais me impressionou foi Daenerys Targaryen, princesa sem reino, pois seu pai foi deposto e assassinado por Robert, que mais tarde se tornaria rei, tomando todo o reino. A família Targaryen é a família dos dragões, e é com esse título que seus membros se referem a si mesmos. Inicialmente, Dany é uma menina tímida e assustadiça, que vive sob a guarda de seu irmão mais velho, Viserys, um jovem amargurado cuja única ambição é tomar para si o que lhe foi tirado (ou seja, o reino), chagando para isso a vender a irmã a Khal Drogo em troca de seu exército dothraki, um povo criador de cavalos, com costumes bem primitivos, mas temidos em batalha. A princípio, Daenerys não quer esse casamento, só quer mesmo continuar com sua vida, já que para ela tanto faz retomar o reino ou não, já que ela não chegou a conhecer o reino, nem seus familiares assassinados. Mas aos poucos, Dany descobre que tem mais poder que o irmão, e chega mesmo a amar seu marido. E a mudança de menina tímida para líder e mulher é impressionante, tanto que é fácil esquecer que ela tem apenas catorze anos.

Como por trás de todo grande homem há sempre uma grande mulher, com Ned Stark isso não é diferente. Ele é casado com Catelyn, da casa de Tully, mas que tem tanta fibra como qualquer Stark. Ela é uma mãe dedicada, mas, assim como o marido, deixa de lado seu lado maternal para fazer o que é mais certo, e como toda boa mãe, faz de tudo para proteger a cria. Embora eu não goste disso, ela se ressente de Jon, mas é de se esperar, pois ele é a lembrança da traição do marido. Ela é irmã de Lysa Arryn, esposa da Mão do Rei assassinada, mas esta é o completo oposto de Catelyn. Tá certo que ela perde o Norte quando seu marido é assassinado, mas essa perda a deixou totalmente irracional e burra.

E se por trás de todo grande homem há sempre uma grande mulher, isso também é verdade para um homem imbecil. Do lado dos Lannister, essa mulher é Cersei, a rainha, casada com o rei Robert. Cersei é insidiosa, e por trás de suas palavras doces há sempre uma ameaça velada. Ela é responsável pelo momento mais cruel, na minha opinião, do livro, que envolve Sansa-sonsa. Esta, por sinal, é tão burra que cai direitinho nas armadilhas de Cersei e seu filho, que é mimado e voluntarioso. Um pequeno cretino, pra falar a verdade. Mas acho que até ela irá se surpreender com as atitudes do filho. Cersei se comporta como uma verdadeira dama, bem comportada e com compostura, nunca deixando transparecer sua raiva, mas seu veneno é sutil. Ela é o melhor tipo de vilão que há, e acho que podemos esperar mais maldades dela no futuro.

A família Lannister, aliás, é um verdadeiro ninho de cobras. Ainda nessa família simpática está Jaime, que tem o apelido fofíssimo de Regicida. Ele não é tão esperto como Cersei e Tyrion, mas tem lá seus méritos. É um soldado implacável, cujo maior prazer é matar, quer tenha motivo ou não para isso.

Para finalizar, não posso deixar de falar de alguns personagens importantíssimos. Os lobos que Jon e Robb acham no começo, e que de alguma forma se ligam às crianças Stark, como se de alguma forma completassem seus donos. Como diz Bran, perder o lobo faz com que as crianças se percam também, com se vê no caso de Sansa-sonsa. O que eu mais gosto é Fantasma, o lobo branco de Jon (tá, ele não é exatamente um Stark, mas tem sangue Stark, então entra na lista). Mas Vento Cinzento, o lobo de Robb também é um animal extraordinário. Os lobos fazem tanta parte dos donos, que não só os complementam, mas tem um pouco da personalidade de seus donos.

Enfim, George Martin nos apresenta a uma fantasia épica maravilhosa e envolvente, que deixa a gente preso do começo ao fim.

Trilha sonora

As músicas que embalam as batalhas de Maximus em Gladiador são perfeitas. Mas também Kings and queens e From yesterday (esta última em especial para o rei Robert), do 30 seconds to Mars, Sick Cycle Carousel, do meu amado Lifehouse, e Blurry, do Puddle of Mudd.

