sábado, 27 de novembro de 2010

Morte de Tinta

 

morte de tinta Mundo de Tinta é um universo onde ficção e realidade se confundem e também o nome da trilogia iniciada com o best-seller Coração de tinta, seguida de Sangue de tinta e que chega agora ao fim com Morte de tinta. Nesse universo, um "língua encantada" é alguém que, ao ler uma história em voz alta, tem o poder de trazer o mundo dos livros para a realidade, assim como viajar ele mesmo, e levar quem estiver por perto, para o mundo fantástico da palavra escrita. É o que aconteceu com Mo, um encadernador de livros, e sua família, quando um dia, ao ler em voz alta seu livro favorito - Coração de tinta -, ele manda a mulher para o mundo da ficção, trazendo em seu lugar alguns vilões da trama. Mo e sua filha Meggie acabaram transitando entre essa fronteira; viveram um bocado de aventuras nessas viagens e conheceram milhares de personagens incríveis - muitos deles malvados até a alma. Desta vez, com a ajuda de Dedo Empoeirado, Farid, Resa e Violante, Mo enfrenta o mais terrível de todos os vilões, o Cabeça de Víbora, numa batalha final, de vida ou morte. Mas, antes dela, personagens já conhecidos dos livros anteriores vivem suas aventuras. Fenoglio, o autor de Coração de tinta, tem que combater Orfeu, plagiador que se utiliza de passagens de seu livro para reescrever e manipular a história. Meggie, ao se apaixonar por Farid, se depara com as alegrias e decepções do primeiro amor. Resa, mãe de Meggie, traz em seu ventre um novo herdeiro. E Mortimer, nosso herói, que no Mundo de Tinta assume a personalidade do Gaio, espécie de Robin Hood, tem que lutar contra o próprio personagem que interpreta, já que pouco a pouco começa a se confundir com ele e a se esquecer de quem é no mundo real.

 

Como já disse, ainda bem que minha amiga me emprestou Morte de Tinta, porque eu não ia conseguir esperar muito pra ler. E devorei. Era difícil largar. Eu não via a hora de chegar em casa para ler. E, no final, fiquei enrolando porque não queria acabar.

Agora todos estão no Mundo de Tinta, e Mo finalmente mostra do que é capaz. Assumindo o papel do Gaio, ele agora tem que lutar contra o acordo que tinha feito com Cabeça de Víbora no livro anterior. E acaba revelando que ao fazer o acordo tinha um plano. Ele só não contava com a Morte interferindo, e agora ele tem que lutar também por Meggie. Ele está bem diferente dos outros livros, quase não dá pra reconhecê-lo, mas confesso que eu prefiro ele assim. Ele aprendeu a matar, e pegou gosto na coisa. Virou um verdadeiro soldado. Admito que às vezes dá até medo. Mas é uma delícia ver Mo desse jeito. E ele está ainda mais aterrorizador, porque já enfrentou a morte, e não tem medo dela. Tem medo por Meggie, mas ele mesmo não.

Dustfinger também volta, com um tremendo upgrade. E, se eu já gostava dele, agora gosto mais ainda. Ele continua sarcástico e enigmático, mas trouxe alguns truquezinhos bem legais da terra dos mortos. E, como Mo, não tem medo da morte. Como ele mesmo faz questão de mostrar a seus inimigos. Uma coisa não mudou: seu amor por Roxane. E acho que isso está até mais forte.

Meggie começa a sofrer as primeiras dores do amor. Apaixonada por Farid, ela vai ter uma baita decepção. E bota confusão na cabeça da garota. Além de Farid, ela também estraçalha o coração de Doria, um garoto que faz parte do bando dos ladrões (embora ele não seja um). E sua cabeça dá um nó. Ela está mais madura, e demonstra isso, para desolação de Mo e Resa. E também mostra que é tão teimosa como Mo. Ela é bem geniosa, o que ainda não tinha aparecido. E agora, tem muitos motivos para se preocupar. Mesmo nessa bagunça emocional, ela ainda é atenciosa e generosa, como mostra com as crianças.

Farid está mais revoltado, mas no começo ainda sofre muito com a falta de Dustfinger, o que causa muito ciúme em Meggie. Mas ele acaba provando do mesmo veneno quando Doria aparece na vida de Meggie. Agora ele já não é mais o aprendiz, já consegue domar o fogo tão bem como Dustfinger, e esse talento vai ser bem útil nas batalhas. E ela já não está mais tão medroso. Parte pra cima mesmo. Mas também, sofre horrores na casa de Orfeu no começo. Chega a dar pena, mas sua determinação em trazer Dustfinger do mundo dos mortos é grande e faz com que ele suporte tudo.

Orfeu. Taí um cara de dar medo. Ambicioso, ele só faz ler tesouros para si mesmo, e só se alia a quem ele acha que pode lhe trazer mais vantagens. Ele é o responsável por grande parte das reviravoltas desse livro, com seu poder de silver tongue. Para a revolta de Fenoglio. Ele faz tantas mudanças no Mundo de Tinta que não dá pra saber onde a história vai. E também traz a vidas uma das criaturas mais aterrorizantes, capaz até de colocar medo em Dustfinger: o íncubo. E continua arrogante. Só que agora rico, o que é uma combinação perigosa. Tem um ódio desmedido de Mo, mas não fica muito claro porque. E também de Dustfinger, mas esse é por puro despeito. Tudo bem, ele não é mulher, mas se aplica: hell hath no fury like a woman scorned.

Cabeça de Víbora, mesmo enfraquecido pelo ardil de Mo (não vou dizer qual é), ainda é uma ameaça. E continua o mal em pessoa (apesar de eu preferir Mortola, mas ela não aparece muito. Mas quando aparece, pode torcer por uma maldade daquelas). Seu corpo está apodrecendo em vida, mas sua mente continua alerta e sua sede de vingança é imensa.

