Dos cinco competidores pelo poder, um está morto, outro em desgraça, e as guerras ainda eclodem, as alianças são feitas e quebradas. Joffrey está no Trono de Ferro, o instável governante dos Sete Reinos. Seu maior rival, Lorde Stannis, está derrotado e em desgraça, vítima da feiticeira que o prende como escravo. O jovem Robb ainda governa o Norte da fortaleza de Correrio. Enquanto isso, traçando seu caminho por um continente banhado em sangue está a rainha exilada Daenerys, dona dos únicos três dragões que restam no mundo. E forças opostas manobram rumo ao embate final, um exército de selvagens bárbaros que chega dos limites mais longínquos da civilização, acompanhados por uma horda dos míticos Outros – um exército sobrenatural dos mortos-vivos cujos corpos reanimados são incontroláveis. Enquanto o futuro da terra balança, ninguém descansará até que os Sete Reinos explodam em uma verdadeira Tormenta de Espadas.
ATENÇÃO! SPOILERS SE VOCÊ NÃO LEU NENHUM LIVRO DAS CRÔNICAS DO GELO E DO FOGO!
Após a morte de Renly Baratheon e a derrota de seu irmão Stannis, Joffrey está ainda mais poderoso. Agora ele governa praticamente todo o território, com exceção do Norte, ainda sob o poder de Robb Stark. E as tensões aumentam com esse novo cenário, com novas alianças e alianças antigas quebradas. Claro que Joffrey só acha que governa. Com a queda de Tyrion e sua quase morte na batalha de Porto Real, quem governa mesmo é seu avô, Tywin Lannister. E, se as coisas estavam ruins com Tyrion no poder, com Tywin estão piores ainda. O velho é cruel e tem um pulso de ferro, e ainda por cima é absurdamente ardiloso, mais ainda que Tyrion (e olha que isso é dizer alguma coisa). O homem não poupa nem sua própria família. Dá até medo. Mas mesmo assim, como de costume com os personagens da saga, ele é incrível: é impassível, de modo que nunca dá para saber o que ele pensa; ele guarda para si suas opiniões, mas quando fala, é bom ouvir porque sempre é relevante.E ele sempre é paciente, observa tudo com atenção antes de se pronunciar.
Já Joffrey continua o mesmo garoto mimado, mas inebriado de poder, o que só faz aumentar sua crueldade (que parece brincadeira de criança perto do que seu avô faz), mas ele ainda é capaz de surpreender. Uma revelação bombástica é feita neste livro (pode deixar, não vou dizer o que é) e juro que não podia imaginar que Joffrey seria capaz de tanta proeza.
Outro membro da família Lannister ganha voz neste livro: Jaime, e tenho que admitir que gosto dele. No primeiro livro, eu achava que ele era arrogante, violento e sem escrúpulos. Claro que ele é arrogante, e não dá para imaginar que alguém com o delicado apelido de Regicida tenha muita moral. Mas ele me surpreendeu. Seus escrúpulos são meio duvidosos, mas eles existem: apesar da fama, é absolutamente fiel a Cersei e ele oferece várias razões lógicas para tudo o que faz. E ainda é dono de um senso de humor afiado e tem um charme todo especial, o que torna impossível não gostar dele, apesar de todas as maldades, como atirar Bran da janela. E para quem está assistindo (e se deliciando com a série na TV), o ator que o interpreta (Nicolaj Coster-Waldau) o interpreta exatamente assim. Amei isso.
Tyrion, agora derrotado e destituído de poder, já que seu pai chegou para assumir oficialmente o cargo de Mão, começa entre a vida e a morte. E ele se torna um joguete nas mãos de “papaizinho querido”. Ele vai do céu ao inferno neste livro. E no percurso vai fazer uma descoberta que o deixa meio desconcertado. Uma coisa não muda: sua habilidade de zombar de si mesmo.