Filme

Não é um filme, mas a HBO comprou os direitos e transformou A Guerra dos Tronos em série, com estreia prevista para 17 de abril deste ano (não sei se essa data é para o Brasil ou EUA, mas acho que se refere à estreia aqui), e tem no elenco Sean Bean, o Boromir de O Senhor dos Anéis, que eu AMO, como Ned Stark. Estou contando os dias para acompanhar a saga na TV.

Se você gostou de A guerra dos tronos, pode gostar também de:

  • O Senhor dos Anéis – J. R. R. Tolkien
  • As Brumas de Avalon – Marion Zimmer Bradley
  • A Dama do Falcão – Marion Zimmer Bradley
  • As Crônicas de Artur – Bernard Cornwell
  • A Busca do Graal – Bernard Cornwell
  • Coleção A Herança – Christopher Paolini

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Terra em Chamas

 

terra em chamas O rei Alfredo está com a saúde debilitada. Seu herdeiro ainda é muito jovem. Os inimigos dinamarqueses fracassaram em tomar Wessex, mas agora a vitória parece iminente. Lideradas pelo brutal Harald Cabelo de Sangue, as hordas vikings atacam, porém o rei tem Uhtred, que inflige aos vikings uma de suas maiores derrotas.

No entanto, o gosto de vitória é ofuscado por uma tragédia que leve Uhtred a jurar nunca mais servir o reino saxão novamente. Agora, o sonho de retomar as terras que lhe são de direito na Nortúmbria parece mais próximo. E para alcançar seu objetivo, o guerreiro se une a seu amigo Ragnar e ao seu antigo inimigo Haesten.

Mas o destino tem outros planos. Os dinamarqueses da Ânglia Oriental e os vikings da Nortúmbria pretendem conquistar toda a Inglaterra. A filha de Alfredo então implora pela ajuda de Uhtred, e o guerreiro, incapaz de dizer não, toma a frente do exército derrotado da Mércia, rumo a uma batalha inesquecível num campo encharcado de sangue junto ao Tâmisa.

De todos os livros das Crônicas Saxônicas até agora (sim, apesar de terem publicado no Brasil cinco, tudo leva a crer que vem mais por aí), este, na minha opinião, é o que tem mais reviravoltas. Isso é dizer um bocado, já que todos eles são marcados por traições e reviravoltas. Mas nada tão radical como este.

Ele começa alguns anos após o fim de A canção da espada, e uma nova ameaça tira o sossego dos saxões do Oeste, e obriga Uhtred a lutar por Alfredo mais uma vez, contra sua vontade. Essa ameaça atende pelo nome de Harald Cabeça de Sangue (e esse nome vem de um costume nojento desse líder dinamarquês, que é muito chocante para mencionar aqui). Ele chega da Frankia (atual França), onde após impor o terror e saquear tudo o que podia, foi finalmente pago para que deixasse as terras francesas. Ele tem fama de implacável, e é merecida, mas seu maior trunfo não é sua selvageria, e sim a companhia. E ela atende por Skade.

Skade é uma mulher, considerada feiticeira, e é uma das melhores personagens das Crônicas. É ambiciosa, capaz de tudo para conseguir riqueza, e também é cruel e sádica. Muito sádica. Para se ter uma ideia, em sua primeira aparição ela está torturando um padre, com requintes de crueldade que são capazes de horrorizar até mesmo Uhtred. Sua lealdade varia de acordo com o que for mais vantajoso para ela, de modo que ora ela está do lado de Uhtred (que, como mencionada acima, nem sempre fica com os saxões), ora contra ele. Mas sempre do lado que possa lhe proporcionar a maior riqueza possível.

Uhtred, como já disse, muda de lado após uma tragédia pessoal que o deixa desnorteado por um tempo. Ela é meio óbvia, mas mesmo assim, não vou estragar a surpresa para quem ainda não leu. Mas é graças a isso que retorna à trama Ragnar, para meu deleite. Ele agora é senhor poderoso no Norte, e se esforça para manter sua fortaleza de Dunholm, que ele agora considera seu lar. Mas ele continua com o mesmo senso de humor e riso fácil, o que deixa o livro um pouco mais leve, e ao mesmo tempo dá um pouco de paz a Uhtred, num momento em que ele realmente precisa.

Brida também reaparece, mas ao contrário de Ragnar, ela se ressente por seu companheiro não querer mais lutar contra os saxões. E também despreza Uhtred por sua lealdade a Aethelflaed. E ela nutre planos ambiciosos, que compartilha com Uhtred, mas, como sempre acontece uma reviravolta, ele não poderá cumprir.