E Violante tem participação maior. Determinada a derrotar seu pai, ela se alia a Mo e Dustfinger, mas suas intenções nunca são bem claras. Minhas suspeitas sobre ela se confirmaram: ela é mesmo uma mulher forte, escondida sob uma fachada de fragilidade e juventude. Ela comanda todo um pelotão de soldados bem embaixo do nariz de seu pai, e ele não tem ideia até alguém lhe contar seus planos. Mas ela vai sofrer por isso, o que será o grande erro de Cabeça de Víbora (além de aprisionar o Gaio e Dustfinger).

O livro tem um ritmo melhor que os outros dois, mas eu sinceramente esperava mais do final. Alguma coisas Cornelia Funke entrega muito cedo, e pra mim ficou faltando um epílogo. Tudo bem , tem aquela história do nascimento do filho de Mo e Resa, mas ainda assim ficou faltando algo. Ela deixou muitas coisas em aberto. Será que isso significa que podemos esperar mais aventuras no Mundo de Tinta? Espero que sim.

Curiosidade

coração de cavaleiro Como nos outros dois, no começo de cada capítulo há uma citação de algum outro livro: da Godess Rowling (Cálice de fogo), Markus Zusak ( A menina que roubava livros) até Carlos Drummond de Andrade (A procura da poesia). Mas a curiosidade é que no capítulo 7 (Uma visita perigosa), a citação é de Geoffrey Chaucer. Sabia que quem interpretou ele em Coração de Cavaleiro (ai, saudade do Heath Ledger! RIP) foi Paul “Dustfinger” Bettany? E, falando em citações, no capítulo 5 (Fenoglio tem pena de si mesmo), a citação da Godess, Rowling de O Cálice de Fogo, Aqui está bonitinho, mas no capítulo 41 (Imagens feitas de cinzas), o crédito está Harry Potter e o cálice sagrado…Hello! O cálice de fogo não é o Santo Graal! Isso sem contar os erros de português (sela, de cavalo, com “C”). Cadê a revisão do livro?!

Trilha sonora

Claro, de novo Neverending story, do Limahl. Mas também Live and let die, com o Guns (sem desmerecer Paul McCartney, mas com o Guns é melhor) especialmente para o Gaio, e Bleed for me, do Saliva (também trilha sonora de Demolidor – O homem sem medo, que aliás é muito boa), que se aplica a vários personagens. Olha um trecho da letra:

All I ever wanted
was to be at your service
but now I'm alone
cause you were here and you're gone
And all I ever wanted
was to feel I had a purpose
but now that's all gone

E, para Dustfinger e Roxane (e também para Meggie e Farid), On Fire, do Switchfoot:

And you're on fire
When He's near you
You're on fire
When He speaks
You're on fire
Burning at these mysteries

Se você gostou de Morte de Tinta, pode gostar também de:

  • coleção Harry Potter – J. K. Rowling
  • coleção da Herança – Christopher Paolini
  • A História sem fim – Michael Ende
  • O trílio negro – Marion Zimmer Bradley
  • A dança na floresta – Juliet Marillier

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O inimigo de Deus

 

O inimigo de deus De novo, eu sei que já escrevi sobre a trilogia toda, mas como estou relendo, me lembrei de mais algumas coisas e tenho mais algumas considerações.

Neste segundo volume, Merlin está de volta e Artur, depois de muita guerra, finalmente consegue sua paz. Mas, sendo a Britânia de Artur, claro que a paz não dura muito.

Lancelot começa a mostrar as caras, e aparece mais. Ao contrário de todas as histórias que conhecemos de Artur, Lancelot não é exatamente o cavaleiro perfeito. Bem o oposto disso. É ambicioso, extremamente vaidoso (sim, segundo essa versão ele foi o primeiro metrossexual) e, acima de tudo, um covarde. Claro que sua fama é outra, mas isso não passa de fraude, pois ele paga aos bardos para que escrevam canções que o favoreçam. Mas não se deixem enganar. Por trás dessa fachada, se esconde um homem calculista, traiçoeiro e dissimulado. Ele consegue seduzir quem quer que seja, e sabe muito bem com quem deve se aliar (geralmente com pessoas influentes).

Sansum também aparece, sempre maquinando para ter o máximo de poder. Para isso, ele se aproxima de Lancelot, e trama toda a traição sobre Artur. Ele é a mente por trás de tudo, mas como sempre, tem o dom de permanecer nas sombras. Sob o pretexto de ter um rei cristão, ele associa o peixe do escudo de Lancelot como símbolo, e incita a revolta dos cristãos. Volto nisso mais tarde. Só que em busca do poder, Sansum não hesita em se aliar até aos druidas Dinas e Lavaine (já falo deles), apesar de serem pagãos. Para Sansum, não importa qual a religião dos seus aliados, desde que essa amizade lhe traga vantagens.

Dinas e Lavaine. Netos de Tanaburs, eles querem vingança por Derfel ter tirado a vida de seu avô. Passam a imagem de sábios, mas são frios e calculistas, e sádicos. Muito sádicos. Só que eles não tinham idéia de quem estavam provocando ao chamar Derfel pra briga. Não vou dizer o que eles fazem, basta dizer que algo que muda a vida de Derfel, e eles vão pagar caro por essa ofensa. Sinceramente, eles me dão medo.

Os cristãos, incitados por Sansum, estão em estado de euforia porque Cristo voltaria em 500 AD (no livro, faltam 4 anos), e o fanatismo se espalha como fogo na palha. E, com o pretexto de livrar a Britânia dos pagãos como preparativo para a vinda do Senhor, eles cometem os atos mais violentos, desde auto-flagelação até tortura e assassinato dos pagãos. Chega a ser desesperador ler essas passagens de fanatismo. E o nome do livro vem daí: como Artur era pagão, os cristãos o viam como o inimigo de Deus, apesar de, nas palavras de Derfel, ele sempre ter respeitado todas as religiões, até mesmo o culto de Ísis de Guinevere, que é o que vai ser o golpe mais profundo em Artur.