Ainda em Porto Real, Sansa-sonsa continua a mesma tolinha que acredita em contos de fadas. Depois de tudo que a garota passou, é de se esperar que ela fique esperta, mas acho que faltam alguns neurônios na sua cabecinha de vento. Tenho vontade de dar umas sacudidas na garota pra ver se ela pega no tranco.É como Bran, muito sabiamente, porém de forma simples, coloca logo no primeiro livro: ela perdeu seu lobo (acho que na verdade nunca foi uma loba…uma das ironias do livro, ela ter nascido filha de Ned).
Por outro lado, Sansa-sonsa é também filha de Catelyn, que mais uma vez faz burrada. Não é segredo nenhum que eu não gosto de Catelyn (em boa parte porque ela não gosta de Jon, o que pra mim é pecado mortal) e ela não faz nada que faça que ela pareça melhor. Mas ela tem seu lado positivo: Robb continua sem voz, mas pela primeira vez ele se mostra como ele mesmo (apesar de ser pelo olhar de Catelyn). O garoto amadureceu e agora já é um adulto. Mas ainda assim faz algumas burradas, o que o deixa mais humano. E Robb é um personagem adorável. Só precisa aprender uma lição valiosa (que, pela ligação que os Stark tem com os direwolves, ele devia saber): confiar nos instintos de Vento Cinzento. Algumas personagens novas aparecem na vida de Robb (não vou falar quem para não estragar a surpresa), mas Vento Cinzento não gosta muito deles. E, como dona de cachorros, sempre confio nas impressões do meu Murruga sobre as pessoas. Eles são excelentes julgadores de caráter. Pelo menos nisso a pentelha da Catelyn tem razão.
Jon, agora com os Selvagens, seguindo ordens de Halfhand, a quem teve que matar para se infiltrar no meio dos selvagens, tem que desempenhar o difícil papel de traidor, sem deixar os Selvagens perceberem que ele no fundo não abandoou a Patrulha.da Noite. E para isso, Jon tem que fazer o imenso sacrifício de se envolver com Ygritte, uma selvagem que ele salvou no segundo livro, e que se mostra mais do que agradecida. Para quem ainda não entendeu, Jon foi até o fim. E foi engraçado ler tudo isso, porque ao mesmo tempo que ele quer ficar fiel ao juramento de não tomar mulher nenhuma e não gerar filhos, os hormônios em ebulição fazem com que ele se esqueça bem rápido do juramento, e se atormente depois. E uma coisa que Ygritte não se cansa de repetir é “You know nothing, Jon Snow”. É mesmo, Jon: “you were wrong to love her; you were wrong to leave her”. E ele finalmente se dá conta de que quer, e no fundo sempre quis, Winterfell. E pela primeira vez mostra um pequeno ressentimento em relação a Robb por ele ser o verdadeiro herdeiro de Ned.
E falando em Winterfell, após a destruição da fortaleza por Theon Greyjoy, Bran, que todos acham que está morto, sai com Meera, Jojen e Hodor rumo ao Norte e à procura do tal corvo de três olhos. E nesse caminho, ele até cruza com Jon, mas é impedido de revelar que está vivo. E também conhece Sam Tarly, num encontro muito significativo, para ambos (falo de Sam já, já). E o dom de Bran está ainda mais forte, mas ele já tem mais controle sobre ele. E já que estou falando de Bran, vou aproveitar e falar um pouquinho de Jojen. Não sei, apesar de toda a ajuda que ele aparenta dar a Bran, tem algo muito esquisito com esse garoto. Ele me dá arrepios.
E por falar em Theon, apesar de tudo que ele fez em Winterfell, mantenho que ele ainda vai se redimir. Não adianta, adoro Theon e pelo que entendi, ele ainda não morreu, apesar de ser capturado pelos crimes que cometeu em Winterfell (pelos quais ele chegou a se arrepender). E só há uma pessoa capaz de despertar a motivação nele: Robb, a única pessoa a quem ele é fiel até morrer.