Aethelflaed está ainda mais confiante neste livro, e ela não quer saber de ficar em casa enquanto seu povo sofre nas mãos dos dinamarqueses. E continua amiga de Uhtred, apesar de sua família o desprezar. Ela continua a sofrer nas mãos do idiota do Aethelred, mas agora já não se encolhe diante das provocações. Ao contrário, ela o enfrenta e mostra quem tem o poder em casa.

Também merecem destaque seus dois irmãos, Osferth e Eduardo. Osferth na realidade é filho bastardo de Alfredo, e por isso mesmo desprezado por ele, fato que leva ao ressentimento do jovem. Já em A canção da espada ele faz sua primeira aparição, mas seu pai queria mesmo era trancar o garoto num mosteiro e esquecer que o filho existia (pra ver até que ponto vai a carolice de Alfredo). Ele então foge para Uhtred, que o acolhe, e prova maior de que Osferth odeia e despreza o pai é que, quando Uhtred volta à Nortúmbria, Osferth o segue. Ele acaba virando um bom guerreiro, inteligente e destemido.

Já Eduardo é um jovem mais resguardado e imaturo. Ele é como o pai, mas acaba por provar que pode vir a ser o rei, sob a orientação de Uhtred. Ele aparece meio timidamente no final, mas creio que ele ainda irá aparecer mais, e podemos esperar muito dele.

Apesar de chegar perto, Uhtred ainda não conseguiu seu objetivo maior, que é reconquistar Bebbanburgh, por isso, acredito que as Crônicas Saxônicas ainda não acabaram. Então, olhos bem abertos, porque logo logo veremos Uhtred de Bebbanburgh em outra aventura.

Trilha sonora

Uma música que cai como uma luva para toda a história, em especial para Uhtred, é Hand of Sorrow, do Within Temptation.

The child without a name grew up to be the hand
To watch you, to shield you or kill on demand

So many dreams were broken and so much was sacrificed
Was it worth the ones we loved and had to leave behind?
So many years have past, who are the noble and the wise?
Will all our sins be justified

Também do Within Temptation, What have you done. olha só:

Would you mind if I hurt you?
Understand that I need to
Wish that I had other choices
Than to harm the one I love

I, I've been waiting for someone like you
But now you are slipping away
What have you done now?
Why, why does fate make us suffer?
There's a curse between us, between me and you

Turned into my worst enemy
You carry hate that I don't feel
It's over now, what have you done?

Mas também This is War, do 30 Seconds to Mars (fazia tempo que eu não falava deles!). E também para Uhtred, apesar de poder se aplicar a mais de um personagem:

A Warning to the people
The Good and the Evil
This Is War
To the Soldier
The Civilian
The Martyr
The Victim

To the right
To the left
We will fight to the death
To the Edge of the Earth
It's a Brave New World
From the last to the first

It’s the moment of truth and the moment to lie
The moment to live and the moment to die
The moment to fight, the moment to fight,
To fight, to fight, to fight

Se você gostou de Terra em Chamas, pode gostar também de:

  • As Crônicas de Artur – Bernard Cornwell
  • A Busca do Graal – Bernard Cornwell
  • Stonehenge – Bernard Cornwell

A Canção da Espada

 

canção espada A Inglaterra está em paz, dividida entre o reino dinamarquês ao norte e o reino saxão de Wessex, ao sul. Uhtred, órfão da Nortúmbria, parece ter encontrado a tranquilidade. Ele é dono de terras, casado e com uma tarefa a cumprir: Alfredo quer manter intacta a fronteira junto ao Tâmisa. Mas os problemas aparecem quando uma nova horda de vikings chega para ocupar Londres. O sonho dos guerreiros do norte é conquistar Wessex. E, para isso, eles precisam da ajuda de Uhtred.

Mas Alfredo nutre outros planos. Ele insiste em que Uhtred expulse os invasores vikings de qualquer maneira. Naquele ano de 885, o guerreiro de Nortúmbria precisa decidir até que ponto seu juramento a Alfredo se mantém firme.