Mordred já não é mais criança, e finalmente assume o trono. Ele é simplesmente desprezível. Sabe que é o rei, e quer todos os benefícios do cargo, mas não tem capacidade para governar. Detesta Artur, e especialmente Derfel. É arrogante, mas burro. Tem tendências à violência e adora pisar nos outros. Sempre impune, claro. Uma das melhores partes é quando Derfel dá uns tapas na cara de Mordred, já coroado (mas também é triste).

Mas nem tudo é tragédia. Como já disse, há paz, e Derfel finalmente consegue sua Ceinwyn (acho que dessa vez acertei. Ô nominho difícil!) e os saxões deram uma trégua. Só que é exatamente por isso que o fanatismo explode e as traições são mais graves, como é explicado no livro. E, nesse meio tempo Derfel faz uma descoberta chocante sobre seu passado.

O livro, na minha opinião, é melhor que O Rei do Inverno, e deixa um bom gancho para Excalibur. E o ritmo é muito bom também, dá pra ler bem rápido. Recomendadíssimo!

Trilha Sonora

How you remind me, do Nickelback. Tema perfeito para Artur

domingo, 21 de novembro de 2010

As Duas Torres – versão estendida

 

the two towers Claro que depois de assistir a versão estendida de A Sociedade do Anel, eu estava muito ansiosa para assistir As Duas Torres. Não é nada que eu já não tenha visto, mas, de novo, já fazia tempo e eu não me lembrava de algumas coisas.

A melhor coisa desta versão é a cena em que os hobbits acham comida em Isengard, depois do ataque dos ents. Mais uma cena típica dos hobbits, e extremamente divertida. Em segundo lugar, fica o final da disputa entre Legolas e Gimli para saber quem matou mias orcs, no Abismo de Helm’s Deep. Um resultado surpreendente e uma cena engraçada, com uma amostrinha de que os elfos também podem sentir alguma coisa. Repito: é por isso que Legolas é o único elfo de quem eu gosto.

Esta versão também explica melhor algumas coisas, que, no filme, são importantes, mas que ficaram de fora no corte final. Aqui, dá para saber porque Faramir quer tão desesperadamente levar o Anel para Gondor e seu pai. Vivendo à sombra de seu irmão Boromir, ele tem que se provar constantemente diante de Denetor. Isso não acontece tão explicitamente no livro, onde ela parece até ser imune ao poder do Anel, mas aqui proporciona bons momentos. E temos mais um pouquinho de Boromir (eba!). E mostra também que Faramir está bem a par das intenções de Gollum.

Há também Éomer encontrando seu primo, quase morto depois da emboscada dos orcs. Explica a morte dele, bem como mostra como Rohan estava sofrendo com Isengard. Pena que ficou de fora.

Também acrescenta a vinda das árvores para o Abismo, em auxílio de Aragorn e cia. Isso acontece no livro, e, não sei porque, tinha ficado de fora na versão que foi para o cinema. É uma seqüencia curta, que não tomaria muito tempo.

O entebate também está mais longo, e Barbárvore canta sua canção sobre as entesposas. Dá uma ideia melhor do porque os ents estavam tão reticentes de entrar na guerra e também de sua natureza vagarosa. Ainda sinto falta de Tronquesperto, o ent precipitado (ele leva só um dia para decidir…), mas ainda vale. E também há uma cena divertida nesse núcleo.

Novamente, o tempo passa rápido e nem parece que são quase 4 horas de filme. E, se não disse quando fiz a resenha do livro, prefiro o final do filme, que não deixa a gente na expectativa do que vai acontecer, porque termina um pouco antes do livro.

Para dar um gostinho:

The two towers - extended version

sábado, 20 de novembro de 2010

Harry Potter e as Relíquias da Morte – parte 1

 

HP 7 E não é que minhas expectativas sobre o filme foram em vão? Foram necessários dois filmes medíocres para que David Yates finalmente aprendesse alguma coisa sobre o universo de Harry Potter e, ao invés de licenças poéticas desnecessárias e que nada tinham a ver com os livros, em As Relíquias da Morte, mais fiel ao livro, ele acertou.

Claro que ainda há algumas liberdades que ele tomou no filme, mas, ao contrário dos outros filmes, aqui, elas funcionam bem. A principal delas, e, tenho que dar o braço a torcer, um toque de brilhantismo, foi mostrar Hermione em sua casa, alterando a memória de seus pais. A cena é tocante, e eu quase chorei. E Emma Watson dá show de interpretação nela.

Aliás, quanto à interpretação, Daniel Radcliffe saiu de sua apatia e volta a ser o bom ator que era antes da era Yates. Agora dá pra perceber seu talento. A cena dos sete Potters é muito divertida e bem feita. E essa é só um exemplo. Rupert Grint também mostra seu talento, agora, em vez de cômico, dramático. A cena que ele e Harry brigam, antes de Ron fugir, mostrou um belo duelo entre os dois atores. Não dá pra saber quem está melhor.

O filme tem um ritmo bom, nem parece que se passam quase 3 horas desde o começo. Também é bem sombrio, e às vezes dá medo. A sequencia da “reunião” na casa dos Malfoy, com a professora de Estudos Trouxas, é de arrepiar. Pena que não mostra todo o terror de Draco. Isso aparece mais evidente quando Harry e cia chegam à casa dos Malfoy, onde dá pra ver que ele se sente absolutamente desconfortável com a situação. E, para mim, quer ele mente deliberadamente para sua titia Bellatrix. De novo repito: pena que Malfoy não tenha muito destaque, porque Tom Felton promete ser um grande ator.

