O Historiador consumiu 10 anos de pesquisas da autora, Elizabeth Kostova, e é inspirado na história real de Vlad, o Conde Drácula, numa mistura magistral de folclore e mito, com preciosos dados históricos, antropológicos e geográficos. Mas a explicação de seu imenso sucesso está na força dramática do seu enredo e na imensa vitalidade de seus personagens.
Certa noite bem tarde, ao explorar a biblioteca do pai, uma jovem encontra um livro antigo e um maço de cartas amareladas. As cartas estão todas endereçadas a "Meu caro e desventurado sucessor", e fazem mergulhar em um mundo com o qual ela nunca sonhou - um labirinto onde os segredos do passado de seu pai e o misterioso destino de sua mãe convergem para um mal inconcebível escondido nas profundezas da história.
As cartas fazem alusão a um dos poderes mais maléficos que a humanidade jamais conheceu, e a uma busca secular pela origem desse mal e sua erradicação. É uma caça à verdade sobre Vlad, o Empalador, o governante medieval cujo bárbaro reinado gerou a lenda de Drácula. Gerações de historiadores arriscaram reputação, sanidade, e até mesmo as próprias vidas para conhecer essa verdade. Agora, uma jovem precisa decidir continuar ou não essa busca - e seguir seu pai em uma caçada que quase o levou à ruína anos antes, quando ele era um estudante universitário cheio de energia e sua mãe ainda era viva.
“A você, leitor sagaz, confio minha história… porque o mal nunca termina.”
Já fazia tempo que esse livro estava na minha estante (sério, desde a bienal de 2010! #vergonha), mas não sei porque demorei tanto para ler. Afinal, ele junta história (que eu amo) e vampiros. Não precisava mais nada. Finalmente, criei coragem e o peguei da estante.
Em 1972, então com 16 anos, uma jovem que não é nomeada (se for pela introdução, somos levados a crer que se refere à própria autora, mas tenho minhas dúvidas), encontra na biblioteca de seu pai um misterioso livro e cartas endereçadas a “Meu caro sucessor”. O livro é pequeno e não tem palavras, somente a ilustração de um dragão de cauda enrolada no meio. E ela sabe que de algum modo este livro está ligado ao passado de seu pai, e ao desaparecimento de sua mãe. E, ao interrogar o pai, este diz que ela já tem idade para saber a verdadeira história.
O pai, Paul, é um professor universitário americano, mas vive com a filha em Amsterdã. Seu trabalho para a embaixada americana faz com que ele viaje muito, e ele sempre leva a filha. E ao contar a história de sua vida, que envolve um segredo e um mal que deve ser sussurrado com cuidado. Isso começa quando Paul, ainda um jovem pós-graduando em História, se depara com o tal livrinho, e embarca numa investigação sobre a vida de Vlad Tepes, ou Vlad, o Empalador, rei da Valáquia. Mas você,caro leitor, talvez o conheça por Drácula. Mas a busca não é sem risco e de graça, e quando seu orientador, professor Rossi, desaparece misteriosamente, em meio a uma poça de sangue em seu escritório, a busca toma o caráter de um resgate.
Rossi foi quem primeiro iniciou a busca por Vlad, também ao receber um livrinho estampado com um dragão. Sua busca o levou até a Romênia. Guarde isto, vai ser importante. E depois da Romênia, inexplicavelmente, Rossi simplesmente deixa de procurar, e leva sua vida normalmente, como se nada tivesse acontecido. Só o que resta são cartas que ele deixou para trás. Até que retoma a busca, por causa de Paul, e desaparece.
Bom, daí, como eu disse, é Paul que retoma as buscas, agora mais por seu orientador do que pela tumba de Drácula em si. Paul vai seguindo pistas que o levam a diversos lugares exóticos, da beleza oriental da Hagia Sofia, em Istambul, até as montanhas sombrias da Transilvânia. E a cada lugar, mais um segredo se desvela, e mais um perigo se aproxima. Paul é um pesquisador nato, com a mente curiosa própria dos acadêmicos. Mas também é protetor, e determinado, não é de deixar nada para trás.
No meio de sua busca, Paul encontra Helen, uma pós-graduanda a princípio distante e até grosseira, mas que aos poucos vai mostrando que também pode ser sensível. Ela tem a mesma curiosidade acadêmica que Paul, e a mesma determinação, porém ela é motivada por despeito (e não, não vou dizer porquê, para não dar spoiler), mas com o decorrer da história, ela vai ver que nem tudo é preto ou branco como ela acha. Sua vida acaba correndo risco durante a busca pela tumba de Drácula, e logo a investigação se transforma num macabro jogo de gato e rato.
Ainda durante essa investigação, Paul e Helen encontram mais personagens interessantes, como o professor Turgut, um turco muito simpático e acolhedor, e que acaba sendo de grande ajuda para os dois. Ele é mais do que professor, mas vou deixar para você descobrir quando ler. E também o professor Stoichev, um senhorzinho com jeito de vovô muito amável, mas que é perseguido pelo governo búlgaro (acho. É comunista, anyway). E claro que a busca também desperta o interesse de alguns personagens mais tenebrosos, como Ranov, o guia do casal na Bulgária, e Géza József, outro professor, mas que trabalha para o outro lado. Além de um ser misterioso que entrega os livrinhos e aparece e desaparece do ar.