A Canção da Espada conta a história da criação da Inglaterra e, como todos os romances de Bernard Cornwell, baseia-se em relatos verídicos. Mais uma empolgante história de amor, traição e violência, ambientada em um reino cindido por enormes conflitos, mas ao mesmo tempo instigado por um pequeno clarão de esperança de que Alfredo, o grande rei de Wessex, possa mostrar seu poder de união. Uhtred, o maior guerreiro do soberano, tornou-se sua espada, um homem temido e respeitado por toda a região, o senhor da guerra a serviço de um poderoso monarca.

Justamente quando tudo parecia em paz, surgem os problemas para Uhtred e Alfredo. Não sei se os problemas acham Uhtred, ou se ele os atrai. O certo é que onde ele está, sempre há uma escaramuça, um conflito a ser resolvido. E neste ele se defronta com a possibilidade de se livrar de Alfredo de uma vez por todas, testando sua lealdade. Este se passa cinco anos após o fim de Os Senhores do Norte, e neste período há paz e prosperidade no que viria a ser a Inglaterra. Mas, claro, isso não dura muito, e logo Uhtred, que andava entediado com a paz, será mais uma vez responsável por lutar pelo sonho da Inglaterra.

Parece que Gisela conseguiu impor limites a nosso herói, que está mais comedido, é pai de família e, quem diria, até mais sentimental. E até, ao que parece, é fiel à esposa, muito diferente daquele brutamontes que conhecemos em O Último Reino. Claro que ele continua um bruto, mas, como dizem, os brutos também amam, e amolecem diante desse sentimento avassalador. E a grande responsável por essa mudança, é, claro, Gisela.

Antes dela aparecer em sua vida, suspeito que Uhtred jamais teria cedido ao apelo de Aethelflaed, filha mais velha de Alfredo. Ele é uma jovem voluntariosa, de vontade de ferro, mas que sofre um bocado em seu casamento com Aethelred, primo de Uhtred e um completo idiota. Ele odeia Uhtred e é responsável pela maior humilhação sofrida por Aethelflaed, tudo porque o cara é tão inseguro que tem ciúme até da própria sombra. Por causa disso também é que ocorre uma das maiores derrotas do exército inglês.

Ao contrário de Uhtred, que pode até ser um bruto, mas não covarde que bate em mulher, seu primo é o oposto. Com isso já disse muita coisa sobre esse ser desprezível, mas como se não bastasse, ele ainda é um puxa-saco de marca maior, daqueles bem asquerosos, e consegue o favor de Alfredo com esse ass-kissing (sou muito educada para registrar por escrito o tamanho da bajulação desse sujeito), por ser cristão. Ele tem em Aldhelm um aliado tão asqueroso quanto ele, e que por sua vez, puxa o saco de Aethelred. Os dois são ardilosos, e suas maquinações invariavelmente resultam em bagunças que Uhtred tem que arrumar depois.

E Alfredo, para um cristão tão devoto, deixa muito a desejar quanto a seu relacionamento com sua filha. Claro que a ama, mas apóia o traste do marido dela nas punições, que são infundadas. Confesso que fiquei torcendo para Uhtred dar a seu primo o troco devido, mas, pelo menos neste livro, isso não acontece, pois ele está preso por juramento a Alfredo, que já não vai lá muito com a cara de Uhtred, e este não quer fazer nada abertamente contra Alfredo. Claro que isso não o impede de aprontar pelas costas :D.

E os inimigos deste livro também merecem destaque. Eles são os irmãos Sigefrid e Erik. O primeiro é ambicioso e terrível. É um guerreiro com sede de sangue e terras. O segundo é mais comedido, e aparentemente mais tranquilo. Mas por trás desta fachada, ele pode ser implacável, como vai mostrar na batalha final.

E um dos piores é Haesten, um dinamarquês salvo por Uhtred no segundo livro, e que depois Uhtred, num raro impulso de misericórdia, faz seu homem jurado. Pobre Uhtred. Se soubesse então o que estava por vir, teria matado o desgraçado. Ele é um homem ambicioso, e na primeira oportunidade escapa de Uhtred e quebra seu juramento, coisa levada incrivelmente a sério naquela época, onde as leis eram regidas por juramentos. E haesten sabe muito bem a quem bajular, de modo que logo se transforma de escravo em um dos homens mais poderosos do lado dinamarquês.

O padre Pyrlig retorna neste livro, o que me deixou muito feliz. Gosto dele. E ele continua com sua língua afiada e, apesar de ser padre, é também um guerreiro temível, como irá demostrar em mais de uma ocasião.