Seu papi, por outro lado, está simplesmente maravilhoso em sua pequena participação. E é uma cena humilhante, quando Voldemort pede sua varinha. E a sempre maravilhosa Helena Bonham-Carter, para variar, brilha mais uma vez como Bellatrix. Despensa comentários.

E o filme tem momentos bem tocantes. Chorei quando Edwiges morre, assim como Dobby. No caso dele, é ainda pior que no livro, já que ele ainda chega com vida a Shell Cottage. Suas últimas palavras são emocionantes, e muito bonitas. Um verdadeiro herói. A cena no cemitério de Godric’s Hollow também é comovente, assim como quando Harry vê sua antiga casa, toda destruída. Quase chorei de novo.

Claro que nada é perfeito. Ficou faltando Monstro contando a história de Regulus. Também o quadro de Finneas na bolsinha de Hermione. Sem ele, como foi que Snape sabia para onde mandar seu patrono para que Harry consiga a espada? E também não explica que a espada no cofre de Bellatrix é uma falsa. Quero só ver como vão explicar isso (se é que vão). E a despedida de Harry dos Dursley está bem melhor no livro (apesar de no filme ser uma sequencia muito bem feita). E, mais uma vez, tentam forçar o tema Harry-Hermione. Tudo bem, dá para entender porque Harry a tira para dançar, mas quem é fã sabe: ISSO NÃO EXISTE!

E eu não podia deixar de mencionar as plásticas dos elfos domésticos. Todo mundo falou do Dobby, mas Monstro também perdeu suas rugas. Dobby, sendo um elfo liberto até pode ter ido numa clínica de estética, mas Monstro? (hehehe).

Enfim, assistindo a parte 1, me deu esperança para a parte 2 (ai, só daqui a seis meses! Como eu queria ter um Vira Tempo!). Tomara que a parte dois continue, porque é a parte mais importante. E, se eu já chorei nesse, imagina na segunda parte. Vou desidratar!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A Sociedade do Anel – versão estendida

 

tlotr Para quem ainda não sabe, a Warner finalmente, após escandalosos quase 10 anos, resolveu dar ouvidos ao público brasileiro, e acaba de lançar as versões estendidas de O Senhor dos Anéis, numa embalagem bem caprichada, que lembra livros antigos e com desenhos maravilhosos. E eu, louca pela trilogia que sou, tratei logo de garantir a minha. E ontem, aproveitando o feriado, já assisti a primeira parte.

Eu já tinha assistido daquela vez que passou no cinema, mas já faz muito tempo, e eu já não lembrava das cenas adicionais. E posso dizer que vale a pena. De cara, o que eu mais gosto desta versão é que Boromir tem mais espaço. Eu já gostava muito da atuação de Sean Bean, um dos meus atores preferidos (eu sei que falo isso de quase todo ator que eu menciono, mas fazer o quê? É o que acontece com quem gosta muito de filmes), principalmente, se ainda não falei (e se falei digo de novo) na cena da morte de Boromir, na minha opinião uma das melhores sequências do cinema, desde a primeira flechada. Muitíssimo bem executada. E agora que ele aparece mais, tanto melhor, mais para nosso deleite.

Outra ótima sequência acontece logo no começo, com Bilbo apresentando os hobbits, falando um pouco deles. É uma pena que acabou cortada da versão final, porque é divertidíssima. E dá uma ideia bem precisa dos hobbits para quem não leu os livros e não está bem familiarizado com esse pequenos seres.

E mais uma sequência que poderia ficar na versão que foi pro cinema é justamente um diálogo entre Boromir (sim, ele de novo) e Frodo, em que o primeiro fala para o último que ele já carrega um fardo muito grande e que ele não deve carregar ainda o peso da morte. Esse pequeno diálogo acontece na floresta de Galadriel, logo após a “morte” de Gandalf. É uma cena rápida e tocante, que poderia ficar na versão mais curta sem prejuízo algum. Ao contrário, ela mostra que Boromir tem a alma boa, e que o anel corrompe até os mais puros de coração.

Essas são as duas sequências que eu gostei mais, mas há muito mais. A jornada dos hobbits com Aragorn depois de Bri está mais longa, assim como a de Frodo e Sam ao sair do Condado; Sam já nota, neste primeiro, que Frodo, apesar da resistência que tem ao anel, já mostra sinais de que o anel toma suas forças; Galadriel distribui mais presentes, e mostra um pouco mais da devoção de Gimli por ela; a sequência em Moria está mais longa e mais assustadora; o conselho de Elrond está mais longo (haja paciência)…E eu quase esqueço de outra cena bem típica dos hobbits: Legolas nos mostra o pão lembas, e diz que uma mordidinha já é suficiente. Claro que ao Merry e Pippin já comeram quatro cada um. Hilário:)

Se antes o filme já era perfeito, agora está ainda melhor. E as quase quatro horas passam num piscar de olhos. Quando a gente vê, a Sociedade já está se separando. Uma ótima pedida para os fãs de Tolkien (e até para quem não gosta muito).

E só pra dar um gostinho:The fellowship of the rings - exteded version

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sangue de Tinta

 

inkbloodSaboreie cada palavra, Meggie”, a voz de Mo sussurrava dentro dela. “Deixe-as derreter na boca. Está saboreando as cores? O vento e a noite? O medo e a alegria? E o amor. Saboreie, Meggie, e tudo despertará para a vida”( Coração de Tinta – p 435)

Meggie aprendeu tão bem a arte de seu pai – a de dar vida às palavras dos livros ao lê-los em voz alta, fazendo seres das histórias surgirem à sua frente como que por mágica – que desta vez dá um jeito de entrar ela mesma no mundo fictício de Coração de Tinta. Dustfinger, personagem que desde o primeiro volume desta trilogia buscava o caminho de volta para casa, finalmente consegue encontrar Orfeu, um homem baixinho e de rosto esburacado que consegue enviá-lo de volta para dentro do livro. Por sua causa, Meggie acaba indo para lá também.