E, como eu disse antes, Sam. Ele tem voz nesse livro, e apesar de dizer o contrário, ele tem muito mais coragem do que pensa. Com a derrota dos patrulheiros no Punho, Sam escapa, com muito esforço. Nesse caminho, ele consegue uma façanha extraordinária, o que vai lhe valer o apelido (que ele detesta) de Matador. E, como ele havia prometido no segundo, voltou e salvou Gilly, com quem faz a última parte da viagem até o Castle Black. Sam ainda vai surpreender. Vamos colocar da seguinte forma: ele é o Neville Longbottom das Crônicas, e, assim como Neville, ele vai mostrar porque está na Patrulha. Ele até já começou. Mais para o final, ele sozinho arquiteta um plano para interferir nas eleições para o novo Lorde Comandante da Patrulha, já que o Velho Urso morreu numa traição arquitetada por alguns de seus próprios homens. Sam é esperto, e pode apostar que ele vai ser responsável por muitas outras façanhas.
Arya, depois de ter escapado de Harrenhall, segue em busca de sua mãe. Só que as coisas não saem bem como ela gostaria, e ela vai achar um aliado muito improvável. E, se eu não disse antes, digo agora: ela vai reencontrar sua loba, Nymeria, que ela foi obrigada a deixar de lado no caminho para Porto Real. E ela está mais próxima do que imagina. E Arya está cada vez mais arisca, quase uma sem-lei. Ah, e ela ainda descobriu quem é a mãe de Jon, mas não vou dizer nada para não dar mais spoilers do que o necessário.
Daenerys continua em seu caminho, recrutando tropas e conquistando cidades. Ela está ainda mais madura, e um até um tanto implacável. E sofre mais juma traição, desta vez de alguém mais próximo. E lembrem-se que ela será traída três vezes, uma vez por poder (já aconteceu), uma vez por dinheiro e uma vez por amor. Acho que esta última ainda vai demorar um pouco, mas tenho algumas ideias. Não podemos esquecer que Ser Jorah Mormont é apaixonado por ela, mas ela não corresponde. Isso é um fato importante. E também não acho coincidência que seu braço direito seja filho do falecido Lorde Comandante da Patrulha da Noite. E seus dragões despertam muita cobiça por onde ela passa. E não se esqueçam, Bran vai voar, dragões tem asas… Só uma coisinha para pensar. Posso estar errada, afinal, quando acho uma coisa, George Martin dá uma guinada na história. Mas para quem já leu alguma coisa na vida, tudo se encaixa muito bem.
Falta eu falar de Davos e Stannis. Este continua sob influência de Melisandre, a feiticeira, que na prática é quem governa mesmo. E Davos, após cair em desgraça pela derrota em Porto Real, começa o livro como prisioneiro, em luto pelos filhos que perdeu na batalha. Mas continua fiel ao rei e ainda é um de seus conselheiros mais influentes. Ele vai ser responsável por uma verdadeira reviravolta na história. E quanto a Melisandre, não se enganem. Ela é ambiciosa e está acostumada a conseguir o que quer. Eu já disse que ela dá medo. Mas admito que estou curiosa: de onde ela vem? Quais suas verdadeiras intenções? Pessoalmente, acho que ela merece queimar como as suas oferendas ao seu deus. Mas como disse antes, sempre que acho uma coisa, George Martin dá uma virada. é esperar para ver.
Para mim, este foi o melhor, por enquanto. E olha que os outros dois foram muuuuito bons. Já aviso para se prepararem, porque cabeças importantes irão rolar. E também aproveito para dizer que não gostei de uma coisinha que acontece no final, mas podem ficar tranquilos, que se for falar algo, será quando resenhar o quarto, que vou ler muito em breve (assim, semana que vem no máximo eu começo).
Trilha sonora
I don't wanna be, do Gavin DeGraw é perfeita para Jon e também Dany. Ainda, especificamente para Jon neste livro, que está em Disarray, do Lifehouse. Confira a letra. É Jon do começo ao fim. E ainda Face and ghost (the children's song), de outra banda que eu amo, o Live.
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