Mais um empolgante capítulo das Crônicas Saxônicas, e mal posso esperar para ler o próximo capítulo.

Se você gostou de A canção da espada, pode gostar também de:

  • As crônicas de Artur – Bernard Cornwell
  • A busca do Graal – Bernard Cornwell
  • Stonehenge – Bernard Cornwell

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Os Senhores do Norte

 

senhores norte Depois de lutar ao lado do rei Alfredo na batalha que assegurou Wessex como único reino independente da Inglaterra, Uhtred decide retornar à Nortúmbria, em busca da irmã de criação. No entanto, o jovem encontra um cenário desolador, uma aterra assolada pelo caos e barbárie. Ele se alia então a Guthred, ex-escravo determinado a se tornar rei da Nortúmbria. Juntos, seguirão até Dunholm, em busca da cabeça do senhor viking Kjartan.

 

Até agora, esse é o meu favorito das Crônicas Saxônicas. Neste, Uhtred retorna ao norte, em busca de sua vingança contra Kjartan, o homem que matou seu pai de criação e raptou sua irmã. O que ele não sabe é que no caminho vai encontrar muitos percalços, incluindo a traição de um bom amigo e a escravidão.

Uhtred cresce muito neste livro. Ele continua arrogante, mas raciocina mais antes de agir, o que o torna ainda mais implacável com seus inimigos. E também começa a perceber que apesar de seu amor pelos dinamarqueses, seu destino o levará para a direção oposta. Uma boa parte desta mudança vem do fato de ele ter sido feito escravo por dois anos, o que o endureceu ainda mais, então aqui ele está ainda mais carrancudo que antes, mas agora seus motivos são mais do que justificados.

E, mesmo detestando Alfredo (e do sentimento ser mútuo), ele retorna a Wessex e faz um novo juramento a Alfredo, que começa a mostrar porque é Alfredo, o Grande. Sua visão é muito mais ampla do que ele deixa transparecer, assim como sua ambição, que fica o tempo todo só nas entrelinhas.

Também conhecemos melhor Ragnar, o Jovem, filho de Ragnar, o pai de criação de Uhtred. Nos outros ele faz somente aparições rápidas. Mas neste, ele aparece mais, e estou torcendo para que ele continue com destaque nos próximos livros. Ragnar é um homem tranquilo, que como seu pai só quer mesmo bebida e mulheres (apesar de ele parecer ser fiel a Brida, aquela mesma que foi amante de Uhtred no primeiro livro). Mas não se deixe enganar por essa aparente tranquilidade, porque ele pode ser implacável em luta, e é movido pelo mesmo desejo de vingança que Uhtred. Gosto dele.

Outro personagem novo que eu gosto muito é Finan, um irlandês franzino, mas grande soldado. Ele era escravo no mesmo barco que Uhtred, mas é ele quem segura Uhtred nos momentos mais difíceis. E, mesmo na condição de escravo, ele não desiste de lutar. É um personagem cheio de vida, e também espero que ele retorne nos próximos volumes.

Uhtred parece ter finalmente sido atingido pelo cupido, e parece que desta vez é sério. E a responsável é Gisela, irmã do rei Guthred, que irá governar a Nortúmbria. Gisela, como todas as outras personagens femininas, é uma mulher de fibra, não é nem um pouco passiva e vai à guerra. E ela sabe se impor num universo governado por homens.

Seu irmão, o rei Guthred, por outro lado, apesar de ser afável e ter o dom de fazer todos gostarem dele, é influenciável, e o perfeito rei-fantoche. Só que ele não percebe quando é manipulado, por quem quer que seja. Mesmo assim, é impossível não gostar dele. Seu carisma é tão grande que ele conquista até mesmo a nós, leitores.

Só para variar, Bernard Cornwell detalha muito bem todos os acontecimentos do livro, e o resultado é uma narrativa deliciosa, e que deixa a gente morrendo de vontade de ler o próximo.

Nota histórica

Segundo a nota histórica do próprio Bernard Cornwell ao final do livro, o rei Guthred realmente existiu, e foi por um período escravo, uma lenda que ele explorou com maestria, como sempre.