A menina então conhece um universo encantado, suas cores, seus cheiros e seus habitantes. Vai dos confins da Floresta Sem Caminhos às vielas estreitas e malcheirosas de Ombra. Tem o prazer de encontrar o Príncipe Negro, Bailarino da Nuvens, as fadas azuis, os elfos do fogo, Quartzo Rosa, Cosme, Brianna e Roxane, entre muitos outros; e o sofrimento de acompanhar as artimanhas de Cabeça de Víbora, Mortola, Basta, Pífaro e Raposa Vermelha.

Infelizmente, apesar de Fenoglio – o autor de Coração de Tinta – ter criado outro desfecho para sua história, e de Meggie, seu pai e sua mãe lutarem contra as maldades do vilão Cabeça de Víbora, por lá, o mau parece imperar…

Outra delícia foi ler Sangue de Tinta. Na minha opinião, é ainda melhor que Coração de Tinta. O mais legal é justamente que a maior parte da história se passa no Mundo de Tinta. Só não gostei muito das partes que se passam no nosso mundo, onde ainda estão Elinor e Darius. Espero que no terceiro eles dêem um jeito de ir parar no Mundo de Tinta também.

Neste volume, somos apresentados a novos personagens, e os antigos estão mais aprofundados. Meggie, por exemplo, está mais madura, a ponto de a gente esquecer às vezes que ela só tem treze anos. Ela está mais independente e segura de si, e acaba até influenciando o rumo da história. Ela aprendeu bem a esconder seu medo, o que lhe dá um tremendo poder.

Dustfinger, de volta a seu mundo, e com sua Roxane ao lado, parece ganhar forças, e, agora sim, no Mundo de Tinta, ele está mais parecido com o do filme, domando o fogo com suas próprias mãos. Apesar das constantes negativas, ele se apega muito a Farid, e também a Meggie, e será responsável por uma das melhores cenas do livro. Continua com ódio mortal de Fenoglio (por que será?), mas sua alma está mais leve, e também está mais determinado. Gosto ainda mais dele neste livro.

Fenoglio, por outro lado, começou a ficar bem irritante. Por ser o autor de Coração de Tinta, acha que sabe de tudo, e faz questão de mostrar sua grandeza (em sua própria opinião) a todo momento: Eu escrevi isso, só podia ser maravilhoso, blá blá blá. Ele ficou um velho chato, e prepotente ainda por cima. Quando ele é convidado por Cosme a morar no palácio, é insuportável como ele sente que esse sempre foi seu destino. Não posso esperar pra ver como ele se sai no terceiro, agora que tem um rival.

Farid também está mais seguro de si, tomando a iniciativa várias vezes (em diversas situações), e se mostra um amigo fiel de Dustfinger. Até demais. Não, não é nada demais, só amizade mesmo, mas seu ciúme de Roxane chega a ser um pouco irritante. Mas Farid vê em Dustfinger não só um amigo, mas algo próximo a um pai, e daí ele não desgrudar um minuto do Domador do Fogo. E é um aprendiz fabuloso. Aprende bem rápido a lidar com o fogo no Mundo de Tinta, a ponto de as pessoas se perguntarem se ele não é filho de Dustfinger.

Mo ainda não mostro todo seu potencial. Tudo bem que neste ele passa boa parte da história doente, mas eventualmente ele mostra tudo de que é capaz. E, apesar de não querer isso, mostra também que seu lugar é no Mundo de Tinta. E Resa volta a falar e mostra que é uma mulher de muita fibra. Não fraqueja nunca, apesar do cansaço e do medo, mesmo na condição de prisioneira de novo. Acho que podemos esperar muito dela ainda.

Dos personagens novos, o que mais me intriga é Orfeu, o jovem leitor que manda Dustfinger de volta. Acho que ele ainda não revelou sua verdadeira identidade, o que ainda vai render muito mistério no terceiro. Ele é um pouco arrogante, mas ainda não apareceu o suficiente para dizer mais que isso.

Dos personagens novos, gostei mesmo é de Roxane. Ela á a mulher de Dustfinger, e deve ter sofrido pacas na sua ausência. Também é uma mulher forte, e agora que tem seu marido de volta, não larga dele por nada. É muito sábia, e respeitada por todos. Detesta Farid, mais por pensar que ele é filho de Dustfinger do que outra coisa. Ela ainda vai ter mais motivos para isso no final, mas acho que até o final da trama ela volta atrás. É muito racional para acreditar em besteiras.

Também gostei muito do Príncipe Negro. Um líder nato, faz de tudo para proteger seu povo. É bem sensato e, como Roxane, não dá ouvidos a conversa fiada. Também é muito respeitado, e um dos melhores amigos de Dustfinger. As poucas aparições que ele faz neste livro são cruciais, e uma certeza de que algo tem que dar certo. E tenho uma pena enorme de Violante, a Feia. Casada com Cosme, ela vê sua vida desmoronar por causa de Fenoglio. Espero que ela tenha uma vida melhor no terceiro.

Dos vilões, a melhor continua sendo Mortola. Amargurada desde a perde de Capricórnio, ela só pensa em uma coisa: vingança. E todas as reviravoltas da história são por causa dela e Basta. Confesso que Mortola me dá medo. Ela é muito sanguinária, mas por outro lado, esse é justamente seu appeal. A história não seria a mesma sem ela. e graças a Deus ela está aí. Basta continua engraçado, com suas superstições, mas também está vingativo, o que no caso dele pode significar a morte para seus inimigos. Mas de novo, ainda bem que ele está na história.

Dos vilões novos, só vale a pena destacar Cabeça de Víbora. Como o nome diz, ele não é brincadeira, mas tem um ponto fraco: morre de medo de morrer, e não hesita em mandar enforcar qualquer um que esteja em seu caminho, inclusive mulheres e crianças. Mas também acredito que ele ainda não tenha se mostrado inteiramente neste livro. É esperar para ver.