E você deve estar se preguntando: e a jovem do começo? Bom, ela começa uma busca própria depois de seu pai desaparecer. Ela cresceu muito resguardada e não sabe nada do mundo afora, mas se enche de coragem e vai atrás do pai mesmo assim. Ela tem a mesma determinação, e uma motivação a mais: descobrir o que de fato aconteceu a sua mãe. Ela não está sozinha. No caminho encontra Bradley, um estudante inglês que conhece em Oxford, numa visita com seu pai, e que acaba embarcando na viagem com ela. Bradley é esperto e tem a mente aberta (claro, pra embarcar nessa doideira com a menina sem enlouquecer, tem que ser), e também é muito protetor.
A narrativa é dividida entre diversos personagens: a menina, Rossi, Helen, mas sobretudo de Paul. É interessante, mas demora um pouco para engatar, e às vezes, sobretudo nas partes narradas por Rossi, em forma de carta, achei arrastada, mesmo quando contando uma cena empolgante. Outra coisa que não me agradou muito é que não há um trabalho muito bem desenvolvido com os personagens, com exceção de Helen. Isso porque a prioridade é a investigação sobre Vlad Tepes. E também o final foi meio corrido e deixou algumas pontas soltas. Não cliff-hangers para uma continuação, simplesmente pontas soltas: o que aconteceu a Bradley? E Turgut? Como ficou a vida dos que se envolveram na busca depois dela terminada? Não há respostas, somente algumas pistas vagas, e final mesmo só tem Helen e Paul. Mas não se engane. A trama é boa, e interessante, misturando fatos históricos e ficção. A autora se baseou em uma extensa pesquisa sobre os Bálcãs medievais, seus costumes (que perduram até hoje, ou pelo menos até a época em que se passa a história), e na vida de Vlad, o Empalador. Há também muita coisa interessante no livro sobre o Império Otomano, e a descrição dos lugares é brilhante. A gente se imagina lá. E há partes da narrativa que são muito empolgantes, e a gente não quer desgrudar. Não é uma leitura muito fácil a princípio, mas fascinante.
Trilha sonora
Não poderia ser história de vampiro e não ter Sympathy for the devil, como Guns‘n’Roses. Também Time is on my side, Rolling Stones e A beautiful lie, do 30 seconds to Mars e Fear of the dark, do Iron Maiden.
Se você gostou de O Historiador, pode gostar também de:
- Drácula – Bram Stoker;
- O enigma do oito – Katherine Neville (não li esse, vi na lista de similares do skoob).
Confesso, não conhecia esse livro! "O Historiador" nem estava adicionado no meu skoob... Enfim, fiquei curiosa, porque também amo história (toca aê, Fernanda õ/ haha), mas fiquei mais ainda pelo fato da autora ter feito uma pesquisa para escrever esse livro. Não sei, mas na minha cabeça, autores que desenvolvem tramas baseando-se em fatos históricos e fazendo grandes pesquisas (como o divo/mestre Bernard Cornwell) merecem ter suas obras ao menos lidas. Além disso, eu curto o Drácula... Acho que eu posso gostar do resultado final... Bjão
ResponderExcluirJéssica
Oi Jess!
ResponderExcluir"divo/mestre Bernard Cornwell" - AMEI! E é verdade :)
Acho que você vai gostar mesmo. Apesar de se arrastar às vezes, o livro é legal e vale a pena.
Beijos!
Fê
Fernanda, sinceramente, Drácula nunca foi uma história que chamou minha atenção, nunca curti vampiros, como também não curto lobisomem. Gosto mesmo de bruxos e zumbis. Com sua resenha, eu me animei a ler este livro. E concordo com a Jéssica que disse que os livros foram escritos em cima de pesquisas dos autores devem ser lidos, como o mestre Bernard (ainda lerei todos os livros dele, não quando, mas lerei, rs).
ResponderExcluirAbraços!
Oi Vitor!
ResponderExcluirMesmo não curtindo vampiros, esse livro vale a pena pela pesquisa, é muito interessante. E tem o mistério também, dá uns arrepios de medo.
Beijos!
Fê
esse livro é MUITO bom, só isso que tenho pra dizer.
ResponderExcluirOi Julia!
ResponderExcluirEu acho que a autora poderia ter desenvolvido algumas coisas melhor, mas no geral, sim, é muito bom.
beijos!
Fê
É uma excelente obra, realmente! Ganhei esse livro de presente de aniversário em 2007 e confesso que o reli mais duas vezes huauhauha! A descrição dos lugares é muito rica e a mescla da ficção com os fatos históricos é feita de forma muito bonita! Certamente um dos meus livros de cabeceira! Para quem curte romance envolvendo o Drácula, leiam "Drácula: O Homem por Trás do Mito" da escritora brasileira Roberta Zugaib! Vocês vão adorar!
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