Se você gostou de Os senhores do Norte, pode gostar também de:

  • As Crônicas de Artur – Bernard Cornwell
  • A Busca do Graal – Bernard Cornwell

domingo, 9 de janeiro de 2011

Enrolados

 

tangled Aproveitando que estou de férias, e que não aguentava mais ficar em casa sem fazer nada, fui com uma amiga assistir Enrolados outro dia. Na verdade, queria assistir qualquer coisa, desde que saísse de casa, e essa não era a minha primeira opção, porque só tinha sessão dublada. Mas confesso que foi uma boa surpresa.

Assistimos à versão em 3D, e finalmente entendi porque todo mundo xingava os filmes que, entrando nessa onda, foram convertidos nessa tecnologia. Enrolados foi com certeza filmado em 3D, porque, enquanto Alice no País das Maravilhas o efeito 3D só se manifesta para dar profundidade, aqui ela vai mais além. Vários objetos saem da tela e parecem flutuar na nossa frente. Tanto que as crianças presentes (e haviam muitas) tentaram pegar (admito que isso foi uma graça).

Mas o filme não se resume a isso: efeitos 3D de cair o queixo. A história é divertida, e muito bem conduzida, no melhor estilo dos filmes da Pixar. Não, Enrolados é da Disney, mas com a compra da Pixar pelo estúdio de Mickey Mouse, ele lembra muito Wall-e, Carros, Ratatouille e outros filmes da Pixar que nos encantam.

Rapunzel é uma jovem espirituosa e louca para aventuras, o que não é de se espantar, já que ela passa seus dias trancadas na torre em que sua falsa mãe a pôs desde bebê, com interesse nos poderes curativos de sua cabeleira. E ela, Rapunzel, faz horrores com aquela cabeira loura, tanto que os cabelos quase se tornam um personagem à parte.

E é impossível não se apaixonar por Flynn Ryder, o simpático ladrão que encontra Rapunzel em sua torre e a apresenta ao mundo. Esperto e tão espirituoso quanto a nossa mocinha cabeluda, ele equilibra bem a dupla principal.

Claro que não posso deixar de fora a vilã, Gothel, a bruxa que criou Rapunzel. Dissimulada, ela é a perfeita mãe amorosa para Rapunzel, mas em suas costas, ela é implacável, capaz de tudo para ter a menina, e em consequência, seus cabelos, sempre sob seu controle.

Mas os melhores personagens são, sem dúvida, Max, o cavalo temperamental que vive implicando com Flynn, e Pascal, o camaleão de estimação de Rapunzel. Eles são responsáveis pelas melhores cenas, especialmente Max.

Enfim, Enrolados é uma aventura deliciosa, que vai agradar crianças de todas as idades.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Dia do Leitor

 

Esse é um post rapidinho. É que descobri que hoje é Dia do Leitor, então resolvi dar os parabéns a você, que além de me acompanhar, também é um leitor!

parabéns

Para todos nós, e continuem com as leituras!

Beijos!

Fernanda

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Aniversário

 

Hoje é um dia pra lá de especial. Faz um ano que iniciei o blog, e espero que ainda venham muitos anos.

E se cheguei até aqui, tenho só que agradecer a você, que me acompanha. Meu muitíssimo obrigada, e sejam sempre bem-vindos.

1 ano

Além disso, também é aniversário do meu pai, que foi quem me incentivou a começar o blog. Ele já mantém o próprio blog há alguns anos, e para quem quiser xeretar, é só clicar em Matematicando aí do lado, na barra Sites Interessantes, e foi meu pai que me ajudou a montar o meu. Confesso que não gosto muito de computadores, e nem sou muito boa em informática, mas adoro escrever, e adoro ler, assim juntei duas das minhas paixões.

Mas eu me desviei do que quero realmente escrever. Aproveito esse post para dar os parabéns para meu pai, e dizer que EU TE AMO MUITO!

Beijos mil, pai!

happy birthday

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O Cavaleiro da Morte

 

O cavaleiro da morte O Cavaleiro da Morte é um belíssimo relato de lealdades divididas, amor relutante e heroísmo desesperado. O livro começa no dia seguinte aos eventos de O último reino, primeiro volume da série.
São tempos terríveis para os saxões. Derrotados pelos vikings, Alfredo e seus seguidores sobreviventes procuram refúgio em Æthelingæg, a região a que ficou reduzido o reino de Alfredo. Aí, encobertos pela neblina, viajam em pequenos barcos entre as ilhas na esperança de se reagruparem, e encontrarem mais apoio.
Ao reunir o Grande Exército, os vikings têm apenas uma ambição: conquistar Wessex. Quando atacam em uma escuridão impiedosa, Uhtred se vê surpreendentemente do lado de Alfredo. Aliados improváveis: um rei cristão devoto e um pagão que vive da espada. Alfredo é um erudito; Uhtred, um guerreiro cheio de arrogância. No entanto, a desconfortável aliança é forjada e os conduzirá dos pântanos para a colina íngreme, onde o último exército saxão lutará pela existência da Inglaterra.