O livro tem diversas reviravoltas. Quando a gente pensa que tudo vai encaminhar para um lado, a história dá uma volta de 180 graus. Mas isso não interfere em nada, muito pelo contrário, essa imprevisibilidade é o que faz com que a gente continue lendo. E o ritmo também é muito bom, dá pra ler rápido. E ainda bem que uma amiga me emprestou Morte de Tinta, senão acho que não conseguiria esperar até amanhã para ler.

E mais um detalhe que eu não poderia deixar de mencionar; em dois capítulos, a introdução é de Harry Potter e a Pedra Filosofal, da Godess Rowling. Só por isso já vale a pena. E, apesar de o filme ter um final bem diferente do livro, o dano não é totalmente irreversível, por isso espero que filmem também Sangue de Tinta.

Trilha sonora

Não é lá muito criativo, mas vou de novo com Neverending Story, do Limahl, e as músicas do The Corrs. E ainda All in, do meu querido Lifehouse, e Halfway gone, também deles. E uma da Madonna que eu amo: Dear Jessie. Ela é para criança, mas fala de contos de fadas, então acho que vem a calhar. E Somewhere, do Within Temptation. E ainda Angels, do Robbie Williams.

Se você gostou de Sangue de Tinta, pode gostar também de:

  • Morte de Tinta – Cornelia Funke
  • A História Sem Fim – Michael Ende
  • O Senhor dos Anéis – J. J. R. Tolkien
  • coleção Harry Potter _ J. K. Rowling
  • coleção da Herança – Christopher Paolini

sábado, 13 de novembro de 2010

Coração Valente

 

braveheart Um dos meus filmes preferidos é Coração Valente. Um dos melhores que eu já vi, e, sim, passa até Harry Potter (aliás, me dói o coração, mas não tem nem comparação). E, dia desses, me deu vontade de ver de novo, e morrer mais um pouquinho ao grito de “Freedom” de William Wallace no final(em português, como a palavra liberdade é mais longa, não tem o mesmo impacto).

Claro que o filme não é historicamente preciso, mas algumas coisas realmente aconteceram, como sua mulher, Murron, ser assassinada pelo xerife local, em represália aos atos de rebeldia de Wallace, e a traição por um de seus conterrâneos (para saber mais:William Wallace). Mas ainda é um filme maravilhoso, e, não sei se porque fazia tempo que eu não via, ou se é porque amo tanto a história, mas o fato é que nem pareceu que se passaram 3 horas desde o começo do filme e seu final, que, claro, me levou à lágrimas de novo.

O que me levou mesmo a escrever este post foi que não pude evitar, enquanto assistia, de me lembrar de outra história que eu adoro, e da qual já falei aqui. Estou falando de Mundo Sem Fim. E, o que me levou à conclusão de que talvez ambas fossem ambientadas na mesma época foi justamente aquele chapeuzinho ridículo daquele bispo (juiz, ou seja lá o que for que o cara é no final do filme, aquele que conduz a tortura e finalmente decapitação de Wallace), bem como os acessórios nada discretos que tanto a rainha como a sua aia usam na cabeça. É que lembrei que Caris costumava usar algo parecido.

Mas as semelhanças não param por aí. A cena de tortura de Wallace, apesar de infinitamente mais brutal, me lembra muito a perseguição daquela pobre mulher louca em Kingsbridge, e como o povo todo se juntou ao redor para assistir ao espetáculo. Sem contar a quase condenação de Caris. Além, dos modos bem refinados dos personagens de ambas as histórias.

E eu até que não estava tão errada quanto às duas narrativas serem contemporâneas. Mundo Sem Fim tem início menos de vinte anos após a execução de William Wallace, e o rei da Inglaterra naquela época era Eduardo III, neto de Eduardo Longshanks, o tirano rei inglês de Coração Valente (fonte:Eduardo III). E acho até que a rainha Isabella, mãe de Eduardo III é mencionada no livro de Ken Follett, mas aí já não posso ter certeza.

De qualquer forma, ambos são obras maravilhosas, e um prato cheio para quem gosta de História, ou simplesmente de uma história bem contada, e, apesar da extensão, ambos passam bem rápido, e deixam a gente com saudade dos personagens.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Mais algumas considerações sobre a Saga Crepúsculo

 

Acho que a histeria gerada pela mera presença de Robert Pattinson e (argh!) Kirsten Stweart no Brasil foi o que me inspirou a escrever aquelas outras considerações sobre a saga Crepúsculo que eu tinha prometido há algum tempo.

Em primeiro lugar, não retiro o que disse antes. Continuo gostando da série. É fato que se eu começasse a ler Crepúsculo hoje, em uma semana (ou menos) acabaria Amanhecer. Já disse, é hipnotizante, e é só começar que eu não consigo largar. Não sei como Stephenie Meyer faz isso, mas a série realmente prende a atenção até o final.

Mas agora, depois de pensar mais friamente a respeito, dá pra perceber que há vários problemas com a saga. O pior deles, ao meu ver, é a pentelha da Bela engravidar. Hello! Edward está morto! Nem com todos os tratamentos de fertilidade disponíveis uma “sementinha” de 100 anos sobrevive. O mecanismo para isso é que é teoricamente possível, já que, apesar de morto, tem sangue correndo nas veias de um vampiro. Mas daí a engravidar alguém, é muito pra minha cabeça.

Aí vem outra aberração, a começar pelo nome: Renesmée. Além de ser uma criatura esquisita, meio vampira, meio humana, já pensou quanta terapia a coisinha vai ter que fazer com um nome desse? Achei desnecessária, ela está aí só pra Jacob não ficar sozinho, coisa que ele até merecia. Ou, pra não ser tão ruim com ele, deveria acabar com a Leah. Seria bem feito, ela colocaria o chato no seu lugar. Umas boas porradas não seriam ruins para ele (tough break, não gosto mesmo dele).

Fora que é bizarríssimo o tal do imprinting. A meu ver, é só mais uma amarra para os lobisomens. Por isso eu digo, é melhor ser vampiro, que é mais livre.  Só acho que os vampiros de Crepúsculo deveriam ter menos escrúpulos e se comportar mais como vampiros.

Sim, há várias falhas com a história, que pensando bem, é bem fraquinha, mas não nego, me vicia. Acho que é aquele famoso prazer culpado: é trash, mas eu não consigo viver sem, como Supernatural (ai, Winchester boys são a minha perdição, can’t get enough of them).

Além disso, os filmes contribuíram muito para que a saga perdesse seu encanto. Lua Nova e Eclipse são melhorzinhos, mas o estrago já tinha sido feito com Crepúsculo. E isso não tem nada a ver com incompetência dos atores. Aliás, já disse isso, não acho que Robert Pattinson seja de todo mau ator. É só ver que ele manda bem como Cedric em O Cálice de Fogo, mas quando o cara é mau conduzido, como no caso da saga, não tem muita escapatória a não ser ser medíocre. E essa é a minha teoria para Daniel Radcliffe. Até o Cálice, ele até manda bem, não é tão inexpressivo, mas bastou aquele incompetente do David Yates assumir a direção da série que foi por água abaixo. Quanto ao resto do elenco, Taylor Lautner força muito a atuação e Kirsten Stweart é uma insossa, sempre com aquela cara de peixe morto, com a boca aberta (será que ela não consegue fechar?).

E, a melhor de todos é, sem dúvida, Dakota Fanning, como Jane. Aliás, os vilões, para variar, é que são a verdadeira delícia. Sim, gosto muito de Edward, por seu humor tipicamente sarcástico, tirando barato com outros personagens sem que eles notem (principalmente Bela), como se fosse um segredinho entre ele e o leitor. Mas os vilões é que são as verdadeiras jóias da trama. Pena que o final seja tão anticlimático.

Mudo minha opnião em uma coisa: os vampiros de André Vianco são melhores, e os livros, apesar de uma viajada animal, são melhores. E, claro que existem outros muito melhores, como todos os Harry Potter, Percy Jackson, As crônicas de Artur, coleção Força Sigma, só para citar alguns, mas Crepúsculo ainda é uma leitura agradável, ideal para quando não se quer pensar muito (claro, não requer nenhum esforço).

Dito isto, termino dizendo que está na hora de Stephenie Meyer descer de seu pedestal e começar a agir como adulta e profissional, e aprenda um pouquinho com outros autores, como Rick Riordan e the Godess Rowling. Quem sabe assim ela consegue fazer uma saga com história boa de verdade.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Coração de Tinta

 

Inkheart2 Há muito tempo Mo decidiu nunca mais ler um livro em voz alta. Sua filha Meggie é uma devoradora de histórias, mas apesar da insistência não consegue fazer com que o pai leia para ela na cama. Meggie jamais entendeu o motivo dessa recusa, até que um excêntrico visitante finalmente vem revelar o segredo que explica a proibição. Quando Meggie ainda era um bebê, a língua encantada de Mo trouxe à vida alguns personagens de um livro chamado "Coração de Tinta". Um deles é Capricórnio, vilão cruel e sem misericórdia, que não fez questão de voltar para dentro da história de onde tinha vindo e preferiu instalar-se numa aldeia abandonada. Desse lugar funesto, comanda uma gangue de brutamontes que espalham o terror pela região, praticando roubos e assassinatos. Capricórnio quer usar os poderes de Mo para trazer de Coração de tinta um ser ainda mais terrível e sanguinário que ele próprio. Quando seus capangas finalmente seqüestram Mo, Meggie terá de enfrentar essas criaturas bizarras e sofridas, vindas de um mundo completamente diferente do seu.

 

Assim que vi o trailer do filme eu sabia que tinha que ler Coração de Tinta. Só não sei porque demorei tanto. Só que como assisti o filme antes, eu já sabia de muita coisa. Claro, pra variar, o livro é melhor, mas falo disso daqui a pouco.

O que eu mais gostei ao ler esse livro foi que ele me fez voltar à infância, e me lembra muito A História Sem Fim, um dos meus livros preferidos enquanto eu crescia. Coração de Tinta tem a mesma magia em torno dele (será que é porque ambos os autores são alemães?).

Outra coisa que me agradou muito foi que o começo de cada um dos 59 capítulos de Coração de Tinta traz uma citação de outro livro, e vários deles conhecidos, como O Senhor dos Anéis e o próprio A História Sem Fim. Elas servem como uma introdução para o que está por vir, mas também despertam a curiosidade do leitor para os outros.

E uma coisa que me deixou com um pouquinho de inveja foi a descrição da casa de Elinor. Me apaixonei por sua casa quando vi o filme, com livros por todos os lados e uma vista deslumbrante do Lago Colmo, na Itália. Meu sonho é ter uma casa daquelas (de preferência ser vizinha do George Clooney, que também tem uma villa no lago – hehe). E me corta o coração quando os capangas de Capricórnio queimam os livros (apesar de eu querer fazer fogueirinha com meus livros de lingüística – hehehe).

Dustfinger (desculpa, mas sempre que leio Dedo Empoeirado, na verdade o que leio é Dustfinger, que soa bem melhor, aliás) é meu personagem preferido. Arrancado de seu mundo pela voz suave de Mo, ele está sempre em busca de voltar de algum modo para dentro do livro, e por isso sua lealdade varia, de acordo com o que, a seu ver, o deixar mais perto de conseguir isso. Não que ele morra de amores por Capricórnio, muito pelo contrário, mas Dustfinger tampouco pode ser totalmente fiel a Mo e Meggie, por medo de que, caso Mo consiga o que quer, não vá mandá-lo de volta. Por isso, mesmo frente às traições, acho difícil sentir outra coisa por Dustfinger que não seja pena. Mas apesar de todo seu sofrimento, ele ainda é capaz de provocar Basta, e é, assim, responsável por alguns dos momentos mais engraçados do livro.