Este segundo livro das Crônicas Saxônicas começa logo após o fim do primeiro. Depois de perder tudo que o unia aos dinamarqueses, e de ficar como refém com os eles, Uhtred (ops! Percebi só agora que escrevi errado o nome dele na outra resenha…Sorry!) retorna ao sul, deixando de lado até a glória de ser reconhecido como o guerreiro, para sua casa, sua mulher e seu filho. Mas não demora nada para que o tédio se instale e ele parte com um navio e vai saquear a costa da Cornualha. A primeira parte do livro é dedicada a esse episódio, e é aí que começam a se estabelecer alianças e traições que vão entremear todo livro.

Da Cornualha também vem a grande personagem feminina deste livro: Iseult, uma rainha bretã, pagã e vidente. Em um dos ataques na costa, Uhtred a encontra e, na verdade, a resgata de sua casa. Iseult é inteligente, bondosa e desprezada por ser pagã, mesmo depois de fazer um grande favor a Alfredo. É uma mulher forte, e aguenta bem a pressão, mas é infeliz. Apaixonada por Uhtred, ela vai com ele para todo lugar e Uhtred segue todos os seus conselhos.

Também resultado desta incursão vem um dos maiores desafetos de Uhtred: monge Asser. Esse é um sujeitinho asqueroso, que tem ódio de todas as mulheres (porque na verdade, morre de medo delas) e o responsável por mais uma das desavenças entre Uhtred e Alfredo.

Falando em Alfredo, gosto um pouco mais dele neste livro. Após a invasão de Wessex pelos dinamarqueses, Alfredo se vê obrigado a fugir com sua família e a se esconder em um pântano, onde passa boa parte do gelado inverno inglês. Aos poucos, ele começa a perceber que as batalhas não são ganhas por Deus, mas por soldados, e, apesar de não gostar nada de Uhtred, começa a confiar um pouco mais em sua experiência como guerreiro. Não totalmente, claro, e ela ainda é tão carola como antes, só que está aprendendo o ofício de governar uma terra devastada pela guerra.

Sua mulher é que é uma praga. Não vou escrever o nome dela, que é muito complicado, mas ela é que é a grande influência negativa em Alfredo. Odeia Uhtred com todas as forças, e está sempre querendo se meter em questões de Estado (não que mulheres não possam fazer isso, mas é que a fulana é burra como um porta e ainda mais carola que Alfredo).

Também merece destaque outro personagem britânico, que aparece mais para o final: padre Pyrlig. Ele chega ao pântano e  começa uma amizade com Iseult, e logo consegue vencer a desconfiança de Uhtred. Apesar de ser padre, se opõe a muitos dos conselheiros de Alfredo (que são em sua maioria padres), e é um homem bem-humorado e também é um soldado. Também inteligente e tem a mente aberta.

Finalmente, do lado dos dinamarqueses, é bom destacar Svein. Um dos principais comandantes dinamarqueses, ele é temido por todos. Aparece mais como comentários dos saxões, mas dá pra perceber que é um homem ambicioso e impiedoso. Como todos os dinamarqueses, é um guerreiro nato e um líder formidável.

No geral, achei este livro melhor que o primeiro, e estou começando a gostar mais de Uhtred. Ele ainda é arrogante, mas está mais amadurecido. De qualquer forma, é uma delícia de ler, como todos os livros de Bernard Cornwell, e estou ansiosa para ver o que ainda vem por aí.

Nota histórica

Não vou me prolongar, porque para quem leu o livro, o próprio Bernard Cornwell dá uma explicação ao final. Só vou comentar que acho interessante que Alfredo realmente ficou bastante tempo no pântano, e formou seu exército ali.

Se você gostou de O Cavaleiro da Morte, pode gostar também de:

  • As Cônicas de Artur – Bernard Cornwell
  • A busca do Graal – Bernard Cornwell
  • Os Pilares da Terra – Ken Follett
  • Mundo Sem Fim – Ken Follett