Sua sombra é outro personagem interessante. Farid, o garoto que sai de Ali Babá e os quarenta ladrões. Ele é simplesmente fascinado por Dustfinger, e quer a todo custo aprender a domar o fogo, coisa que acaba conseguindo. E sua coragem acaba por ser importantíssima no final. Ele também é fascinado por nosso mundo, e não é para menos. No livro, ele apanhava, passava fome e era obrigado a roubar para sobreviver. Sua vida no nosso mundo melhora consideravelmente, e ele não quer voltar.

Elinor é uma figura. Determinada e altiva, não está acostumada a receber ordens e deixa isso bem claro com suas respostas afiadas aos lacaios de Capricórnio e até para o próprio. E estou com ela quando se trata de punir quem incendiou sua preciosa biblioteca.

Mo e Meggie, para ser sincera, eu achei meio apagadinhos. Esperava mais deles. Mas gosto da sagacidade de ambos. E também da compaixão de Meggie e a determinação de Mo. Só acho uma pena ele não querer mandar Dustfinger de volta. Nisso, o filme é melhor. Mo é mais indulgente no filme. Mas ainda é cedo para chegar a alguma conclusão, afinal, ainda tem mais dois livros pra terminar a trilogia.

Quanto aos vilões, são uma atração à parte. Capricórnio é totalmente indiferente, o que o deixa mais terrível, pois não demonstra sentimentos, e lamento seu final. Basta é uma comédia, com todas as suas superstições, das quais Dustfinger tira proveito máximo. E há ainda Mortola, a gralha, que é tão ou mais terrível que Capricórnio.

E, apesar de ser extenso, dá pra ler bem rápido, e uma coisa que facilita muito é que os capítulos são curtinhos, e sempre deixam a gente com vontade de ler mais. Quando dava por mim, já tinha lido vinte, trinta páginas, fácil. Coração de Tinta é uma deliciosa aventura fantástica, que com certeza vai agradar a todos aqueles que gostam de ler.

Filme

Coração de tinta - filme Apesar de ser um pouco diferente do livro, os elementos básicos estão lá. Gosto bastante do filme, sem contar que é sempre uma delícia (em todos os sentidos) ver Brendan Fraser trabalhando. Como já disse, algumas partes eu acho melhores no filme, por exemplo, gosto do fato de que no filme os personagens defeituosos saiam com as linhas do livro tatuadas pelo corpo. Também gosto mais de Mo no filme, e acho que Dustfinger (só pra variar, interpretado muitíssimo bem por Paul Bettany, outro ator que eu adoro), com suas mãos que pegam fogo mesmo melhor, dá uma ideia de fantasia mesmo. E Capricórnio, interpretado por Andy Serkis (Gollum! Gollum!), é outra coisa que dá água na boca ver. Talvez seja um pouco decepcionante para quem leu o livro, mas gosto de ambos igualmente e recomendo os dois.

Trilha sonora

Neverending story, do Limahl, é perfeita, até em um dos versos:

Make believe I’m everywhere
Given in the light
Written in the pages
Is the answer to a neverending story

e ainda:

Dream a dream
And what you see will be
Rhymes that keep their secrets
Will unfold behind the clouds

Eu só mudaria o verbo de see (ver) para read (ler). E ainda as instrumentais do Corrs, que parecem ser feitas para os contos de fadas.

Se você gostou de Coração de Tinta, pode gostar também de:

  • A História Sem Fim – Michael Ende
  • O Trílio Negro – Marion Zimmer Bradley
  • A Dança da Floresta - Juliet Marillier
  • O Hobbit – J R R Tolkien
  • coleção da Herança – Christopher Paolini

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O lançamento mais esperado do ano

 

HP7 Novembro chegou, e com ele, uma espera que estava matando muita gente vai chegando ao fim. Estou falando, claro, da estreia de Harry Potter e as Relíquias da Morte, que chega às telas dia 19 (17 dias!). E, conforme o dia chega, minha fixação piora. Costumava ser pior, antes de acabar (chuif!) a serie em livros.

Eu sei que já mencionei que não espero muita coisa desse sétimo filme. E não espero mesmo. Digo isso baseada no quinto e sexto filmes, que foram dirigidos pelo mesmo cara que dirigiu Relíquias, e, como todo fã de Harry Potter, fiquei muito decepcionada com o resultado deles. Mas, por outro lado, com as expectativas baixas, se o filme for bom, vai ser um bônus. E se for ruim, pelo menos já estou preparada.

E isso me lembra que no meu post sobre o livro, deixei de fora um outro personagem muito querido e que se provou neste último. Neville Longbottom, claro.  (Cuidado: Spoiler à frente!)O gorduchinho tímido e sem jeito se prova um verdadeiro grifinória ao decepar a cabeça de Nagini e assumir a rebelião em Hogwarts. Ele já vinha se mostrando um bruxinho muito determinado desde  A Ordem da Fênix, mas se superou completamente. E quem diria que ele se tornaria professor em Hogwarts (será que me aceitariam para dar aula lá?)

Voltando o filme, pelos trailers que eu vi, ele promete (não que isso queira dizer muita coisa, já que os trailers dos outros dois também eram ótimos). Só nos resta contar os dias e os segundos. Enquanto dia 19 não chega, aí vão alguns aperitivos:

Harry Potter 1

Harry Potter 2

E recomendo também que procurem os spots de TV. Tem dois muito engraçados, como o beijo de Harry e Gina (com George assistindo) e o Harry/Fleur, no Somos das masmorras. Vale à pena!